Red Econolatin - PUC-SP

Propaganda
Red Econolatin www.econolatin.com Expertos Económicos de Universidades Latinoamericanas
BRASIL
Fevereiro 2012 Profa. Anita Kon PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ‐ PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS‐
GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA. 1. SITUACIÓN ECONÓMICA
ACTIVIDAD ECONÓMICA
As avaliações oficiais sobre a atividade econômica da indústria em 2011,
divulgadas neste mês, mostram que pós um ano muito fraco, a produção
teve uma recuperação não significativa em novembro (0,3%), porém este
desempenho não foi capaz de recuperar quedas sucessivas entre agosto e
outubro (-2,6%) e para 2012 é esperado fraco crescimento.
A crise européia afeta o Brasil e em primeiro lugar a indústria, setor que
mais ligado à economia global e sensível às oscilações do câmbio e aos
fluxos de comércio internacional. Este setor está consideravelmente afetado
pela concorrência com importados, vem enfrentando também dificuldade
em colocar produtos no exterior devido ao fraco crescimento dos países
desenvolvidos e ainda pela alta dos juros que prevaleceu até agosto de
2011 e ajudou a esfriar a economia e o setor industrial em especial.
No entanto, existem alguns sinais de melhora devido à desvalorização
recente do real, redução de estoques em ramos como o automobilístico.
bem como a redução dos juros desde agosto.
A indústria vem crescendo menos que o setor de serviços (inclusive o
comércio) que não sofre a concorrência externa, e, portanto se beneficia
mais com o aumento das novas classes de consumidores e renda. O
comércio cresceu acima do esperado no final de 2011, reforçando os sinais
de recuperação da economia depois de um terceiro trimestre de
estagnação. Os consumidores de classe mais baixa serão os principais
beneficiários do aumento do salário mínimo, que já está em vigor,
reajustado em 14.13%, embora os analistas acreditem que a renda total e
o consumo não deverão aumentar tanto com o aumento do salário mínimo.
SECTOR EXTERIOR
O Banco Central informa que em 2011, os brasileiros gastaram no exterior,
quase 30% a mais em relação a 2010, a maior parte desse montante é
formada por despesas feitas no cartão de crédito (cerca de 60%, com todos
os tipos de gastos, incluindo viagens internacionais) e com turismo (quase
38% do total, excetuando os pagamentos com cartão). Neste ano, apesar
de os valores continuarem crescendo, a alta se desacelerou, pois o dólar se
tornou mais caro em relação ao real. Os resultados levaram a um déficit
recorde nas transações correntes. Por outro lado, a conta financeira e de
capital (onde estão os investimentos feitos por estrangeiros no Brasil) foi
positiva, particularmente devido ao Investimento Estrangeiro Direto (IED),
pois os fundamentos da economia brasileira são considerados sólidos e os
IED também foram recordes, e financiaram o déficit em transações
correntes.
Para 2012, a expectativa do Banco Central é que o déficit continue
crescendo mas de forma mais moderada, tendo em vista que o câmbio e a
incerteza do cenário internacional devem contribuir para que o turista seja
mais cauteloso. Em janeiro o IED deve alcançar US$ 4,5 bilhões e o déficit
em transações correntes deve terminar o mês em US$ 6,7 bilhões, o que
significa alta ante o mês anterior. Já na segunda semana de fevereiro, a
balança comercial registrou superávit de US$ 1,155 bilhão e com esse
desempenho o país passou a acumular superávit pela primeira vez no ano, pois
até a semana anterior, havia déficit. O aumento ocorreu em razão do
crescimento das exportações de produtos básicos, manufaturados e
semimanufaturados.
SECTOR PÚBLICO Y POLÍTICA FISCAL
A equipe econômica do Ministério da Fazenda anunciou que contenção de
gastos do governo federal e a arrecadação acima do esperado no ano
passado geraram uma economia superior à meta do Ministério, que será
usado para abater a dívida pública, está em cerca de R$ 92 bilhões. Esta
estimativa de superávit primário animou no governo sobre a tese de que
não será preciso anunciar corte muito forte no Orçamento da União em
fevereiro, porem o governo discute um corte de despesas da ordem de R$
60 bilhões para 2012, com o objetivo é economizar o suficiente para fazer
um superávit primário de 3,1% do Produto Interno Bruto.
O superávit abrirá espaço para que o Banco Central continue reduzindo as
taxas de juros da economia, com a melhora da situação fiscal. Em 2012 o
desafio é reduzir despesas sem inviabilizar o crescimento. Pelo fato de que
a economia brasileira entrou em 2012 ainda em desaceleração é prevista
menor aumento da arrecadação e para tentar aumentar o crescimento já no
primeiro semestre de 2012, o Executivo determinou a ampliação do
investimento público.
Por sua vez, a Previdência Social fechou 2011 com o menor déficit nas
contas desde 2002, como reflexo do aumento do emprego formal. E pela
contenção das despesas com aposentadorias no ano devido ao reajuste
pouco significativo do salário mínimo naquele ano, que sofreu apenas a
correção da inflação. O governo espera ao menos manter o mesmo patamar
de déficit para o ano de 2012.
EMPLEO
Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que em 2011 o
Brasil registrou a criação de 1,9 milhões de vagas de trabalho com carteira
assinada. Este número, que se situou abaixo da meta do governo, foi
23,5% menor que o registrado em 2010. O Ministério do Trabalho salientou
que o resultado é decorrente de fatores sazonais, como entressafra
agrícola, término do ciclo escolar, esgotamento da bolha de consumo no
final do ano e fatores climáticos. Por outro lado, a Confederação Nacional da
Indústria também registrou queda na produção e no emprego em 2011.
No entanto, ainda que sob efeito da crise internacional e num cenário de
economia mais fraca, o mercado de trabalho das maiores metrópoles do
Brasil teve em 2011 a mais baixa taxa de desemprego desde pelo menos
2002, segundo o IBGE. Isto se verificou diante da menor procura por
trabalho, quando a taxa de desemprego diminuiu de uma média anual de
6,7% em 2010 para 6% em 2011 e em dezembro a taxa caiu para 4,7%,
mais por conta da redução da procura de trabalho do que pelo crescimento
expressivo da abertura de novas vagas.
Está ocorrendo no país um excedente de postos de trabalho disponíveis
para trabalhadores mais qualificados e muitas empresas enfrentam a
escassez de engenheiros e a falta de mão de obra técnica, associada à alta
rotatividade de quem já está nas empresas.
POLÍTICA MONETARIA E INFLACIÓN
O Banco Central anunciou em fevereiro, na primeira reunião do ano, queda
de 0,5% na taxa de juros (Selic) que serve de referência para toda a
economia, que se situou em 10,5% ao ano e que foi a quarta redução
consecutiva, desde agosto de 2011. No entanto, manteve em aberto a
dúvida do mercado sobre até quando cortará os juros em 2012. O
comunicado divulgado argumenta que um ajuste moderado no nível da taxa
básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta
em 2012. Os analistas acreditam que, o BC indica um ciclo maior de queda
nos juros para até um dígito, numa taxa de 9,5% ao fim de 2012. Mesmo
com a redução da taxa básica, consumidores e empresas pagam juros altos.
Porém os diretores que integram o Comitê de Política Monetária se
comprometem a reduzir a taxa Selic no ano. argumentando que a
desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011 foi
maior do que se antecipava e de que não há uma solução definitiva para
crise financeira na Europa.
Com relação à inflação, a prévia oficial (IPCA-15) para fevereiro de 2012
ficou em 0,65%, acima do que esperavam os economistas. Contribuiram
para esta alta, além dos aumentos típicos da época, os preços das refeições
fora de casa e das passagens aéreas e de ônibus.
No que se refere à dívida pública brasileira, o ano de 2011 se encerrou com
a menor parcela da história de títulos remunerados pela taxa básica de
juros. Esta queda indica uma melhora no perfil da dívida, já que, do outro
lado, aumentaram as participações de títulos prefixados atrelados a índices
de preços (de 26,6% para 28,3%), o que ajuda o governo a dar mais
previsibilidade em relação ao que será pago em juros da dívida. Dará ainda
maior margem de manobra para as ações do Banco Central, que poderá
aumentar a Selic sem que isso se reflita em um aumento da dívida pública.
MERCADOS FINANCIEROS
O Tesouro Nacional conseguiu menor taxa de juros no mercado financeiro,
ao ofertar títulos brasileiros nos mercados dos Estados Unidos e da Europa,
quando foram emitidos papéis com vencimento em 2021 com taxa de
retorno ao investidor de 3,449% ao ano. Esta emissão de títulos soberanos
de dívida é utilizada para levantar recursos e financiar operações sem ter de
fazer empréstimos no mercado e ainda para criar uma taxa de referência
para empresas brasileiras que buscam recursos financeiros no exterior.
A Bolsa de valores de São Paulo, (Bovespa) conseguiu manter o ritmo de
negócios crescentes em 2011 apesar do da crise que resultou em
diminuição de 18,11% da bolsa. Os analistas afirmam que diante do quadro
instável, a Bolsa apostou em novidades tecnológicas como as transações de
alta frequência, feitas por supercomputadores pré-programados para
identificar possibilidades mínimas de ganhos, nos negócios com fundos de
índices (ETFs) e no aluguel de ações, ou seja, matéria-prima de operações
que permitem apostar na queda dos papéis (venda a descoberto).
Apesar da crise, os investidores estrangeiros continuaram presentes na
Bolsa brasileira e ainda elevaram sua participação nos negócios de 29,6%
para 34,7%, apesar do saldo de aplicações terminar negativo em R$ 1,352
bilhão. Apresentaram crescimento os negócios com fundos imobiliários que
quase triplicaram e os negócios com commodities e derivativos financeiros
(juros, dólar, euro etc.). Porém a aplicação de maior ganho em 2011
(15,9%), foi o ouro que triplicou os negócios.
TIPO DE CAMBIO
O Banco Central informou que o fluxo de dólares para o país em 2011 foi
positivo em US$ 65,27 bilhões, mas na primeira semana de 2012 foi
negativo em US$ 707 milhões. Este resultado desta semana se deve à saída
de US$ 859 milhões da conta financeira e a entrada de US$ 153 milhões
nas operações comerciais.
O índice Big Mac, calculado pela revista "The Economist", aponta que o real
é a quarta moeda mais cara do mundo. Isto indica que pela paridade do
poder de compra, o real está sobrevalorizado em 32% em relação ao dólar.
A valorização do dólar na segunda metade de 2011 aumentou os ganhos
dos exportadores brasileiros e provocou forte alta do faturamento da
indústria em novembro e de acordo com a Confederação Nacional da
Indústria, a receita do setor manufatureiro subiu 2,2% naquele mês, já
descontada a inflação, a maior alta em nove meses, devido ao câmbio. No
período anterior, entre março de 2009 e julho de 2011, o real havia sofrido
forte valorização que permitiu que as empresas importassem componentes
mais baratos, reduzindo seus custos e elevando o faturamento. No entanto,
a alta da receita via aumento de importações devido à valorização do real,
foi prejudicial à cadeia produtiva. De acordo o Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento da Indústria, a recente alta do dólar não vai impedir o
aumento das importações, mas deve reduzir o ritmo de expansão.
2. PERSPECTIVAS ECONÓMICAS
Analistas projetam que no ano de 2012 começará com recuperação, porém
modesta e frágil e o país deve crescer pouco mais de 3%. Os analistas
mostram que o Brasil tem fragilidades na infra-estrutura produtiva e
financeira que limitam a capacidade de crescimento. O baixo nível de
investimento ao longo dos anos criou empecilhos que estabelecem um
limite baixo à capacidade de crescer sem gerar inflação. A piora da crise nos
países desenvolvidos tende a agravar o cenário, através das perspectivas
negativas de empresários e consumidores, que acabam cortando gastos.
Uma menor demanda pelos produtos exportados pelo Brasil e uma queda
no fluxo de investimentos externos também devem limitar a retomada
econômica em 2012 e, além disso, os analistas consideram que as
principais metas econômicas do governo para 2012 são incompatíveis.
O governo quer elevar o crescimento para 4% a 5% e ao mesmo tempo
trazer a inflação para perto da meta de 4,5%, acelerando investimentos e,
simultaneamente, conter a alta dos gastos públicos, o que vai depender de
um forte aumento da arrecadação, o que parece improvável devido ao
crescimento mais modesto esperado para este ano. Em 2012, as
perspectivas são de que será difícil alcançar as duas metas, mas o
Ministério da Fazenda, prevê que o governo vai cumprir a meta fiscal deste
ano, uma economia de 3,1% do PIB desde que voltará a reduzir as
despesas com o funcionalismo federal e o governo espera um aumento da
arrecadação de impostos, como resultado do maior crescimento da
economia.
3. SITUACIÓN POLÍTICA
No fim do primeiro ano de seu governo, a presidente Dilma Rousseff atingiu
um índice de aprovação recorde, maior que o alcançado nesse estágio por
todos os presidentes que a antecederam desde a volta das eleições diretas.
A imagem afetada pelos problemas políticos que marcaram o início de sua
gestão, desde que ela demitiu sete ministros em 2011, sob suspeita de
corrupção.
A presidente realizou uma série de discussões setoriais, e políticas, para
realizar a primeira reunião ministerial do ano em fevereiro cobrando mais
empenho de sua equipe nas ações do governo federal e medidas para
estimular a economia do país. No encontro, foi anunciado um sistema de
acompanhamento dos programas prioritários para o Planalto, que será
coordenado pela Casa Civil. O monitoramento envolve a entrega de
relatórios semanais com a avaliação da execução e do andamento dos
projetos. As negociações com os aliados sobre a reforma ministerial ainda
estão em andamento.
Download