UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE VALORES NA ESCOLA Por: MÁRCIA ELAINE CARLOS Orientador Prof. CARLOS AFONSO LEITE LEOCÁDIO Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE VALORES NA ESCOLA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção da Pós-Graduação em Administração Escolar. Por: MÁRCIA ELAINE CARLOS. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Carlos Afonso Leite Leocádio, orientador da pesquisa. Á Deus, que sempre me guia nos momentos difíceis. DEDICATÓRIA Á minha finada mãe Maria Apparecida Marinho Carlos, meu exemplo de vida, que ainda hoje me auxilia, mostrando-me o caminho a ser percorrido. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo, buscar a conceituação de valor e mostrar a importância de se vivenciar valores na escola. Muitos materiais foram lidos, consultados e interpretados, como livros, apostilas, jornais especializados, filme, etc. Após minucioso estudo e confrontamento de dados, concluiu-se o quão é importante vivenciar valores na escola, ressaltando a figura do professor como muito influente na formação de valores de seus alunos. Foi possível constatar ser a escola um local de formação ampla de um indivíduo, sendo ela o berço de relações entre as pessoas, pois nela o coletivo, o convívio e as relações humanas devem ser trabalhadas, ressaltando o respeito às pessoas, visando à valorização do ser humano em todas as dimensões sempre. METODOLOGIA Esta é uma pesquisa estritamente bibliográfica, sendo que foram realizadas diversas e variadas leituras sobre o tema “Valores”, buscando uma maneira possível para se conviver bem e harmoniosamente dentro de um ambiente escolar, uma vez que cada pessoa que nele se encontra possui seus próprios valores. Vários autores fundamentaram este trabalho sendo eles: Ítalo Gastaldi, Max Scheller, Paulo Galdêncio, Jacques Delors, Miguel Zabalza, Buxarrais, Constance Kamii, Yves de La Taille, Marilena Chauí, George R.Knight, Manuel Garcia Morente e Adolfo Sanchez Vásquez. SUMÁRIO Introdução Capítulo 1 - EM BUSCA DE UMA CONCEITUAÇÃO DE VALOR. Capítulo 2 - DA ANTIGUIDADE AOS DIAS ATUAIS. Capítulo 3 - O DESENVOLVIMENTO DA MORAL E DA ÉTICA. Capítulo 4 - A IMPORTÂNCIA DE VIVENCIAR VALORES NA ESCOLA. Capítulo 5 – OS PRINCÍPIOS ÉTICOS, A MORAL E A CONSTRUÇÃO DE VALORES NO AMBIENTE ESCOLAR. Bibliografia 8 INTRODUÇÃO O ser humano é um ser de relações: ele existe como pessoa, torna-se pessoa, à medida que se relaciona consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com a dimensão transcendente da vida. Este trabalho pretende buscar um melhor conhecimento dos valores que trazem consigo cada um dos alunos, procurando entendê-los para que seja possível conviver de forma harmoniosa. Dentro de uma escola há muitos alunos. Cada qual com sua bagagem, experiência de vida, sobretudo modos de viver bem diferentes. Todos, cotidianamente no ambiente escolar, são convocados para encontros, para a convivência humana. Identificar, incorporar e viver valores é o grande desafio para tornar as relações verdadeiramente humanas nos planos interpessoais e sociais. As práticas e vivências no dia a dia das escolas e das comunidades são exercícios que colocam os educandos diante de si mesmo e do mundo, diante do desafio de valorizar a vida. No ambiente escolar a maneira de pensar e agir de cada um, muitas vezes entra em atrito com a do outro, fazendo com que a escola fuja de seu real papel que é primordial: ensinar a conviver em grupo dentro de uma sociedade, valorizando o “ser” em todas as suas dimensões e, portanto o grande debate sobre a existência e os valores que norteiam a existência. Ao conseguir resolver este problema, se um ajudar o outro, aprender a fazer isto, se cada um aprender a descobrir a importância de se respeitar e aceitar o ser humano que está próximo, conseguirá alcançar a felicidade ou pelo menos chegar bem próximo a ela. É necessário reconhecer no outro como sendo outro eu; pois ele é tão importante quanto eu. É indispensável o respeito à pessoa humana. É necessário, no processo educativo, criar espaços para que os educandos se experimentem e se encontrem, sendo fundamental vivenciar valores. 9 CAPÍTULO I EM BUSCA DE UMA CONCEITUAÇÃO DE VALOR Definição de Valor O que é valor? Significar alguém ou alguma coisa é assumir diante desta pessoa ou objeto uma atitude de não indiferença atribuindo-lhe determinado valor de sua existência. Ao assumir, diante do que quer que seja, uma atitude de indiferença, isso significa que aquilo não tem valor algum. Enquanto que ao contrário, ao significar algo, esta significação poderá ser positiva (valor) ou negativa (contra valor, antivalor). Segundo Ítalo Gastaldi, educador salesiano, “valor é tudo aquilo que é capaz de tirar o homem de sua indiferença e fazê-lo dirigir-se nesta ou naquela direção”. Ainda ele: “valor é a força capaz de tirar o homem da sua indiferença e provocar nele uma atitude de avaliação, porque contribui de alguma forma para sua realização pessoal”. Os valores colocam o homem diante de si mesmo e do mundo, numa atitude de conhecimento, discernimento, avaliação e ação. Os valores funcionam, não nos momentos em que se fala ou se escreve sobre eles, mas nos momentos em que se decide e que se age tomando-os por fundamento, por base das ações. Eles valem quando pesam na balança nas tomadas de decisão, quando eles fazem inclinar as atitudes ou a conduta numa direção e não em outra. Os valores ao fazerem as decisões e ações tomarem determinado rumo, funcionam como a fonte do sentido das opções, das escolhas, das decisões, dos atos, das atitudes, das ações. Por isso, o filósofo alemão Max Scheller afirma que “as coisas existem, os valores valem”. Assim sendo, os valores existem, eles valem, devem ser vividos e experimentados. Paulo Gaudêncio, um psiquiatra em São Paulo, diz o seguinte: “Nós devemos viver os valores com tanta convicção, com tanta alegria que os 10 jovens ao nos ver viver os valores dessa maneira digam: isso é bom, eu quero isso para minha vida, quero experimentar isso”. . 11 CAPÍTULO 2 DA ANTIGUIDADE AOS DIAS ATUAIS No século XIX, dentro das concepções filosóficas, surge a “teoria dos valores”, a axiologia (do grego áxilo “valor”). Esta teoria se preocupa com as relações “entre os seres e o sujeito que as aprecia” (ARANHA, 2003, p. 300). “A axiologia tem dois ramos principais – a ética e a estética” (KNIGHT, 2001, p.29). Embora a axiologia tenha surgido como uma teoria oficialmente há pouco tempo, desde a Antiguidade, a ética já fazia parte das reflexões filosóficas. E é do período clássico da filosofia grega que se afirmam três grandes princípios da moral, conforme apresenta Chauí (1999, p. 342): 1. Por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa; 2. A virtude é uma força interior do caráter, que consiste na consistência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existe na natureza de todo ser humano; 3. A conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para o ser humano. Saber o que está em nosso poder significa principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação. Percebe-se com isso que os conceitos éticos estão relacionados à moral, ainda que haja diferença entre um e outro conceito, à virtude, boa conduta, independência, à natureza, do bem. Platão confirma essas ligações quando em seus diálogos descreve as discussões socráticas a respeito da virtude e da natureza do bem. É daí que vem a convicção de que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância, isso implica que a virtude pode ser aprendida. Na célebre passagem de A República em que Platão descreve o mito da caverna, reaparece essa idéia: o sábio é o único capaz de se soltar das 12 amarras que o obrigam a ver apenas sombras e, dirigindo-se para fora, contempla o sol, que representa a idéia do Bem. (ARANHA, 2003, p. 353). Como herdeiro do pensamento de Platão, Aristóteles aprofunda a discussão sobre questões éticas. Segundo (Aranha, 2003, p. 353), esse pensador afirma que “o ser humano busca a felicidade, que consiste não nos prazeres nem na riqueza, e sim na vida teórica e contemplativa cuja plena realização coincide com o desenvolvimento da racionalidade”. Além de Sócrates, Platão e Aristóteles, nos séculos anteriores e posteriores a eles, os filósofos se ocupavam com as questões morais. Desde o período helenista duas tendências já se destacavam: o hedonismo pregava que o bem se encontra no prazer, e o estoicismo, que, ao desprezar os prazeres por considerá-los fonte de muitos males, afirmava estar na aceitação do destino e da dor com impassibilidade a fonte do bem e da felicidade. Estas idéias estóicas permearam a visão teocêntrica da Idade Media, onde os valores religiosos impregnavam as questões éticas e os valores eram considerados transcendentes, já que resultavam da doação divina e tornava o sujeito moral, aquele que era temente a Deus. A partir de então, em todas as épocas surgiram pensadores e idéias que lançavam novas concepções éticas. No Iluminismo, por exemplo, a ética se separa da religião, e admite que um ser ateu possa ser também um ser moral, idéia completamente contrária aos ideais medievais. Na Idade Moderna a norma da moral está fundada na lei natural, no interesse e na própria razão. Estes fundamentos têm base em teóricos como Immanuel Kant, Rousseau, Locke, Condillac. Como discorre Aranha (2003), durante os séculos XIX e XX, outros filósofos tomaram novas posições a respeito de ética, posicionando-se contra a moral formalista medieval, especialmente de Kant. Nesse sentido, os novos filósofos tentam encontrar o sujeito concreto da ação moral. É o caso de Marx, que encontra na moral a superestrutura. Também, no século XIX, Nietzsche com uma idéia de “transvaloração de valores”; Freud e as ilusões da consciência; a filosofia existencialista, cujo teórico de grande relevância é Sartre. Estes e outros grandes pensadores lançaram profundas idéias sobre ética, moral e valores, cada um dentro de 13 uma perspectiva peculiar. Mas o fato é que no decorrer da história a ética é discutida e percebida sua relevância para o bem, a felicidade, o bem-estar e convívio entre indivíduos na sociedade. Cada um desses homens: Lincoln, Gandhi e Martin Luther King, sentiam muito profundamente que o âmago da moralidade e o âmago da sociedade, era o igual respeito pela dignidade humana. Cada um deles foi capaz de mostrar o respeito mútuo pressuposto pelo ponto de vista moral, reconhecendo a exigência moral de se engajar em diálogo com aqueles que discordavam profundamente deles. Foram essas características que os tornaram não apenas grandes visionários morais, mas também grandes educadores morais (Lawrence Kholberg). Há ainda autores atuais, muitos que se preocupam em conceituar ética. Muitas obras têm sido publicadas abordando diversas vertentes do tema. Vásquez (1999, p.22), por exemplo, conceitua a ética como “teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”, ou seja, é a ciência de uma formação específica do comportamento humano. Este autor preocupa-se em diferenciar a ética e a moral, e afirma que “a ética não cria a moral”, conquanto seja certo que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada comunidade. Além de Vásquez, podem-se criar definições de ética em mais autores de proeminência no embasamento desse estudo. (Knight, 2001, p.29) define ética como “estudo dos valores morais e da conduta”. Marilena Chauí (1999), ao abordar ética preocupa-se em diferenciar o senso moral da consciência moral, o juízo de fato do juízo de valor. Como se pode notar, no campo teórico há uma vasta gama de conceitos e reflexões éticas que podem gerar um leque de objetos para vários estudos, mas nesta análise vale salientar que a ética transpõe ao campo teórico e invade o cotidiano do homem moderno, pois, como diz Frédéric Rauh, citado por Aranha (2003), “o verdadeiro homem é aquele que vive a vida há seu tempo. A matéria da reflexão oral é o jornal, a rua, a batalha do dia-a-dia”. Partindo do já mencionado pressuposto de Knight, onde é o “estudo dos valores morais e da conduta”, pode-se perceber que diante de pessoas 14 e coisas, freqüentemente, o ser humano faz avaliações conferindo-lhes valores que determinam atração ou repulsa aquilo que foi avaliado. A presença de um sistema de valores tanto na razão individual quanto na vida social fazem parte da vivência do homem quer ele perceba, quer não. Esta prática pode se dever ao fato de que, indubitavelmente, todas as pessoas têm um valor intrínseco, por isso preocupam-se em atribuir valores aos elementos à sua volta. O sistema de valores lida com as noções do que um indivíduo ou sociedade considera como bom ou preferível. Quando estas noções se apresentam de maneira diferente, surge então o que Knight chama tensão de valores. Este conceito é detalhado da seguinte forma: A questão de valores lida com as noções do que uma pessoa ou uma sociedade considera, concebe como sendo bom ou preferível. Surge um problema quando dois conceitos diferentes do que seja bom ou de valor são defendidos pela mesma sociedade ou pessoa. Por exemplo, uma sociedade pode definir o “bom” como ar puro e a água. Ainda a mesma sociedade pode poluir a terra em sua aquisição de outro benefício – dinheiro e outros materiais. Em um caso assim há uma clara tensão de valores – uma tensão entre o que as pessoas valorizam e como agem na sua vida diária. (Knight, 2001, p.28). Numa civilização onde as pessoas têm o poder de alterar a ordem natural através da tecnologia e da ciência, moralmente neutras por si mesmas, o estudo da ética faz considerações sobre seu uso adequado. Neste e em outros casos da vida cotidiana, faz-se necessária uma reflexão ética constante. Diante dos seres vivos, dos seres inertes ou das idéias, há uma mobilização pela afetividade. O ser que contempla é afetado de alguma forma e não permanece indiferente diante do ser contemplado. É nesse momento que se percebe o que tem valor, quando não há indiferença diante da contemplação. Os valores não são, mas valem. Uma coisa é valor e outra é ser. 15 Ao dizer que algo vale, diz-se que não é indiferente. A não-indiferença constitui esta variedade ontológica que contrapõe o valor ao ser. A nãoindiferença é a essência do valor. (Morente, 1996, p.296). Uma reflexão em valores conduz às aquisições de posturas éticas frente às emissões de juízos de valor, juízos de moral, tomadas de decisão, defesa dos direitos individuais, do caráter sagrado da vida, justiça, pureza entre tantas outras questões que exigem uma postura ética desde a antiguidade até a contemporaneidade. 16 Capítulo 3 O Desenvolvimento da Moral e da Ética Ética vem do grego “ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando costumes. Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Já a palavra Ética, Motta (1984) define como: “um conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem estar social”, ou seja, Ética é a forma como o homem deve se comportar no seu meio social. A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. A ética investiga e explica as normas morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente por convicção e inteligência. Vásquez (1998) diz que a Ética é teórica e reflexiva, enquanto a Moral é eminente prática. Uma completa a outra, havendo um interrelacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e o agir são indissociáveis. È no espaço organizado de vida e relação entre os indivíduos que se configuram valores, se estabelecem direitos, se prescrevem normas, regras, leis. É dentro do contexto social, dos grupos de que faz parte, que o indivíduo desenvolve suas potencialidades, inclusive sua moralidade. Na teoria do psicólogo suíço Jean Piaget, a inteligência não é inata, entretanto a gênese da razão, da afetividade e da moral é feita progressivamente através de estágios sucessivos, onde a criança organiza o pensamento e o julgamento. O saber é construído e não imposto de fora. Nessa perspectiva, o desenvolvimento moral é concomitante ao desenvolvimento lógico, co aspectos paralelos de um mesmo processo geral de adaptação. Piaget escreveu o texto “Os procedimentos de Educação M<oral” em 1930, em que apresenta os resultados de suas pesquisas acerca da 17 construção da moralidade. Nesse texto, o autor defende a necessidade de se educar moralmente e discorre sobre a importância do papel das relações sociais (interação) nessa educação. Piaget diz que tanto as relações de coação como as de cooperação são importantes. A coação se faz necessária para que a criança conheça as regras e tenha noções sobre o bem e o mal, o certo e o errado. Estudando a construção da moralidade infantil, descobriu que o desenvolvimento das crianças mostra duas tendências basicamente opostas de moral: “a moral do dever”, ou heteronomia, onde uma criança segue as regras fixadas pelas autoridades que as rodeiam (pais, irmãos mais velhos, etc.) e as obedece por temor à perda de afeto ou ao castigo; é uma moral fruto de um tipo de relação social em que predomina o respeito unilateral e que Piaget chamou de coação; e a “moral do bem”, ou autonomia, resultado da formação na qual a criança pode se ver cada vez mais livre de autoridades e capaz de construir normas entre iguais. É necessário e inevitável que a criança passe pela fase da heteronomia, de obediência à autoridade, para que depois, o espírito de cooperação possa ser construído, através do respeito mútuo e da reciprocidade. O objetivo da educação moral, portanto, é a de auxiliar a criança em construir sua autonomia. A educação moral, para Piaget, não constitui uma matéria especial de ensino, mas um aspecto particular de totalidade do sistema, dessa maneira, as crianças e os jovens não devem ter “aulas” de educação moral, mas vivenciar a moralidade em todos os aspectos e ambientes presentes na escola. Nesse sentido, os trabalhos em grupo são uma atividade facilitadora para a construção da autonomia, pois as crianças, ao trabalharem juntas, podem trocar pontos de vista, discutir, ganhar algumas idéias e perder em outras, enfim, podem exercer a democracia. Do ponto de vista de Piaget, educar moralmente é proporcionar à criança situações onde ela possa vivenciar a cooperação, a reciprocidade e o respeito mútuo e assim, construir a sua moralidade. Já segundo Lawrence Kohlberg que dominou os estudos sobre desenvolvimento moral nos últimos tempos e que estudou a moralidade do 18 ponto de vista cognitivista, assim como Piaget, em sua obra intitulada “O desenvolvimento dos modos de pensamento e opção moral entre dez e dezesseis anos”, criou a teoria dos estágios morais, pois acreditava que o nível mais alto da moralidade exige estruturas lógicas novas e mais complexas do que as apresentadas por Piaget. Assim, segundo o autor, existem três níveis de moralidade. O primeiro chamou de nível pré-convencional que se caracteriza pela moralidade heterônoma, onde “as regras morais derivam da autoridade, são aceitas de forma incondicional e a criança obedece a fim de evitar castigo ou para merecer recompensa” (Aranha e Martins, 2003, p.311). O indivíduo deste estágio define a justiça em função de diferenças de poder e status, sendo incapaz de diferenciar perspectivas nos dilemas morais. Há neste nível um segundo estágio, o qual Kohlberg chamou de moralidade de intercâmbio, pois se inicia o processo de descentralização, possibilitando ao indivíduo perceber que outras pessoas também tem seus próprios interesses, porém a moral ainda permanece individualista, fazendo com que estabeleça trocas e acordos. O segundo nível foi chamado de nível convencional, o qual se valoriza o reconhecimento do outro e inclui dois estágios: o da moralidade da normativa interpessoal e o da moralidade do sistema social. No primeiro começa-se a seguir as regras para assim garantir um bom desempenho do papel de “bom menino” e de “boa menina”, percebe-se uma preocupação com as outras pessoas e seus sentimentos. Já no segundo estágio, o indivíduo “adota a perspectiva de um membro da sociedade baseada em uma concepção do sistema social como um conjunto consistente de códigos e procedimentos que se aplicam imparcialmente a todos os seus membros” (Diáz-Aguado e Medrano, 1999, p.31). O terceiro nível foi chamado de nível pós-convencional, considerado por Kohlberg, como o mais alto da moralidade, pois o indivíduo começa a perceber os conflitos entre as regras do sistema, o qual foi dividido entre o estágio da moralidade dos direitos humanos e o estágio dos princípios éticos universais. Neste nível, os comportamentos morais passam a ser regulados 19 por princípios, “os valores independem dos grupos ou das pessoas que os sustentam, porque são princípios universais de justiça: igualdade dos direitos humanos, respeito à dignidade das pessoas, reconhecimento de que elas são fins em si e precisam ser tratadas como tal. Não se trata de recusar leis ou contratos, mas de reconhecer que eles são válidos porque se apóiam em princípios” (Aranha e Martins, 2003, p. 312). Os alunos podem entender um nível mais alto de julgamento moral desde que alguém os explique. Todo indivíduo é capaz de transcender os valores da cultura em que ele foi socializado, ao invés de incorporá-las passivamente. Este é o ponto central da teoria de Kohlberg e que representa a possibilidade de um terreno comum com teorias sociológicas cujo objetivo é a transformação da sociedade. O pensamento pós-convencional, enfatizando a democracia e os princípios individuais da consciência, parece essencial à formação da cidadania. Já, Josep Maria Puig, entende a educação moral como construção da personalidade moral; o que introduz um novo conceito às idéias de Piaget que considera a educação moral como desenvolvimento. Segundo Puig, a educação moral pressupõe uma tarefa construtiva e deve levar em consideração as diferenças e os valores culturais de todos os grupos sociais. É necessário, ainda, atentar para alguns elementos presentes na moralidade, como por exemplo, as emoções e os sentimentos. Para esse autor, a educação moral como desenvolvimento entende que o domínio progressivo de formas de pensamento moral é um valor desejável em si mesmo e, sem dúvida nenhuma, o seu principal objetivo. No entanto, vale destacar sua capacidade de fundamentar uma idéia de autonomia baseada na reflexão, e não na escolha, assim como sua eficácia para fundamentar a educação moral além das crenças concretas. A educação moral como desenvolvimento, defendida por Piaget, não esclarece muito quando se trata de considerar problemas morais contextualizados e concretos; não consegue localizar corretamente as aquisições morais das gerações anteriores que parece lógico conservar e transmitir; tem dificuldade para acomodar elementos da personalidade moral 20 tais como os sentimentos e as emoções ou, ainda, a necessidade de explicar a própria conduta moral. É co base nessas críticas que Puig propõe certas reformulações à teoria piagetiana da construção da autonomia, inserindo a idéia de construção da personalidade moral, o que, obviamente inclui também a autonomia. Primeiramente, essa construção propõe a adaptação dos indivíduos à sociedade e a si mesmos, ou seja, a aquisição de normas básicas de convivência e o reconhecimento de seus próprios pontos de vista. A esse primeiro passo para a construção da personalidade moral, Puig dá o nome de clarificação de valores. São propostos exercícios para auxiliar esse autoconhecimento, que tem por objetivo: iluminar melhor o horizonte valorativo do sujeito, ou conduzir processos de valoração que provoquem a assimilação de novos valores. Os procedimentos metodológicos incluem: perguntas clarificadoras, frases inacabadas, dinâmicas e exercícios expressivos como folhas de pensamento, folhas de revisão, jogos de entrevista, jogos de seleção e trabalhos com fotografias. O segundo momento da construção da personalidade moral consiste em adquirir elementos culturais e de valor que se constituem como horizontes normativos desejáveis, tais como a justiça, a igualdade, a liberdade e a solidariedade. É necessário ainda, formular capacidades pessoais de julgamento, compreensão e auto-regulação, o que permitirá o enfrentamento autônomo do indivíduo com os inevitáveis conflitos de valores. Nesse sentido, Puig propõe, como procedimentos metodológicos, uma série de recursos, tais como: discussão de dilemas morais (baseados nos procedimentos de investigação de Kohlberg), exercícios de role-playing, compreensão crítica, enfoques sócio-afetivos, exercícios de auto-regulação, exercícios de role-model, exercícios de construção conceitual, habilidades sociais, resolução de conflitos e atividades informativas. Assim, o último momento da educação moral com vistas à construção da personalidade, seria o de tomar conhecimento de sua própria biografia moral, conhecer 21 seus valores e ter as habilidades necessárias para viver uma vida que valha a pena ser vivida e que produza felicidade a quem a vive. As análises de Puig aprofundam as reflexões de Piaget, mas deixam a desejar no que se refere às relações sociais estabelecidas dentro da escola e que tem papel central na construção da autonomia. Nesse sentido outros pesquisadores oferecem contribuições valiosas. Autores como Maria Rosa Buxarrais (1997) e Miguel Martínez Martín (1998), são bons exemplos de aprofundamento da questão social (interação), fator importante para a construção da moralidade e face pouco explorada por Puig. Segundo Buxarrais (1997), um “projeto de educação moral” deve levar em conta a realidade dos pais, as questões políticas relacionadas à concepção da escola e a preparação do corpo docente, para que possa elaborar um currículo onde estejam presentes: o conceito de educação, as características sócio-culturais do grupo, as dimensões da personalidade moral, as estratégias de trabalho e os âmbitos temáticos a serem trabalhados. Dessa forma, toda a escola deve estar engajada em seu programa de educação moral, caso tenha optado por ele de forma democrática. Esse trabalho não pode ser desenvolvido apenas em sala de aula, entre professor e alunos, mas em toda a escola, que deve constituir-se como um ambiente sócio-moral que permita a construção da autonomia moral e intelectual. Ainda segundo essa autora, a educação moral deve contribuir para a aquisição de critérios que guiem, regule e proporcione normas orientadoras para a vida prática das pessoas e da coletividade, tais como a crítica, o princípio de alteridade, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a implicação de compromisso. A crítica é o instrumento que permite ao indivíduo analisar a realidade e entrar no mundo dos valores determinando aquilo que é justo e o que não é. O princípio de alteridade é o que leva à descentralização e às trocas efetivas entre pessoas, onde a justiça e a solidariedade devem ocupar lugar central. A Declaração Universal dos Direitos Humanos e outras leis, como o 22 Estatuto da Criança e do Adolescente, podem se apresentar como instrumentos úteis para se fazer uma análise crítica da realidade cotidiana. A implicação e o compromisso são fatores que tornam os critérios anteriores possíveis, não fazendo deles simples declarações mais princípios que tenham significado em nível pessoal e coletivo. Martín (1998) introduz um novo conceito à educação moral: o de contrato moral dos professores. Segundo esse autor, é necessário haver um clima sócio-moral na instituição educativa e um “estilo” do corpo docente que garantam um bom convívio entre professores e alunos. O que Martín propõe é um compromisso efetivo do corpo docente com a questão dos valores, criando um clima institucional de caráter moral oportuno para o êxito dos objetivos que presidem a proposta de educação moral e em valores desse grupo. Finalizando, a Ética estuda as normas do comportamento humano, onde o homem tende a realizar na prática atos identificado com o bem. A conduta moral da humanidade, através da ação particular do homem reflete sobre a vida de outros indivíduos, que vai da aprovação ou reprovação de ações externas. De acordo com Marilena Chauí, para que haja conduta ética faz-se necessário que exista o agente consciente, ou seja, aquela pessoa que sabe a diferença entre o bem e o mal, certo e o errado, permitido e proibido, virtude e vício. Quando tratamos sobre a ética, falamos sobre a moral, que está relacionada aos bons costumes, ou seja, as ações dos homens segundo a justiça, a igualdade e o direito de cada indivíduo no meio social. Daí a afirmação de que a ética fundamenta-se em valores morais. Portanto, o caráter moral do homem se define pelas escolhas feitas e suas virtudes determinam suas ações praticadas perante o outro e a sociedade como um todo. As decisões que se torna no cotidiano fazem com que, se corra o risco de perder os valores éticos, baseados nos valores morais prejudicando seus semelhantes tanto conscientes, como “inconscientemente” na formação e atuação dos valores humanos. Por 23 exemplo, a frustração, a raiva, o ódio, a disputa e privações fazem parte do aprendizado de uma criança, tanto quanto, o amor, a atenção, o carinho e a afetividade que ela deve receber. No entanto, as evidências atuais Sugerem que os valores morais precisam ser resgatados diariamente em todos os segmentos da sociedade. Educar para a convivência social são necessidades urgentes para as ações humanas. Através dos valores éticos se pode contribuir na formação de uma boa convivência dentro da sociedade. Ser solidário, respeitar, cooperar, dialogar com sinceridade e honestidade, são critérios básicos para ação da própria consciência vivendo em harmonia de acordo com os valores éticos morais. Precisamos respeitar as diferenças individuais da humanidade, na família, na escola, na busca de uma reeducação dos valores morais, éticos e humanos objetivando impulsionar nas novas gerações o sentimento para o bom convívio social, contribuindo assim para a melhoria e desenvolvimento de todo o país na luta por uma realidade melhor para todos na reconstrução da cidadania. 24 CAPÍTULO 4 A importância de vivenciar valores na escola A escola sem dúvida alguma é a extensão da casa dos alunos. É o segundo lugar onde mais tempo passam suas vidas e por isso exerce um papel fundamental no desenvolvimento deles. É necessário que se perceba a importância que a escola exerce na vida de cada um de seus alunos que são seres únicos, e que se tome bastante cuidado com as influências que cada integrante da escola exercerá sobre eles. É preciso uma auto - avaliação constante de conduta por parte de todos e principalmente do professor que exerce influências diretas devido ao seu papel. Por isso, é preciso, que os valores sejam uma preocupação permanente da escola, que permeie as aulas e a conduta de professores e funcionários, sendo fundamental a coerência entre o que se pretende ensinar e o que se pratica. A escola ao reunir pessoas de várias raças, religiões, habilidades, posições sociais, costumes e ideologias, se torna um laboratório perfeito para criar e alimentar as noções de respeito à diversidade. É claro que isso nem sempre acontece. Muitas vezes, é na sala de aula que surgem os primeiros conflitos, por isso é tão importante ensinar a dialogar. Todo ato humano conseqüentemente depende de uma decisão prévia daquele que realiza o ato. E os valores é que irão determinar a atitude das pessoas, por isso dentro da escola, há a necessidade de se criar oportunidades educativas para que a criança e o adolescente possam vivenciar determinadas situações. O educando, então irá se distanciar da vivência e identificar os valores que estão em jogo numa determinada situação. Assim, ele vai incorporando conscientemente esses valores no significado que atribui à vida. O verdadeiro educador deve exercer uma influência positiva sobre os educandos. Deve ser uma presença prenhe de significados, sendo o 25 processo educativo uma conseqüência desta posição. Deve ser estruturado e organizado como uma alternativa válida e capaz de possibilitar aos educandos condições para identificar, incorporar e vivenciar, por meio de ações concretas, os valores que lhes permitirão encontrar-se consigo mesmo e com os outros, na dimensão da solidariedade e do serviço desinteressado à causa do bem comum. Crianças e adolescentes, geralmente, acreditam e aprendem mais com o curso dos acontecimentos, com as práticas e vivências: práticas educativas estruturadas, orientadas e experimentadas. Daí a opção por este caminho para que se desenvolva a educação para valores. Para vivenciar valores, é preciso sempre no processo educativo, criar espaços para que os educandos se experimentem e se encontrem. Sendo um dos componentes básicos do ensino: formar-se não é apenas aprender, mas também melhorar-se como pessoa. Recentemente, isso foi destacado pelo relatório da UNESCO sobre a educação para o século XXI. A comissão encarregada de redigir este relatório, presidida por Jacques Delors, sintetiza magnificamente quais devem ser os quatro pilares básicos da educação: aprender a conhecer (não apenas aprender coisas, mas também aprender a aprender, porque a formação continuará durante toda a vida); aprender a fazer (de forma que seja cada vez mais capaz de resolver os problemas práticos da vida e que melhore as competências técnicas em um mundo que colocará à disposição muitos e os mais variados recursos; aprender a viver juntos, a viver com os demais (quão importante é isso para que se possa falar de educação!); aprender a ser (de que serve todo o restante se ao final não se é capaz de desfrutar de si mesmo e da vida? O principal compromisso é desenvolver todas as capacidades: inteligência, afeto, sensibilidade, compromisso, gosto pelas coisas, etc.) No prefácio deste relatório, Jacques Delors, afirma: “Em face todos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo indispensável da humanidade na construção de ideais de paz, liberdade e justiça social.” Em seguida, ele nos fala da sua “fé inabalável no papel indispensável da educação no desenvolvimento contínuo das pessoas e das sociedades. 26 Não como um remédio milagroso não como um abre-te sésamo de um mundo que atingiu a realização de todos os seus ideais, mas, entre outros caminhos e para além deles, como uma via que conduz ao desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões e as guerras.” Bem, por tudo o que já foi visto até aqui, percebe-se uma coisa: é necessário haver a valorização do ser. Quando todos perceberem e agirem de modo a se conseguir isto, toda a humanidade sairá ganhando. Por isso dentro da escola os educadores, muito podem colaborar para que isto ocorra, fazendo com que os alunos reflitam se questionem, sobre o mundo que os cerca e o mundo que gostariam que fosse e quais atitudes podem tomar para contribuírem para sua melhoria. Pensando em termos de Brasil, se for verificado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), percebe-se que este não é apenas um número, que por trás dele existe uma bem estruturada visão ética e política, que se expressa por um elenco de princípios articulados entre si, que quando considerados conjuntamente, constituem o que se convencionou chamar de Paradigma do Desenvolvimento Humano, são eles: - Ter como base do desenvolvimento o universalismo do direito à vida, considerado o mais básico e universal dos valores; - A consciência de que nenhuma vida humana vale mais do que a outra; - A convicção de que todas as pessoas nascem com um potencial e têm o direito de desenvolvê-lo; - A afirmação de que, para desenvolver o seu potencial, as pessoas precisam de oportunidades; - A percepção de que aquilo que uma pessoa se torna ao longo da vida depende de duas coisas: das oportunidades que teve e das escolhas que fez; - A consciência de que as pessoas, além de ter acesso a oportunidades precisam ser preparadas para fazer escolhas fundadas numa visão racional da vida e nos valores incorporados ao longo da sua formação; 27 - A certeza de que para o desenvolvimento humano aconteça, as pessoas, grupos e comunidades devem ser dotados de poder, isto é, de ter o seu ponto de vista levado em conta e de participar ativamente nas decisões que as afetam; - A consciência de que cada geração deve deixar para as gerações vindouras um ambiente igual ou melhor do que aquele recebido das gerações anteriores; - A convicção de que o caminho para a construção de uma sociedade com base nestes princípios passa pela promoção e garantia dos direitos humanos básicos: direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais; - A certeza de que a afirmação da cidadania, enquanto direito de ter direitos e dever de ter deveres é o caminho para fazer valer os direitos reconhecidos na ordem jurídica nacional e internacional. Como se vê, a educação pulsa no coração de cada um dos princípios que constituem o Paradigma do Desenvolvimento Humano. É preciso que os educadores preocupem-se não só com o ensino, mas com o desenvolvimento das crianças e dos jovens, para tornarem-se bons cidadãos. Devendo sempre resgatar e destacar os valores, visando aperfeiçoar e fortalecer a personalidade do aluno, dentro de uma filosofia humanística que respeita a vocação e a dignidade de cada membro da comunidade. Fazendo este trabalho, levando os alunos a reflexão sobre o mundo que o cerca, para que depois opere grandes ações transformadoras, como verdadeiras sementes sociais para o bem comum. Os valores se constituem numa ética maior, sem a qual a qualidade do ser humano se dilui. São valores que permanecem: respeito pelo outro; solidariedade com o outro e cooperação com o outro. O pensador Humberto Mariotti propõe cinco saberes que equivalem a um sistema de valores e constituem a essência de outra maneira de estar no mundo: saber ver; saber esperar; saber 28 conversar; saber amar e saber abraçar. Nessas metas está implícito um sistema de valores. Vivenciar esse sistema de valores na escola é o desafio do educador. Para Miguel Zabalza, doutor em psicologia catedrático de Didática e Organização Escolar na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), não há um tema mais interessante e nem mais complexo que o dos valores. Nenhum estilo de educação tem sentido se não está comprometido com valores. São essas grandes orientações que ajudam a dar sentido à vida a formar-se como pessoa ajustada, responsável e comprometida. Este é sem dúvida, o grande problema da educação nos dias atuais, pois, ir a escola não deve significar apenas que se aprendem coisas para esquecê-las em pouco tempo. Ir à escola deve significar ter oportunidades para formar-se, desenvolver-se como pessoa, para ir crescendo em todas as dimensões humanas (não apenas no conhecimento, mas, também, nas atitudes e no afeto, na imaginação, no respeito aos demais, na curiosidade, no apreço por si mesmo e pelo que o rodeia, na capacidade para assumir compromissos, etc.). A questão de valores é o aspecto crucial de uma boa educação. É também um tema complicado – é necessário reconhecer -, porque os valores que um possui nem sempre são coincidentes com os de outras pessoas e, em muitos casos, podem dar lugar a divisões e controvérsias na comunidade educativa. Por isso, a primeira distinção a ser feita é entre valores básicos e genéricos (comuns a todos e parte essencial de toda a educação) e valores opcionais (igualmente valiosos, mas que correspondem ao compromisso particular que cada pessoa, família ou grupo que está disposto a assumir). E escola deve estar comprometida com uma educação que estimule a autonomia dos alunos; que oriente para o respeito a si mesmo e aos demais. 29 A escola não pode fazer milagres, mas tampouco deve renunciar ao cumprimento de sua função formadora, seja qual for o meio social e cultural no qual se move. Sendo assim: Com quais valores está comprometida a ação educativa? Em que se nota esse compromisso? Miguel Zabalza sugere três níveis de ação das escolas no âmbito da educação em valores: a) Por meio dos próprios compromissos institucionais; b) Por meio do currículo; c) Por meio do exemplo do professor. a) Os valores institucionais na escola. Como pode educar na democracia e na autonomia uma escola que tenha um funcionamento ditatorial. Quem pode supor que os alunos sejam educados num estilo de cooperação e ajuda mútua se a escola que freqüentam se move em uma cultura da competitividade e do conflito permanente. Mais importantes, são os valores que a escola, como instituição e como comunidade educadora possui, já que grande parte da capacidade educadora (ao menos a que se refere a valores) dependerá disso, sendo vivenciados nas ações cotidianas. Os valores que mais se impregnam nos sujeitos, são aqueles que fazem parte de seu estilo de vida habitual. b) Os valores, no currículo formativo. Até há pouco tempo, não era freqüente que os currículos escolares compilassem explicitamente os valores e atitudes que eram incluídos na formação. Nos dias atuais são três grandes eixos de especial relevância formativa: 1 – O eixo da saúde e do cuidado com o próprio corpo. 2- O eixo da vida social. 3- O eixo da conservação do próprio meio. Cada um desses conteúdos transversais está como se pode comprovar, carregado de valores: a qualidade de vida, a solidariedade, a tolerância, a conservação da natureza, a convivência, 30 etc. Nem todos têm a mesma essência, mas evidentemente, todos são grandes desafios da educação dos dias atuais. c) Os valores na ação pessoal dos professores. Transmitem-se valores não apenas ao ensinar, mas também ao transformá-los em estilos de vida, pois os professores são sempre modelos. Uma das mais fortes dificuldades no que possa denominar ensino das atitudes e dos valores: as atitudes e os valores se transmitem ou se contagiam? É possível que um professor ensine valor se ele não possui em nível que se transforme em disseminador do mesmo? Quando um professor vive com intensidade um determinado valor, este acaba sendo transmitido com força para os alunos. Piaget, o grande psicólogo suíço, afirma que tem um papel ativo na construção dos valores, das normas de conduta. Há uma interação, isto é, um caminho de ida - e - volta, com o indivíduo atuando sobre o meio e o meio sobre ele, e não simplesmente a internalização pura desse ambiente. A moralidade, portanto, é construída, não vem pronta. Uma criança aprende o que vive e se torna o que experimenta. Ao contrário do que muitos pensam os valores morais não são ensinados diretamente. Não se pode ensinar a ser honesto, justo ou a respeitar o outro, com sermões, histórias ou lições de moral. A criança constrói sua moralidade (sentimentos, crenças, juízos e valores) a partir de sua interação com as inúmeras e cotidianas experiências que tem com as pessoas e com as situações. Para se construir tais valores, ela necessita interagir com situações em que a honestidade, a justiça ou o respeito estão presentes de fato. É aí que entra o papel da escola proporcionando meios, situações para que seus alunos vivenciem tais valores. É essencial para um convívio social a construção de regras, sendo numa escola imprescindível a obediência às normas e regras previamente estabelecidas e conhecidas por todos que dela fazem 31 parte, assim fazendo esta já estará preparando seus alunos para a vida fora da mesma. Para que a criança cumpra as normas é preciso que se valha de procedimentos coerentes. É necessário que o adulto associe uma norma a uma sensação de bem estar, de satisfação pessoal ao cumpri-la e também reflita com a criança sobre as conseqüências do não cumprimento da mesma, para que ela vá compreendendo a necessidade de sua existência. Segundo, Buxarrais (1992, p.20), para promover um tipo de educação moral baseada na construção racional e autônoma de valores torna-se necessário uma série de métodos ou técnicas que podem ser usados dentro da sala de aula para desenvolver o julgamento moral da criança e conseguir, ao fim, que ela adquira juízos e ações coerentes, ou melhor, que ela atue de acordo com o que pensa e que esse pensamento seja raciocinado moralmente. Autonomia não é o mesmo que individualismo, ou liberdade para fazer o que quer, significa coordenar os diferentes fatores relevantes, para decidir agir da melhor maneira para todos os envolvidos, levando em consideração, ao tomar decisões, os direitos, o ponto de vista do outro. Constance Kamii, afirma que “não pode haver moralidade quando se considera apenas o próprio ponto de vista. Quando uma pessoa leva em consideração os pontos de vista das outras, não está mais livre para mentir, quebrar promessas e ser leviano.” Não existe um momento específico para se trabalhar a educação moral. Será durante a convivência diária, desde pequenina, com o adulto, com seus pares, com as situações escolares, com os problemas e também experimentando, agindo, que a criança vai construindo seus valores, princípios e normas morais. Sendo que, aquela pessoa que a criança respeita e admira tem um enorme peso na construção de seus valores e seu comportamento, pois ela o imita. Assim, esses adultos precisam tratar os outros como gostariam de ser tratados e não permitir que a criança 32 tenha atitudes de desrespeito com eles, nem com os outros (colegas, parentes, funcionários, ter comportamentos que denotem preconceitos, colocar apelidos pejorativos, etc.), pois é desde o berço que se educa. A relação da criança com o meio ambiente é fator importante no desenvolvimento da personalidade. A criança disciplinada não é aquela que foi treinada a obedecer, mas sim aquela que sabe o porquê de agir ou não de determinada maneira de acordo com a situação, pautando suas ações em valores morais, independentemente da presença ou não do adulto. Assim, nenhuma atitude é definitiva ou faz com que a criança aprenda de uma vez por todas, mas, sim gradualmente, resultante de reflexão contínua, diálogo, trocas de pontos de vista, havendo assim o amadurecimento de relações. O ideal é dialogar sempre, pois a troca de idéias, as argumentações que ocorrem através do diálogo, auxiliam na descentralização da criança e fazem com que ela vá percebendo os diferentes pontos de vista, ampliando seu mundo. Assim, ela vai aprendendo que toda ação provoca uma reação e que é responsável pelos seus atos. Yves de La Taille mostra que é importante também que os educadores revejam aquilo que mesmo sem perceber, valorizam ou que seus olhares contemplam, pois transmitem isso às crianças. São essas e outras pequenas atitudes que fazem diferença na construção da autonomia moral das crianças. De acordo com esta perspectiva, espera-se que as crianças tornem-se, aos poucos, aptas para tomar decisões por si mesmas, assumindo as responsabilidades por essas decisões e conseqüências de seus atos. A construção de um ambiente cooperativo propicia situações favoráveis para que, aos poucos, ela se auto-discipline, regulando seu próprio comportamento. Os educadores precisam analisar profundamente a contribuição que exercem mesmo sem perceber na construção das 33 personalidades, revendo o ambiente moral no qual estão interagindo, e mudando a maneira como estão educando os futuros cidadãos desse país. O que é necessário neste momento da história humana vai além do re-mapeamento dos preceitos escolares: é preciso uma transformação de consciência. Para Paulo Freire em A Pedagogia do oprimido, no decorrer destes anos, ficou cada vez mais evidente que os sistemas de vida na Terra estão sofrendo estragos a ponto de estarem perdendo sua capacidade de sustentar a vida. O mundo natural ensina valores universais que podem unir globalmente os empreendimentos educacionais, enquanto permitem adaptações de acordo com bioregião, tradição, cultura e comunidade. A presença da Terra como professora, corroborada pela ciência rigorosa, promete revelar não apenas metáforas e valores de orientação para a sustentabilidade, mas também uma reorientação radical em relação ao que significa ser humano no planeta Terra. Este modelo curricular é essencial para fornecer aos estudantes o conhecimento, as habilidades e a consciência crítica necessária não apenas para a justiça ou a eficácia social, preocupações importantes da teoria curricular, mas também para a realização da verdadeira liberdade, comunidade e sustentabilidade da Terra e suas formas de vida. A educação precisa preparar os indivíduos a participar completa e livremente nas decisões que afetam a sua maneira de viver, é preciso haver o desenvolvimento da pessoa humana como um todo, reconhecendo as dimensões física, intelectual, emocional e espiritual de cada um. 34 CAPÍTULO 5 Os princípios éticos, a moral e a construção de valores no ambiente escolar A importância em se discutir questões éticas não é nova. Sung e Silva (1995) já apontavam que as discussões sobre ética e moral invadiam a vida social e política do país, com maior incidência, a partir do final da década de setenta, sendo necessário que uma “nova” noção de ética fosse construída para dar conta das mudanças que começavam a surgir na vida social brasileira. O retorno ao estudo da ética em diversas áreas do conhecimento, sobretudo na Psicologia, na Filosofia e na Educação, e a insistente abordagem do tema, particularmente no Brasil, o que pode ser percebido através das inúmeras reportagens brasileiras listadas por Camargo (1999) cujos textos estão relacionados direta ou indiretamente a questões éticas, corroboram a necessidade de se produzir pesquisas que focalizem o ensino de ética que vem sendo efetuado em nossas escolas, uma vez que aos professores e aos demais agentes da instituição escolar é atribuída formalmente, via Parâmetros Curriculares Nacionais, a tarefa de educar moral e eticamente as crianças e adolescentes dentro das salas de aulas e nas escolas (PCN, 1997a, 1997b). Ensinar a respeitar regras, incitar “boas” atitudes e estimular compromisso solidário é considerado um dever e uma obrigação da escola, o corpo docente é apontado, principalmente, como elemento difusor dos valores éticos e morais vigentes, tendo os professores que abordar assuntos relacionados à ética e aos valores morais a qualquer momento, mesmo em aula de outra disciplina (PCN, 1998). Compete-lhes desenvolver o caráter dos alunos, o qual se manifestaria no seu comportamento através de virtudes tradicionalmente reconhecidas e respeitadas, tais como a 35 honestidade, a coragem, o controle de si mesmo, a solidariedade e o respeito ao próximo (cf., entre outros, DUSKA e WHELAN, 1994). Regras, normas, ética, moral, valores morais, atitudes e costumes são noções interdependentes vinculadas à de ética que circula nas escolas. A interligação de tais conceitos é salientada por Sung e Silva (1995) ao discutirem as relações entre ética e sociedade. Segundo estes autores, a expressão “bons costumes” é utilizada como sinônimo de moral ou de moralidade, quando todos aceitam os costumes e valores determinados pela sociedade, não há muito que discutir. Mas. Quando existem questionamentos sobre a validade dos valores, surge a necessidade de criticá-los e de fundamentá-los. Muitas vezes, sem ter no mínimo, a garantia de espaços temporais destinados à reflexão e à discussão crítica sobre a moral estabelecida, parece que se fica ao nível do ensinamento verbal. Ao enfatizar que o ensinamento verbal da moral é insuficiente para asseverar a ação moral, La Taille (1998) explicita a desconexão entre a teoria e a prática como obstáculo à eficácia dos discursos, embora considere que os discursos morais influenciam o homem. Crianças e adolescentes estão sempre em contato com normas e regras que precisam observar. O que seus pais, familiares, professores e outros adultos que fazem parte do seu cotidiano das escolas pensam contribui significativamente para que possam construir seus modelos representacionais a partir da realidade em que vivem. Eles tem idéias próprias a respeito dessa realidade, constroem conceitos e adotam padrão de comportamento que combinam com um ou outro esquema social. Se seu padrão de comportamento é aprovado pelos adultos, as crianças e os adolescentes sabem se é aprovado ou não. Sendo assim, as reflexões e discussões devem ser promovidas durante as aulas de todas as disciplinas do currículo escolar e devem conjugar a formação de atitudes (aquelas consideradas imprescindíveis para o desenvolvimento moral do indivíduo) e de valores éticos (aqueles aceitos e 36 cultivados pela sociedade) a uma nova ética e a uma nova moral que vêm sendo reconstruídas no cotidiano, em todo o mundo. Ao propor reflexões sobre a conduta humana, inscritas nos objetivos maiores das escolas, a Secretaria de Educação e Desportos, através da Lei Federal 9394/96, enfatiza a formação de atitudes consoantes às normas e valores vigentes aliada a um ensino que procure assegurar condições de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades (PCN, 1997a). Assim sendo, os Parâmetros Curriculares Nacionais, considerados o primeiro nível de concretização curricular e que se consolidam como organizadores curriculares têm na ética, um de seus eixos transversais, com o objetivo de orientar o trabalho das escolas no que se refere ao desenvolvimento da autonomia moral de seus alunos. Ao identificar a dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação e a co-responsabilidade pela vida social como os princípios pelos quais a educação deve se orientar, os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam, em sua redação, que a formação de atitudes e valores na escola é condição fundamental para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente, uma vez que a escola deve “assumir-se como o espaço social necessário para a construção dos significados éticos necessários e constituintes de toda e qualquer ação de cidadania” (PCN, 1997a, p.34). Os professores precisam, no entanto, ter claro para si que significados éticos são estes e quais aqueles que devem ser construídos para que os alunos possam ter atitudes reconhecidas socialmente e assumir valores considerados aceitáveis por toda sociedade e, além disso, que permitam a construção desta sociedade democrática. Ainda de acordo com o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais, “a ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas” (PCN, 1997b, p.31) e o “tema ética traz a proposta de que a escola realize um trabalho que possibilite o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão ética” (PCN, 1997b, p.32). Embora os autores afirmem que agir perante o outro implica tomadas de posições valorativas, construídas por meio das relações que se estabelecem entre diversos atores escolares, consideram 37 que “a questão central das preocupações éticas é da justiça, entendida como inspirada pelos valores de igualdade e equidade” (PCN, 1997b, p.32). A escola, comprometida com a formação da cidadania, deve, então, propiciar reflexões sobre as diversas faces das condutas humanas e possibilitar o desenvolvimento da autonomia moral. Tais reflexões devem fazer parte dos objetivos maiores da escola e devem abranger o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade – os quatro blocos de conteúdos eleitos como eixos de seu trabalho. O indivíduo criativo, autônomo e solidário é responsável por si próprio, pelo outro, pela comunidade, pelo planeta e pelo universo (PCN, 1997b). A proposta de começar a discutir valores e incentivar reflexões, conversações e debates sobre ética nas escolas parece ser então, um dos grandes méritos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. O que parece ser um dos saldos negativos dessa proposta, é que o fato de o texto considerar necessárias as discussões relativas à ética, não garante em nada, os espaços temporais para que aconteçam. Portanto, incitar tais discussões não é ensinar normas e regras, o que deve e o que não deve ser feito, mas criar espaços temporais que valorizem os diálogos e, conseqüentemente, a troca de idéias, negociações e acordos entre as partes sobre problemas éticos surgidos na escola. No entanto, essa tarefa é difícil. Um desafio está em estabelecer regras para a iniciação e o desenvolvimento dos debates. Com relação a que significados éticos devem ser construídos, devese considerar que a escola é uma instituição psicossocial permeada de valores ou representações sociais de todo tipo. Donde a necessidade de apresentar algumas considerações relativas à ética, que dizem respeito às reflexões sobre as condutas humanas, conforme apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, para que se possa rediscutir os objetivos para a formação do indivíduo cidadão, “este que deverá colocar-se, explicitamente, contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e decisões que os favoreçam. Isso se refere a valores, mas também a conhecimentos que 38 permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva” (PCN, 1997b, p.25). Somente propiciar reflexões e trazer à cena de debates, questionamentos que focalizem justiça, valores, ética e moral, apesar de permitir que o sujeito se interrogue a respeito da natureza da situação, não garante vivenciar ou praticar a constituição de juízos éticos. Isso porque, conforme aponta Boudon (1995), os sujeitos procuram determinar a melhor solução para um problema de conduta que possa ser aceita, pelo menos em princípio, por todos os envolvidos. Pegoraro (1997) considera ainda, que o consenso é provisório e deve ser retomado em novas situações e circunstâncias. Sendo assim, cabe à instituição escolar sempre promover o diálogo, respeitando o argumento do outro para formar cidadãos capacitados a reconhecer e promover o bem comum de toda a sociedade. 39 CONCLUSÃO Através desta pesquisa, pretendeu-se mostrar a importância de se criar espaços para que os alunos possam vivenciar valores e assim construir, interiorizar seus próprios valores, pois, é no convívio, no coletivo, nas relações humanas que ocorre a valorização do ser e por isso devem estar sempre presentes na escola. No capítulo 1, buscou-se uma conceituação de valor, mostrando a importância da construção dos mesmos, pois são eles que fundamentam nos momentos de decisão e ação numa determinada direção e não em outra, durante toda a vida. No capítulo 2, buscou-se apresentar teorias sobre valores, ética e moralidade desde a antiguidade até a contemporaneidade. No capítulo 3, procurou-se mostrar a importância de favorecer ao indivíduo no ambiente escolar o desenvolvimento da moral e da ética que estão vinculados à construção dos valores. No capítulo 4, procurou-se mostrar a importância de se vivenciar valores na escola, buscando para isso embasamento teórico de diversos autores, ressaltando o que pensa cada um deles, mostrando ser a escola um ambiente apropriado para o indivíduo formar seus próprios valores, uma vez que é lá que ele está em convívio com diversas pessoas e que se faz necessário valorizar e respeitar a pessoa humana sempre. Mostrando a influência que os membros da escola exercem na formação de seus educandos, principalmente a figura do professor. No capítulo 5, buscou-se mostrar a importância dos princípios éticos, da moral e da construção de valores no ambiente escolar fundamentando-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Nesta pesquisa pode-se perceber, confirmar, ser a escola um local de formação ampla de um indivíduo. É dela que os indivíduos vão tirar lições que os nortearão por toda a vida e que por isso os professores devem estar sempre atentos, pois sua figura é extremamente influente e fundamental na 40 formação dos educandos. É na escola que se deve valorizar o ser humano em todas as suas dimensões e mostrar que o respeito é fundamental na relação entre as pessoas e por isso as reflexões devem ser constantes sobre o coletivo, o convívio e as relações humanas visando à prática do bem comum e com isso uma harmonia maior entre os seres humanos. 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ARANHA, Maria Helena de A. e Martins, Maria Helena P. Filosofando: Introdução à filosofia. 3. Ed. São Paulo: Moderna, 2003. ___. Temas de filosofia. 2. Ed. São Paulo: Moderna, 1998. AQUINO, Julio Groppa. Violência na escola, violências da escola. Nova Escola. São Paulo, n.152, p. 22. BOLOGNA, José Ernesto. Os jovens estão cada vez mais solitários. Nova Escola. São Paulo, n.150, p.45-47. CASTRO, Claudio de Moura. Só o exemplo constrói. Nova Escola. São Paulo, n.131, p.21-24. CHAUI, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2002. ___. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1999. COSTA, Antonio Carlos Gomes da; CASCINO, Pasquale; SAVIANI, Demerval. 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