TApoio Doenças renais

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Prevenção de doenças do rim que evoluem para o transplante renal?
Profa. Dra. Regina C. R. M. Abdulkader
Os rins, que são normalmente em número de dois, têm por funções principais filtrar o sangue
de impurezas e produzir a urina. Nesse processo,
substâncias que não são necessárias ao corpo, como
a creatinina e a uréia, são eliminadas na urina
através de um fenômeno denominado filtração
glomerular.
Por outro lado, substâncias que são necessárias ao
organismo, como a albumina, não são filtradas ou, se
filtradas, como a água, o sódio, o potássio, o cálcio, o
fósforo, o magnésio, o bicarbonato, etc, têm sua
eliminação na urina modulada pelas necessidades do
organismo em cada momento e sua concentração no
sangue
é
mantida
sob
limites
estreitos.
Além desse seu importante papel na manutenção
das
concentrações
apropriadas
de
diversas
substâncias no organismo, os rins também regulam a pressão arterial, a produção de
hemácias (as células vermelhas do sangue) e o metabolismo ósseo, através da excreção
urinária de cálcio e fósforo e da produção de vitamina D ativa.
Quando os rins ficam doentes eles podem perder suas funções de maneira rápida, o que
chamamos de insuficiência renal aguda (IRA), ou de uma maneira lenta e progressiva, que é a
insuficiência renal crônica (IRC). Como a IRC se instala lentamente, o paciente não sente
praticamente nada até que a insuficiência renal esteja muito avançada. Isso ocorre porque o
corpo vai se adaptando à perda da função renal.
Quando os rins entram em falência, a pessoa morre se não se submeter à diálise ou ao
transplante renal.
Quando a IRC está muito avançada, isto é, quando a filtração glomerular é menor do que 15
mL/minuto, não existe tratamento que possa reverter ou atenuar a progressão da doença. O
tratamento então se torna substitutivo renal por meio da terapia dialítica (diálise) ou do
transplante renal. Se a pessoa não for tratada, por algum desses métodos, ela morre depois
de algum tempo.
A diálise, embora mantenha a pessoa viva, não é capaz de substituir inteiramente todas as
funções dos rins, encurtando a vida e diminuindo a sua qualidade. O transplante, por sua vez,
traz o risco de infecções e do aparecimento, em longo prazo, de tumores, principalmente da
pele, ou seja, dá melhor qualidade de vida, mas não prescinde um acompanhamento médico
rigoroso.
A IRC em seu estágio avançado é um problema de saúde pública tanto nos países
desenvolvidos como no Brasil. Dados do SUS de 2002 mostram que naquele ano existiam em
diálise 40,11 pacientes por 100.000 habitantes, sendo que no Estado de São Paulo havia
46,26/100
mil
habitantes.
A
prevalência
da
doença
aumenta
com
a
idade:
• 14,03/100 mil habitantes, entre indivíduos com menos de 30 anos;
• 47,63/100 mil, entre os com 30 a 59 anos; e,
• 168,28/100 mil, entre os com 60 anos ou mais.
As principais causas de IRC são a hipertensão arterial e o diabete melito.
Sinais dos rins doentes
Como a IRC se instala de maneira silenciosa , quais seriam os sinais que poderiam levantar a
suspeita de que uma pessoa tem doença renal? Os sinais de alerta podem ser: mudança da
cor da urina (avermelhada, cor de coca-cola) ou ela se tornar espumosa; urinar mais à noite;
ardor para urinar; inchaço nos tornozelos; nos homens idosos, dificuldade em começar a
urinar ou em segurar a urina e, em todas as idades, a pressão alta. A hipertensão arterial
pode ser um sinal precoce de doença renal, principalmente nas pessoas mais jovens.
Como fazer o diagnóstico de doença renal? (Uma questão mais técnica...)
A suspeita vem através de uma boa história clínica e exame físico, e pode ser confirmada
por dois exames de laboratório muito simples: a creatinina plasmática e o exame de urina tipo
I.
A creatinina mostra quanto os rins estão filtrando de sangue (medida da filtração glomerular) e
a urina tipo I, permite averiguar se existe alguma das doenças renais que não alteram a
creatinina. Cabe no entanto lembrar, principalmente aos médicos, que a creatinina plasmática
só se eleva quando a filtração glomerular já está em torno de 50% e que pessoas com pouca
massa muscular, como os idosos, podem já ter insuficiência renal e sua creatinina plasmática
ainda ser normal.
Uma maneira mais sensível de se avaliar a filtração glomerular é utilizando fórmulas muito
simples como a de Cockcroft - Gault: FG= [(140-idade) x peso]/ (Pcreat x 72) onde FG=
filtração glomerular, peso em quilos, Pcreat= creatinina plasmática em mg/dL. O resultado
obtido deverá ser multiplicado por 0,85 no caso de mulheres. Se o valor calculado de FG for
menor do que 15 mL/min, pode-se afirmar que o indivíduo se encontra em IRC.
Quem corre maior risco de ter a IRC (Insuficiência Renal Crônica)?
São os diabéticos, os hipertensos, os idosos, os que têm cálculo renal (litíase) e aqueles que
tenham na família história de doença renal. Assim, para todos esses casos deve-se fazer pelo
menos uma dosagem de creatinina plasmática por ano e ter a sua filtração glomerular
calculada. Para os diabéticos também se recomenda a dosagem anual de microalbuminúria,
que pode estar alterada mesmo diante de filtração glomerular normal.
Como prevenir a IRC?
A prevenção pode ser realizada principalmente pelo conhecimento de que aquela pessoa
pertence a um dos grupos de risco citados acima. O controle rigoroso da glicemia nos
diabéticos e da pressão arterial nos hipertensos que não tenham doença renal, podem impedir
o desenvolvimento da IRC.
Uma vez constatada uma doença renal, o que fazer? O objetivo primeiro é reverter a doença;
se isto não for possível, retardar ao máximo a progressão da doença para a IRC e preparar o
paciente para o tratamento renal substitutivo, antes que a IRC chegue ao seu estado
avançado.
Existe uma recomendação americana de que todos os homens com creatinina plasmática
maior que 2,0 mg/dL e as mulheres com valores maiores que 1,5 mg/dL devam ser avaliados
por um nefrologista.
Como retardar a progressão da doença?
Através de um controle rigoroso da pressão arterial, do diabete e da obesidade. Outro aspecto
muito importante na prevenção da progressão é sempre identificar fatores que possam estar
agravando a insuficiência renal e que possam ser revertidos - como, por exemplo, as
infecções urinárias, os cálculos renais que possam estar obstruindo um dos rins e, nos
homens, o aumento do tamanho da próstata. Além disso, evitar o uso de drogas que sejam
tóxicas para os rins (nefrotóxicas) ou, se o seu uso for absolutamente necessário, corrigir suas
doses, reduzindo-as de acordo com a filtração glomerular do paciente.
É preciso ter sempre em mente que é possível prevenir o desenvolvimento da doença renal,
principalmente nos diabéticos, hipertensos e litiásicos (com cálculos urinários), e que, se
existe uma doença renal instalada, quanto mais cedo ela for identificada e as medidas de
prevenção de progressão instituídas, maior a chance de se evitar que a insuficiência renal
chegue ao estado avançado.
Médica assistente doutora, Serviço/Disciplina de Nefrologia, Hospital das Clínicas, Faculdade
de Medicina da Universidade de S. Paulo.
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