Drogas antipsicóticas Drogas antipsicóticas Definição São fármacos utilizados no tratamento da esquizofrenia, distúrbio do pensamento caracterizado por alterações no raciocínio, emoções, percepção e, principalmente, perda de contato com a realidade. Para que você saiba um pouco mais sobre os antipsicóticos é necessário, naturalmente, que você conheça um pouco sobre este distúrbio, a esquizofrenia. Esquizofrenia O termo foi designado para definir uma condição em que o paciente pode alternar condições de extrema estimulação, agressividade alternadas a outras condições de diminuição de atividade, simulando um quadro depressivo, com perda de condições para manutenção das atividades cotidianas. Como a doença mostra quadros que podem se alternar e que são opostos quanto às suas características, denominados sinais positivos e sintomas negativos, foi denominada, desde a antigüidade, de esquizofrenia, que quer dizer mente partida (schizo=divisão; frenos=mente). Existem vários fatores desencadeantes para a ocorrência da doença. Dentre elas a presença de infecções precoces, a exposição a agentes tóxicos, entre outros, porém, a contribuição mais significativa parece ser a contribuição genética, uma vez que indivíduos que apresentam têm membros de suas famílias com o quadro, têm chances muito maiores de também sofrerem do quadro. Observa-se uma incidência maior em indivíduos jovens, com média de idade entre 15 a 45 anos, sendo em homens a incidência maior na idade entre 23 a 28 anos e nas mulheres entre 28 a 32. A etiologia da doença está relacionada a um aumento da atividade da dopamina, neurotransmissor liberado em diversas regiões cerebrais e envolvida em várias ações no seu funcionamento. Em relação à esquizofrenia, é importante ressaltar o papel deste neurotransmissor em três regiões cerebrais: o sistema mesolímbico, reponsável pelos pensamentos e emoções, o sistema nigro-estriatal, responsável pelos movimentos finos e o sistema túbero-infundibular, responsável pelo controle neuroendócrino no organismo. O aumento da atividade dopaminérgica no sistema mesolímbico leva o paciente, como citado, a apresentar quadros caracterizados por perda do contato com a realidade e, na fase aguda, em que surgem os sinais positivos, é comum a ocorrência de ilusões, caracterizadas por crenças com convicções que dominam o pensamento, alucinações de diversas origens, como auditivas (60-70% dos casos), em que o indivíduo ouve uma ou mais vozes, (às vezes até oito, saídas do ambiente ou de seu próprio corpo) e com conteúdos ofensivos a ele, caracterizadas por insultos, ordens, comentários agressivos), visuais (10% dos casos), com a visualização de pessoas, monstros, animais ou quaisquer outras, táteis (principalmente formigamento) e olfativas, relacionada às alucinações visuais que file:///C|/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/Antipsicóticos.htm (1 of 5)22/8/2004 18:28:23 Drogas antipsicóticas experimenta. O pensamento é alienado e desorganizado e pode ocorrer os chamados distúrbios de possessão, em que o indivíduo afirma estar possuído por forças superiores e que controlam o seu pensamento e suas ações. Nestas condições é muito comum a ocorrência de idéias bizarras, em que o indivíduo assume a identidade de outra pessoa ou de algum animal, pensando ser alguém importante ou um ser imaginável. Como ocorre uma elevada atividade mental, a fala do indivíduo mostra-se incoerente e rápida, onde as frases proferidas são impossíveis de serem entendidas uma vez que, no início da frase o indivíduo tinha um pensamento em mente que muda no decorrer da emissão daquela frase, terminando com outro pensamento ao longo da mesma frase. Perceba que, neste momento, é impossível qualquer auxílio baseado na psicoterpia de apoio, uma vez que a comunicação fica muito empobrecida. O aumento da atividade dopaminérgica nas vias motoras, como a nigro-estriatal induz alterações psicomotoras, caracterizadas pela ocorrências de sintomas catatônicos e alterações mudanças movimentos involuntários constantes como ambitendência (alternação de movimentos opostos nos membros, troncos ou cabeça), ecopraxia (imitação dos movimentos de outra pessoa ou animal), estereotipias (movimentos repetitivos e regulares sem objetivos), flexibilidade de cera (ocorrência de membros que se mostram "moldados" em uma posição) e posturas bizarras ou inadequadas, notadamente pela alucinação de que o indivíduo é um animal. O aumento da atividade da dopamina no sistema túbero-infundibular leva à ocorrência de alterações neuroendócrinas, caracterizadas por diminuição da liberação de prolactina com alterações menstruais e diminuição na galactogênese. A doença segue uma fase crônica com a ocorrência de sintomas opostos (negativos), caracterizados por afeto embotado, indiferença social, negligência da aparência, um negativismo (que é a resistência em seguir instruções e tomar atitudes opostas), o indivíduo apresenta limitação da fala (não só da quantidade de palavras proferidas mas também da informação contida, o que também dificulta a psicoterapia), retração afetiva (em que os membros da família ou os amigos deixam de ter significado afetivo para o paciente), restrição na experiência e expressão de emoções, anedonia (incapacidade de vivenciar o prazer, não só sexual, mas em todos os aspectos), avolição e apatia (com diminuição dos objetivos, energia e interesse das suas atividades), diminuição da concentração e da atenção, o que leva à ocorrência de dificuldades no trabalho. São propostos, após o diagnóstico , o desenvolvimento de quatro resultados possíveis: 1) término, com ou sem tratamento (10-20% dos casos de esquizofrenia) - condição muito discutida por clínicos, que sugerem que, nesta situação, o que realmente file:///C|/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/Antipsicóticos.htm (2 of 5)22/8/2004 18:28:23 Drogas antipsicóticas ocorreu foi um erro de diagnóstico; 2) reincidência, com remissão total do quadro nos intervalos das ocorrências, que ocorrem sempre na mesma intensidade (3035% dos casos); 3) reincidência cada vez mais pronunciada (30-35%) e 4) decadência, em que a partir da primeira crise esta mostra sinais crescentes desde a primeira vez (10-20% dos casos). São considerados alguns fatores agravantes para a ocorrência dos sinais e sintomas: manifestação precoce, história familiar, classe social baixa, isolamento social, história psiquiátrica prévia, entre outros. Leia mais sobre esquizofrenia no endereço abaixo: http://gballone.sites.uol.com.br/voce/esq.html Antipsicóticos São vários os tratamentos medicamentosos propostos para a esquizofrenia, todos eles baseados no bloqueio dos receptores dopaminérgicos, atualmente descritos em número de cinco, divididos em duas famílias, a família D1 e D2. Observa-se que os efeitos da dopamina na esquizofrenia, além das alterações motoras acima descritas relacionam-se às ações do neurotransmissor nos receptores da família D2, razão pela qual diversos fármacos atuam bloqueando esta classe de receptor (lembre-se que a esquizofrenia caracteriza-se pelo aumento da atividade dopaminérgica, havendo a necessidade de bloqueio do receptor). A classificação dos antipsicóticos, então, leva em conta esta seletividade: aqueles que atuam sobre os receptores D2 são chamados antipsicóticos típicos e aqueles que atuam na família D1 e D2, além de outros, são chamados antipsicóticos atípicos. A classificação dos fármacos segue o esquema abaixo: Classe Exemplos Antipsicóticos típicos - Fenotiazinas (clorpromazina, flufenazina) (Bloqueio da família de receptores D ) 2 - Butirofenonas (haloperidol, droperidol) Antipsicóticos atípicos - Amplo espectro (clozapina, olanzepina) (bloqueio da família de receptores D e de receptores de serotonina) 1 - Bloqueadores DA, serotonina (risperidona) - Outros (pimozide, tioridazina) file:///C|/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/Antipsicóticos.htm (3 of 5)22/8/2004 18:28:23 Drogas antipsicóticas Por bloquearem os receptores dopaminérgicos, muitos dos antipsicóticos apresentam sérios efeitos colaterais, sempre relacionados ao local destes receptores no cérebro. Você se lembra que a dopamina regula os movimentos finos a partir dos gânglios basais, na via nigro-estriatal, principalmente por ação dos receptores da família D2 e, quando estes receptores são bloqueados pelos antipsicóticos típicos, ocorrem alterações motoras significativas, principalmente na musculatura da face. Entre eles são caracterizados a ocorrência de efeitos neurológicos agudos, como a distonia aguda (posturas musculares rígidas c/ espasmos, principalmente na mandíbula), acatisia, com inquietação motora, principalmente nos membros inferiores e, principalmente, parkinsonismo farmacológico. Estes sinais podem evoluir para a ocorrência de efeitos neurológicos crônicos, como discinesia tardia (alterações orofaciais com a ocorrência de movimentos involuntários) ou distonia tardia (com movimentos involuntários do tronco podendo levar a dificuldades respiratórias com irreversibilidade do quadro em 20 a 40% das ocorrências. Devido aos efeitos da dopamina no sistema túbero-infundibular, são observados efeitos neuroendócrinos, devido ao aumento da prolactina, levando a quadros de amenorréia, galactorréia, infertilidade, diminuição da libido em homens e mulheres (lembre-se que a dopamina atua num mecanismo de feedback negativo sobre a prolactina). Porém, a condição mais grave relacionada ao uso dos antipsicóticos é a chamada síndrome neuroléptica maligna, com incidência de 20% de mortalidade e caracterizada pela ocorrência de hipertermia, rigidez muscular, instabilidade das ações do Sistema Nervoso Autônomo (alterações da pressão arterial, freqüência cardíaca, temperatura) e oscilação da consciência. Neste quadro, a retirada da droga pode precipitar o agravamento do quadro que cede com o restabelecimento da terapêutica; porém, os sinais e sintomas vão se agravando, levando à piora a cada retirada e conseqüente morte do paciente. Devido à participação principal dos receptores D2 no controle motor, a ocorrência destes efeitos adversos é muito mais pronunciada quando do uso de antipsicóticos típicos que quando do uso dos atípicos, razão pela qual, quando ocorrem estes sinais, muitas vezes o clínico promove a alteração da medicação passando a utilizar os fármacos do segundo grupo. Estes, benéficos pela diminuição da ocorrência dos efeitos extrapiramidais (motores), não apresentam, porém, a mesma eficácia terapêutica que os típicos, sendo impossível, em muitas condições, o tratamento do paciente com este grupo de fármacos. Além do bloqueio dos receptores dopaminérgicos, observa-se nos antipsicóticos a capacidade de bloquear também receptores de acetilcolina, induzindo efeitos anticolinérgicos, como xerostomia (boca ressecada), visão turva, constipação e retenção urinária, entre outros sintomas. Os antipsicóticos também podem file:///C|/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/Antipsicóticos.htm (4 of 5)22/8/2004 18:28:23 Drogas antipsicóticas bloquear receptores histaminérgicos no cérebro e, como sabemos, a histamina atua na manutenção da vigília. Assim, efeitos antihistaminérgicos dos antipsicóticos são caracterizados principalmente por sedação (anti H1), o que dificulta o raciocínio e as atividades intelectuais. Devido ao bloqueio também dos receptores alfa-1, é observada a ocorrência de efeitos antiadrenérgicos, como hipotensão e arritmia cardíaca além de efeitos alérgicos/auto-imunes, como urticária, dermatites e alteração da coloração da pele (azul, cinza, púrpura). Leia mais sobre os antipsicóticos no endereço abaixo: http://www.psiqweb.med.br/farmaco/antipsicin.html file:///C|/Documents%20and%20Settings/Usuario/Desktop/Antipsicóticos.htm (5 of 5)22/8/2004 18:28:23