UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A INFLUÊNCIA AFETIVA NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE CRIANÇAS DO ENSINO INFANTIL NA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO Rozimery Sales Tavares Orientadora Profª DAYSE SERRA Niterói 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A INFLUÊNCIA AFETIVA NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE CRIANÇAS DO ENSINO INFANTIL NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional Por: Rozimery Sales Tavares 3 AGRADECIMENTOS A Deus por ter me permitido, chegar até aqui. Aos colegas e professores do curso que de uma forma ou de outra contribuíram com sua presença nessa caminhada, pois juntos formamos um todo, pois ninguém é feliz sozinho. Apesar do céu tão cheio de estrelas sempre têm um lugarzinho para a claridade da lua. 4 DEDICATÓRIA Dedico ao meu esposo e filhos, pelo apoio e carinho, e compreensão. Com carinho ao professor Marcelo Antunes, por suas aulas de Nerociência que em muito contribui para entendermos melhor o ser humano que existe em mim e nos outros. 5 RESUMO Atualmente, existem muitas discussões sobre a educação infantil e os problemas de aprendizagens que surgem no cotidiano escolar, que por sua vez tem fomentado o ensino infantil, no sentido da observância quanto às dificuldades de aprendizagem que surgem no ambiente escolar. Cujos profissionais da área de educação têm enfrentando no cotidiano da escola, atentado assim na busca por soluções práticas por meio de ações pedagógicas e psicopedagógicas eficientes que atendam a tais situações inevitáveis. Os problemas de aprendizagem surgem e em geral estão relacionados a muitas causas, desde a relação parental, convívio familiar, entre outros atores do contexto social de uma criança. Pois estes possuem a capacidade para de utilizar instrumentos simbólicos completar suas capacidades de aprender. Deste modo muitas questões são geradas por diversos fatores, cujo trabalho em questão pretende aborda a fim de explanar o assunto, suas causas, efeitos e soluções cabíveis. Por isso a função dos profissionais na educação infantil se torna importante e se destaca em meio a tudo isso, pois estes poderão intervir positivamente na vida de seus pequenos alunos do ensino infantil, contribuindo assim para um bom desenvolvimento do processo ensino aprendizado destes alunos de maneira significativa. 6 METODOLOGIA A presente pesquisa será de caráter bibliográfico com base em autores como Jean Piaget, Vygotsky, Ortiz, Miras, Pain, entre outros, que oferecem embasamento teórico para um levantamento de dados sobre crianças do ensino infantil e as dificuldades de aprendizagem, podendo assim estabelecer comparações com a relação professor-aluno, discutindo ainda, sobre os problemas de aprendizagem que podem estar relacionados a problemas afetivos que advêm das dificuldades de comunicação dessas crianças, destacando desta forma a importância da boa relação professor aluno como fatores significativos nesse processo. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I Afetividade 11 CAPÍTULO II Motivação e a Aprendizagem 26 CAPÍTULO III Aprendizagem Emocional 38 CAPÍTULO IV Alterações da Afetividade 41 CAPÍTULO V Um Olhar Psicopedagógico na mediação pedagógica 46 CAPÍTULO VI Leis de Amparo a educação infantil no Brasil 48 CONCLUSÃO 49 ANEXOS 51 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55 ÍNDICE 58 FOLHA DE AVALIAÇÃO 60 8 INTRODUÇÃO Geralmente quando no referimos a aprendizagem, pensamos em inteligência ou à capacidade cognitiva do ser humano, em aprender algo ou alguma coisa. Nesse momento podemos levantar algumas discussões sobre essa capacidade de aprendizagem, no qual o aluno e o professor serão objetos de estudo. Pois, os conceitos epistemológicos da aprendizagem são muitos e vão desde a teoria piagetiana da inteligência à teoria psicanalítica de Freud. Várias dimensões podem ser consideradas como fatores afetivos determinantes na aprendizagem de crianças no ensino infantil, como a dimensão biológica, por exemplo, entre outras dimensões que citaremos no presente trabalho de maneira descritiva para associar apenas elementos que sejam relevantes para o foco da pesquisa em questão. Deste modo, a pesquisa pretende analisa os fatores determinantes que influenciam o momento do processo de ensino aprendizagem em crianças do ensino infantil, e o que realmente estes fatores oferecem para essas crianças em termos de aprendizagem significativa. E ainda discutir o momento em que a ausência da afetividade na aprendizagem ou mesmo a não importância destes momentos afetivos da interação professor-aluno, podem trazer como conseqüências ao aluno do ensino infantil. Procurando relacionar todas as condições pertinentes ao processo de aprendizagem desde as condições externas que são adquiridas pelo estímulo dado pelo meio em que o sujeito está inserido, bem como as internas que são definidas pelo sujeito, ou corpo como mediador da ação. Segundo Fernandez, (1991) O ser humano para aprender utilizar seu organismo, pois este é comparado a um aparelho de recepção programado, que possui transmissores capazes de registrar certos tipos de associações e 9 reproduzi-los quando necessário sendo o corpo o instrumento do organismo, no qual o corpo coordena e a coordenação resulta em prazer. Diante do que foi citado anteriormente a educação tem muito a ver com este universo de sensações e conscientizações, de elaborações de percepções e de conceitos. Sendo assim podemos ver a importância do investimento afetivo para que aconteça uma aprendizagem significativa, nas inúmeras relações que se estabelecem, tais como: adulto, criança, professor, aluno, mãe, bebê, construirão não somente o físico de este ser humano, mas acima de tudo o homem ser, capaz de inventar, criar, renovar e descobrir e se descobrir. Sua natureza mais profunda, ele é tão desconhecido quanto à realidade do mundo exterior, e apresenta-se a O inconsciente é a verdadeira realidade psíquica; no que se refere a nós de maneira tão incompleta pelos dados da consciência quanto o mundo exterior pelos dados da consciência quanto o mundo exterior pelos órgãos dos nossos sentidos. (Freud, 1900, V.1, s.p) Para Vygotsky o que nos torna humanos é a capacidade de utilizar instrumentos simbólicos para completar nossa atividade, que tem bases biológicas. A linguagem tem este papel de construtor e de propulsor do pensamento. O desenvolvimento aprendizado mental e adequadamente põe em organizado movimento vários resulta em processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. O pensamento é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Sendo assim, podemos conceituar que, existem dois tipos de aprendizagem: as externas, referindo-se ao aspecto social, cultural em que o sujeito está inserido e as internas ligadas ao corpo como organismo mediador da ação. 10 Na teoria de Wallon a pessoa é considerada como um todo. Para esse autor afetividade, emoção, movimento e espaço físico se encontram em um mesmo plano, sendo que o desenvolvimento é emocional, cognitivo e motor, vem a ser quando atua sobre o ambiente e envolve a cognição. No entanto a situação afetiva na concepção deste autor é seria mais permanente e implica uma carga de atração e repulsão de um objeto de amor e ódio. Ainda segundo esse autor o emocional viria ser entendido como estádio no qual participa o orgânico e o cognitivo, mais ligado ao corpo, como medo, raiva, timidez, tristeza, para depois trabalhar o afetivo. Desta forma este trabalho apresenta uma revisão das teorias de Piaget, Wallon, Vygotsky, Freud, Paín entre outros, relacionando-os com o desenvolvimento da afetividade e sua influência na aprendizagem determinados por fatores orgânicos e sociais. Porém o movimento possui duas dimensões: Afetiva que segundo esse autor atua sobre o sujeito, e práxica que Abordando os conceitos de aprendizagem que não fazem a dicotomia entre cognição e organismo, e ainda as relações afetivas no contexto sala de aula como instrumentos de potencialização do processo de ensino aprendizagem. E conta ainda com as diversas abordagens sobre afetividade para o desenvolvimento psíquico da criança. Os vínculos emocionais que se estabelecem e que influenciam na construção da personalidade, do autoconceito, da autoestima, na construção da autonomia do sujeito. Trazendo as diversas ferramentas necessárias à aquisição da aprendizagem e sua conservação. 11 CAPÍTULO I AFETIVIDADE A afetividade diz respeito a ações e reações internas, que interferem no externo, ou seja, é por meio dos sentimentos (que são dirigidos para o interior e são privados) que as emoções (que são dirigidas para o exterior e são públicas) iniciam o seu impacto na mente. A palavra afeto vem de affert-“qualquer estado afetivo, vago, e que se manifesta por uma descarga emocional física ou psíquica, imediata. O afeto traduz as emoções representadas e corresponde às sensações”. Sob a abordagem psicanalítica, a afetividade é vista como um processo em que alguém investido de amor, constrói o seu eu, e descobre o prazer e o desejo de aprender. Sob a ótica piagetiana, ela aparece como um aspecto necessário, complementar e indissociável do desenvolvimento intelectual do ser humano. Toda ação educativa supõe a presença de um professor e um aluno, interagindo afetivamente nas mais diversas situações afetando e sendo afetado um pelo outro. Na relação pedagógica podem surgir sentimentos de aceitação ou de aversão entre educador e educando, o que interferirá na metodologia, no processo de ensino e aprendizagem, e na relação entre ambos. A forma como o professor apresenta o conteúdo de sua aula está revestido de uma conotação afetiva especial, que torna o mestre original, e afeta cada aluno de uma maneira peculiar, repercutindo de forma diversa na aprendizagem. Alguns educadores esquecem que a afetividade permeia todo processo educacional e, muitas vezes, preocupam-se apenas com o conteúdo e com 12 metodologias modernas. É a qualidade do diálogo afetivo que se estabelece entre educador e educando, que cria laços profundos ou antipatias eternas. Esta delicada relação pode definir o sucesso ou fracasso de escolar de uma criança. Sabemos se aluno e professor não se gosta, fica muito mais difícil aprender. Segundo a psicanálise, o ser humano não nasce com um eu (sujeito psíquico) pronto, mas irá constituí- ló a partir de si, e de suas elações sociais e familiares. A criança que foi desejada e investida pelo desejo materno, sentirá sempre reconhecimento e afeto. Klein (1996) ‘’ A atividade psíquica terá início libidinal pelos pais, e pelo prazer que o bebê experimenta em seu próprio corpo. Este eu, que está sendo constituído, busca compreender, ter acesso ao significado ao que existe e do que ele vivencia. O eu deseja saber. Os pais que investem o seu afeto na criança servem de ligação entre seu psiquismo e o meio psíquico que a rodeia, e proporcionam a ela uma autoestima positiva, que a levará à busca do prazer de ouvir e pensar. Na escola, é o professor exercerá essa função identificatória ao aceitar a criança como ela é ao valorizá-la e ao investir nela. O eu se estrutura então, pelo discurso social, pelo desejo e pelas falas de seus pais para a criança e sobre a criança. Este eu que se constitui no ambiente psíquico familiar, irá sofrendo transformações nas relações sociais. Ele precisa, inicialmente, do reconhecimento e do amor dos pais para experimentar o prazer e o desejo de pensar. Enfim, prazer, amor e reconhecimento são elementos indispensáveis para a construção e identificação do eu, para investir em si e no outro. Na escola, a criança precisa do amor e do reconhecimento do professor (substituto simbólico dos pais), precisa encontrar nele o prazer de aprender. Nesta relação professor- aluno, o desejo de ensinar, e o modo como o professor aceita e reconhece o aluno como um único e singular, também serão importantes. A criança que encontra um professor preconceituoso em relação 13 a ela, que a desvaloriza, que não reconhece suas qualidades, e que não invista nela como um ser único e especial, estará concorrendo para que esta criança perca o prazer de pensar e o desejo de aprender. Assim como o professor não investe nela, ela não investe no estudo e pode e pode investir em outros objetos: colegas, esporte, lazer, vícios, etc. Na situação escolar, o professor é fonte privilegiada ao proporcionar prazer ou sofrimento ao aluno, mas o aluno também pode ser fonte de prazer ou sofrimento ao professor. Ao ser reconhecido ou não pelos alunos, sua fonte de prazer reside nas respostas que os alunos dão à sua tarefa de ensiná-los. Korczark (1983) apud Violante (1997, p.22) diz que o educador deve respeitar e compreender a criança considerando o referencial dela, o seu modo de pensar sobre si, sobre os outros e sobre a sua realidade. Baseado no conceito freudiano de transferência, o autor considera que o professor deve conhecer a si mesmo e reconhecer os afetos que ele experimenta ao trabalhar com crianças. O educador livre de idéias pré-concebidas sobre o aluno pode respeitálo e investir nele, bem como na sua ação educativa. Desta forma haverá uma relação professor-aluno verdadeira, fundamentada na afetividade, na confiança mútua e na sinceridade. Entretanto, só amor não basta. É preciso que, além desta relação professor-aluno autêntica e afetiva, haja uma prática pedagógica estabelecida no respeito, na autoridade humana e no estabelecimento de limites, de modo que o professor permita o desenvolvimento e o fortalecimento do eu do educando para que ele desenvolva auto-estima, confiança, respeito a si e ao outro. Segundo Violante (1997), muito da “dificuldade de aprender” deve-se à falta de investimento do eu na própria atividade de pensar, isto porque a atividade de pensar da criança pode não ter sido reconhecida, ou ninguém ter investido nela. 14 Percebe-se no que foi citado anteriormente, que a criança só pode desenvolver o seu eu, só investirá no desejo de aprender, se também o adulto (pais e professores) investir nela, no seu desejo de aprende. Se pais e professores lhe derem amor, valorizarem e reconhecerem o seu valor, ela fortalecerá o seu eu. A psicanálise estuda a constituição do sujeito do inconsciente, e se as funções cognitivas crescem, evolui, o sujeito se constitui. Para a psicanálise, a constituição do sujeito é regida por leis diversas das que regem o desenvolvimento cognitivo. Segundo esta teoria não há paralelismo entre eles. O eu, sede das funções do ser humano, ocupa um lugar central, pois ali estão as funções que regulam a de uma pessoa com sua realidade. Sendo assim percebemos que o professor em sua sala de aula, poderá investir no seu aluno, no seu potencial que ele possui e não no “aluno idealizado”, assegurar a ele um lugar de reconhecimento em meio social; assim esta criança, sentindose respeitada e amada, poderá investir em si própria, no desejo de pensar e aprender. Freud (1973) afirma que só pode ser pedagogo aquele que se encontra capacitado para penetrar na alma infantil, e que, nós adultos não compreendemos nem a nossa própria infância, como poderemos então compreender e educar uma criança que está sob nossa responsabilidade? Ainda segundo esse autor, Quando os educadores estiverem familiarizados com a psicanálise, e voltarem a ficar de bem com a criança que há dentro deles, poderão trabalhar com a energia daquela que está sob seus cuidados e conduzi-la a um caminho menos conflituoso. 15 1.1 A Importância do Vínculo Afetivo O vínculo do bebê com a sua mãe nos primeiros anos de vida são considerados na abordagem psicanalítica como sendo a relação fundamental para odesenvolvimento e a construção das estruturas afetivas da criança. Diversas doenças infantis têm etimologia indefinida e de acordo com essa teoria muitas dessas doenças são relacionadas por fatores emocionais. De acordo com Bowlby (2006, p.162): “o vínculo formado na relação mãe-bebê corresponde ao um processo complexo em que o bebê vincula-se à mãe, ou a pessoa substituta, ao longo do seu primeiro ano de vida”. Teóricos psicanalíticos consideram o vínculo mãe-bebê nos primeiros anos de vida como sendo o acontecimento mais importante no desenvolvimento do aparelho psíquico da criança. Segundo Rivière, (1995) apud Bowlby (2006) o vínculo é uma estrutura em movimento, envolvendo sujeito e objeto e pode se desenvolver de forma saudável ou patológica. Um vínculo é saudável quando os envolvidos preservam sua identidade e podem fazer escolhas individuais, e é patológico quando há delimitação pouco precisa entre o eu e o outro. Distúrbios nesse inter-jogo de dependências geram conseqüências ao desenvolvimento emocional da criança. De igual forma Melanie Klein, (1996, p.330-334) considera que as fantasias inconscientes e os sentimentos vividos pelo bebê em seus primeiros anos de vida são cruciais para o bom desenvolvimento da estrutura psíquica. O primeiro contato do bebê com o objeto\mãe se dá pela amamentação, quando a criança introjeta os aspectos positivos e negativos do mundo externo, sensações de gratificação são construídos quando o bebê recebe o alimento e o afeto, sendo fundamental um contato harmonioso mãe-criança. Um envolvimento não saudável mãe-bebê poderá gerar traumas emocionais na criança e vir a comprometer seu desenvolvimento. Após o 16 nascimento mãe e filho vivenciam profunda reorganização, visando restabelecer a simbiose anterior rompida pelo nascimento. O estado simbiótico inicial e normal, e o bom desenvolvimento do vínculo mãe-bebê dependem da separação gradual do vínculo inicial. Pesquisas realizadas por (Bowlby, 2006) criador da teoria do apego revelou que a privação materna prolongada pode gerar distúrbios psíquicos graves na criança, comprometendo toda a sua vida futura. Para Freud (1973), pulsão é um impulso, inerente à vida orgânica, a restaura um estado anterior de coisas, impulso que o organismo foi obrigado abandonar sob a pressão de forças perturbadoras externas. E ainda conforme Klein (1978) comparando com a teoria de pressão de forças perturbadoras. Segundo essa psicanalista, o desenvolvimento psíquico ocorre intermédio da elaboração de experiências emocionais desde o nascimento. O bebê experimenta sensações físicas são de desconforto, a sensação é de desconforto, perseguição e rejeição. As sensações de prazer ou desprazer fazem com que o ego se quebre, dando lugar ao mecanismo primitivo de defesa, onde um lado fica o mau, medo, ansiedade e frustração, e de outro o que é bom, gratificação ao carinho recebido. A angústia nasce neste momento por saber que precisa de outras pessoas para satisfazer suas necessidades e que o outro, diferente do eu, não poderá satisfazê-lo de acordo com seu desejo. A busca pelo seio ideal do ego e do superego e impede, ainda na primeira infância, que o mal prevaleça. Ortiz et al (2004) apud Bowlby (2006) pesquisaram as origens da vida social e emocional e os fatores que intervêm em um laço afetivo e seguro ou inseguro. Para eles, o vínculo emocional mais importante na primeira infância é o apego que a criança estabelece com a família. Entre esses fatores, podemos destacar: a) condutas de apego que viria ser de proximidade e inteiração privilegiada com essas pessoas; 17 b) representação mental, as crianças constroem idéias de como são essas pessoas, o que podem esperar delas: c) sentimento de bem- estar com a sua presença ou ansiedade por sua ausência. O objetivo do apego, que tem função adaptativa para a criança inserida em seu contexto, é favorecer-lhe a sobrevivência, buscando a proximidade de seus cuida dores e de proporcionar- lhes segurança emocional, transmitindolhe aceitação incondicional, proteção e bem- estar. A ausência da figura do apego é percebida como uma ameaça, sinalizada como situação de risco, de desproteção e desamparo. Como lemos anteriormente, o comportamento do apego, consiste em uma resposta desencadeada pela necessidade de sobrevivência da espécie e se estabelece a partir do contato entre mãe e bebê, em torno do sentido de a proximidade e proteção. A criança até aproximadamente o terceiro mês de vida, demonstra claras preferências pelos estímulos sociais da própria espécie (rosto, voz e temperatura humanas) e longas associações entre eles. Porém é os estímulos que a faz sentir- se adaptada. Percebemos que é o ritmo biológico que demonstra a adaptação do adulto à criança.Entre o terceiro e o quinto mês, a criança demonstra preferência pela inteiração com os adultos que normalmente cuidam dela e apresenta-se mais adaptada, flexível quanto aos seus ritmos biológicos, mas ainda não rejeita aos cuidados oferecidos por desconhecidos, portanto, ainda não “reconhecem” perigos potenciais. Na segunda metade do primeiro ano de vida, percebe-se que o sistema de apego está formado quando as crianças manifestam clara preferência por figuras significativas e repelem os desconhecidos. Podendo até mesmo recorrer às figuras de apego, de acordo com a sua capacidade de representação, de pessoa e de memória. Manifestando reações de desagrado 18 e ansiedade nas separações e de alegria e tranqüilidade nos reencontros, assim como apresenta manifestações por manter a proximidade destas pessoas, que se apóia base para explorar o mundo físico e social. 1.1.1 O Vínculo Afetivo na Relação Parental Como condição para a vida do bebê deve haver um adulto para cuidar e responder a ele, em geral a mãe. O bebê reage a essa atenção com interesse especial, numa troca social que se forma de forte conteúdo emocional permitindo que se desenvolva o apego com a pessoa que lhe responde com aprovação, gratificação e proteção. Proximidade e contato e especificidade da pessoa, incluindo o reconhecimento e o comportamento diferenciado. Nesse sentido os comportamentos de pais e filhos são específicos, recíprocos e envolvem o reconhecimento individual. Essa inteiração é experimentada por pais e filhos desde o início da vida. O comportamento dos pais é entendido como comportamento de cuidar. Bowlby (2006, p. 206) afirma que cuidar da criança nesse sentido tem por objetivo recorrer a toda uma gama de sistemas comportamentais de forma a manter a proximidade com o bebê, manter-se alerta nos momentos em que ele não está próximo e agir prontamente para recuperar a proximidade se surgir alguma ameaça, sempre como o sentido de proteção materna. Percebemos aqui a importância da sensibilidade da figura de apego. Que se inicia na primeira infância, e que a partir deste relacionamento, pais e bebês vão se conhecendo e estabelecendo interações físicas, bioquímicas e psíquicas que formaram os vínculos entre pai-bebê-mãe=família. Constelação da maternidade significa descrever a organização psíquica especial e física durante a gravidez. Na gestante e na família ocorre uma 19 verdadeira revolução. Ao abrir o lugar para uma nova pessoa ocupar na família, todos os membros precisam modificar suas posições. Um bebê começa a nascer primeiro no aparelho psíquico da mãe, do pai, é que é chamado segundo a psicologia de bebê imaginado ou fantasmático (desejado pelo pai pela mãe desde a infância) quando eles se que se conheciam. Ou seja *bebê imaginário= o bebê desejado pelo casal de pais naquela gravidez; *bebê real= aquele que ao nascer mostra suas peculiaridades e especificidades. Pais e bebês se relacionam desde a vida uterina, através das palavras, toques e emoções. Marie Claire (1978) observou que os fetos e o recém nascido reagem ao relato de acontecimentos emocionais que lhes dizem respeito. Ainda segundo Marie Claire (1978) o bebê (adotado ou não) é marcado pela história de vida dessa mãe. Não é somente aquilo que é visto, mas principalmente àquilo que na história de vida não é falado. Aspectos transgeracionais = marcas da história de vida da pessoa que não são “digeridas” e são passadas, marcando outras histórias. *Apego= relacionamento único entre duas pessoas, sendo este relacionamento específico e duradouro. Relacionamento entre pais e seus bebês, este relacionamento é estruturado através da palavra, caricías, toques, pensamentos e cuidados. Para que este apego seja criado é preciso uma rede protetora (formada pela família e sociedade) em torno dos pais e seus bebês. Conforme Ainsworth (1967) existem modelos de apego que são transmitidos nos primeiros anos de vida e são três, a saber: a) seguro - este modelo é promovido por pais ou por apenas um dos pais, quando estes se mostram imediatamente disponíveis, sensíveis aos sinais do bebê e da criança pequena, respondendo de modo adequado quando a criança busca conforto e proteção; 20 b) resistente e ansioso - a criança se mostra insegura quanto à disponibilidade dos pais. Não tem certeza se os pais darão ajuda quando precisar. São pais instáveis que ora estão disponíveis ora indisponíveis. Geralmente os pais ameaçam a criança com abandono. O resultado é que a criança apresenta ansiedade de separação tendendo a ficar grudada aos pais; c) ansioso com evitação- a criança não tem nenhuma segurança que terá apoio em seus pais, pelo contrário, sabe que será rejeitada. Este tipo de apego leva a criança buscar viver sem amor, são crianças que nunca pedem ajuda. As vivências contínuas de rejeição formam pessoas com dificuldades sócias afetivas intensas. Desorganização de qualquer dos apegos.Alguns autores vão chamar este tipo de apego como 4° tipo, próprio de crianças que foram negligenciadas ou sofreram abuso. Estas crianças apresentam comportamento de congelarem-se quando em situações de contato físico. Percebemos que o apego é o primeiro mecanismo de defesa e que o vínculo emocional que os pais estabelecem com os filhos serve como modelo para seus relacionamentos futuros, seja no convívio familiar ou extra familiar. Crianças com conduta de apego seguro mostram maior capacidade para compreender as suas próprias emoções, apresentam conduta amigável e maior disposição em expressar estado positivo frente às frustrações que surgem nas relações sociais. De acordo com que foi citado anteriormente, por Ainsworth (1967). As mães das crianças com apego seguro apresentam-se eficazes na hora de regular a atividade emocional da criança, interpretar seus sinais. São aquelas que reconhecem suas próprias relações de apego infantis, sentem-se aceitas por seus pais e conscientes tanto das relações positivas como das negativas de sua infância, não sentem rancor de seus pais, nem os idealizam. A criança neste tipo de relação forma um modelo interno que lhe permite antecipar e 21 confiar na disponibilidade e na eficácia materna e em sua própria capacidade para promover e para controlar as interações, além de sentir prazer com estas. As mães das crianças qualificadas como ansiosos- ambivalentes são afetuosas e se interessam pela criança, mas tem dificuldades para interpretar os sinais dos bebês e para estabelecer sincronias interativas com elas. A ambivalência surge da incoerência que às vezes demonstram. Como por exemplo: em alguns momentos reagem positivamente e em outros insensivelmente, assim desenvolve nas crianças ansiedade que ativa intensamente o sistema de apego e inibe a exploração, pois estas ficam sem dúvidas quanto à proteção que podem realmente contar, além de demonstrarem raiva intensa e persistente diante da frustração que sentem pela indisponibilidade da mãe. As mães das crianças evitativas se caracterizam pela irresponsabilidade, impaciência e rejeição. São pouco pacientes e tolerantes com os sinais de necessidade de seus filhos, ao ponto de impedir que as crianças se aproximem delas. As mães de filhos ansiosos- desorganizados podem ser aquelas que não tiveram resolvidos o luto pela morte de um ente- querido ou afastamento deste e expressam um grau de ansiedade que gera temor na criança. Podem praticar maus- tratos ou rejeitarem seus filhos, produzindo assim uma vinculação de aproximação\ evitação tornando a base de segurança também uma fonte de alarme e inquietação. O vínculo emocional que os pais estabelecem com os filhos serve com modelo para seus relacionamentos futuros, seja no convívio familiar ou extra familiar. Crianças com conduta de apego- seguro mostra maior capacidade para compreender as suas próprias emoções, apresentam conduta amigável e maior disposição em expressar estado de ânimo positivo frente às frustrações que surgem nas relações sociais. 22 As interações surgem da conduta apego-seguro é a reciprocidade, a compreensão e a empatia e por intermédio destas relações, “acabase interiorizando uma idéia sobre si mesmo, uma auto-estima, uma capacidade de iniciativa, de curiosidade e de entusiasmo que são muito valorizadas pelos iguais” (Coll, et al 2004, p.227). 1.1.2 A família e a sua Influência na Escola É de fundamental importância o trabalho conjunto entre a família e profissionais e também haverá sempre necessidade que a família esteja presente em todos os momentos. A presença dela ajudará e muito na progressão, pois muitas vezes a família é o gancho que o profissional precisa para começar e poder terminar (Alves, 2007). A família ou meio familiar é o primeiro ambiente social e ao mesmo tempo de aprendizagem que a criança está inserida, onde ela aprende as primeiras habilidades sociais, assim como lhes são transmitidos valores sociais que sua família se insere, e suas expectativas. Por outro lado, a criança ao ingressar na escola traz consigo sua bagagem, e esses conhecimentos terão de ser acolhidos, e respeitados por quem em sina. Sendo assim a escola e a família não podem ser dissociadas uma da outra, pois percebemos que são ligadas por veios afetivos do educando. Portanto, os processos de aprendizagem não se unificam sem a colaboração de ambas as partes. Sabemos que a família e a escola são de suma importância, na construção do indivíduo na formação do seu emocional como da sua autoestima, segurança, emoções, sentimentos que vão fortalecer suas estruturas pessoais e primordiais para um ser humano. 23 Conforme Goleman (2001) apud Cunha (2010, p.96), a alfabetização emocional inicia-se na família e, posteriormente, amplia-se nas relações na escola. Nesses espaços, o indivíduo começa a lidar com as emoções que lhe acompanharam por sua vida: o amor, o desejo, as incertezas, as inseguranças, as ansiedades e tantas outras que precisarão ser percebidas e lapidadas durante a formação da sua personalidade. Percebemos que a escola cumpre o papel de resgatar junto ao aluno alguns valores de sua formação. Muitas das vezes conflito no ambiente familiar reflete na escola como: falta de afeto e alguns problemas emocionais, que podem interferir no aprendizado uma vez que poderá dificultar a socialização desse indivíduo em grupo e até mesmo os termos de direitos e deveres. Por outro lado esse aluno poderá ter problemas de concentração e até mesmo se sentir rejeitado. Podemos eventualmente, termos como conseqüência as dificuldades de aprendizagem como decorrências de fatores emocionais. É também papel da escola possibilitar ao educando o encontro dos valores que ficaram suprimidos no ambiente familiar. Segundo Goleman (2001) apud Cunha (2010, p.96) afirma que, sobretudo nos jovens, os problemas de relacionamento são um gatilho para a depressão. Dados internacionais mostram uma espécie de epidemia moderna de depressão, que se espalha com a assimilação de modos contemporâneos. Conforme Goleman (2001, p.96) apud Cunha (2010, p.96), enfatiza que cada nova geração tem vivido mais que a anterior, sob a tendência de sofrer uma depressão grave. Não mera tristeza, mas uma paralisante apatia, desânimo e autopiedade, começando em idades cada vez menores. A depressão na infância surge como um dado do panorama atual. Ainda segundo dados citados anteriormente, pelo autor os problemas que levam a esse quadro provêm tanto das relações com os pais quanto com os colegas. Esses alunos tendem a se fechar e podem ter dificuldade de definir seus sentimentos com clareza. 24 Conforme Goleman (2001) apud Cunha (2010, p.97), ressalta que os exames da causa da depressão nos jovens identificam déficits em duas áreas de competência emocional: dificuldade nos relacionamentos e uma maneira de interpretar reveses. Porém, segundo ele, parte da tendência à depressão quase sempre se deva a predisposições genéticas, outra parte parece dever-se a hábitos de pensamentos pessimistas, que predispõem os jovens a reagir às pequenas derrotas da vida – nota ruim, problemas com os pais-, ficando deprimidos. Tornam-se instáveis, irritados ou abatidos, muitas vezes, impacientes e, comumente excluídos. Podemos notar a partir dos dados citados, que a mola propulsora nesse quadro poderá ser o desejo seria a motivação. Pois nada impulsiona mais o aluno do que a ação desejante de aprender. O estímulo para a aquisição de conhecimentos, que o torna integrado a uma sociedade, a responsabilidade com que cumpre as suas tarefas, a finalidade com que aceita seus deveres e toma consciência dos seus direitos, as suas relações em sala de aula são habilidades sociais adquiridas no espaço escolar. Observa-se que são indiscutivelmente valores e, por esta razão, agregam-se ao educando, principalmente por meio do amor. Ao mesmo tempo em que o aprender dá condição social, dá também qualidade individual. Montessori (2003) observa que a família, antes de fazer parte da escola, faz parte da sociedade. Daí, o cuidado com a pessoa humana afasta-se, mesmo em lares estruturados. De um lado, a família, parte da sociedade; do outro, a escola, também parte da sociedade; no meio concepções dissimilares na formação do indivíduo para a sociedade. Podemos perceber que quando falamos em educação não existe uma questão única em torno das questões educativas. Atentando para as palavras de Edgar Morin. Podemos afirmar que é educar abrangendo toda a complexidade humana: física, biológica, psíquica, cultural e histórica. “Estas são as leis da vida; não podereis ignorá-las e deveis 25 agir em conformidade com elas; porque indicam o direito do homem que são extensivos à humanidade inteira.” (Edgar Morin (2003, p.16). apud Cunha, (2010, p.98). Entendemos que a escola está além de mera transmissora do currículo formal, ou de “servir” como produto da demanda de mercado, pois a escola, assim como a família, envolve a infância, a juventude e, em muitos casos a fase adulta do indivíduo. Sendo assim, a sua responsabilidade social amplia-se a ternos acadêmicos e inserem-se nas dimensões afetivas do ser. De acordo com Charlot (2001) apud Cunha (2010, p.98), diz que a escola representa para os jovens o lugar de encontro, um dos poucos lugares onde podem ir e vir, já que a família, na tentativa de garantir-lhes um futuro melhor, tenta “prendê-los”, protegê-los das drogas, da violência e das “más companhias”. Segundo Charlot, a escola, como espaço privilegiado de socialização, parece cumprir parte da missão que está na sua origem: ajudar crianças e jovens a conviver, a aprender e a passar do mundo infantil e juvenil para o adulto. Nota-se que a família vê a educação como ponto obrigatório para seus filhos. Onde ela deve ser irremediavelmente aplicada. Busca-se, então, uma autoridade para a execução de preceitos e deveres. A escola, a família, e a sociedade constituem um formato de autoridade. Mas a maior autoridade que será constituída pelo amor. Sabemos que uma educação pautada no amor, torna filhos ou alunos livres para obedecerem afetivamente a uma ordem, pois a obediência ao desejo anterior de bondade é o maior estímulo para a liberdade. “A ordem não é bondade, mas talvez seja o caminho indispensável para alcança- lá.” (Montessori, 2003). 26 CAPÍTULO II MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM Segundo a enciclopédia livre (do latim moveres, mover) denomina em psicologia, em etologia e em outras ciêcias humanas a condição do organismo que influencia a direção (orientação para um objetivo) do comportamento. Em outras palavras é o impulso interno que leva à ação. Assim a principal questão da psicologia da motivação é "por que o indivíduo se comporta da maneira como ele o faz?" [1] "O estudo da motivação comporta a busca de princípios (gerais) que nos auxiliem a compreender, por que seres humanos e animais em determinadas situações específicas escolhem, iniciam e mantém determinadas ações". Motivação se refere ao direcionamento momentâneo do pensamento, da atenção, da ação a um objetivo visto pelo indivíduo como positivo. Esse direcionamento ativa o comportamento e engloba conceitos tão diversos como anseio, desejo, vontade, esforço, sonho, esperança. Vários estudiosos têm mostrado estudos que comprovam que várias doenças serem resultados de uma desorganização do sistema orgânico, biofisio- psíquico, que resulta em uma dor espiritual, terminando em doença do corpo. A partir desse aspecto questiono o papel de educação no que se refere às emoções e afetividade. As escolas se posicionam no lugar de observador científico muitas vezes reprimindo, ditando rotulando. Sem perceber como se dá o processo de desenvolvimento e como cognição e a afetividade estão implicadas nesse processo. Durante as pesquisas de Freud e de outros analistas da mente humana, descobriram a verdade do enunciado de Spinoza, segundo o qual o 27 conhecimento só produz mudança na medida em que também é conhecimento afetivo. Acreditamos que de um encontro de amor, seja ele com o objeto ou mesmo com o outro, nasce e transforma a vida, assim educaremos um ser para si e para o seu meio. Sendo assim ao falarmos de aprendizagem, não podemos nos esquecer que o processo de aprendizagem é pessoal, pois ninguém aprende de modo igual e ao mesmo tempo. Sabendo disso podemos perceber o quanto é fundamental a escola valorizar o que o aluno trás em sua “bagagem” de experiência. Que são resultado de construções e experiências passadas poderá influenciar aprendizagens futuras. Desta maneira a aprendizagem numa perspectiva cognitiva construtivista, seria uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta quando há mudança de comportamento. AO aprender o sujeito acrescenta os conhecimentos anteriores aos novos conhecimentos, fazendo ligações com aqueles já existentes. E durante a sua caminhada na aprendizagem tem a possibilidade de adquirir uma nova estrutura cognitiva clara, e estável e organizada. Percebemos que o principal objetivo da educação seria o de levar o aluno com certo nível inicial a atingir um determinado nível final. Se conseguir fazer com que o aluno passe de um nível ao outro, então terá registrado um processo de aprendizagem. O professor terá um importante papel no sentido de proporcionar situações de motivação para a inteiração com o objeto do conhecimento e seus pares, ou seja, com seus colega e professores. Porque mesmo que a aprendizagem aconteça na subjetividade do sujeito, o processo de construção do conhecimento dá-se na diversidade das suas inteirações. 28 Por isso é de suma importância que a escola leve o aluno oportunidades que leve a um esforço intencional, visando resultados esperados e acima de tudo que possua significado para o educando. A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos. De acordo com Bock et al (1998, p. 117), o processo das organizações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem. A abordagem cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa. Bock et al (1998, p. 117), destaca que a aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação co conceitos já existentes na estrutura cognitiva. Por outro lado a aprendizagem significativa, segundo a autora, processa-se quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assimilado. Como foi citado anteriormente cada pessoa aprende ao seu modo, sendo assim o conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou um produto, ou seja, quando nos referimos a uma acumulação de teorias, ideias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual à pessoa. No nível social podemos considerar a aprendizagem como um dos pólos do par ensino-aprendizagem, cuja síntese constitui o processo educativo. Tal processo compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente (família), promovem a educação. Através dela o sujeito 29 histórico exercita, usa utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de seu grupo de pertencimento. Na concepção Vygotskyana, o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo históricocultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais do pensamento e fala. Ainda segundo Vygotsky (1993), uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana. Oliveira (1997) apud Cunha (2010 p. 35) menciona que o pensamento tem origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afetos e emoção. Neste sentido estaria à razão última do pensamento tem sua origem na esfera da motivação, Nesta esfera estaria à razão última do pensamento humano só é possível quando se compreende sua base afetiva- volutiva. A separação do intelecto e do afeto, diz Vygotsky (p.76), enquanto objeto de estudo, é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo de pensamento como fluxo autônomo de pensamentos que pensam a si próprios dissociado da plenitude da vida, das necessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daquele que pensa. De acordo com que foi citado podemos entender que o pensamento separado do corpo não poderá ser capaz de modificar qualquer coisa da vida ou na conduta da pessoa, pois não possui significado. O neurocientista Antônio Damásio (2006) apud Cunha (2010 p.72) afirma que a função atribuída às emoções na criação da racionalidade tem implicações em algumas das questões com as quais a nossa sociedade defronta-se entre elas a educação. 30 Suas preocupações são dirigidas à noção dualista que vê o ato de pensar separado do corpo. A separação da substância corporal (com volume, dimensões e funcionamento mecânico) da substância mental (sem volume e dimensões) em volvendo raciocínio, o juízo moral, a dor física e a agitação emocional, como se possível fosse experimentar os sentimentos sem o corpo. Para ele, a mente não pode ser explicada somente em termos de fenômenos cerebrais deixando de lado o resto do organismo e o meio físico social. Esse autor protesta contra o conceito restritivo de que a mente esteja apenas diretamente relacionada com a atividade cerebral. Observa que é fator incontestável que o pensamento provém do cérebro, mas prefere considerar os fatores que fazem os neurônios pensarem tão bem como a questão principal, entrando neste caso, dentre outras razões as emoções também. Biologicamente, existe em nosso cérebro a produção de impulsos eletroquímicos que resultam em funções mentais, pensamentos, dor, alegria e emoções mentais são decorrentes de estímulos que produzem as sinapses. A sinapse ocorre pela conexão entre neurônios, ocasionando a liberação de uma substância chamada neurotransmissor, que emite respostas nervosas e transmite informações. Notamos aqui a importância da estimulação para o desenvolvimento neuronal, e o quanto a educação perde em não valorizar as emoções para que tenhamos uma aprendizagem significativa. Visto que quanto mais estímulos mais são produzidas reações e respostas que se traduzem em sinapses. Percebe-se que o aprendizado ensinar é promover esse estímulo. precedem os estímulos das sinapses, e 31 2.1. O Professor como Mediador do Processo O papel do professor, como mediador é fundamental, porém é de grande importância. Que o professor estabeleça uma relação satisfatória de acolhimento com a criança, aluno em que o prazer de ensinar articule com o prazer de aprender. A relação dual vivida na família se repetirá na relação professor- aluno. Só que agora entra um terceiro elemento que é a aprendizagem. Quem de nós, de modo geral nós recordamos de que no caminho para escola colhíamos flores para oferecer a nossa professora, era um ato singelo inocente, mas que trazia muito afeto. Hoje percebo o vínculo de amorosidade, de confiança que pode existir na relação professor-aluno. O professor, então como mediador além de criar um ambiente acolhedor deverá também levar o aluno aprender com prazer possível, Sabemos que toda ação educativa supõe a presença de um professor e um aluno, e que as situações das mais diversas ocorrem, afetando e sendo afetado. A forma a qual o professor apresenta o seu conteúdo poderá levar a uma forma de aceitação ou ar versão, entre educador e educando. Na abordagem psicanalítica, o aprender envolve a relação professor aluno, pois, aprender é aprender com alguém. Freud (1973) nos aponta que um professor pode ser ouvido quando está revestido de uma importância especial. Graças a esta importância, o mestre passa a ter em mãos um poder de influência sobre o aluno, pois ele agora substitui os pais e herda os sentimentos que a criança dirigia a eles. Percebese então que Freud enfatiza as relações afetivas entre professor aluno. A importância que ele dava à afetividade é expressa nesta citação de um artigo seu: 32 Neste mesmo artigo Freud (1973) apud. Kupfer (1989, p.107) falou das emoções conflitantes que ele e seus colegas experimentaram em relação aos professores: o intenso ódio a alternar-se com amor, a procura da franqueza dos professores e, simultaneamente, seu orgulho em descobrir que eles tinham boas qualidades e grande conhecimento. A psicanálise nos fala em transferência (atribui um sentido especial a alguém que corresponda ao nosso desejo inconsciente), e notório que a afetividade entre professor-aluno varia muito na medida em que ambos transferem um para o outro seus desejos e frustrações e expectativas. Na relação professor-aluno, o aluno transfere para o professor o relacionamento com os pais, e então o professor pode ser visto por esse aluno como a figura a que são endereçados os sentimentos de amor e ódio, trazidos por admiração ou hostilidade ao professor. O professor torna-se então o depositário de “algo” do aluno, e fica carregado de uma importância especial. Dessa importância nasce o poder que ele ocupa no inconsciente do aluno. Podemos entender porque tantos professores que parecem nada ter de especial marcam tanto seu aluno, na vida pessoal e profissional. Segundo Kupfer (1989), um professor psicanaliticamente orientado, saberá trabalhar com os sentimentos de seus alunos e saberá abdicar de sua figura de autoridade, permitindo que o aluno pense por si, seja crítico e se torne independente. Este professor aprenderá a organizar o seu saber, mas renunciará ao poder que o lugar de professor lhe confere, e permitirá ao aluno “matar o mestre dentro de si para se tornar o mestre de si mesmo.” Neste sentido, caberá a ele enquanto professor socializa dor da aprendizagem, tomado pelo desejo, organizar, articular e tornar significativa a aprendizagem para esse aluno. Toda aprendizagem em que professor e aluno se entregam ao prazer de aprender; respaldados pelo afeto, pela liberdade e pelo respeito, torna-se uma lição de amor, um encontro verdadeiro entre duas pessoas, de dois desejos inconscientes. (kupfer,1989.107) 33 2.2- Aprendizagem Significativa A partir do momento que somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos a prender, para a concepção construtivista. Essa elaboração implica aproximar-se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de apreendêlo;pois não se trata de uma aproximação vazia, uma vez que para isso é necessário pormos em prática conhecimentos anteriores já existentes para que possamos dar conta da novidade. Podemos dizer que os nossos significados nos aproximam de um novo saber. Nesse processo não só modificamos o que já possuímos, mas também interpretamos o novo de forma particular, para poder integrá-lo e torná-lo nosso. Quando ocorre esse processo, dizemos que estamos aprendendo significativamente, construindo um significado próprio e pessoal para um objeto de conhecimento que já existe. Coll et al 2009 p..22, afirma que não é um processo que conduz à acumulação de novos conhecimento, mas à integração, modificação, estabelecimento de relações e coordenação entre esquemas de conhecimentos que já possuíamos, adotados de uma certa estrutura e organização que varia, em vínculos e relações, a cada aprendizagem que realizamos. A interpretação construtivista em sentido estrito enfatiza os dá ênfase aos processos individuais e endógenos de construção do conhecimento como atividade auto- estruturante do aluno. Ao atribuir significado, falamos de um processo que mobiliza em nível cognitivo, e que nos leva a revisar e a recrutar nossos esquemas de conhecimento para dar conta de uma nova situação, tarefa ou conteúdo de aprendizagem. 34 Das teorias da aprendizagem surgiu a necessidade de elaborar uma teoria do ensino e alguns autores como David P. Ausubel, J.D. Novak, D.B. Gowin analisaram as características dos tipos de aprendizagem que se produzem especificamente no contexto escolar a partir de sua potencialidade para construir conhecimentos com significados para os alunos. Ausubel (1982) propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados, para que possam construir estruturas mentais utilizando, como meio, mapas conceituais que permitem descobrir e redescobrir outros conhecimentos, caracterizando, assim, uma aprendizagem prazerosa e eficaz. Ausubel (1982, p.41) afirma que a aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado ás estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário ela se torna mecânica, ou repetitiva, uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo é passa a ser armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva. O conteúdo escolar a se aprendido precisa ter conexão, com algo já aprendido do contrário torna-se uma aprendizagem que ele chamou de mecânica, quando as novas informações são aprendidas, ou seja, sem interagir com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. 35 2.3- Condições para a Aprendizagem Significativa Segundo Ausubel, (1982, p.38) para que aprendizagem significativa ocorra é preciso compreender o processo de modificação do conhecimento, em vez de um comportamento em um sentido externo e observável, e reconhecer a importância que os processos mentais possuem para o desenvolvimento. As ideias de Ausubel caracterizam-se em reflexão específica sobre a aprendizagem escolar e o ensino, em de tentar somente generalizar e transferir à aprendizagem escolar e conceitos ou princípio explicativos extraídos de outras situações de aprendizagem. Ainda segundo a teoria de Ausubel (1982, p.40) são necessárias duas condições para que aconteça aprendizagem significativa: Em primeiro lugar, o aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o conteúdo arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica. Em segundo lugar, o conteúdo escolar a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, pois ele tem que ser lógico e psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo possui, e tenha significado para ele ou não. As preposições de Ausubel (1982) partem de considerações de que os indivíduos a possuem uma organização cognitiva interna baseada em conceito de caráter conceitual, sendo que a sua complexidade depende muito mais das relações que esses conceitos estabelecem entre si que do número de conceitos presentes. Porém percebe-se que as relações têm um cunho hierárquico, de forma que a estrutura cognitiva é compreendida, como uma rede de conceitos organizados de modo hierárquico de acordo com o grau de abstração e de generalização. 36 De acordo com os conceitos do autor, nesse sentido a aprendizagem acontece a partir da assimilação de conceitos, adquiridos socialmente organizados nas áreas de conhecimento. 2.4- Tipos de Aprendizagens Segundo Ausubel (1989) existem duas dimensões diferentes para cada classe de aprendizagem a partir dos diferentes valores que possa conceituar em cada caso. • Aprendizagem significativa • Aprendizagem memorística O primeiro seria a maneira de organização da aprendizagem e sua estrutura em torno da dimensão aprendizagem por descoberta\ aprendizagem receptiva. Essa se refere à maneira como o aluno recebe os conteúdos que deve aprender: quanto mais se aproxima do pólo de aprendizagem por descoberta, mias esses conteúdos são recebidos de modo não acabado e o aluno deve descobri-los antes de assimilá-los; inversamente quanto mais se aproxima do pólo de aprendizagem receptiva, mais os conteúdos a serem aprendidos são direcionado ao aluno de forma final, já acabada. Ao contrário, o segundo eixo remete ao tipo de processo que intervém na aprendizagem de modo contínuo delimitado pela aprendizagem significativa, por um lado, e pela aprendizagem mecânica ou receptiva, por outro lado. Nesse caso, a distinção estabelece, ou não, por parte do aluno, relações substanciais entre os conceitos que estão presentes na estrutura cognitiva e o novo conteúdo que é preciso aprender. 37 Quanto mais se relaciona o novo conteúdo de maneira substancial e não arbitrária com algum aspecto da estrutura cognitiva prévia que lhe seja relevante, mais próximo se está da aprendizagem significativa. Quanto menos se estabelece esse tipo de relação, mais próxima se está da aprendizagem mecânica ou reptiva. 38 CAPÍTULO III APRENDIZAGEM EMOCIONAL Nos capítulos anteriores podemos perceber a importância que tem os vínculos afetivos e emocionais para a aprendizagem. Para Coll et al (2004, p.227), os sentimentos, as emoções e os desejos correspondem à afetividade, que dá sustentação às ações do sujeito. Segundo Relvas (2007, p.94) a aprendizagem emocional é uma parte integral da aparente aprendizagem cognitiva. Para essa autora a aprendizagem emocional acontece em um contexto dinâmico, relacional e emocional inconsciente. A emoção auxilia na cognição e aprendizagem. As crises emocionais, naturais ao desenvolvimento ou específica da pessoa, vão influenciar de forma crônica a evolução desta mesma aprendizagem. Quando a função psíquica cognitiva ou afetiva se une ao todo e se modifica, e acontece uma desarmonia. Relvas (2009, p.95) retifica que a criança desenvolve a postura rudimentares até a capacidade de socializar-se com objetividade, descentralizando o pensamento, buscando a auto-imagem em prol de novos conhecimentos. Ter uma percepção integrada de si mesmo e interpretar adequadamente o sinais sociais, tornando-se básica a capacidade de confiar no outro e aceitar transitoriamente a dependência para o desenvolvimento. Desta forma o afeto atua no início do processo de aprendizagem para canalizar a atenção e no final para ajudar a memória nos resgate das informações. Durante muito tempo, pensou-se que o cérebro não era capaz de regenerar suas células nervosas, formando novas sinapses, e que as conexões neuronais estagnavam-se. 39 Hoje, sabe-se que, pela plasticidade, o cérebro pode remodelar-se para pensar e aprender. O desenvolvimento cognitivo não é estanque, mas estará sujeito aos estímulos dos processos de aprendizagem, principalmente pela mediação afetiva. Daí a importância de se criar na escola um ambiente afetivo e harmonioso. Notamos hoje nas instituições escolares a falta de atividade que sejam relacionadas com a vivência de v ida do aluno, e com isso dificulta e muito o aprendizado, pois sabemos que ele precisa fazer conexões com os arquivos de sua memória para aprender novas informações e muitas das vezes o conteúdo escolar são soltos e não possuem emoção para que o aluno aguce a sua curiosidade. A memória necessita de dois mecanismos fundamentais : a fixação, para o acréscimo de novas informações, e a evocação, para a reverência dos traços anteriormente assimilados. O afeto estimula os dois mecanismos (Relvas, 2007). Muitos estudiosos da neurociência falam do cérebro afetivo emocional, onde as emoções são organizadas, em regiões interconectadas dando equilíbrio ao comportamento humano. Elas ajudariam ao aprendente na concentração, no fluxo de atenção, no registro, na lembrança e, consequentemente, no prazer de aprender e ensinar, criando vínculos educativos entre o professor e o aluno. Segundo Cunha (2010, p.37) alguns registros, sem que tenhamos domínio sobre eles, fixam-se indelevelmente em nossa memória, causandonos angústias e tristezas. Ainda segundo esse autor, nem sempre temos a percepção exata das informações que nos trazem desconforto emocional, mas elas estão ali. Ainda que não possamos apagá-las, podemos reeditá-las, transformando as lembranças que nos adoecem em experiência que nos enriquece. Notamos que a escola seria o local privilegiado para que isso aconteça pois,constantemente os alunos estão sob o foco da dor, travando os 40 mecanismos da leitura e conservação da memória, dificultando o aprendizado. Só o amor e o afeto poderão minimizar as dores emocionais, reeditando pensamentos e equilibrando sentimentos em favor da cognição. Não seria somente por meio das habilidades acadêmicas que o discente reeditará as lembranças negativas, mas um fator primordial seria a aquisição das habilidades sociais. Muitas das fezes os alunos chegam a escola com um histórico afetivo com uma baixa- auto estima dizendo que não consegue, ou que não sabe. Porém na convivência com seus pares, reescrever a sua história, desde que ela promova a sua autoestima. E isso ocorre quando a partir de novas vivenciais de acordo com as vivências passadas, que as eduquem produzam qualidades para a superação dos desafios futuros. Para Cunha (2010, p.38) o foco que concentramos nas nossas emoções, positivas ou negativas, interfere no cognitivo. O desequilíbrio emocional influencia o gerenciamento dos pensamentos. Para o um adulto, torna-se demasiadamente difícil o controle das emoções por meio apenas do esforço mental. Para a criança, é altamente improdutivo. Somente pelo afeto e amor, ela poderá reeditar as lembranças negativas, melhorando seu aprendizado. 41 CAPÍTULO IV ALTERAÇÕES DA AFETIVIDADE As variações das emoções ocorrem, de forma dinâmica, em respostas a acontecimentos ambientais e condições corporais, com funções motivadoras e adaptativas. É a afetividade a parte do psiquismo dominante na afetividade pessoal. Atua desde a sensibilidade corporal, física interna e externa, abrangendo as sensações corpóreas dos órgãos internos e a sensibilidade táctil, até a interpretação subjetiva das vivências, consciente ou inconsciente, dependendo de cada um. Ela pode influenciar e ser influenciada por percepção, memória, pensamento, vontade e inteligência. As emoções são complexos psicológicos que se caracterizam por súbitas e insólitas rupturas do equilíbrio afetivo, com repercussões concomitantes, de curta duração, sobre a consciência e órgãos (Pain, 1992). As alterações da afetividade são de fundo patológico e se manifestam das seguintes formas: * Humor ou estado de ânimo, é o tônus do paciente, o estado emocional basal e difuso no ele se encontra em determinado momento. É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica. No estado de ânimo de uma vertente somática e de uma vertente psíquica (Pain, 1992). Alterações do humor: dois pólos básicos: - depressivo- hipotímico. - maníaco- hipertímico. 42 * Distimia hipertímica, expansiva ou euforia: humor alterado no sentido de exaltação e da alegria. Designa alteração básica do humor, tanto no sentido da inibição quanto no da exaltação. Humor triste e idealização suicida- com humor depressivo, ocorrem ideias ligadas à morte, planos suicidas, atos e tentativas de suicídio. *Disforia, é uma distimia que vem acompanhada de uma totalidade afetiva desagradável, mal- humorada. Depressão disfórica- depressão ou mania acompanhada de irritação, amargura, desgosto ou agressividade. Euforia ou alegria patológica é um humor morbidamente exagera, no qual predomina um estado de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias. Elação- alegria patológica acrescida de uma expansão do eu, com uma sensação subjetiva de grandeza e de poder. Puerilidade: humor com aspecto muito infantil, simplório, “regredido” Choro ou riso por motivos banais, vida afetiva superficial, sua vida afetiva é superficial, ausente de afetos profundos, consistentes e duradouros. O corre na esquizofrenia hebefrêmica. * Emoções- são reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. A emoção é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como uma reação do sujeito a certas excitações internas ou externas. Assim como o humor, são acompanhadas de reações somáticas- neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais, motoras. O humor e as moções são experiências psíquicas e somáticos ao mesmo tempo, e revelam a unidade psicossomática básica do ser humano. Sentimentos- são estados e configurações afetivas estáveis; são menos intensos que as emoções e menos reativos a estímulo 43 passageiros. Os sentimentos podem ser classificados em vários grupos: * da esfera da tristeza * da esfera da alegria – raiva, revolta, rancor, vingança etc. * relacionados à atração pelo outro, amor carinho etc. * relacionado ao perigo – temor, receio, desamparo etc. * de tipo narcísico – vaidade, orgulho, arrogância, onipotência etc. AFETOS- são qualidade e o tônus emocional que acompanha uma ideia ou representação mental. Acoplam-se a ideias e anexam a elas um “colorido afetivo”. PAIXÕES- estados afetivos extremamente intensos que dominam a atividade psíquica como um todo,captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os outros interesses. Alterações das emoções e sentimentos: 1. Apatia- diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. O paciente se torna hiporreativo. È um estado afetivo próprio dos quadros depressivos. 2. Hipomodulação do afeto – incapacidade do paciente de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial, revelando rigidez do sujeito em relação com o mundo. 3. Inadequação do afeto ou paratimia- é uma reação completamente incongruente a situações existencial, revelando uma contradição profunda entre a esfera ideativa e reativa. 4. Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo- perda progressiva e patológica das vivências afetivas. Há um empobrecimento relativo à 44 possibilidade de vivenciar alternâncias e variações sutis na esfera afetiva. Demência e esquizofrenia. 5- Embotamento afetivo e devastação afetiva- é a perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo pode ser observado na mímica, na postura e na atitude do paciente. Esquizofrenia. 6- Lateralidade afetiva e incontinência afetiva- mudanças súbitas e imotivadas de humor, sentimentos e emoções. O sujeito oscila de modo abrupto de um estado afetivo para outro- do riso ao choro e viceversa. Esquizofrenia. 7-Ambivalência afetiva- Engen Bleuler ( 1857- 1939) introduziu este termo para descrever sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou objeto, e que ocorrem de modo simultâneo: amor e ódio, rancor e carinho. Ocorre de modo intenso na experiência afetiva dos pacientes esquizofrênicos, indicando um processo decisão radiacal do eu. 8-Neotimia- são afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta. Seria sentimentos e experiências afetivas inteiramente novas vivenciadas por indivíduo em estado psicóticos. Lopes Ibor (1936) denominou de esquizoforia que para ele seria o período que antecede a eclosão do delírio esquizofrênico. 9- Fobias: são medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com o perigo real oferecido pelos objetos ou situações fobígenos. São acompanhados de uma crise de angústia intensa. Como por exemplo: -fobia simples- barata, cachorro etc. -fobia social- medo de contato e inteiração social. 45 -claustrofobia- medo de entra em espaços fechados- elevador, túnel, sala. Geralmente associada ao medo de ser enterrado vivo. - Pânico reação de medo intenso, de pavor, relacionada com o perigo imaginário de morte iminente, descontrole, com descarga somática, taquicardia, sudorese. Segundo Guimarães (1993) “todo ser humano apresenta flutuações de afeto em resposta a eventos de vida cotidiana. Em algumas pessoas, no entanto estas respostas assumem um caráter inadequado em termos de serenidade, persistência ou circunstâncias desencadeadoras, caracterizando, assim a ocorrência de um distúrbio afetivo”. 46 CAPÍTULO V UM OLHAR PSICOPEDAGOGICO NA MEDIAÇÃO PEDAGOGICA. A psicopedagogia nasceu da necessidade uma melhor compreensão do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo (Bossa, 2002, p.23). Segundo Porto (2009, p.9) a psicopedagogia institucional propõe analisar a instituição escolar e suas relações com a abordagem reflexiva e crítica, buscando construir um espaço que contribua para a redução do fracasso escolar. Sendo assim, podemos dizer que a psicopedagogia institucional atua de forma preventiva e do assessoramento a professores a professores e toda comunidade escolar. A atuação, psicopedagogia institucional auxilia o resgate da instituição com o saber mediando e resgatando o processo de ensino- aprendizagem. A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, e dos problemas de aprendizagem. É papel do psicopedagogo inicialmente ocupar-se com o processo de aprendizagem, como se aprende, como varia e como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-la e preveni-las. Segundo Bossa apud Porto (2009, p.11), o objeto central de estudo em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio ( família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. 47 Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas de aprendizagem. Entre outros tantos desafios que engedram a família e a escola em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem. Nesse sentido, segundo Bossa (1994) apud Porto (2009, p.11), o trabalho na instituição escolar apresenta duas naturezas: o primeiro diz respeito a uma Psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às suas necessidades e aos ritmos. Tem como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem formal. O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria aos pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares entre professor e aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, por meio da aprendizagem dos conceitos, às diferentes ares do conhecimento. De acordo com os autores citados, podemos entender que a atuação do psicopedagogo institucional esta vinculadas a diminuir á freqüência dos problemas de aprendizagem, bem como participar da dinâmica da comunidade educativa. Favorecendo a integração promovendo orientação metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos envolvidos no processo de orientação, atua junto a equipe responsáveis pela elaboração de projetos, e contextualizar a teoria e à prática de forma que professores e diretores, coordenadores venham a refletir à sua prática e às necessidades individuais de cada aluno frente a sua dificuldades de aprendizagem e a sua especificidade frente a própria ensinagem escolar. 48 CAPÍTULO V I LEIS DE AMPARO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL Na década de 80 o Brasil após o regime militar buscou construir a democracia, o que favorecei as leis sobre a importância de Educação. Assim a partir da Constituição de 1988 que então a criança passou a ser reconhecida como um cidadão em desenvolvimento, Corrêa (2002, p.20) afirma que: “nas Constituições anteriores, o atendimento à infância parecia tão somente, na condição de assistência e amparo”. Com a Constituição de 1988 foi que a educação pré-escolar passou a ser necessária e um direito de todos, além de ser dever do Estado e deverá ser integrada ao sistema de ensino (tanto creches como escolas). Outra lei que reafirma os direitos da criança é o Estatuto da criança e do adolescente, o ECA promulgado em 1990, tal lei veio confirmando o direito da criança à educação gratuita, que para a criança pequena incluir o direito a creches e préescolas. Em 1996 a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) cita que a Educação Infantil é a primeira etapa da educação Básica. O artigo 29 da LDB (9394/96) fala que “A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social”. Governo Federal lançou o Referencial Curricular nacional da Educação Infantil. (MEC\ SEF, 1998) no qual um capítulo que aborda a importância do brincar na Educação Infantil, tais documentos e outros que surgiram no país, fornecem subsídios legais e teóricos que legitimam as intenções rumo às mudanças. Sendo muito satisfatório para os educadores, pois a educação Infantil passou por mudanças positivas ao longo dos anos, dessa maneira, as creches e pré-escolas não devem mais ser vistas como um lugar para se deixar as crianças, mas um lugar onde a educação acontece. 49 CONCLUSÃO Muitos são os fatores determinantes que influenciam o processo de ensino aprendizagem em crianças do ensino infantil. Pois conforme comentamos ao longo deste trabalho, são fatores que podem ou não gerar um bom desenvolvimento da aprendizagem. A influência afetiva na aprendizagem significativa em crianças do ensino infantil na relação professor-aluno se evidencia e se consolida no cotidiano de uma escola, por isso se faz importante discutir sobre a afetividade na relação professor-aluno tendo em vista a superação de possíveis dificuldades de aprendizagens, as quais poderão ser superadas a partir desta prerrogativa: a afetividade na relação professor-aluno. A importância da afetividade na aprendizagem na interação professoraluno, trazer conseqüências positivas e ou negativas. Pois são condições pertinentes ao processo de aprendizagem desde as condições externas bem como as internas, que envolve a subjetividade de cada criança. Certamente que todo ser humano para aprender utilizar seu organismo, pois este é comparado a um aparelho de recepção programado, conforme Fernandez (1991) com transmissores capazes de registrar certos tipos de associações e reproduzi-los quando necessário sendo o corpo o instrumento do organismo, no qual o corpo coordena e a coordenação resulta em prazer. Dada a relevância desta afirmação, o ato de ensinar se relaciona diretamente com o ser humano e promove por sua vez seu universo de sensações e conscientizações, de elaborações de percepções e de conceitos, como vimos durante esta pesquisa. 50 Investir afetivamente nas relações do aluno desde a família, escola, professor, etc. a fim de superar problemáticas no processo de aprendizagem, quer dizer trazer a tona uma aprendizagem significativa. Desde modo a criança do ensino infantil, está no processo do “vir-a -sergente”, que significa que ela necessitará de alguns elementos formadores para o seu bom desenvolvimento psíquico e emocional, por meio da família e da escola, no qual na ausência destes elementos acarretará numa criança com possíveis problemas de aprendizagens e implicações futuras. Haja vista todos estes elementos indispensáveis para a construção e identificação do eu de uma criança em pleno desenvolvimento emocional e psicológico, temos leis que garantem uma qualidade de ensino voltada para atender necessidades da criança em fase de crescimento. E ainda temos a psicopedagogia que possibilita uma melhor compreensão do processo de aprendizagem bem como a soluções de problemas. Conclui-se assim que há importância nos vínculos afetivos e emocionais antes, durante e pós aprendizagem na vida dos indivíduos, no qual sentimentos, emoções e desejos se correspondem o tempo todo, internamente e externamente na vida dos indivíduos. E por sua vez esse movimento, culmina na sustentação das ações do indivíduo, como pessoa que vive em sociedade, sendo um constante. Os vínculos afetivos é uma ação que se faz necessária desde a tenra idade, pois trará resultados evidentes na trajetória de uma criança desde a iniciação escolar até a fase adulta, pois de acordo com a teoria walloniana a pessoa é um todo, constituído de partes. Cuja afetividade, emoção, movimento e espaço físico se encontram em um mesmo plano, portanto o desenvolvimento encontra-se no emocional, cognitivo e motor, e por sua vez age sobre o ambiente. 51 ANEXOS Índice de anexos Visitas culturais e participação em curso de aperfeiçoamento durante o curso de pós graduação. ANEXO >> 1 Curso de Extensão: Aspectos Psicológicos Desenvolvimento Infantil de 0 a 10 anos. Realizado- CEPUERJ- UERJ. ANEXO >>2 Comprovante de ida ao Teatro ABEL em Niterói. ANEXO 3 >> Curso de férias: técnicas de redação- da UNESA- Niterói. do 52 ANEXO 1 53 ANEXO 2 54 ANEXO 3 55 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wak Ed, 2007. A psicogenética de Wallon, e a educação infantil. Florianópolis V 15,N°28.. 1997 texto retirado da internet. Acessado em 12\09\2011. AUSUBEL ,D. P. A aprendizagem significativa. São Paulo: Moraes, 1982. AINSTWORTH, M. PSC.BR/APEGO. 1967. Artigo disponível em http: www.ceciliacasli. BRASIL, LEI n° 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Setembro de 1996. Editora do Brasil. _______ Estatuto da criança e adolescente (ECA). Lei Federal n° 8.069\90. _______, Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretária de Educação Fundamental. 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VIOLANTE, Maria Lucia V. sobre a atividade de pensar. Idéias. S. Paulo, n° 28, p. 193, 1997. 58 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I AFETIVIDADE 11 1.1 - A importância do vínculo afetivo 15 1.1.1 - O vínculo afetivo na relação parental 18 1.1.2 - A família e sua influencia na escola 22 CAPÍTULO II MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM 26 2.1 - O professor como mediador do processo 31 2.2 - Aprendizagem significativa 33 2.3 - Condições para a aprendizagem significativa 35 2.4 – Tipos de aprendizagens 36 CAPÍTULO III APRENDIZAGEM EMOCIONAL 38 CAPÍTULO IV ALTERAÇÃO DA AFETIVIDADE 41 59 CAPÍTULO V UM OLHAR PSICOPEDAGÓGICO NA MEDIAÇÃO PEDAGOGICA 46 CAPÍTULO VI LEIS DE AMPARO A EDUCAÇÃO INFANTIL 48 CONCLUSÃO 49 ANEXOS 51 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55 ÍNDICE 58 FOLHA DE AVALIAÇÃO 60 60 FOLHA DA AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Título da Monografia: A influência afetiva na aprendizagem significativa de crianças do ensino infantil na relação professor aluno Autor(ª): Rozimery Sales Tavares Data da Entrega: 28/01/2012. Avaliado por: Conceito: