Caracterização Molecular de Bactérias Endofíticas em Explantes Micropropagados de Bambu Rafael D. Coletta (1) (1) (2) (3) (1) , José E. Gomes , Monica L. Rossi , Enio T. Oliveira , Siu Mui Tsai , (1) Danielle G. G. Caldas (1) (2) Laboratório de Biologia Celular e Molecular – CENA/USP; Laboratório de Histopatologia e (3) Biologia Estrutural de Planta –CENA/USP; Laboratório de Biotecnologia Agrícola – ESALQ/USP Objetivos As técnicas de micropropagação são alternativas para produção de mudas de diversas espécies em larga escala e em um menor período de tempo, inclusive para o bambu. Entretanto, a obtenção de um protocolo eficiente de propagação in vitro para o bambu é dificultada pela excessiva contaminação microbiana presente no meio de cultura, mesmo após um criterioso processo de desinfestação. Assim, o objetivo deste trabalho é a identificação de possíveis microrganismos endofíticos em explantes de Dendrocalamus giganteus e Bambusa vulgaris cultivados in vitro. Métodos/Procedimentos O DNA genômico de explantes de bambu contaminados com bactérias foi extraído e amplificado com primers universais para o gene 16S rRNA. Após a purificação, o produto da PCR foi re-amplificado com primers internos específicos para sequências de bactérias e clonados em células competentes de E. coli. O DNA plasmidial foi extraído e sequenciado utilizando os primers M13f e M13r. As sequências obtidas foram identificados usando as ferramentas de bioinformática. Uma parte daqueles explantes foi selecionada para realizar a técnica de criofratura e observar em microscopia eletrônica de varredura (MEV). Resultados Foram sequenciados 117 clones, sendo que 56 foram identificados ao nível de gênero, atingindo a rarefação. Dentre os oito gêneros, os mais abundantes foram Sphingomonas e Methylobacterium (Fig. 1). Estes gêneros não têm características que possam classificá-los como patógenos, ou seja, como microrganismos que causam doenças em plantas, e todos são aeróbicos. Bactérias do gênero Methylobacterium podem produzir fitohormônios (Lidstrom e Christoserdova, 2002). Além disso, bactérias destes dois gêneros já foram identificadas como endofíticas de outras culturas. Alguns microrganismos podem ser observados colonizando o interior do caule do bambu (Fig. 2). Figura 1: Gráfico mostrando a diversidade e abundância de bactérias encontradas no interior de bambu cultivado in vitro. Alguns microrganismos foram identificados ao nível de família, pois seu gênero não pode ser confirmado. Outros dois gêneros foram identificados (Flavobacteria e Pseudomonas), mas a confiabilidade dos resultados foi baixa. Figura 2: Microrganismos colonizando o interior das células do parênquima do caule de bambu in vitro, observados em MEV. Círculos: microrganismos que ficam nas comunicações entre as células, sugerindo que eles possam migrar dentro do parênquima. Conclusões A observação e identificação de microrganismos endofíticos do bambu sugerem que esta planta se desenvolve com microrganismos que auxiliam no seu desenvolvimento. Além disso, essa identificação pode contribuir para o desenvolvimento de protocolos de micropropagação mais eficientes. Referências Bibliográficas LINDSTROM, M. E.; CHRISTOSERDOVA, L. Plants in the Pink: Cytokinin Production by Methylobacterium. Journal of Bacteriology, v. 184, p. 1818, 2002.