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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
POR
ILDAMARA FERREIRA RODRIGUES SARDINHA
ORIENTADOR
PROF. HENRIQUE PEREIRA
Niterói
2004
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “LatoSensu” em Psicomotricidade
POR
ILDAMARA FERREIRA RODRIGUES SARDINHA
Niterói
2004
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pela força e sabedoria que me dá na caminhada pela busca
de uma vida plena de realizações.
Ao meu orientador, professor Henrique Pereira, por ter me apoiado
e estimulando com atividades reflexivas que fizeram- me enfrentar
os desafios surgidos me proporcionando um crescimento
profissional e humano.
A professora Fátima Alves, que contribuiu com uma vasta fonte de
conhecimento, incentivando- me e sempre pronta e ajudar-me.
A minha amiga Jeanete Gabriel da Silva que me incentivou para
que eu fizesse a Pós Graduação.
Aos professores e alunos, pela atenção e carinho com que me
receberam na escola municipal, meu espaço de pesquisa.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu marido e minha filha, pelo
apoio, carinho, incentivo e amor, sem os quais o desafio
de conhecer mais e mais sobre as diferenças humanas e a
maravilhosa experiência de aprender seria obstado.
5
EPÍGRAFE
(...) Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que nunca vai ser alguém.
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar.
Tem gente enganando a gente,
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende.
Se você quiser alguém em quem confiar,
Confie em si mesmo.
Quem acredita sempre alcança.
Mais uma vez
( Renato Russo- Flávio Venturini)
6
RESUMO
Todo cidadão brasileiro tem o direito à educação, isto é, ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, para exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho.
A Escola precisa apropriar-se de uma concepção inovadora no processo de
alfabetização, abandonando a prática tradicional, possibilitando a construção de uma
prática libertadora e criativa de alfabetização.
Os professores devem utilizar diversos recursos para alfabetizar os alunos como:
pincéis, papéis, massas, vídeo, televisão, enfim, utilizar o mundo que os alunos fazem
parte. Geralmente, as escolas exigem que esses profissionais terminem os livros
didáticos, priorizando a cartilha como o único recurso para alfabetizar deixando de lado
o poder de criação do aluno.
A partir do conhecimento da necessidade de aprender movimentando-se a
Educação Psicomotora tornou-se necessária ao conteúdo curricular para auxiliar a
aprendizagem, a fim de proporcionar uma relação entre o processo de maturação,
crescimento e desenvolvimento da criança.
O esquema corporal desenvolve algumas habilidades transformadoras do
indivíduo no que se refere ao processo ensino-aprendizagem, contribuindo diretamente
para o aprendizado da leitura e da escrita.
Uma criança saudável não é apenas aquela que tem seu corpo nutrido, mas
aquela que pode utilizar e desenvolver o seu potencial biológico, emocional e cognitivo,
próprio da espécie humana, em um dado momento histórico e em dada cultura.
7
A promoção do crescimento e do desenvolvimento saudável das crianças na
escola está baseada nos procedimentos que atendam suas necessidades de afeto,
segurança e integridade corporal e psíquica.
8
METODOLOGIA
A fim de investigar e analisar a importância da Psicomotricidade no Processo de
Alfabetização procurou-se desenvolver uma pesquisa qualitativa.
O trabalho foi exploratório e literário, as observações foram focalizadas na
prática de algumas professoras que atuam na alfabetização. As análises surgiram a partir
da fundamentação teórica realizada através de um levantamento bibliográfico que
possibilitou a interpretação das questões implícitas relativas ao tema abordado.
Para o trabalho de pesquisa, num primeiro momento, foi realizado um estudo da
Educação como um direito de todos os cidadãos brasileiros. Num segundo momento,
buscou-se realizar uma reflexão sobre as causas e as conseqüências do analfabetismo no
Brasil. No terceiro momento, procurou-se abordar
a alfabetização numa visão
“libertadora”. No quarto momento, discutiu-se o verdadeiro papel do professor
alfabetizador. Finalmente, no quinto e último momento foi possível estabelecer uma
relação entre a Psicomotricidade e a aprendizagem.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
10
CAPÍTULO I- A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO DE TODOS
12
CAPÍTULO II- O ANALFABETISMO NO BRASIL
19
CAPÍTULO III- A ALFABETIZAÇÃO NUMA VISÃO “LIBERTADORA”
24
CAPÍTULO IV- REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO ALFABETIZADOR
32
CAPÍTULO V- A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A
APRENDIZAGEM
38
CONCLUSÃO
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
48
ANEXOS
55
ÍNDICE
60
10
INTRODUÇÃO
Alfabetizar é um grande desafio dos professores das quatros primeiras séries do
Ensino Fundamental. Constata-se que o índice de repetência e de evasão escolar no
Brasil, um dos mais altos do mundo, é resultado, principalmente, da dificuldade que a
escola tem em ensinar a ler e a escrever.
A sala de aula é um espaço de produção de uma teoria prática, elaborada a partir
da investigação pela professora de como as crianças aprendem. Nesta prática é preciso
criar com os alunos para tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes.
Este estudo propõe ressaltar a necessidade do trabalho da Psicomotricidade no
conteúdo curricular como um fator auxiliar na aprendizagem, mantendo uma relação
entre o processo de maturação, crescimento e desenvolvimento da criança no processo
de alfabetização.
Segundo a autora Vera Miranda Gomes, as habilidades psicomotoras são
essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização, considerando que a
aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades como: dominância manual já
estabelecida (área de lateralidade); movimentação dos olhos da esquerda para a direita,
domínio de movimentos delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de
uma página com os olhos ou os dedos, preensão adequada para segurar lápis e papel e
para folhear (área de coordenação visual e manual), etc.
11
Este trabalho de pesquisa analisa a importância em se verificar quais as atitudes
viáveis para a elaboração de atividades, onde sejam coordenadas diferentes
possibilidades de ação. Facilitando assim, a prática educacional do educador, enquanto
um colaborador para o crescimento intelectual da criança.
Esta pesquisa pretende apontar uma relação entre a Psicomotricidade e
aprendizagem, contribuindo para que o alfabetizador diversifique seu trabalho dentro da
escola.
No primeiro capítulo aborda-se a questão da educação como um direito de todos
os cidadãos brasileiros, trazendo um breve histórico desta conquista.
O segundo capítulo faz uma breve análise sobre a questão do analfabetismo no
Brasil e suas conseqüências para o crescimento social e econômico da sociedade.
O terceiro capítulo propõe uma alfabetização numa visão libertadora, onde o
indivíduo produza um conhecimento com significado, que seja o agente do seu processo
de aprendizagem e não um simples depósito de conhecimentos.
O quarto capítulo trata do papel do alfabetizador enquanto um ser criativo,
transformador, mediador de conhecimentos.
No quinto e último capítulo, aborda-se a relação existente entre a
Psicomotricidade e aprendizagem, demostrando a importância do movimento no
desenvolvimento global e pleno do indivíduo.
Alfabetizar significa formar leitores e escritores capazes de expressar seus
pensamentos e emoções, não só através das letras mas, também, pela utilização de todas
as possibilidades de expressão de corpo.
12
CAPÍTULO I - EDUCAÇÃO: UM DIREITO DE
TODOS
A palavra educação que vem do latim “educar”, que significa “tirar de dentro”;
está atrelada ao processo produtivo e ao contexto histórico. O que é considerado
primordial na educação em determinado período, poderá perder sua importância à
medida que as transformações da sociedade aconteçam.
A educação é entendida como componente fundamental na constituição da
democracia e da equidade, por seu papel na mudança nos padrões culturais vigentes.
Hoje, mais do que nunca, discute-se no Brasil e no mundo inteiro, a função que ela
desempenha no desenvolvimento das pessoas e da sociedade.
A educação sempre esteve presente na sociedade. Os processos educativos
possuidores de certo grau de formalização, durante muito tempo, foram exclusivamente
das famílias. Desde pequeno o indivíduo é submetido às normas de comportamento do
grupo social ao qual pertence. Geralmente, a educação como forma representativa de
conduta, é passada de pai para filho, transmitida de geração à geração.
Durante o período colonial no Brasil, somente os filhos dos homens pertencentes
à classe dominante recebiam educação específica para assumir a direção do clã, da
família e dos negócios. Os Jesuítas eram os responsáveis pela educação dessas crianças
13
e eram incumbidos de importar formas de pensamento e idéias dominantes na cultura
medieval européia.
No período que se seguiu à Independência, a educação deixou de ser um
privilégio dos oligárquicos – rurais, sendo também transmitida
à uma parte da
população que visava alcançar prestígio social e poder político.
No período da República, a classe dominante passa a ter acesso às escolas
secundárias e superiores, e os filhos dos trabalhadores o direito de freqüentar, apenas, a
escola primária e profissional.
Com a Revolução Industrial há profundas modificações na estrutura econômica,
social e política. A aglomeração humana em cidades e a divisão do trabalho cria a
necessidade de fornecer conhecimentos a camadas cada vez mais numerosas para
poderem se adaptar ao novo modelo de produção. Surgem novas exigências
educacionais, nasce a necessidade da leitura e da escrita, como pré-requisito de uma
melhor condição para a concorrência no mercado de trabalho.
A educação tem como propósito preparar o educando para o ingresso na divisão
social do trabalho. Parte-se do pressuposto que todo o indivíduo possui uma capacidade
produtiva que necessita ser desenvolvida e qualificada. Nesse contexto a educação é
entendida como o ato de “ instruir e desenvolver, faculdades que habilitem o educando
a integrar o mercado de trabalho (...)” (SINGER,1996,p.8).
Nesse período, tem-se um modelo de escola fragmentada e excludente, mais
centrada na produção do que no saber adquirido.
Grandes mudanças ocorreram no mundo econômico, político e social; que vão
do aumento do desemprego e do fenômeno da exclusão, inclusive nos países ricos, à
manutenção dos níveis de desigualdade de desenvolvimento nos diferentes países, o
processo de mundialização e globalização determinam reformas educativas e novas
14
propostas curriculares, que atendam às transformações sócio-econômicas e culturais
presentes neste final de século em decorrência dos avanços da ciência e da tecnologia.
A educação deixa de ser um direito de uma parte da sociedade brasileira, para
constituir-se direito de todos e responsabilidade do Estado.
Historicamente o direito à educação para todos os brasileiros foi estabelecido na
Constituição de 1824.
Na Constituição de 1934 a educação é declarada, pela primeira vez como direito
de todos os brasileiros e tarefa dos poderes públicos. Segundo Chauí (1989,p.25) :
“A prática de declarar direitos significa, em
primeiro lugar, que não é um fato óbvio para todos
os homens que eles são portadores de direitos e, por
outro lado, significa que não é um fato óbvio que
tais direitos devam ser reconhecidos por todos. A
declaração de direitos inscreve os direitos no social e
no político, afirma a sua origem social e política e se
apresenta como objetivo que pede o reconhecimento
de todos, exigindo o consentimento social e
político.”
O reconhecimento da educação como direito de todos, traduz o lado históricocrítico inovador que estendeu-se também à renovação do campo educacional.
Documentos de órgãos internacionais apresentam reflexões sobre os grandes
esforços realizados por países do mundo inteiro, no sentido de assegurar a todos o
direito à educação:
“As preocupações com a defesa dos princípios fundamentais
extensivos a todos os homens estão expressas na Declaração
Universal dos Direitos do Homem, proclamada e adotada a 10
de dezembro de 1948, em Assembléia Geral das Nações Unidas,
em Paris, França” (MEC, 1999, p.19).
15
A Declaração destaca em um dos seus artigos que toda pessoa deve poder se
beneficiar de uma formação concebida para responder às suas necessidades educativas
fundamentais e define alguns princípios como: o respeito à dignidade humana, à
igualdade de direitos, à liberdade de pensamento e de escolha de todos os homens.
Aprovada em 21 de abril de 1959 na Assembléia Geral das Nações Unidas, a
Declaração dos Direitos da Criança, no seu Princípio 7º, assegura o direito à educação
gratuita e obrigatória, ao menos em nível elementar:
“Além do desenvolvimento de suas faculdades, de seu juízo
pessoal e do sentido da responsabilidade moral e social, um
outro objetivo desse princípio da declaração dos direitos da
criança a uma participação útil na sociedade” (MEC,1999, p.23).
Promulgada em clima de democracia, a Constituição de 1988 trouxe a Nação
brasileira, depois de mais de 20 anos de regime autoritário, novo estatuto jurídico para o
país e o reconhecimento legal dos direitos coletivos e sociais.
“Ela incluiu novos direitos a fim de possibilitar uma situação de
maior participação para aqueles que foram historicamente
excluídos do acesso aos bens sociais. Prova disso é a introdução
de direitos coletivos, a proclamação enfática da igualdade
através da dura declaração contra todas as formas de
discriminação e o acolhimento dos direitos de minorias”
(id;ibid;p.22).
A atual Constituição (1988) consagra, no Art.205, a educação como direito de
todos e dever do Estado e da família. E estabelece princípios democráticos tais como: a
igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola; a liberdade de
aprender, ensinar e divulgar o pensamento; o pluralismo de idéias e concepções
16
pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas; a existência de ensino
público gratuito e a gestão democrática do ensino público.
Em 1990, foi realizada a Conferência Mundial de Educação para Todos, em
Jomtien, na Tailândia, , relembrando a educação como direito de todos, homens e
mulheres, independe de idade, no mundo inteiro, definiu com as nações as metas para a
educação, buscando superar o analfabetismo, a exclusão e a desigualdade social, etc. até
o ano de 2000. No entanto, o balanço realizado em abril de 2000 em Dacar, na África,
observou que nem os países desenvolvidos conseguiram manter o nível de investimento
educacional apresentado em 1990, os investimentos caíram em todos os países, com
exceção de Cuba, e as necessidades educacionais se agravaram.
Em 1994, o governo da Espanha e a Unesco promoveram a Conferência Mundial
sobre Necessidade Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, tendo como objetivo
promover a Educação para Todos, destacando a educação integradora, capacitando as
escolas a atenderem a todas as crianças, sobretudo às que têm necessidades educativas
especiais. Nesta Conferência foi elaborada a Declaração de Salamanca.
A Declaração é inspirada no princípio de integração e no reconhecimento da
necessidade de ação para conseguir escola para todos, uma escola democrática que
inclua, respeite , promova a aprendizagem e atenda as necessidades de cada um:
“Como parte integrante da Declaração de Salamanca, constam
as Linhas de Ação sobre Necessidades Educacionais Especiais,
cujo objetivo é orientar organizações e governos em suas
práticas de maneira que acolham todas as crianças,
independentemente das condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais, lingüísticas ou quaisquer outras. Propõe-se, dessa
forma, que as escolas acolham tanto as crianças com deficiência
como as bem-dotadas, assim como as das mais variadas origens
e situações.”(id;ibid,p.9)
17
Sem dúvida os aspectos político- ideológicos presentes nos princípios desta
Declaração, propõem uma educação inclusiva, uma sociedade democrática que permita
à participação de todos.
Dentro de uma concepção de relação universal de trabalho, o Brasil oficializa
através da nova LDB n.º 9394/96, a importância de saber utilizar diferentes fontes de
informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos.
Os princípios e fins da Educação é estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação nº9394/96 como :
“(...) dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.” (id,ibid,p.19)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº9394/96, regulamenta
os princípios estabelecidos pela Constituição (1988).
Uma ação educativa comprometida com a cidadania e com a formação de uma
sociedade democrática não excludente deve promover o convívio com a diversidade,
não só cultural, mas também as competências e as particularidades de cada um.
Aprender a conviver com as diferenças, é a condição necessária para o desenvolvimento
de valores éticos, como a dignidade do ser humano, a igualdade e a solidariedade.
Sabe-se que os direitos humanos são direitos históricos que emergem
gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e das
transformações das condições de vida que essas lutas produzem:
“A linguagem dos direitos tem indubitavelmente uma grande
função prática, que é emprestar uma força particular às
reivindicações dos movimentos que demandam para si e para os
outros a satisfação de novos carecimentos materiais ou morais;
18
mas ela se torna enganadora se obscurecer ou ocultar a diferença
entre o direito reivindicado e o direito reconhecido e protegido”.
(id;ibid;p.10)
Cabe ressaltar que democratizar a educação é garantir a todos acesso e a
permanência na escola, adaptando o sistema educacional às desigualdades sociais e as
diferenças.
A sociedade brasileira precisa continuar lutando pela garantia do direito
adquirido na Constituição de 1988 e transcrito na LDB n.º 9.394; uma educação
democrática, gratuita e de qualidade para todos, sem exceção.
Na sociedade democrática a educação torna-se o principal meio de
instrumentalização do indivíduo para o exercício de sua cidadania. Portanto, cabe ao
Estado democrático facilitar o acesso à educação, investir na escola, para que esta
instrumentalize e prepare crianças e jovens para as possibilidades de participação
política e social.
Há na sociedade brasileira a expectativa de uma educação democrática, que
promova a inclusão e a integração de todos os brasileiros, não como uma simples
proposta a ser analisada, mas como prática efetiva.
19
CAPÍTULO II - O ANALFABETISMO NO BRASIL
Nos dias atuais, as sociedades do mundo inteiro, estão cada vez mais
preocupadas em promover debates, projetos e estudos para erradicar o analfabetismo.
Acreditando que através da educação irão promover o crescimento individual e social.
Mas o que é analfabetismo?
Segundo Gadotti e Romão (2000), o analfabetismo é a expressão da pobreza,
conseqüência inevitável de uma estrutura social injusta.
Esse conceito de analfabetismo, deixa claro que não se trata de uma questão
pedagógica, mas sim política, econômica e social.
Por isso se faz necessário combater as causas do analfabetismo, dando a todos
os indivíduos não só o direito a educação, mas as condições necessárias, moradia,
emprego, um salário, justiça social, para que estes tenham acesso a escola e aos
conhecimentos nela produzidos.
20
No Brasil, o analfabetismo atinge, segundo uma Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de
22,8 milhões de brasileiros.
A maior parte desses analfabetos concentra-se na Região Nordeste, a mais pobre
do país. E sua maior incidência é na população idosa e no sexo feminino.
Além do analfabeto que não sabe ler nem escrever, existem os que conseguem
de forma rudimentar realizar uma leitura decodificada e escrever algumas palavras,
sendo incapazes de interpretar e produzir um texto. Esses são conhecidos como
analfabetos funcionais.
A fim de combater o analfabetismo o governo aumenta o quantitativo de vagas
nas escolas para se fazer cumprir a obrigatoriedade e a universalização do ensino
fundamental, face às crianças em idade escolar.
Entretanto, observa-se que muitos alunos não concluem o ensino fundamental no
período de oito anos, de acordo com a média nacional, mas permanecem na escola mais
três anos, isto é, ele precisa de onze anos para terminar a etapa obrigatória; quando já
deveria estar cursando o ensino médio. Essa realidade é o reflexo da repetência e da
evasão existente tanto no ensino fundamental, como no ensino médio.
Um meio didático-pedagógico de sincronizar o ingresso de estudantes com a
distorção idade/ano escolar, encontrado pelos sistemas de ensino, foi a criação de
classes de aceleração, que permitem que o aluno avance no seu processo de
aprendizagem.
Outra iniciativa foi a E J A, Educação de Jovens e Adultos, com objetivos e
funções específicas. Como atender aos jovens e adultos que por algum motivo não
tiveram acesso a leitura e a escrita.
21
“ (...) a Educação de Jovens e Adultos representa uma dívida
social não reparada para com os que não tiveram acesso a e nem
domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora
dela (...)” ( Cury, 2000, p.12).
A Educação de Jovens e Adultos tem como proposta realizar uma reparação
social. Isto é, restaurar um direito negado; que é o acesso a leitura e a escrita.
Em 1997 o governo federal para diminuir o analfabetismo, criou, em parceria
com empresas privadas e universidades, o Programa Alfabetização Solidária, vinculado
ao programa assistencial Comunidade Solidária.
Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) como uma iniciativa de sucesso, o programa até o primeiro
semestre de 2001 atendeu cerca de 1,5 milhão de pessoas em 1.005 municípios do
Norte e Nordeste e nas áreas metropolitanas de São Paulo, Rio de janeiro e Distrito
Federal.
O analfabetismo caracteriza a exclusão social, uma vez que o analfabeto vive
uma vida restrita e cheia de limitações, eles vivem em condições miseráveis de
existência. Isso afeta a auto-estima da pessoa, seus desejos embora simples e ao mesmo
tempo inatingíveis trazem sentimentos que o separam das demais pessoas e a tornam
apáticas diante dos intelectuais.
O índice de analfabetismo no Brasil é maior do que calcula o IBGE e está em
torno de 60 milhões, considerando os analfabetos funcionais.
O desenvolvimento econômico da sociedade exige dos trabalhadores uma
educação que os preparem para maior autonomia e versatilidade ao assumir novos
papéis na sociedade.
O índice de repetência e de abandono no Brasil, um dos mais altos do mundo, é
resultado, principalmente, da dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever.
22
Quando se fala em alfabetização, alguns educadores referem-se a capacidade do
indivíduo ler e escrever. Entretanto, a alfabetização deve ser transformada num
momento de construção de leitores e escritores capazes de expressar e registrar suas
idéias, pensamentos e emoções, não só através das letras, mas também pela utilização de
todas as possibilidades de expressão do corpo.
A escola necessita apropriar-se de uma concepção inovadora no processo de
alfabetização, vivenciando práticas criativas. È preciso que a escola alfabetize seus
alunos com cores, pincéis, tesouras, muitos papéis, corpo, sons, argila, massinhas,
televisão, cinemas, enfim, utilizando todos os recursos que fazem parte do cotidiano dos
alunos.
Muitos alfabetizadores consideram o lúdico apenas uma forma de prazer, como
atividade realizada para “passar o tempo”, desenvolvida de forma mecânica e
fragmentada. No entanto, o lúdico permite que o aluno experimente, conheça e crie. É
preciso ter claro que o aluno não se expressa em partes; mas que utiliza todo o seu
corpo, os sentidos, a emoção, a razão, a percepção mobiliza-se por inteiro.
É preciso propor, na alfabetização, um trabalho de construção, priorizando a
funcionalidade da escrita, valorizando as experiências da criança; ampliando este
universo através do acesso aos conhecimentos culturais acumulados.
Na leitura de textos, na vivência com a língua escrita, com a literatura os alunos
encontrarão modelos com que dialogar. Afinal, o conceito de criatividade pressupõe,
conhecimento, leitura, informação, ampla visão de mundo.
Por isso é importante que o professor alfabetizador realize reflexões sobre a
importância do uso das diferentes linguagens para ler a realidade:
“Quando a escola não alfabetiza seus alunos nas linguagens
musical, cênica e tantas outras, impede que a criança conheça
23
aspectos importantes do real através dessas linguagens. A
imposição de leituras estereotipadas aprisiona, quase sempre, o
imaginário infantil, podendo preparar uma futura derrota no
processo de alfabetização” (GARCIA, 1998, p. 18).
Para que a criança se expresse por meio de várias linguagens é preciso que o
alfabetizador trabalhe com o maior número possível de materiais.
É preciso que a escola se aproprie de uma concepção que encaminhe o processo
de alfabetização e nesse processo incorpore as linguagens não- verbais. É preciso
desconstruir a prática tradicional, possibilitando a construção de outra inovadora,
fazendo sentido e propiciando prazer tanto ao educando quanto ao educador.
24
CAPÍTULO III- A ALFABETIZAÇÃO NUMA VISÃO
“LIBERTADORA”
Encontra-se em Paulo Freire uma perspectiva de alfabetizar de
forma
revolucionária, que tem como objetivo educar para liberdade.
Ele promove uma reflexão sobre a prática pedagógica enquanto formadora dos
filhos da classe operária em uma sociedade desigual, mostrando a necessidade de
repensar o homem, a sua história, o trabalho, a cultura e a educação.
Educação para Paulo Freire é conscientização, práxis social, isto é, momento de
reflexão sobre a realidade em que se vive, de onde surgirá um processo permanente a
ser trabalhado. Permanente porque será continuamente repensado, transformado,
adaptado.
A formação de leitores e escritores de histórias, sejam elas individuais ou da
própria sociedade, não é uma tarefa fácil, requer do educador desejo de re-alfabetizarse, isto é, reaprender a olhar, buscando uma interpretação crítica do real.
25
Paulo Freire é o teórico latino-americano mais cultuado hoje em universidades
dos continentes americanos e europeus, por sua ênfase a libertação, onde a liberdade,
vocação natural do ser humano deve ser desenvolvida, pois lhe é negada pelas diferentes
formas de opressão. Segundo o autor só é possível vencer essa opressão através do
diálogo, caminho para alcançar um conhecimento autêntico e libertador.
Suas obras foram traduzidas em mais de dezessete idiomas, foi professor em
várias universidades, coordenou seminários e conferências em dezenas de instituições
do mundo.
O reconhecimento de Freire no exterior é infinitamente superior ao que lhe é
destinado no Brasil. Conferências, simpósios e seminários sobre ele vêm acontecendo
em diversos países sendo sempre homenageado e idolatrado.
Sua filosofia é baseada numa perspectiva “humanista” e contínua sendo capaz de
conquistar muita gente por suprir a falta do que é realmente fundamental para o ser
humano – o amor.
Observa-se que os educadores que ainda sonham tem uma consciência política e
são comprometidos com a educação, principalmente dos filhos da classe trabalhadora,
encontram em Paulo Freire alternativas de mudança.
Muitos educadores ainda trabalham com métodos de alfabetização que já
possuem um material didático pronto: cartazes, cartilhas, etc. Sua prática concebe a
educação como “bancária”, na qual o professor “quem sabe”, transmite para os alunos
todo o conhecimento que já vem pronto e acabado. Nessa perspectiva, a educação
construída é de cima para baixo. O educador, de maneira mecânica, preenche o vazio
que o aluno, em seu entendimento, possui.
A concepção educacional de Paulo Freire é construída a partir da idéia do
diálogo entre o educador e o educando, onde há uma troca constante de experiências.
26
Um dos pressupostos desse pensamento é de que ninguém educa ninguém e ninguém se
educa sozinho, pois a educação não pode ser uma tarefa isolada.
“Assim, como não há homem sem mundo, nem mundo sem
homem, não pode haver reflexão e ação fora da relação homem
_ realidade. Esta relação homem _ realidade, homem mundo,(...)
implica a transformação do mundo, cujo produto, por sua vez,
condiciona ambas, ação e reflexão.” (FREIRE, 1979, p.17)
A filosofia adotada na maioria das escolas, na alfabetização, é adotar a cartilha.
Isso representa a valorização de um saber abstrato que serve apenas para instruir o
estudante a decorar associações de consoantes e vogais para depois reconhecer palavras,
ler, memorizar e escrever. Paulo Freire pensava numa educação não excludente, na qual
as necessidades pessoais dos alunos sejam valorizadas. Não desconsiderando seus
hábitos culturais e a sua vida cotidiana.
Encontram-se, nas cartilhas e livros de leitura para adultos, os textos que
induzem os alunos a pensarem uma realidade social que não é a sua, propondo assim
uma leitura irreal desvinculada de sua vida prática, uma verdadeira decodificação, tanto
da leitura, como da vida. Como, por exemplo, observa-se no texto abaixo:
“A ave voa.”
“O bule é da vovó.”
Segundo Paulo Freire, ao conhecer o universo do aluno, o professor detém
informações que os levarão às palavras geradoras. Essas palavras são carregadas de
significados por que trazem intrinsecamente o trabalho criativo de aprender a ler,
servindo tanto para a leitura da palavra, como para a leitura da realidade social, bem
diferente das palavras que se apresentam nas cartilhas sem significado algum, não
proporcionando leituras diversificadas que permitam ao aluno a compreender a “língua”
e seu mundo real.
27
No método Paulo Freire a turma de alunos, antes seriada, é substituída pelos
“ciclos de cultura,” onde todos ensinam e aprendem, cujas palavras revelam o modo de
vida das pessoas, dos lugares onde a alfabetização se realizará.
O método de Paulo Freire não representa mais uma ideologia ou uma lei
imutável, mas um começo, uma alternativa para um longo processo dentro do sistema
de educação em que os trabalhadores sejam libertos da opressão pela classe dominante.
Paulo Freire mostra o caminho para superar a visão estática e autoritária que
encontra-se no sistema de educação.
Paulo Freire (1979, p.35) afirma que:
“A sociedade alienada não tem consciência de seu próprio
existir. Um profissional alienado é um ser inautêntico. Seu
pensar não está comprometido consigo mesmo, não é
responsável. O ser alienado não olha para a realidade com
critério pessoal, mas com olhos alheios. Por isso vive uma
realidade imaginária e não a sua própria realidade objetiva.”
Entretanto, vive-se numa sociedade capitalista, onde as relações de trabalho
sociais são basicamente de dominação e onde a alienação está presente em maior ou
menor escala.
Com isso, segundo Marx (1984, p.156):
“O trabalho sob relações de dominação impõe-se ao homem
como simples meio de existência, isto é, como uma atividade
que tem como único sentido , garantir sua sobrevivência física.”
Infelizmente, encontra-se em alguns profissionais a falta de comprometimento
com a Educação, o desânimo e a frustração, por terem a consciência de que o seu
trabalho não lhes garante meios necessários para investir em seus estudos, na sua
profissão, o que consequentemente faz com que o profissional busque outros meios de
suprir suas necessidades, não tendo tempo para dedicar-se aos seus alunos.
28
Quando as condições objetivas de trabalho não permitem que o professor se
realize como ser humano, aprimorando-se e desenvolvendo novas capacidades, ele-ela
acaba não encontrando prazer em seu trabalho.
Ganhando mal, com uma jornada de trabalho extensa que não deixa tempo
disponível para a preparação de aulas, a correção de trabalhos e atualização, o professor
vai se sentindo na maioria das vezes frustrado e desanimado.
O trabalho do professor, ou seja, o próprio magistério vai se identificando com
uma imagem em declínio, forçado pelos baixos salários e pela deterioração dos
equipamentos, dos edifícios e da própria relação entre instituição e governo.
É possível perceber, o quanto a profissão do magistério está sendo
desvalorizada, desgastada e criticada pela sociedade, pelos governantes, pela escola,
pelos pais, alunos e até pelos próprios professores.
Com a desvalorização da carreira do magistério, houve um aumento do
abandono da profissão, atingindo e influenciando os candidatos ao Curso de Formação
de Professores, e fazendo com que em alguns colégios este curso se extinguisse.
Olhando para a sociedade brasileira de hoje, constata-se que o professor tem,
diante de si, muitas promessas que na maioria das vezes não são cumpridas pelo
governo. Este esquece que a relação remuneração-desempenho profissional é questão
que merece atenção, uma vez que esta relação se associa a aspectos de auto-estima, ao
perfil do profissional e às condições básicas para atuar eficazmente.
Questões como baixos salários e direitos, como também vocação e amor à
profissão vem sendo discutidas e reavaliadas ao longo dos anos pelos pesquisadores em
educação.
29
É necessário que o professor comece a se colocar como trabalhador e
profissional que luta por uma política que dignifique o magistério, que ofereça formação
e aperfeiçoamento, que resgate sua valorização e reconhecimento; que possibilite a ele
uma remuneração digna. É importante que o professor construa uma nova visão onde se
veja como profissional, pessoa, educador e cidadão politicamente comprometido com a
educação.
Como diz Paulo Freire: “É preciso partir de nossas possibilidades para sermos
nós mesmos” (1986, p.34).
A maioria dos professores tiveram uma formação tradicional e carregam essas
características em sua prática pedagógica. Assumir uma postura libertária torna-se um
verdadeiro desafio.
Para Paulo Freire:
“nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre
o homem e de uma análise sobre suas condições culturais. Não
há educação fora das sociedades humanas e não há homens
isolados. O homem é um ser de raízes espaço-temporais”
(FREIRE & SCHOR,1986,p.16).
Portanto, o primeiro passo que um educador precisa dar para assumir uma
prática libertadora é conhecer o seu aluno. Descobrir o que motiva esse aluno a
conhecer, só se torna possível, segundo Paulo Freire, promovendo atividades como
leituras breves, reflexões, debates, experiências, exercícios que não só eduquem ao
aluno mas o próprio educador e observando o que o aluno produz no dia-dia. É
importante conhecer os níveis cognitivos e afetivos e a linguagem autêntica da sua
turma.
Para realizar essas atividades é importante que o professor estabeleça um espaço
para que o aluno sinta-se encorajado e seguro pra expressar-se de forma autêntica.
30
Sem motivação o aluno simplesmente recusa-se a participar do processo de
aprendizagem, torna-se um mero ouvinte ou um depósito de informações sem sentido e
utilidade para o seu cotidiano.
Cabe ao professor assumir uma postura de aprendiz na sala de aula, despertando
nos alunos a curiosidade, a crítica e a capacidade de criar conhecimentos, sua história,
meios para solucionar diferentes situações de sua realidade, mediar a produção de
conhecimentos e não a reprodução de conteúdos já estabelecidos.
A função do educador é interagir com seus educandos para coordenar a troca na
busca do conhecimento. Entretanto, para tornar-se mediador de novos conhecimentos o
educador necessita de uma formação continuada, isto é, participar de cursos de
especialização e extensão oferecidos pelas instituições de ensino superior e todas as
atividades de formação propostas pelos diferentes sistemas de ensino.
A formação continuada tem por objetivo o desenvolvimento intelectual do
professor.
O professor deve ser capaz de comunicar-se, criar um espaço pedagógico de
prazer, descoberta e transformação. Segundo Freire (1991,p.103), uma qualidade
indispensável a um bom professor é ter a capacidade de começar sempre, “de fazer, de
reconstruir, de não se entregar, de recusar burocratizar-se mentalmente, de entender e
de viver a vida como processo.”
É de grande importância que os professores estejam conscientes do seu fazer
pedagógico, do seu poder de transformação. Enfim, precisam estar comprometidos com
a sua prática, qualificando-se e aprimorando os seus conhecimentos de forma que
venham a estar sempre prontos a recomeçar sua busca.
“A educação deve ser integradora _ integrando os estudantes e
os professores numa criação e recriação do conhecimento
comumente partilhados. O conhecimento, atualmente, é
produzido longe das salas de aula, por pesquisadores,
acadêmicos, escritores de livros didáticos e comissões oficiais
31
de currículo, mas não é criado e recriado pelos estudantes e
pelos professores nas salas de aula” (FREIRE e
SCHOR,1986,p.19).
Não existe desespero maior do que trabalhar um texto em sala de aula e
perceber que os alunos não participam, ter que conviver com o silêncio do educando.
Esse silêncio, segundo FREIRE e SCHOR, é produzido
pelas relações sociais
estabelecidas em sala de aula. O professor precisa promover atividades que desenvolva
o diálogo, a reflexão, o ato de pensar, criar novos horizontes, mudar a praxis. É essa
educação que liberta o homem e o torna um agente da história e não um resultado dela.
“Através da educação libertadora, não propomos meras técnica,
para se chegar à alfabetização, a especialização, para se
conseguir qualificação profissional, ou pensamento crítico. Os
métodos da educação dialógica nos trazem a intimidade da
sociedade, à razão de ser de cada objeto de estudo. Através do
diálogo crítico sobre um texto ou momento da sociedade,
tentamos penetrá- lo, desvendá- lo, ver as razões pelas quais ele é
como é o contexto política e histórico em que se insere (...) O
curso libertador “ilumina”
a realidade no contexto do
desenvolvimento do trabalho intelectual sério.” (id;ibid;p.20)
A educação libertadora é aquela que permite pensar criticamente, refletir sobre a
realidade e transformar a sociedade.
Os educadores precisam utilizar o espaço da sala de aula para produzir uma
cultura crítica, evitando que sua formação tradicional impeça que a prática educativa
assuma uma prática libertadora, pois:
“os professores tradicionais tornarão a realidade obscura, quer
dando aulas expositivas, quer coordenando discussões. O
educador libertador iluminará a realidade mesmo com aulas
expositivas. A questão é o conteúdo e o dinamismo da aula, a
abordagem do objetivo a ser conhecido." (id;ibid,p.21)
Os professores devem considerar os aspectos econômicos e sociais da realidade
em que estão inseridos, ter consciência de que sua prática é uma ação social. É
necessário esse profissionais engajar-se na luta pela consciência social e libertação dos
32
nosso alunos, nos renovando para iluminar uma sociedade onde falta nitidez e oculta-se
com freqüência a realidade.
“O professor, portanto, não é o ponto final do desenvolvimento
que os estudantes devem alcançar. Os estudantes não são uma
frota de barcos tentando alcançar o professor que já terminou e
os espera na praia. O professor também é um dos barcos da
frota.” (id;ibid,p.66)
É hora de assumir as responsabilidades que se tem nesses barcos, pois embora
não sejamos donos deles, contribuímos para que essa frota siga rumo à libertação e
transformação.
CAPÍTULO IV- REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO
ALFABETIZADOR
A Escola convive no dia-à-dia, com crianças carentes, tanto de assistência social
quanto de família. Presencia-se a injustiça social e a reprodução das desigualdades
produzidas no sistema capitalista.
A Escola, instituição cuja tarefa
é fornecer o capital cultural a todos os
indivíduos, é vista pelo capitalista como mais um instrumento para garantir a
continuidade da ideologia burguesa na sociedade e vista por alguns trabalhadores como
meio de ascensão social, de apropriação de bens e conforto. Não são poucas vezes que
os pais orientam seus de filhos dizendo: “Estude, para amanhã você ser alguém na vida”
ou ainda “Eu não dei valor aos estudos por isso não consegui uma vida melhor”. E
concluem: “O que eu não tive eu quero dar o meu filho a oportunidade de estudar e ser
alguém na vida.” Entretanto, sabe-se que o fato do aluno estar na Escola não garante a
ele os meios necessários para apropriar-se de bens materiais, pois vivemos numa
33
sociedade dividida em classes, cujos bens materiais e culturais não são distribuídos de
igualitária.
A Escola não existe independente do sistema, pelo contrário, está inserida nessa
realidade e faz parte dela.
Marx defendia uma Escola em que o filho do operário pudesse adquirir o capital
cultural e através desse mesmo capital, as mesmas oportunidades dos filhos dos
burgueses. Uma Escola única!
“Bourdieu afirma que o poder exercido no sistema é o poder simbólico que
supõe a cumplicidade ativa dos que a ele se submetem” (CASTRO, 1995, p.106).
Por essa lógica, entende-se que dentro da escola há um poder vertical, onde
todos que dela participam professores, alunos, funcionários, têm papel pré-determinado.
Apoiada no desenvolvimento da ação pedagógica, a Escola atua na aquisição de
conteúdos na formação de valores e na formação da personalidade dos indivíduos. Isto
se dá através da doutrinação educacional, assim como através de uma série de
informações adequadas ao modelo capitalista. Efetiva-se um processo claro de
reprodução, através do qual a classe dominante impõe conceitos e comportamentos aos
quais os indivíduos devem se ajustar. O poder pedagógico, similarmente ao que ocorre
na sociedade, efetiva-se a favor do bom funcionamento do sistema social. Há portanto,
uma lógica e um poder nas instituições recompõe o social.
Inseridos em tal lógica e submetidos a essa doutrinação, os usuários da escola
são levados a seguir o estabelecido, ou seja, são ajustados as rígidas normas de controle.
É fácil perceber que alguns profissionais não se comprometem e não se responsabilizam
pelo aluno que está ajudando a formar; apenas seguem o processo.
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O aparelho escolar contribui para a reprodução das relações sociais quando
divide os indivíduos em duas massas desiguais. Esse fato advém da divisão ocorrida no
trabalho, fruto da revolução industrial, que divide o homem e funções de forma
hierárquica, garantindo a alienação do trabalhador em dois patamares distintos, pensar e
executar são tarefas diferenciadas.
O trabalhador espera que a Escola forneça a seus filhos condições iguais de
competição no mercado de trabalho ou formação intelectual que lhes proporcionem
melhores campos de trabalho.
Diante dessa realidade, a ação do professor definirá se sua prática pedagógica
contribuirá para a formação crítica do aluno, ou simplesmente reproduzirá as forças
hegemônicas do capital.
Para trabalhar na área da Educação é necessário muita dedicação, eficiência,
senso crítico, auto-avaliação continua e espírito de mudança do profissional.
Para alfabetizar é preciso acompanhar no dia-a-dia o desenvolvimento das
crianças, propiciando- lhe atividades criativas de acordo com o seu nível mental. Devese trabalhar com atividades que atendam o todo da criança, isto é, o psicomotor, o
afetivo, o cognitivo, o social, o econômico, o político e o cultural, analisando o ,meio
ambiente e preenchendo o seu vazio.
“É inerente à condição humana o agir com base na reflexão. Se
as nossas ações são conscientes, então agimos com intenções
definidas. Permanentemente, ponderamos sobre a razões e as
conseqüências de nossos atos” (HOFFMANN, 1993, p.33).
O professor não pode se distanciar das características principais dos seus alunos.
Há uma importância de identificação entre professor e aluno. A criança de alfabetização
reflete a imagem da professora com uma afeição materna. Então a professora deve dar
35
às crianças uma espécie de voto de confiança, oferecendo- lhes espaço para contribuir,
inventar e colocar seus problemas.
“Se aceitamos que o educando é um sujeito que se alfabetiza ao
interagir com seu próprio processo de alfabetização, o professor
deve ser aquele a quem devem ser oferecidos instrumentos que
resgatem sua reflexão teórica sobre sua prática, para que ele
possa construir sua trajetória juntamente com a de seus
educandos” (FREIRE, 1992, p.24).
O professor e o aluno devem construir juntos o mesmo saber, para que haja o
prazer de aprender tanto da parte do professor, quanto do aluno. Nesse caminhar juntos
se constitui a verdadeira base da democracia.
A ineficiência da escola em alfabetizar, a inadequação da proposta pedagógica e
didática para atender,
principalmente, as classes populares são alguns fatores
responsáveis pela produção do fracasso na alfabetização.
Para erradicar o analfabetismo buscou-se realizar um projeto que não recaísse
nas contradições e ineficiência dos projetos anteriores desenvolvidos no país. A
proposta construtivista direciona o ensino da leitura e da escrita de uma forma
completamente diferente da que vigorou por muito tempo; consiste num
posicionamento pessoal, aberto e progressista, numa perspectiva comprometida com a
transformação social com liberdade e solidariedade porque estas conquistas se
concretizam numa nova visão do aprendiz, porque ele constrói a sua versão de realidade
que é considerada a partir da sua relação com o outro.
Na proposta da alfabetização construtivista a avaliação que caminha na
construção da leitura e da escrita deve ser acompanhada pelo professor ao longo de todo
o ano.
A postura investigatória do professor que alfabetiza numa proposta
construtivista, é constante em sala de aula. Cada pessoa envolvida nesta aprendizagem
tem um processo singular. Mesmo quando o professor propõe uma atividade, que sirva
36
para todos os níveis de entendimento de escrita e leitura, terá presente que a
representação e forma de encaminhar a atividade também será singular e diferenciada.
O projeto de alfabetização construtivista estabelece que o professor alfabetizador
tenha formação específica sobre as teorias constituintes pós-piagetianas e assuma uma
postura ideológica, social e política progressista.
As funções deste profissional vêm passando por reformulações profundas; o que
se esperava dele há algumas décadas não corresponde mais ao que se espera nos dias
atuais. Nessa perspectiva, os debates têm indicado a necessidade de uma formação mais
abrangente e unificadora para profissionais de educação e de uma restruturação dos
quadros de carreira que leve em consideração os conhecimentos já acumulados no
exercício profissional, como possibilite a atualização profissional.
A LDB 9.394/96 determina que, num prazo de dez anos, todos os professores de
educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental tenham formação em nível
superior.
De acordo com o Censo Escolar realizado em 1996 o número de professores que
possuem escolaridade inferior ao ensino fundamental sofreu uma redução de 11,8% de
1991 a 1996. No mesmo período verificou-se que o número de professores com ensino
superior aumentou em 14,4%. Esse levantamento demonstrou que 91% dos professores
do ensino fundamental possuem formação secundária completa ou ensino superior.
O trabalho direto com crianças exige que o professor tenha uma competência
polivalente, isto é, uma formação bastante ampla devendo trabalhar com conteúdos de
naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos
específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. O professor deve tornarse um aprendiz, capaz de refletir constantemente sobre sua prática buscando
informações necessárias para o trabalho que desenvolve.
37
A implementação de uma proposta curricular de qualidade depende,
principalmente dos professores que trabalham nas instituições.
É necessário que o professor alfabetizador promova um conjunto de situações de
usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças tenham oportunidade de participar.
Isso é importante principalmente quando a criança provêm de comunidades pouco
letradas, em que têm pouca oportunidade de presenciar atividades de leitura e escrita.
Nesse caso o professor torna-se uma referência tendo o compromisso de trabalhar os
diversos textos utilizados nas práticas sociais dentro da instituição, a fim de ampliar o
acesso ao mundo letrado, buscando a igualdade de oportunidades.
É necessário compreender que expor as crianças às práticas de leitura e escrita
está relacionado com a oferta de oportunidades de participação em situações nas quais a
escrita e a leitura se façam necessárias, isto é, nas quais tenham uma função real de
expressão e comunicação.
A experiência com textos diversificados é fundamental para a construção de um
ambiente alfabetizador. A seleção do material deve ser feita pela necessidade de iniciar
as crianças no contato com os diferentes texto se de facilitar a observação de práticas
sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam
consideradas.
O professor, de acordo com seus projetos e objetivos, deve escolher com que
gêneros vai trabalhar de forma mais contínua e sistemática, para que as crianças os
conheçam bem.
Alguns textos são adequados para o trabalho com a linguagem escrita nessa
faixa etária, como, por exemplo, receitas culinárias; regras de jogos; textos impressos
em embalagens, cartas, revistas, textos de enciclopédia etc.
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O trabalho do professor alfabetizador deve ser organizado sob a forma de
desenvolvimento de projetos. Mais que direcionar as atividades do grupo, o professor
deve escutar, acolher, interpretar, propor, organizar, orientar e compartilhar decisões
com os alunos. Precisa ajudá- los a encontrar caminhos próprios para desvendar a
realidade que s cerca e socializar sua descobertas.
CAPÍTULO V- A RELAÇÃO ENTRE A
PSICOMOTRICIDADE E A APRENDIZAGEM
A Psicomotricidade é considerada uma nova ciência que vem cuidando do
indivíduo a partir de seu corpo e de seus movimentos. Trata-se do estudo da integração
das funções motrizes e mentais sob o efeito da educação e do desenvolvimento do
sistema nervoso.
As atividades psicomotoras têm como objetivos principais permitir o indivíduo
vivenciar os estilos sensoriais para distinguir as partes do próprio corpo e exercer um
controle sobre elas, assim como desenvolver a organização espacial e temporal
adquirindo os pré-requisitos necessários à aprendizagem da leitura e da escrita.
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Percebe-se que a relação entre Psicomotricidade e aprendizagem é muito
estreita, já que dentro do processo do aprender está a leitura e escrita que são
indispensáveis para o desenvolvimento intelectual do aluno e que requerem funções
psicomotoras para desempenhar boas funções.
Os aspectos psicológicos e motores correspondem a um ação de combinar
diversos grupos musculares, através do sistema nervoso central, para a execução de uma
série de movimentos ou ações com o máximo de eficiência e economia de energia.
A deficiência de movimentos, na primeira infância, podem causar falhas na
coordenação motora, por isso deve-se oferecer o máximo de experiências de
movimentos coordenados à criança.
“A educação psicomotora é a educação da criança através de seu
próprio corpo e de seu movimento, proporcionando
gradativamente o controle até o domínio de movimentos mais
complexos” (COSTE,1981,p.85).
É importante esclarecer que a aplicação dos conteúdos trabalhados deverá
respeitar a individualidade e o desenvolvimento psicológico de cada criança.
A educação psicomotora significa uma ação pedagógica e psicológica que utiliza
os meios da Educação Física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da
criança.
Objetiva-se fazer a aproximação entre estas duas concepções, porque estes
termos juntos não são domínios justapostos, mas sim de unidade funcional, tradução da
unidade psicossomática do ser humano.
A criança ao iniciar sua vida depende muito da mãe, pois o contato com a mãe é
a primeira forma de conhecimento que ela estabelece com outro ser além dela e uma de
suas primeiras experiências afetivas, também ao sugar o seio ela exercita a habilidade
motora.
40
Antes do surgimento de uma linguagem verbal, todos os esquemas motores
básicos estão formados, porque ela já pode ver, ouvir, cheirar, andar, correr, etc.
A educação promovida pelo movimento, para desenvolver , facilitar e reforçar a
aprendizagem escolar, é um princípio universal reconhecido por médicos, psicólogos,
educadores e especialistas.
A importância do movimento como elemento de construção da personalidade e
do desenvolvimento motor da criança, resultado, de um lado, pelas experiências vividas
e por outro lado, da maturação fisiológica é reconhecida por alguns estudiosos, como
Skinner (1991,p.21) que diz:
“O comportamento é uma característica primordial dos seres
vivos. Quase o identificamos com a vida propriamente dita.
Qualquer coisa se mova é tida como viva, especialmente quando
o movimento tem direção ou age para alterar o ambiente. O
movimento acrescenta verossimilhança a qualquer modelo de
organismo.”
A implicação e aceitação das idéias de Skinner(1991) para a formulação de uma
tecnologia de instrução no domínio psicomotor, visando à criança pré-escolar e escolar
através de um programa educativo- físico, tornam-se adequadas às características do
ensino da Educação Física, principalmente no que se refere ao princípio da progressão
pedagógica, pois a aprendizagem de habilidades motoras físicas é efetivada por meio de
objetivos específicos, que aproximam o aluno, gradativamente, do comportamento
desejado.
“...a concepção de aprendizagem de Skinner permite estabelecer
comportamentos finais, procedimentos de modelagem por
aproximações sucessivas, dos mais simples para os mais
complexos, condições ambientais(estímulos) de comportamento,
integrando o organismo ao meio, bem como programas e
controlar os reforçadores que ajudam o processo ensinoaprendizagem” (HURTADO, 1985, p.21).
41
O desenvolvimento da coordenação motora é de grande importância para a
atividade escolar.
Pode-se considerar quatro tipos de aspectos motores:
Fino - É uma coordenação segmentar, normalmente com a utilização das mãos,
exigindo precisão nos movimentos para a realização de tarefas complexas como:
v recortar, colar;
v pintar com os dedos,
v encaixar peças;
v manipular pequenos objetos; etc.
Viso-motor - É a habilidade de coordenar a visão com movimentos do corpo. Na
ausência de uma adequada coordenação viso-motora, a criança se mostra desajeitada em
todas as suas ações apresentando dificuldades na escola. O desenvolvimento de uma boa
coordenação motora geral é indispensável como pré-requisito. Algumas atividades
contribuem para o desenvolvimento desta habilidade:
v rolar a bola sobre uma linha no solo;
v driblar uma bola sobre a linha no solo;
v arremessar uma bola para cima e em seguida segurá- la antes que toque o chão;
v tentar acertar em alvos fixos e posteriormente móveis, utilizando bolas;
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v correr, lançar a bola para o colega e recebê- la novamente durante a corrida;
v cabecear uma bola;
v conduzir uma bola com os pés em corrida por entre obstáculos.
Grosseiro – É existente entre as grandes massas musculares. Para a criança é mais
fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só numa segunda etapa é que ela
movimentará os membros separadamente. como:
v saltar ou saltitar sobre objetos;
v corrida lateral;
v rolar para frente e para traz
v
executar seqüências de movimentos com braços e pernas simultâneos ou não,
simétricos ou assimétricos, numa segunda fase, de forma lenta até realizá- los em
velocidade.
Ao realizar o aspecto grosseiro deve-se observar que para a criança é mais fácil
fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só numa segunda parte é que ela
movimentará os membros de forma separada um dos outros. E, ainda, interromper
subitamente um movimento, é difícil, ma esse controle muscular é indispensável para,
futuramente, facilitar a sua caligrafia e a concentração necessária à aprendizagem
escolar.
Áudio-motor – É elaborado através de atividades rítmicas, em geral, sendo a
capacidade de transformar em movimentos um comando sensibilizando pelo aparelho
auditivo. Atividades como:
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v driblar uma bola de acordo com o ritmo da música;
v brinquedos cantados;
v macroginástica;
v deslocar-se pelo espaço de acordo com determinado ritmo;
v saltar, saltitar de acordo com as batidas do tambor;
v executar diversas posições e mudá- las à medida que o ritmo variar, etc.
Percebe-se que a lateralização processa-se na criança ao mesmo tempo que a
localização de seu próprio corpo, organização no espaço. E, que só a partir do momento
em que seus movimentos é que há a combinação e organização numa intenção motora
justificando a presença de um lado predominante que irá se ajustar á motricidade.
Lateralidade é a capacidade de integrar a relação sensório- motora com o
ambiente através da dominância dos pés, das mãos e dos olhos.
Somente em conseqüência da combinação e organização dos movimentos numa
intenção motora é que se impõe e justifica-se a presença de um lado predominante, que
ajustará a motricidade.
A lateralidade está presente em todos os níveis de desenvolvimento da criança,
mas somente será definida, à medida em que esta criança atravessar todas as fases de
seu desenvolvimento.
A coordenação viso-motora, a organização das percepções táteis e visuais, é de
grande importância para o desenvolvimento infantil.
44
É importante que as crianças realizem atividades que utilizem ambos os lados do
corpo para favorecer o desenvolvimento máximo na eficiência dos movimentos.
Lembrando que não se deve impor à criança a escolha de uma das mãos, e sim favorecer
a escolha feita pela criança, já que uma lateralidade contrariada contribuirá para o
surgimento de problema na aprendizagem.
Uma das condições indispensáveis para o aprendizado da leitura é o
desenvolvimento da capacidade simbólica e analítica, uma linguagem e desenvolvida e
o desejo de ler. As capacidades de seriar, ler e transcrever da esquerda para a direita e
de se concentrar depende em parte do equilíbrio afetivo e em parte do esquema corporal
na medida em que este traduz equilíbrio e controle do corpo e da respiração.
Entende-se como esquema corporal, a imagem, o uso e o conhecimento que se
desenvolve do corpo em movimento ou em posição estática, em relação aos objetos e
espaço ao seu redor. É a consciência que o indivíduo tem do próprio corpo, suas partes ,
seus movimentos, posturas e atitudes.
Quanto à escrita, pode-se considerar o grafismo como uma coordenação de
movimentos finos que vão sendo treinados desde o início do pré-escolar, através de
atividades que desenvolvam a coordenação motora fina( coordenação dos dedos e das
mãos). As condições gerais para se chegar à escrita incluem um bom controle muscular,
independência segmentária, coordenação visual motora e organização espaço-temporal.
O controle muscular começa com a inibição dos movimentos globais até atingir
a coordenação dos movimentos finos, através do manuseio de objetos cada vez menores.
A independência dos braços em relação ao tronco e sobretudo da mão em
relação ao antebraço é uma independência fundamental no início da vida da criança.
Após ter adquirido esta capacidade, a criança poderá exercitar uma coordenação
funcional da mão através também de movimentos de preensão e na pressão exercida
45
sobre o instrumento dependerá do relaxamento e este é trabalhado através da vivência
de atividades adequadas.
O melhor meio de ajudar a criança é fazer com que ele se sinta, ou melhor,
perceba o seu corpo estático ou em movimento.
A teoria construtivista de Emília Ferreiro visa transformar o processo de
alfabetização; além de contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança em
todos os níveis.
Essa teoria surgiu trazendo idéias modernas apoiadas a nível pedagógico, o que
realmente facilita a aplicação do novo estilo na alfabetização.
“Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas
em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o
objetivo dessa aprendizagem. São provavelmente essas práticas
(mais do que métodos em si) que têm efeitos mais duráveis a
longo prazo, no domínio da língua escrita como em todos os
outros. Conforme se coloque a relação entre o sujeito e o objeto
de conhecimento, e conforme se caracterize a ambos, certas
práticas aparecerão como “normas” ou como “aberrantes”. É
aqui que a reflexão psicopedagógica necessita se apoiar em uma
reflexão epistemológica.” (FERREIRO, 1992, p.12)
Um outro fator fundamental é a valorização do conteúdo que a criança traz para
a escola, adquirindo no meio ambiente em que vive.
No construtivismo, há uma integração entre os conhecimentos anteriores e
novos, inserindo-a em contexto mais amplos e socialmente determinantes, o que
certamente contribui para uma transformação na escola.
Outro projeto que vem beneficiando a prática pedagógica é o Bloco Único, uma
nova proposta de trabalho em que mostra a alfabetização devendo iniciar antes da
matrícula da criança na escola, ou melhor, ela começa a interagir com a escrita que
existe no mundo fora da escola.
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Dentro desse processo o professor deverá compreender os modos singulares de
cada criança avançar-recuar-avançar na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento, de
modo específico e geral. Só a partir dessa compreensão o professor poderá propor
reflexões, trabalhos, estudos e atividades que estejam adequados à realidade e às
necessidades da criança e da turma como um todo.
O professor precisa aprender a propor um trabalho diversificado para que
proponha novos desafios e suas crianças em condições diferentes de aprendizagem e de
desenvolvimento.
CONCLUSÃO
É necessário que o processo educativo dê atenção especial aos domínios afetivo
e motor, não só como meio de facilitação de aprendizagens cognitivas, como também
com o objetivo de promover no aluno de alfabetização o desenvolvimento de aspectos
fundamentais para sua participação social.
Observa-se que quando se encaminha os conceitos significativos com relação do
domínio afetivo verifica-se a inter-relação e interdependência dos comportamentos ao
domínio afetivo, cognitivo e psicomotor, de modo a ficar evidente que me cada
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momento do processo educativo deve-se dar atenção a todos eles, com o simples
propósito de se promover o desenvolvimento integral e harmonioso do educando.
Cabe ao educador dar mais atenção ao aluno enquanto pessoa e ao processo de
sua aprendizagem, do que aos conteúdos a serem transmitidos em período de tempo
determinado e para regulamentos a serem cumpridos, bem como, levá-los a analisar as
atitudes pessoais em relação aos efeitos que exercem sobre a formação do educando,
para, controlando-os empregá-los corretamente.
Torna-se necessário também compreender as influencias que o relacionamento
com os pais e as pessoas do meio em que vivem são marcantes no desenvolvimento da
aprendizagem, principalmente devido ao fato de absorverem e refletirem as diferenças
de cultura e classe social.
O educador precisa refletir sobre a relação contraditória existente entre a
liberdade de ação e escolha que vivem os educadores ao brincar e a intervenção do
adulto. Esta reflexão poderá auxiliar o educador a inserir o jogo ou a brincadeira infantil
no dia-a-dia de construção do conhecimento.
Entretanto é necessário que o educador valorize a brincadeira das crianças, saiba
utilizar os espaços da escola, reconheça os objetivos dos brinquedos, dos livros, dos
materiais de sucata e oferecer às crianças condições para que explorem e utilizem os
mesmos.
A Escola deve tornar-se um espaço onde a criança invente, imagine e vivencie
situações lúdicas. Pois é brincando que a criança conhece a si e ao mundo e vai
descobrindo suas próprias possibilidades e conhecendo os elementos do mundo exterior
através da comparação de suas características, tais como, macio, duro, leve, pesado,
grande, pequeno, etc..
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Uma vez percebendo que a Educação Psicomotora exerce papel determinante no
desenvolvimento infantil a escola não pode ignorar tão valioso recurso em seu
planejamento curricular.
Concluímos que o movimento o movimento impulsiona o indivíduo em direção
ao seu desenvolvimento, portanto, propiciar o jogo, a brincadeira, significa oferecer
situações que desafiam o raciocínio, desequilibrando esquemas de ação já estabilizados
e gerando outros cada vez mais diferenciados.
Sabe-se que a construção de uma escola democrática não depende apenas da
aplicação de políticas de financiamento, mas também passa pela adoção de uma
proposta curricular que garanta um trabalho pedagógico de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
56
PRIMEIRA ATIVIDADE CULTURAL: ORQUESTRA SINFÔNICA
NACIONAL – TEATRO DA UFF
57
SEGUNDA ATIVIDADE CULTURAL: SUCESSOS DA BROADWAY
TEATRO DA UFF
TERCEIRA ATIVIDADE CULTURAL: CELEBRARE –PRAIA CLUBE
SÃO FRANCISCO
58
QUARTA ATIVIDADE CULTURAL: ESPETÁCULO “NÃO FUI EU”
TEATRO ABEL
QUINTA ATIVIDADE CULTURAL: INTIMIDADE INDECENTE
TEATRO DA MAISON DE FRANCE
59
SEXTA ATIVIDADE CULTURAL: JERRY ADRIANI- TEATRO
UFF
SÉTIMA ATIVIDADE CULTURAL: O LAGO DOS CISNES
BALLET E ORQUESTRA DO THEATRO MUNICIPAL DO RJ
60
OITAVA ATIVIDADE CULTURAL: A ÓPERA DO MALANDRO
TEATRO CARLOS GOMES
ÍNDICE
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
CAPÍTULO I- A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO DE TODOS.........................12
CAPÍTULO II- O ANALFABETISMO NO BRASIL...............................................19
CAPÍTULO III- A ALFABETIZAÇÃO NUMA VISÃO “LIBERTADORA”..........24
61
CAPÍTULO IV- REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DO ALFABETIZADOR............33
CAPÍTULO V- A RELAÇÃO ENTRE A PSICOMOTRICIDADE E A
APRENDIZAGEM.......................................................................................................38
ASPECTOS MOTORES..............................................................................................40
FINO.............................................................................................................................40
VISO-MOTOR..............................................................................................................41
GROSSEIRO.................................................................................................................41
ÁUDIO-MOTOR...........................................................................................................42
CONCLUSÃO...............................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................48
ANEXOS........................................................................................................................55
Primeira Atividade Cultural............................................................................................56
Segunda Atividade Cultural............................................................................................56
Terceira Atividade Cultural.............................................................................................57
Quarta Atividade Cultural...............................................................................................57
Quinta Atividade Cultural...............................................................................................58
Sexta Atividade Cultural.................................................................................................58
Sétima Atividade Cultural...............................................................................................59
Oitava Atividade Cultural................................................................................................59
ÍNDICE............................................................................................................................60
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