Nome: RA: Prova 2 - MS620A/F 502B - Eletromagnetismo I, 29 de junho de 2015. Boa prova! 1. Seja um fio retilíneo longo, percorrido por uma corrente I, e uma espira quadrada de lado a, de resistência R e disposta paralelamente ao fio, a uma distância s, veja figura abaixo (mesma situação do exercício 7.18, do Teste 6). Inicialmente, em t = 0, a espira está a uma distância s = s0 . A espira é então afastada na direção perpendicular ao fio, com velocidade constante v, i.e., s = s0 + vt para t ≥ 0. Determine: (a) (1 Ponto) A corrente na espira, incluindo sua direção, como função de t. Solução. Alinhando-se o fio com o eixo z e introduzindo-se as coordenadas cilindrícas usuais, temos que o campo magnético será dado por: ~ = µ0 I θ̂. B 2πr O fluxo magnético na espira será: ˆ ˆ µ0 aI s(t)+a dr µ0 aI s0 + a + vt ~ Φ(t) = B · d~a = = ln . 2π s(t) r 2π s0 + vt Da lei de Farafay, temos dΦ , dt sendo E é definido como uma integral de linha no sentido anti-horário na espira. Como a espira E =− tem uma resitência R, essa força-eletromotriz induzirá uma corrente µ0 a2 vI 1 1 dΦ µ0 avI 1 = I(t) = − = − . R dt 2πR s0 + vt s0 + a + vt 2πR(s0 + vt)(s0 + a + vt) Como a variação do fluxo é negativa para todo t, pela lei de Faraday (ou a de Lenz), a corrente terá o mesmo sentido usado para se calcular E: o anti-horário. (b) (1 Ponto) A carga elétrica total ∆Q deslocada na espira, também como função de t. Determine, em particular, o valor de ∆Q para t → ∞. Como I = Q̇, sendo Q a carga que passa pela espira, temos 1 dΦ dQ =− . dt R dt A carga total que se desloca na espira será ˆ t dQ s0 + a s0 + a + vt 1 µ0 aI ∆Q = ln , − ln dt = − (Φ(t) − Φ(0)) = R 2πR s0 s0 + vt 0 dt com lim ∆Q = t→∞ µ0 aI s0 + a ln 2πR s0 (c) (1 Ponto) Sabendo que a potência dissipada em um circuito de resistência R percorrido por uma corrente I é dada por RI 2 , calcule o trabalho realizado ao se afastar a espira de sua posição inicial s = s0 até o infinito (t → ∞), desprezando-se qualquer outro efeito além das perdas pela potência dissipada. Solução. Temos P (t) = = = 2 µ20 a2 v 2 I 2 1 1 − 4π 2 R s0 + vt s0 + a + vt 2 2 2 2 µ0 a v I 1 1 2 + − 4π 2 R (s0 + vt)2 (s0 + a + vt)2 (s0 + vt)(s0 + a + vt) 2 2 2 2 µ0 a v I 1 1 1 2 1 + − − 4π 2 R (s0 + vt)2 (s0 + a + vt)2 a s0 + vt s0 + a + vt O trabalho será igual a energia dissipada t=∞ ˆ ∞ 1 1 2 µ20 a2 vI 2 s0 + vt + + W = P (t) dt = − ln 4π 2 R s0 + vt s0 + a + vt a s0 + a + vt t=0 0 2 2 2 1 1 2 s0 µ0 a vI . + + ln = 4π 2 R s0 s0 + a a s0 + a 2. (3 Pontos) Seja um fio condutor retilíneo e longo, com seção transversal circular de raio r0 , e feito de um material com condutividade elétrica σ. Tal fio é percorrido longitudinalmente por uma corrente constante I, homogeneamente distribuída em sua seção transversal. Calcule o vetor de Poynting ~=E ~ ×H ~ S no interior do fio e P = ‹ ~ · d~a, S Ω sendo Ω a superfície externa de um segmento do fio de comprimento L. Qual a interpretação física para P ? Solução. Alinhando-se o fio com o eixo z e introduzindo-se as coordenadas cilindrícas usuais, temos que o campo elétrico homogêneo dentro do condutor será ~ = 1 J~ = I ẑ. E σ πr02 σ ~ = H0 φ̂. Da Lei de Ampère Das simetrias do problema, temos que H ˛ ˆ ~ · d~s = H J~ · d~a, ∂A A escolhendo-se A como círculos de raio r ≤ r0 , perpendiculares ao fio e com centro no eixo z, teremos 2πrH0 = r2 I r02 ~ = e, portanto, H rI φ̂. 2πr02 O vetor de Poynting será 2 ~=E ~ ×H ~ = − rI r̂. S 2 2π r04 σ Note que é um campo vetorial radial, apontado para o centro do fio! Resta o cálculo de P , que é o fluxo de S na superfície externa do segmento de fio com comprimento L ‹ 2 L ~ · d~a = − I × 2πr0 L = − 2 I 2 = −RI 2 , P = S 3 2 2π r0 σ πr0 σ Ω sendo R a resistência elétrica desse segmento do fio. Essa é a potência dissipada nesse sistema (resistor simples). De acordo com nossas convenções (fluxo positivo = fluxo saindo da região englobada pela superfície), esse vetor de Poynting radial é o responsável por suprir a energia dissipada nesse circuito e, por exemplo, realizar trabalhos como o do item (c) da questão 1. 3. Conforme foi explorado no exercício 7.44 da Lista 8, um supercondutor é um material com condutividade elétrica infinita e que exibe uma outra propriedade distintiva: o diamagnetismo perfeito, i.e., tem susceptibilidade magnética χm = −1. (a) (2 Pontos) Determine as condições de contorno que os campos eletromagnéticos, não necessariamente constantes no tempo, devem satisfazer na interface entre um sólido supercondutor e o vácuo, na ausência de quaisquer cargas e correntes livres. ~ é nulo no supercondutor. A Solução. Sendo um condutor (condutividade elétrica infinita), E propriedade do diamagnetismo perfeito implica que µ = 0, i.e., o material se magnetiza de tal ~ = 0 em seu interior. Se aplicarmos a lei de Gauss para o campo maneira que temos sempre B magnético na interface entre o supercondutor e o vácuo, teremos que a componente perpendicular ~ será contínua. Como B ~ = 0 no supercondutor, temos que B ~ ⊥ = 0 na interface. à interface de B Por outro lado, explorando-se a lei de Faraday, temos que a componente paralela do campo ~ k = 0 na interface. Conclusão, elétrico deverá ser contínua na interface, de onde temos que E na interface entre um supercondutor e o vácuo, os campos eletromagnéticos devem satisfazer ~⊥ = 0 e E ~ k = 0. B (b) (2 Pontos) Uma esfera supercondutora de raio r0 é colocada em campo magnético cons~ = B0 ẑ. Determine B ~ em todo o espaço, incluindo o interior da esfera. tante B ~ = 0. Nossa única preocupação é com a região exterior. Solução. Dentro da esfera temos B Como não há correntes na região externa, temos ∇ × B = 0, o que nos permite introduzir o ~ = −∇φ na região externa à esfera. Como ∇ · B ~ = 0, temos que φ é solução escalar φ tal que B da Eq. de Laplace ∇2 φ = 0. Utilizando as coordenadas esféricas usuais, a solução geral para a região externa é φ(r, θ) = ∞ X ℓ=0 Aℓ rℓ + Cℓ Pℓ (cos θ). rℓ+1 ~ Porém, da condição B(r) = B0 k̂ para r → ∞, temos (φ → −B0 z for r → ∞ ) φ(r, θ) = −B0 r cos θ + ∞ X Cℓ Pℓ (cos θ). rℓ+1 ℓ=0 ~ ⊥ = 0 na interface corresponde à A condição B ∞ X Cℓ ∂φ (ℓ + 1)Pℓ (cos θ) = 0. (r0 , θ) = −B0 cos θ − ∂r r0ℓ+2 ℓ=0 Para que esta condição valha para todo θ, temos necessariamente que ter Cℓ = 0 para ℓ 6= 1 e C1 = − r03 B0 2 , de onde temos finalmente r03 r03 r03 B0 cos θ = −B0 cos θ r + 2 = −B0 z 1 + 3 , φ(r, θ) = −B0 r cos θ − 20 r 2 2r 2r que, por certo, é a soma de um campo constante na direção z e um dipolo (induzido pelas correntes superficiais no supercondutor). Finalmente, teremos ∂φ r03 r03 1 ∂φ ~ B = −∇φ = − θ̂ = B0 1 − 3 cos θr̂ − 1 + 3 sin θθ̂ r̂ + ∂r r ∂θ r 2r ! sin θθ̂ B0 r 3 = B0 ẑ − 3 0 cos θr̂ + r 2