Crise chega ao Brasil Page 1 of 2 Clipping Express 17/9/2008 http

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Veículo: Correio Braziliense
Seção: Economia
Data: 16/09/2008
Estado: DF
Hora: 03:30:14
Classificação:
Crise chega ao Brasil
A crise que varreu o mundo e, como definiram os operadores, deixou cadáveres boiando por todos os lados, não
será complacente com o Brasil. Muito pelo contrário. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou
ontem queda de 7,59% (48.416 pontos), a maior para um único dia desde 11 de setembro de 2001, quando
Nova York foi atacada por terroristas, pagando um preço altíssimo pela aversão ao risco que tomou conta dos
investidores depois da quebra do Lehman Brothers, o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos,
atolado em dívidas de US$ 613 bilhões. A partir de agora, bancos e empresas brasileiras que recorrerem ao
mercado externo em busca de empréstimos ou darão com a cara na porta ou terão de aceitar prazos mais curtos
para pagamento e juros mais altos.
“O resultado disso poderá ser menos investimentos para o aumento da produção e crédito restrito e caro para os
consumidores”, disse o economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, ex-diretor da Dívida Pública do Banco
Central. Ele explicou que, do ponto de vista das empresas, muitas estavam buscando recursos fora do país, bem
mais baratos e a prazos longos, para ampliar fábricas ou mesmo construir novas unidades. Além disso, o Brasil
vinha recebendo volumes recordes de investimentos estrangeiros diretos. Em ambos os casos, os fluxos de
recursos disponíveis tendem a diminuir.
Do lado dos bancos, destacou Thadeu, o dinheiro captado no exterior estava sendo usado para o crédito
consignado e para financiar carros, a casa própria (várias construtoras já estão sem caixa) e eletroeletrônicos
em parcelas a perder de vista, fazendo com que as prestações se encaixassem perfeitamente no orçamento das
famílias. Mas isso não será mais possível. Sem as linhas de crédito externas disponíveis, as instituições
brasileiras terão de tomar recursos aqui mesmo no país, a juros mais altos e a prazos menores. Com isso, os
empréstimos e financiamentos terão de refletir esse cenário. Ou seja, o tempo para se quitar os crediários
diminuirá. Em conseqüência, o valor das prestações subirá, dificultando sua adequação à renda dos
consumidores.
Perdas em 2009
Como o crédito tem sido uma das principais molas para o forte crescimento da economia e, agora, tende a
diminuir, o incremento do Produto Interno Bruto (PIB) levará um tombo em 2009 de até dois pontos percentuais.
Nas estimativas do mercado, o ritmo de expansão da economia cairá dos 5% a 5,5% esperados em 2008 para
3,5% no ano que vem. “Não há como o Brasil não dar sua cota”, afirmou Érica Fraga, analista para a América
Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), consultoria da revista inglesa The Economist. No seu entender, os
3,5% de crescimento econômico em 2009 serão uma combinação do aumento da taxa básica de juros (Selic)
iniciado em abril pelo Banco Central com a desaceleração das principais economias do mundo, que absorvem
exportações brasileiras. Para os EUA, a previsão é de crescimento de apenas 0,5% e, para a União Européia,
de 0,9%.
A grande pergunta neste momento, ressaltou Tatiana Pinheiro, do Banco Real, é como ficará a política de juros
do BC? Se realmente houver a redução do ritmo de crescimento da economia, será que o BC terá que elevar
ainda mais a Selic, que já saltou de 11,25% para 13,75% ao ano? O grosso das apostas do mercado aponta
para mais duas altas de 0,5 ponto percentual cada, em outubro e em dezembro. Mas há quem fale em aperto
até março de 2009. Diante do agravamento da crise, todos os BCs do mundo que vinham aumentando os juros
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ou pararam de subir as taxas ou as reduziram — foram os casos da Novas Zelândia, da Austrália e da China,
devido aos sinais de desaquecimento de suas economias. “O BC terá de calibrar bem os juros para não derrubar
demais o consumo interno”, frisou.
Socorro inútil
A devastação que se viu ontem no mercado financeiro foi traçada na noite de domingo, quando o governo
americano se recusou a dar dinheiro público para salvar o Lehman Brothers e o Bank of America anunciou a
compra da Merrill Lynch por US$ 50 bilhões. “Ali ficou claro que a crise que todos pensavam restrita ao mercado
imobiliário dos Estados Unidos era uma crise global”, assinalou José Eduardo Carneiro Queiróz, sócio do
escritório de advocacia Mattos Filho, especializado em mercado de capitais. As bolsas de todo o planeta caíram
(veja na página 19).
Os principais bancos centrais do mundo agiram para acalmar os investidores. O Federal Reserve (Fed), o BC
americano, liberou US$ 50 bilhões, ampliando para US$ 200 bilhões sua linha de socorro. O Banco Central
Europeu enfiou no mercado 30 bilhões de euros (US$ 42,6 bilhões) e o BC da Inglaterra torrou 5 bilhões de
libras (US$ 8,9 bilhões). Nem assim os prejuízos foram menores, pois há a certeza de que outras instituições
vão quebrar, entre elas, a seguradora AIG, a maior dos EUA.
Na Bolsa de São Paulo, que, desde o pico de 73.516 pontos, em 20 de maio, caiu 34%, somente uma ação
(Comgás) dos 66 papéis que compõem o Ibovespa subiu ontem. O desabamento do mercado paulista foi
comandado pelas ações da Petrobras e da Vale, com baixa de 9,95% e 9,87%, respectivamente. O dólar subiu
1,85%, para R$ 1,814. Já o risco Brasil disparou 15,1%, para os 305 pontos.
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