Valores fisiológicos de ovinos deslanados em diferentes horas do

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Valores fisiológicos de ovinos deslanados em diferentes horas do dia
Maria Vitória Serafim da Silva1; Josiel Borges Ferreira1; Clara Viviane Silva da Costa1*; Veruska Dyane
Matos de Araújo2
1
Pós-Graduando em Produção Animal, UAECIA-UFRN. E-mail: [email protected]
Zootecnista – UFRN.
*Autor apresentador
2
Resumo: Objetivou-se avaliar os valores de temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR) e frequência
cardíaca (FC) em ovinos Dorper e Soinga em diferentes horas do dia. Foram utilizadas vinte fêmeas, aferindo-se
os parâmetros fisiológicos às 10, 14 e 19 horas além dos registros de umidade relativa do ar e temperatura
ambiente. Os ovinos Soinga apresentaram melhores indicadores fisiológicos de TR, FR e FC, além de manterem
esses mesmos valores em uma escala menor, quando comparados à raça Dorper.
Palavras-chave: comportamento, fisiologia, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura retal
Physiological values of wooless sheep in different times of the day
Abstract: Aimed to evaluate the rectal temperature values (RT), respiratory rate (RR) and heart rate (HR) in
Dorper sheep and Soinga at different times of day. Twenty females were used, checking up the physiological
parameters at 10, 14 and 19 hours in addition to the relative humidity and temperature records. The Soinga sheep
showed better physiological indicators of TR, FR and HR, as well as keep the same values in a smaller scale
compared to the Dorper.
Keywords: behavior, physiology, cardiac frequency, respiratory rate, rectal temperature,
Introdução
Os valores referenciais de diversos parâmetros utilizados para avaliação de uma espécie animal de
interesse pecuário tornam-se necessários para obtenção de informações úteis, possibilitando um correto
diagnóstico dos processos patológicos e homeostáticos (FERREIRA, 2015).
A manutenção da homeotermia de animais submetidos aos diferentes sistemas de criação exige um
grande esforço no controle de mecanismos termorreguladores e diminuição das taxas metabólicas com a intenção
de diminuir a produção de calor endógeno (MORAIS, 2011). Geralmente, os primeiros mecanismos ativados são
a temperatura retal, a frequência respiratória e a frequência cardíaca, estes mecanismos são expressos com o
objetivo primordial na diminuição ou aumento de calor endógeno. Ribeiro et al. (2015), com o objetivo de traçar
o perfil adaptativo de duas populações de cabras (brasileira e italiana) e verificaram que a temperatura retal, a
frequência respiratória e cardíaca sofreram modificações em seus valores de acordo com o período do ano (verão
e inverno). É importante ressaltar que estes valores apresentam-se de forma particular de acordo com a raça,
grupo genético, sua localização geográfica e o sistema de criação.
O presente trabalho objetivou avaliar os valores de temperatura retal, frequência respiratória e
frequência cardíaca em ovinos da raça Dorper e Soinga em diferentes horas do dia.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no parque de exposições Aristófanes Fernandes, localizado na cidade de
Parnamirim/RN, próximo a capital litorânea de Natal, RN. Foram utilizados vinte ovelhas, sendo dez da raça
Dorper e dez da raça Soinga. Os dois grupos de animais foram mantidos em baias coletivas durante todo o
experimento, sob luminosidade natural, alimentados com feno, concentrado e água ad libitum.
Os parâmetros fisiológicos foram medidos três vezes ao dia, às 10, 14 e às 19 horas, durante quatro dias
consecutivos. Os parâmetros utilizados para avaliar o comportamento fisiológico dos animais foram: temperatura
retal (TR), aferida com um termômetro clínico digital, frequência respiratória (FR), observado através dos
movimentos do flanco do animal e a frequência cardíaca (FC), utilizando-se um estetoscópio no nível das
primeiras costelas da região torácica e com o auxílio de um cronômetro durante em um período de 60 segundos,
determinou-se os batimentos cardíacos por minuto. Paralelamente às medições das variáveis fisiológicas, foram
registradas a umidade relativa do ar e a temperatura ambiente através de um termo higrômetro digital.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e os valores médios foram comparados
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
No presente trabalho notou-se que os valores da temperatura ambiente variaram entre 29,9–31,6°C e os
de umidade relativa do ar entre 52–55%, níveis estes que podem gerar um desconforto térmico aos animais e
variação de temperatura, podendo causar redução no consumo de alimentos, aumento do consumo de água,
alteração da taxa metabólica e alterações indesejáveis nas concentrações de hormônios que regulam o
funcionamento do corpo do animal.
As médias de temperatura retal, frequência respiratória e frequência cardíaca estão apresentadas na
tabela 1.
Tabela 1. Valores médios seguidos de desvio padrão da temperatura retal (TR, °C), frequência respiratória (FR,
movimentos/minuto) e frequência cardíaca (FC, batimentos/minuto) de ovelhas da raça Dorper e grupo genético
Soinga em diferentes horas do dia.
Variáveis
fisiológicas
Dorper
Soinga
10 horas
14 horas
19 horas
10 horas
14 horas
19 horas
TR
39,38±0,11aA
39,44±0,15aA
39,54±0,11aA
38,71±0,08aB
38,8±0,08aB
38,81±0,07aB
FR
106,70±3,61aA
99,40±5,10aA
93,75±3,61aA
82,35±3,42aB
84,45±3,42aB
80,90±3,34aB
FC
115,15±5,02aA
121,50±7,10aA
93,50±5,02bA
44,15±3,80aB
47,2±3,80aB
35,52±3,71aB
a e b – letras diferentes na mesma linha indicam diferenças estatísticas significativas (p<0,05) entre os diferentes
horários pelo teste de Tukey.
A e B – letras diferentes na mesma linha indicam diferenças estatísticas significativas (p<0,05) entre o horário e
a raça pelo teste de Tukey.
Não houve diferenças significativas de variável fisiológica para a mesma raça em relação às diferentes
horas do dia (Tabela 1), com exceção da FC nos ovinos da raça Dorper, apresentado menores valores às 19
horas, justificado por ser o horário que apresenta médias menores de temperatura.
O perfil adaptativo mais dinâmico do Soinga justifica–se pela composição de sua raça: Bergamacia,
Morada Nova e Somalis Brasileiro. Recentemente, Santos et al. (2003), estudando as respostas fisiológicas de
ovinos Santa Inês, Morada Nova e de seus mestiços com a raça Dorper, concluíram que os animais da raça
Morada Nova foram os mais adaptados, enquanto os mestiços Santa Inês x Dorper apresentaram-se como os
menos adaptados.
Houve diferenças significativas para todas as variáveis fisiológicas, quando avaliadas nos mesmos
horários entre as duas raças. Os animais do grupo genético Soinga apresentaram menores médias em todas as
variáveis fisiológicas, demonstrando maior resistência que os animais da raça Dorper, que por sua vez,
demonstraram um comportamento visível de desconforto ao ambiente em que foram submetidos.
Os ovinos apresentam uma temperatura retal média de aproximadamente 39,1°C e de acordo com
McDowell et al. (1976), uma elevação 1°C ou menos na temperatura retal é o bastante para reduzir o
desempenho na maioria das espécies de animais domésticos.
A tolerância ao calor e a adaptabilidade a ambientes tropicais e subtropicais são fatores importantes na
produção ovina. Dados importantes que servem para orientação na introdução de novas raças em uma região e
no direcionamento de cruzamentos, a fim de obter animais mais adaptados as condições ambientais da região.
Para o alcance na eficiência produtiva, além de um manejo alimentar bem definido, é de fundamental
importância à genética, adaptada as condições edafoclimáticas do sistema, sendo o ovino Soinga mais uma opção
de raça para o nordeste.
Conclusão
Os animais da raça Soinga apresentaram melhores indicadores fisiológicos de temperatura retal,
frequência respiratória e frequência cardíaca, além de manterem esses mesmos valores em uma escala menor,
comparado à raça Dorper.
Referências Bibliográficas
Ferreira, J.B. Parâmetros clínicos, hematológicos, e bioquímicos de ovelhas da raça Morada Nova em
região semiárida. Rio Grande do Norte: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015. 52p. Monografia
(Graduação em Zootecnia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Morais, J.H.G. Caracterização de atributos adaptativos de ovinos da raça Morada Nova. Mossoró:
Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2011. 93p. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido, 2011.
McDowell, R. E.,Hooven, N. W.,Camoens, J. K. Effects of climate on performance of Holsteins in first lactation.
Journal Dairy Science, Champaign, v. 59, p. 965-973, 1976.
Santos, J. R. S., Souza, B. B., Souza et al. Avaliação da adaptabilidade de ovinos da raça santa inês, morada nova
e mestiços de dorper, no semi-árido. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 40., 2003, Santa Maria, RS. Anais... Santa Maria: SBZ, 2003. p. 1-5.
Ribeiro, N.L., Filho, E.C.P.; Arandas, J.K.G. et al. Multivariate characterization of the adaptive profile in
Brazilian and Italian goat population. Small Ruminant Research, v. 123, p. 232-237, 2015.
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