educação tecnológica: formação do sujeito para o trabalho?

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EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA: FORMAÇÃO DO SUJEITO PARA O
TRABALHO?
VERONESE* Silvia Mara - UTP
[email protected]
DE BONI**, Maria Ignês Mancini - USP
[email protected]
Resumo
O objetivo desse artigo é discutir o a formação do sujeito dentro do processo de educação
tecnológica, a partir da perspectiva de Michel Foucault. Como elementos balisadores
encontram-se os poderes das políticas públicas educacionais, suas relações com a sociedade
da norma e suas demandas para o mundo do trabalho. Para tanto, os conceitos de formação e
trabalho foram analisados buscando aproximações entre o pensar de Michel Foucault e outros
autores, como Manoel Castells e Pedro Demo no que cada um tem de singular e específico,
mas similarizados entre si pela “dobradiça” do conceito de “poder”. O elemento central
constitui-se no sujeito histórico, alvo das relações de poder que o perpassam e que o mesmo
exerce, enquanto é moldado para o trabalho através da educação tecnológica. O sujeitamento
do indivíduo passa a ocorrer então pelo discurso de poder, que imprime às relações sociais, e
que nesse artigo é acentuado com a possibilidade do questionamento de “verdades”
dogmáticas. A investigação de diferentes perspectivas teorizantes possibilitou a compreensão
da “função social” do sujeito, enquanto agentes de transformações. Apesar do constante olhar
subjetivo empreendido, constata-se a presença de conceitos materialistas, que de forma
ascendente, caracterizadas pelo “Império”, demandam sistemas de poder político para o
consumo com produção intensa. Esse processo passa a demandar também pessoas capacitadas
para o trabalho, além de possibilitar o desenvolvimento da pesquisa e da educação
tecnológica, que se tornam à condição de existência do processo social e educacional
contemporâneo. Portanto, a seleção de indivíduos classificados pelas suas “normalidades”, é
condição sine qua non para que o sistema funcione segundo as diretrizes das políticas
públicas educacionais, cabendo à educação tecnológica a tarefa de materializar essa vontade
de poder proposto pelos interesses do “Império”. A tecnologia se caracteriza como
instrumento das relações de poder e trabalho, em que o indivíduo é disciplinado, teoricamente
com base em uma formação humanística completa, e, na prática, opta apenas por o tornar útil
ao trabalho.
Palavras-Chave: Educação; Tecnologia; Políticas; Sujeito.
*
Mestre em Educação pela UTP – Profissional da área da aviação.
Doutora em História pela USP – Professora do Programa de Mestrado em Educação da UTP.
**
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Nenhuma técnica de comunicação traz por si mesma a compreensão.
Educar para compreender uma determinada disciplina é uma coisa;
educar para a compreensão humana é outra.
Morin (2005).
Compreende-se que a tecnologia surgiu na busca de uma perspectiva diferenciada da
utilização da ciência através da técnica, constituindo-se, além de uma experiência ou uma
ação que se possa aprender, e que só existe a partir de condições de possibilidade em uma
conjuntura social.
Então, a tecnologia ou o logos da técnica - o saber fazer - só é possível enquanto
amparado no conhecimento teórico e na solução de problemas sociais que demandam sua
aplicação. Nessa perspectiva, tecnologia é um conceito historicamente novo, intrínseco à
cultura moderna e contemporânea, às demandas do processo civilizatório.
Castells (1999), por sua vez, define a tecnologia como instrumento de conhecimento e
transmissão da informação, contida na pesquisa e em processo de circularidade, buscando
soluções de problemas sociais na aplicação da teoria e da técnica.
Essa aplicação surgiu historicamente, em 1774 quando fundou-se em Paris a “École
Polythecnique”, que se constituiu em um limiar entre a simples utilização da técnica e a
construção da tecnologia. Nela, professores-fundadores da escola perceberam a possibilidade
de aplicar os conhecimentos matemáticos existentes às edificações da época, proporcionando
a solução dos problemas habitacionais que surgiam com o desenvolvimento da civilização
européia.
Essa escola é pode-se dizer, o termo inicial para o desenvolvimento da tecnologia
como conceito ou processo que se faz a partir da educação tecnológica. Sendo assim, só é
possível produzir tecnologia em uma sociedade que possua educação e capacitação científica.
É parte da lógica da ciência contemporânea o uso de instrumentos tecnológicos resultantes das
pesquisas empreendidas, os quais se caracterizam como a própria ciência materializadas em
objetos, que não se qualificam como extensão das capacidades e aptidões do homem,
destinando-se sim a promover e intervir no conhecimento científico.
Vargas (2003) propõem uma compreensão do processo tecnológico através de uma
perspectiva diferenciada, ao constatar a capacidade e a necessidade de seu desenvolvimento
com base na pesquisa da ciência básica, que objetiva o puro conhecimento. A questão
primordial da pesquisa tecnológica é seu desenvolvimento continuado, amparado por políticas
fundamentadas no desenvolvimento sócio-econômico da população, com a solução das
demandas apresentadas. Essa pesquisa deve se caracterizar por ser eficaz e continuada, a fim
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de priorizar a ciência como ferramenta de desenvolvimento social do país. Nesse caso, é
importante objetivar-se o desenvolvimento de tecnologia de ponta ou ciência avançada, para
realização de comércio de inovações tecnológicas.
Nessa perspectiva, o ideal científico se detém em uma disputa: a condição utilitarista
da prática científica em detrimento da teoria. Como a tecnologia é um conceito
contemporâneo, é possível compreender que a pesquisa da teoria científica pode ser realizada
sem que seja caracterizada como inútil, pois em determinado momento, a prática científica irá
ocupar-se de seus princípios, resoluções, conclusões e erros, a fim de que se facilite a vida
humana.
Sendo assim, o desenvolvimento da pesquisa e o comércio das inovações tecnológicas
constitui-se em um processo intrínseco à educação e à pesquisa tecnológica, sem converter-se
em uma condição utilitarista. Pelos seus meios e condições de desenvolvimento, seu processo
é semelhante à pesquisa científica, a qual inicia-se nos institutos e universidades e prossegue
pelos laboratórios e afins, na prática científica tecnológica.
Com essa proposição, a educação tecnológica torna-se imprescindível, um elemento
estratégico no desenvolvimento da educação superior como base de uma sociedade eqüitativa,
que poderá permitir aos sujeitos a formação intelectual e científica, proporcionando condição
de cidadania no desempenho de funções transformadoras.
Nessa perspectiva, a educação e pesquisa tecnológica constituem-se atualmente em
ferramenta de formação humana, possibilitando o desenvolvimento sócio-econômico do
sujeito, associando a ciência à técnica na formação profissional.
Esse sujeito que está exposto à formação tecnológica vive em sociedade,
desenvolvendo suas relações e promovendo as modificações necessárias, a partir de suas
relações dinâmicas. É também sujeito atuante na demanda e no desenvolvimento da
tecnologia, este é o fator que promove a indissociabilidade de tecnologia e sociedade, tendo
como base deste triangulo o sujeito atuante.
Nessa condição, a educação tecnológica torna-se um incremento da educação
humanista e do desenvolvimento de conhecimentos tecnológicos adequados à realidade de
cada sujeito, e não é utilizada apenas como ferramenta de integração do sujeito ao mercado de
trabalho. Para que aconteça em sua completude, esse processo necessita mais que desenvolver
ou criar aptidões e competências, mas principalmente propiciar o desenvolvimento de
capacidades críticas e inovadoras nos sujeitos.
A pesquisa e a educação tecnológica proporcionam sucessivamente, níveis cada vez
mais elevados de formação para o sujeito. Para o corpo social, esse processo é atualmente
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considerado imprescindível para o desenvolvimento, a eqüidade e a inclusão social, dentro da
condição que o processo tecnológico globalizado requer.
O processo de educação tecnológica tem seu desenvolvimento a partir da evolução da
técnica, sendo compreendido não apenas como meio de interação do homem com a natureza,
da condição mecânica de produção da subsistência pelo trabalho manual. A questão tornou-se
a de busca e compreensão da ciência, que foi entendida como a aplicação dos conhecimentos,
teorias, métodos e processos científicos - adquiridos nas formações em universidades - pelos
tecnicistas ou tecnologistas, e aplicados na solução de problemas técnicos enfrentados nos
meios de produção e desenvolvimento.
Esse processo se materializa entre as políticas estabelecidas pela Unesco para o Século
XXI, na busca de uma sociedade equânime, refletindo a importância do processo educacional
como fator gerador de competências e proporcionando uma direção. Refere-se então à
contribuição decisiva proporcionada pelo mundo do trabalho ao mundo da educação
tecnológica, delineando instrumentos adequados às Instituições de Ensino, a fim de se
adequarem às novas condições da formação tecnológica, demandadas por cada setor
produtivo.
Em análise ao relatório supracitado, Aplle (2002) caracteriza as políticas propostas
para a formação superior, em que pese a educação tecnológica:
1. Programas de escolhas e créditos fiscais, a fim de que a escola funcione como a
economia livre de mercado;
2. Programas de melhoria de nível educacional, baseados na competência docente e
discente;
3. Pressão para que a educação seja a responsável por responder às demandas
profissionais do mercado;
Essas políticas ao atingirem o sujeito, assumem formas de política social
assistencialista. Estas não são efetivamente programas sociais, tornam-se sim efeitos do
poder, em última instância, promovem uma condição social do poder determinada a
“acalmar” os sujeitos. As políticas públicas concebidas com o objetivo de proporcionar, criar
chances e oportunidades para que os sujeitos menos providos de oportunidades conquistem
determinados direitos, acabam por aumentar as diferenças existentes dentro das relações
sociais entre os sujeitos, pois se tornam apenas concessões de que exerce o controle naquele
momento na relação.
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Os direitos acabam por tornarem-se uma concessão e não uma conquista, o que faz da
política um efeito do poder, uma tecnologia, um mecanismo de controle. O exercício efetivo
do poder é maior ao sujeito que detém o controle da informação, ou de sua melhor utilização.
Esta informação – que significa poder e verdade – também pode ser adquirida pela educação.
Esse processo acentua as disputas sociais, diminuindo a disposição dos sujeitos a
promoverem o seu desenvolvimento, acima das suas diferenças. Uma vez que a aceitação
dessas diferenças é a característica precípua da globalização e da multiculturalidade, que se
traduz em qualquer processo que limite ou interfira na educação integrada, acentuando ainda
mais as distinções sociais e de gênero.
Assim, encontra-se a educação superior em meio a essa discussão: considerada a única
instituição capaz de desenvolver condições para que o indivíduo se constitua enquanto sujeito,
proporcionando o acesso ao conhecimento e ao saber. Por outro lado é também responsável
pelo aumento da divisão social, por não ter alcançado êxito na função de constituir a
governamentalidade nos sujeitos.
O conceito de governamentalidade em Foucault (1999) se insere na condição de
condução de condutas, que podem ser entendidas tanto na forma de quem domina e determina
uma ação, como no âmbito de quem reage, e aponta a direção da relação, para si e para os
outros. Veiga-Neto (2006), propõe um deslocamento na compreensão do entendimento de
governamentalidade, no qual se entende dominação como forma de aproximar partes
exteriores para determinado domínio. Domus: casa, habitação, pátria. Essa ação é uma forma
de condução de indivíduos, a fim de que estes possam ser governados.
A partir desse conceito apresentado, compreende-se então que a universidade possui,
além de sua determinação de selecionar saberes, disciplinar os indivíduos e capacitar a
biopolítica, que se caracteriza por ser uma forma de regulamentação e gerenciamento social,
representa um planejamento de desenvolvimento para a população. Dessa forma, repete-se o
modelo social onde está inserida, a aspiração de proporcionar condições diferenciadas de
governamentalidade para o sujeito, nas relações que este institui consigo e com os quais se
relaciona.
E por repetir o padrão da sociedade globalizada, da normalização, a universidade
também se constitui de forma paradoxal e se caracteriza por estar em constante evolução,
transformação, visto que a norma, na contemporaneidade, não é definitiva. Portanto, ao
contrário da sociedade disciplinar, que apenas moldava subjetividades, a sociedade da
normalização forma continuamente, atualizando identidades e elementos constituintes do
sujeito; é o conceito da fragmentação social.
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Com base nas políticas exaradas pela Unesco e pela presença de outros elementos
constitutivos, como o próprio mercado de trabalho, o ensino tecnológico desenvolveu-se na
adequação, melhoramento e aplicação dos processos científicos junto aos indivíduos, por
meio de pesquisas e transmissão do saber. Com essa condição, a formação tecnológica como
ferramenta social, propicia o desenvolvimento de capacidades críticas e inovadoras nos
sujeitos, que poderá oportunizar uma atuação mais eqüitativa dentro das relações sociais.
Essa linha de desenvolvimento está presente no documento base que norteou as
discussões na Conferência Nacional de Educação Profissional e Tecnológica, onde se percebe
que a construção de uma nova forma de educação tecnológica que possa estar de acordo com
propostas de uma cidadania ativa e crítica, tem a necessidade de contemplar a organização de
cursos de forma não fragmentária.
Essa proposta prevê o desenvolvimento humano completo, com a coerência entre a
teoria e prática, promovendo uma formação profissional sólida e integral, associando a técnica
e a ciência. Essa é a concepção da tecnologia na forma de constituição social, de produção, de
emprego e assimilação de conhecimentos e saberes. Essa concepção demonstra, ainda o
trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia como conceitos a serem desenvolvidos de forma
integral na formação continuada do sujeito.
Por outro lado, é preciso entender que essas mesmas diretrizes educacionais
apresentadas no sistema de ensino do Brasil definem o que deve ser ensinado a que conjunto
de pessoas, em determinado nível de ensino. Isso significa que são definidas quais
competências os sujeitos devem desenvolver em determinado momento, caracterizando o
princípio de que episteme/ciência não são neutras, pois se formam a partir de um discurso
histórico de verdade, que a provém, ao mesmo tempo em que forma o mesmo.
Portanto, com base nessas diretrizes, a formação deve desenvolver-se como parte do
processo de socialização do desenvolvimento tecnológico, que teoricamente existem em prol
da formação do sujeito e do atendimento das demandas do mercado de trabalho. Porém, o que
tem ocorrido no processo educacional tecnológico é a simples transmissão de conhecimentos
e informações, sem a produção do saber, ou seja, sem que haja a reflexão sobre a condição do
sujeito na integração tecnológica e social.
Essa integração e formação do saber não se constitui materialmente no processo
educacional brasileiro. Historicamente, a educação no Brasil esteve ligada a uma concepção
dualista de ensino, com a qual se realiza a formação profissional para determinados sujeitos e
a educação humanística direcionada a outros sujeitos.
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A princípio no Brasil o ensino superior tecnológico surgiu a fim de suprir a
necessidade de uma hiperespecialização em determinada área de trabalho ou uma
profissionalização rápida, que fizesse frente às necessidades do mercado. Por outro lado,
responde aos anseios do indivíduo que necessitam estar inserido no mercado de trabalho,
portando um diploma de graduação. Essa demanda gerada no corpo social propiciou o
surgimento dos cursos de formação superior tecnológico, promovendo o avanço da educação
tecnológica.
Estes cursos foram resultado de uma política pública que vem de encontro às
necessidades supra citadas e ainda, que se perfilam em orientações das agências de
financiamento internacional. Nas palavras de Schwartzman (1005, p. 05-06) verifica-se,
A expansão do ensino superior não é simplesmente uma decorrência direta das
necessidades do mercado de trabalho por pessoas mais qualificadas, mas também o
resultado de um fenômeno de mobilidade social e expansão dos sistemas
educacionais que tem dinâmica própria. A relação de causalidade não é,
necessariamente, do mercado de trabalho para os sistemas educacionais, mas muitas
vezes o oposto. Em outras palavras, nem sempre é o mercado de trabalho que
organiza e determina o que ocorre nos sistemas educacionais; com freqüência são as
pessoas educadas, e as instituições profissionais e educativas, que organizam o
mercado de trabalho conforme seus interesses.
Este pensamento caracteriza as relações de poder no sentido ascendente que Foucault
descreve. O mercado influencia sim a educação, porém as pessoas também querem fazer parte
de determinado mercado, para tanto organizam ou buscam cursos específicos. É o que
Foucault entende pela capilaridade do poder, não apenas exercido na condição descendente –
quando o mercado demanda a necessidade de formação profissional, mas principalmente na
forma ascendente, quando os sujeitos do corpo social buscam determinada e específica
formação tecnológica.
A condição de possibilidade do exercício do poder acontece quando esse toma forma
das relações, estendendo seus efeitos de forma capilar. O poder, entendido por essa
perspectiva, não toma forma de um poder centralizado, soberano. Por ser um processo
relacional, o poder está em toda parte, em todos os lugares.
Caracterizando essa permanentemente movimentação das relações de poder no corpo
social, e principalmente na educação tecnológica brasileira, Hardt & Negri deliberam sobre o
“Império”. Esse conceito define uma nova ordem mundial, onde se re-significa o dinamismo
das relações de poder, que resulta na sobrevivência do capitalismo em condição globalizada,
mantendo-se como o único modelo disponível para mover a economia mundial, de acordo
com padrões mínimos de eficiência. Nesse modelo, a educação tecnológica, enquanto simples
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transmissão de informações para manuseio de instrumento, caracteriza os esforços
concentrados de uma pequena minoria que coordena e uma grande maioria que executa.
É o princípio da fragmentação do processo de produção aplicado à educação. O sujeito
tem sua formação tecnológica, além de concentrada em determinada área, sem bases de
sustentação e desenvolvimento intelectual. Compreende-se então que o capital passou a exigir
mais que o controle do mercado consumidor de produtos. Fez-se necessário controlar o centro
produtor de ciência, o que passou a ser essencial na articulação e mudanças demandadas pela
globalização. Sendo assim, a universidade tornou-se também um centro mercantilista, onde o
próprio conhecimento é uma mercadoria de grande procura.
Inserida nesse processo social, faz-se necessário entender quais seriam os imperativos
da educação superior a fim de ajustar-se às condições da demanda no mercado de trabalho,
em equilíbrio com a formação integral do sujeito. A educação tecnológica está no centro de
um debate sobre a prática dessa formação adotada. A questão é a reinvenção de condições e
perspectivas para antigos paradigmas conceituais, incluindo-se a noção de “competências”.
Reaviva-se a controvérsia entre formação tecnológica e formação humana.
Essa nova perspectiva assume formas de convergência e divergência, no que diz
respeito às expectativas de concretização dos objetivos, levando-se em conta os parâmetros
dos interesses envolvidos, dos trabalhadores, dos empresários e do Estado. Os espaços de
confronto revelam diferentes interesses e orientações dos sujeitos.
Importante é então refletir sobre a formação do sujeito como ator histórico, atuante e
coletivo. Esse processo é possível ao proporcionar-lhe uma completa formação superior
tecnológica, científica e social, a fim de que se possa intentar transformar o formato da
estrutura ocupacional e educacional brasileira em uma figura que traduza a equanimidade das
relações humanas, como talvez a de uma esfera.
Portanto, o grande desafio da educação tecnológica é propiciar condições de formação
integral do sujeito, com capacidade de intervenção social, não apenas como profissional
atuante da tecnologia.
Esse desafio justifica o princípio da transformação social e
aprimoramento do sujeito, a partir da técnica e da ciência: é o conceito da tecnologia em sua
amplitude.
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REFERÊNCIAS
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VEIGA-NETO, A. Educação & Pós-modernidade: impasses e perspectivas. Resumo da Aula
Inaugural no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica
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Disponível
em
www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/. Acesso em 20 fev 2006.
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