Bioinseticida inédito no mundo é produzido em

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Bioinseticida
inédito
no
mundo é produzido em Uberaba
Joaquim Donizetti de Paula
Uma mariposa de coloração acinzentada é a responsável por
produzir o principal inimigo das lavouras de milho no país: a
lagarta do cartucho. O prejuízo anual provocado pela praga ao
agronegócio é de R$ 400 milhões. “A perda na lavoura chega até
40% e hoje temos a tecnologia transgênica que ajudou muito o
produtor rural, mas já não é tão eficiente como deveria ser”,
explica o engenheiro agrônomo Joaquim Donizetti de Paula.
A preocupação com a resistência da peste a inseticidas e
principalmente, o cuidado de manter o equilíbrio ecológico,
pesaram na busca por um produto a base de substâncias naturais
para matar o inseto. Pesquisadores da Embrapa, a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, de Sete Lagoas, na região
central de Minas Gerais, descobriram uma nova fórmula: um
vírus que causa a morte da lagarta, mas não é nocivo para o
restante do ambiente.
A empresa que vai produzir e comercializar o bioinseticida
fica no bairro Jardim Maracanã, em Uberaba.
Paulo Bittar
De acordo com Paulo Bittar, farmacêutico industrial e sócio
proprietário da Vitae Rural,
a produção do vírus é feita
dentro da lagarta, “ela vai ingerir e o Baculovirus spodoptera
vai se multiplicar; a lagarta em si é a biofábrica depois,
depois ela vai ser triturada para produzir um pó e esse pó é o
produto final”.
Além do controle da doença, o farmacêutico esclarece que o
bioinseticida não agride o meio ambiente é considerado uma
iniciativa inédita a nível mundial. “Existem produtos que
combatem a mesma lagarta a base de bactérias e existem também
os que combatem outras lagartas como a da soja, esse vírus que
usamos na nossa produção nunca foi usado para o controle da
lagarta do cartucho”.
As pesquisas começaram há sete anos, foram três aportes
financeiros através de editais de inovação e construção de
equipamentos no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o
Senai. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões em recursos de
fomento e R$ 1 milhão em recursos próprios no projeto.
Raquel Resende
O Parque Tecnológico foi uma espécie de incubadora para que a
primeira biofábrica a desenvolver esse tipo de bioinseticida
no mundo, saísse do papel. “Quando o produtor ou o pesquisado
tem uma ideia e quer colocar no mercado, Uberaba tem um
ecossistema de inovação muito robusto, com espaços de coworking que oferecem espaço de trabalho gratuitos e centenas
de laboratórios disponíveis para disponíveis para desenvolver
novos produtos e oferecer novos serviços”, ressalta Raquel
Resende, gestora do Parque.
A linha de produção do CartuchoVIT da Vitae Rural é sigilo
empresarial. Mas a indústria tem capacidade para produzir 150
mil doses por ano e no futuro pretende exportar o
bioinseticida. Um quilo do produto atende até 20 hectares. O
valor de mercado ainda não foi divulgado, mas o responsável
técnico promete até 90% de eficácia, desde que o produtor use
a técnica correta para aplicação. “É necessário que se faça
uma aplicação técnica. O pH da calda precisa ser inferior a 7
e tem que se aplicar as 16 horas porque o vírus é sensível a
luz ultravioleta e pode perder parte do seu efeito”, finaliza.
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