INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA VANESKA CRISPIM VINAGRE MARTINS A CONDUTA DO ENFERMEIRO DIANTE DO PROCESSO DE TRANSPLANTE DE ORGÃOS/TECIDOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA JOÃO PESSOA – PB 2016 1 VANESKA CRISPIM VINAGRE MARTINS A CONDUTA DO ENFERMEIRO DIANTE DO PROCESSO DE TRANSPLANTE DE ORGÃOS/TECIDOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Terapia Intensiva, do Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo como um dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. Orientador: Dr. Douglas Carneiro Ferrari JOÃO PESSOA – PB 2016 2 RESUMO O transplante de órgãos/tecidos é uma alternativa terapêutica para um grande número de doenças que resultam em órgãos e tecidos com insuficiências ou falências e que tem como intuito obtiver a qualidade e perspectiva de vida desses pacientes que se encontram em fase terminal. Os cuidados prestados pela equipe de enfermagem são essenciais nesse processo que é extremamente complexo. O presente estudo tem como principal objetivo avaliar a conduta dos enfermeiros diante do processo de transplante, sua importância e os mecanismo necessários para desenvolver um cuidado qualificado por esses profissionais, que envolvem desde doadores, receptores e familiares e devem estar pautados em conceitos éticos e legais. As informações foram obtidas no período de abril a junho de 2016, nas bases de dados SCIELO, e LILACS, utilizando-se como palavras-chaves: Doação de órgãos, Enfermagem e Transplante, e posteriormente a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, obteve-se 14 artigos adequados para estudo. Com a leitura das publicações observou-se a necessidade de reunir todo o aparato literário que permita analisar o conduta da equipe de enfermagem frente a conjuntura da doação/transplante de órgãos. Através disso concluiu-se que é necessário o incentivo e o investimento legal na capacitação desses profissionais para alcançar um cuidado qualificado e eficaz nesse processo visando manutenção dos órgãos que serão transplantados, estabilidade da saúde dos receptores e aparato psicológico dos familiares. Além disso, há necessidade também de promover educação popular em saúde sobre o transplante de órgão/tecidos principalmente em doadores com Morte Encefálica no qual os parentes têm dificuldade de lidar e aceitar a dor da perda e sem informações precisas se negam a realizar doação. Palavras-chave: Doação de órgãos. Enfermagem. Transplante. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................4 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ...............................................................................................6 3. METODOLOGIA ................................................................................................................8 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................9 5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................12 REFERÊNCIAS......................................................................................................................14 4 1. INTRODUÇÃO A qualidade do atendimento à saúde teve seus contornos diferenciados com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), o que só ocorreu a partir de um longo processo envolvendo movimentos populares desde os anos 70 (COELHO, 2012). Atualmente as melhorias advindas a partir de então refletem, por exemplo, no momento em que pacientes na iminência de morte podem prolongar suas vidas através de órgão e tecidos doados. A doação de um órgão dá início ao processo de transplantes. Para Pestana (et al., 2013), trata-se, pois, de uma alternativa terapêutica segura e eficaz no tratamento de diversas doenças que causam insuficiências ou falências de alguns órgãos/tecidos, que tem como finalidade alcançar a melhoria na qualidade e na perspectiva de vida desses pacientes. Esse processo ocorre a partir da remoção desses órgão/tecidos, em estado viável, de corpos humanos de doador cadáver ou de doador vivo. No caso, as pessoas em morte encefálica (doador cadáver), seus órgãos substituirão os órgãos comprometidos de outra pessoa (receptor). Esse procedimento é complexo, e envolve um conjunto de ações que transformam um potencial doador em um doador efetivo. É na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que geralmente ocorre esse processo de transformação de um potencial doador em doador efetivo, e para que ocorra com segurança é essencial que haja uma equipe multiprofissional qualificada e disposta a lidar com essa conjuntura seja em seu aspecto técnico-científica seja no humanístico, que são inerentes ao cuidado de enfermagem (PESTANA, et al.,2013). Um possível deslize de qualquer profissional atuante da equipe de transplantes pode conduzir a perda do potencial doador, e, consequentemente, a perda da expectativa de levar vida a outros indivíduos. O doador poderá dispor para transplante, ao mesmo tempo, coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino e rim, além de córnea, esclera, osso, cartilagem, tendão, menisco, fáscia, valva cardíaca e membrana amniótica. Para isso, é necessária a autorização do cônjuge ou familiar mais velho, obedecendo a linha sucessória, até o segundo grau (FREIRE, et al., 2015). Para Araújo, Massarollo (2014) no Brasil as principais causas da não realização do transplante de órgãos e tecidos com o doador cadáver são: o desconhecimento do conceito de 5 Morte Encefálica (ME), pela população ou por profissionais de saúde, inadequação da estrutura dos hospitais para a efetivação do diagnóstico de ME e subsídio ao Potencial Doador (PD) e negação dos parentes em autorizar a doação. Soma-se a essa problemática a péssima estrutura do sistema de saúde brasileiro, que podemos exemplificar com: pacientes acamados em corredores, longo tempo de espera para o atendimento, leitos de UTI insuficientes (FREIRE, et al., 2015). Desde os primórdios da realização de transplante de órgãos no Brasil que há participação da equipe de enfermagem. Seus mecanismos de cuidado envolvem a qualidade da assistência que preservem as necessidades humanas básicas de forma individualizada, que geram condutas harmônicas as características do indivíduo (CINTRA, DESTRO, 2008). No caso do doador com ME, o objetivo é minimizar a perda de órgãos transplantáveis decorrentes de parada cardíaca. De acordo com Cintra, Destro (2008), cabe a equipe de enfermagem possuir conhecimentos a respeito da monitorização e das repercussões hemodinâmicas advinda da reposição volêmica, administração de drogas vasoativas e terapêuticas de reposição hormonal, pois esses são responsáveis pela realização e controle de todos os dados hemodinâmicos do Potencial Doador, como também de um controle hídrico bem feito. Os enfermeiros têm papel essencial ao relacionarmos sua conduta em casos de transplante de órgãos e tecidos. Esse processo abarca muitos agentes e ações no cuidado ao potencial doador por tais profissionais, em busca da manutenção hemodinâmica e conservação de órgãos para transplante, assim como na afinidade com os familiares que precisam enfrentar a dor da perda e, lidar com a possível doação (ARAÚJO; MASSAROLLO, 2014). Destaca-se a necessidade de capacitar enfermeiros envolvidos no processo de doação, para desenvolver ações que aumente a quantidade de doações, e amenize o sofrimento de pessoas em fila de espera por órgãos/tecidos. Esses profissionais contribuem bastante para o sucesso do transplante. Para isso buscam prover assistência de alto nível, tanto aos receptores de transplantes, quanto a seus parentes, que permita a continuidade do tratamento fora do ambiente hospitalar (MENDES, et al., 2012). 6 O papel do enfermeiro e sua função são distinguidos de acordo com a sua formação profissional, cargo na instituição e cenário de prática. No Brasil, poucas instituições de ensino superior fornecem curso de formação nesta área de conhecimento. É essencial que esses analisem ininterruptamente sua prática profissional, visando formas de melhorar a assistência prestada a esses pacientes (MENDES, et al., 2012). 2. REFERENCIAL TEÓRICO Um dos progressos mais importantes da medicina moderna são os transplantes de órgãos. Desde os anos de 1950, os transplantes de órgãos têm sofrido constantes avanços no tratamento de doenças crônicas e terminais. De procedimento com elevado risco de morte, realizado apenas em indivíduos com insuficiência renal crônica em fase final, ascendeu para intervenção terapêutica eficaz nas doenças terminais de inúmeros órgãos. Esta satisfatória evolução é consequência de uma série de avanços, progresso jurídico e político para facilitar a doação e o transplante, métodos de captação, distribuição dos órgãos e tecidos, avanços dos artifícios cirúrgicos e da imunossupressão (FREIRE, 2015). O Ministério da Saúde afirma que o Brasil tem um dos maiores programas públicos de transplantes do mundo e possui na gratuidade da doação, na beneficência aos receptores e na não maleficência com relação aos doadores vivos suas principais diretrizes. (BORGES, et al., 2012). De acordo Mendes (et al., 2012) o número de transplantes realizados continua aumentado em todo o mundo. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, cerca de 30547 pessoas estão esperando transplante de órgãos em 2012, e no primeiro semestre foram realizados apenas 3.703 transplantes. Adicionalmente, ressalta-se que a efetividade do transplante relaciona-se diretamente ao doador falecido, pois, até o final de 2013, dos 7.649 transplantes de órgãos sólidos realizados no Brasil, apenas 17,9% ocorreram com doadores vivos (FREIRE, et al., 2015). Apesar de ser evidente o crescente número de doações e transplantes, em um dos grandes estados do Brasil (exemplo: Rio Grande do Norte), no ano de 2009, com 2,6 doadores 7 por milhão de população (pmp) e em 2012 com 16,4 pmp, ainda existem obstáculos limitantes, tais como: infraestrutura impropria e recursos humanos não especializado para realizar as etapas do processo de doação e, assim, dificultando o aumento do número e da qualidade de transplantes realizados (MENDES, et al., 2012). É importante destacar que o Sistema Nacional de Transplantes tem buscado elevar os índices de cirurgias realizadas na população que precisa dos transplantes, principalmente através de iniciativas de doação e captação de órgão, seja por doadores falecidos seja doadores vivos, e isso tem sido fundamental para fortalecer o número de programas de transplantes que só avança (MENDES, et al., 2012). A carência na notificação de morte encefálica e as falhas na conservação dos órgãos para a captação ainda representam grandes obstáculos à execução da doação. Nessa conjuntura, destaca-se a necessidade da preparação de enfermeiros relacionados a esse processo que envolve desde a busca de ações para diminuir a perda do potencial doador, visando elevar o número de doações, até reduzir o sofrimento de pessoas em fila de espera (MENDES, et al., 2012). Além disso, a espera exaustiva e indeterminada pelo doador compatível é vivenciado distintamente por cada paciente e seus familiares e envolve ansiedade, angústia e medo. A cronicidade da doença e o medo da morte causam diversos fatores estressantes e no transcorrer dessa espera, o que pode significar prejuízo para tratamento que está em andamento, bem como uma falsa expectativa com o passar do tempo ( Knihs, et al.,2013). A assistência sistematizada e qualificada implica no compromisso ético entre o profissional e o paciente, em uma relação de considerar as individualidades, tendo em vista uma constituição mútua. A justaposição da vivência dos profissionais de enfermagem com a realidade vivenciada pelo transplantados certamente contribui para uma adequada e qualificada experiência vivida por esse paciente, originando um cuidado direcionado para as suas necessidades biopsicossociais, além de nortear ferramentas de suporte para lidar com essa condição. Com isso, sabe-se que a equipe de enfermagem, também pela sua maior proximidade com o paciente, deve investir em um cuidado integral e não simplesmente técnico (BORGES, et al., 2012). 8 3. METODOLOGIA Pesquisa de natureza bibliográfica elaborada a partir de materiais publicados anteriormente, possibilitando ao investigador um maior e específico enfoque no arcabouço dos processos e resultados (GIL, 2008). Para Lakatos e Marconi (2009), o mecanismo metodológico em questão tem na sua íntegra alguns passos, que no geral envolvem: a escolha do tema, preparação de uma estrutura para o trabalho, identificação, localização, codificação, fichamento, crítica, julgamento e explicação/interpretação dos achados. Os materiais utilizados para pesquisa tiveram como enfoque principal o transplantes de órgãos e tecidos advindos de doadores cadáveres e vivos numa visão de cuidado e responsabilidades dos profissionais de enfermagem diante de uma equipe multidisciplinar. A procura dos artigos ocorreu nas bases de dados SCIELO, e LILACS no período abril entre junho de 2016, e utilizou-se como palavras-chaves: Doação de órgãos, Enfermagem e Transplante, de acordo com a identificação dos vocábulos contidos nos Descritores em Ciências da saúde desenvolvidos pela Bireme. Para inclusão foram usados os seguintes critérios: ano de publicação, no qual foram pesquisados entre os anos de 2008 a 2015, textos em português, disponíveis na íntegra e que abordassem a temática. De início encontrou-se 250 artigos que englobavam a temática, diante dos critérios de inclusão, apenas 14 artigos permaneceram, no qual foi feita leitura minuciosa, buscando abordar aspectos primordiais para o estudo e elaboração do texto da pesquisa. Ademais, foram congregados, considerados e analisados os conteúdos das publicações de acordo com a similaridade, permitindo melhor organização e promovendo a 9 interpretação futura destes conteúdos. Por meio disso, o material foi incorporado, agrupado e analisado detalhadamente em duas categorias: atribuições do enfermeiro e ética, legislação e qualificação. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os artigos utilizados nessa pesquisa foram publicados no intervalo dos anos de 2008 a 2015, sendo analisados minunciosamente 14 artigos. Como as publicações foram selecionadas e avaliadas, foi concluído que os cuidados da equipe de enfermagem são essenciais para o processo de transplantes de órgãos/tecidos e está além da assistência ao receptor, mas envolve também o cuidado para preservação do doador (cadáver ou vivo), e a atenção a seus familiares. É preconizada a equipe também a educação em saúde, visto que a falta de informação sobre ME é o principal causa da não efetivação das doações. Além disso, há necessidade de capacitação dos profissionais para lidar com os cuidados e assistência para os pacientes que vivem momentos de perdas e difíceis processos de terapia. Para desenvolver um estudo minucioso, foram reunidos e organizados dois importantes temas sobre o papel do enfermeiro nesse processo, com foco em suas funções como profissionais e os conflitos éticos e legais que estão inseridos nesse contexto. Por isso será discutido a seguir os principais fatores envolvidos no cuidado do enfermeiro frente ao processo de transplantes de órgãos/tecidos. 4.1 ATRIBUIÇÕES DA ENFERMAGEM De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem o enfermeiro responsável pelo processo de doação de órgãos deve atuar planejando, executando, coordenando, supervisionando e julgando os procedimentos de enfermagem proporcionados ao doador, além de, esquematizar e inserir ações que busquem a otimização da doação e captação de órgãos/tecidos para fins de transplantes. Já o 10 profissional responsável pela assistência a candidatos e receptores de transplantes cabe desenvolver a sistematização da assistência de enfermagem, em todos os mecanismos que envolvem o transplante de órgãos e tecidos ao receptor e família, e nisso está inserido o acompanhamento pré e pós-transplante (ambulatorial) e transplante (hospitalar) (MENDES, et al., 2012). Soma-se a isso, para Moraes (et al., 2015), a necessidade de um cuidado fundamentado em evidências em todas as etapas do processo de transplante, objetivando reestabelecer a saúde e a qualidade de vida desses pacientes. Os elementos-chave para esse processo incluem: a instrução ao pacientes; a inserção de intervenções que preservem ou aprimorem a saúde fisiológica, psicológica e social; o uso de medidas que provoquem alterações de comportamento e adesão ao tratamento em relação às terapias; assim como, prestar assistência aos usuários e seus familiares no planejamento, implementação e análise do cuidado; e gerar sistemas de apoio que busquem a otimização dos resultados dos transplantes de órgãos. Também está inserido entre as funções da enfermagem estratégias para o aperfeiçoamento dos mecanismos em que o cuidado em transplante é realizado. Por isso, é preciso manter e preservar a qualidade da assistência prestada, a colaboração e interação entre os profissionais envolvidos, implementação de táticas visem a promoção da educação em saúde, realização de pesquisas baseados em dificuldades vivenciadas na prática clínica. De modo geral, o profissional que atua nos transplantes de órgãos deve orientar suas ações para a educação em saúde, segurança do paciente e qualidade dos cuidados (GUETTI, MARQUES, 2008). 4.2 ÉTICA, LEGISLAÇÃO E QUALIFICAÇÃO No ano de 2004, a atuação do enfermeiro na captação e transplante de órgãos/tecidos foi normatizada pelo Conselho Federal de Enfermagem, tendo como exigência a necessidade de inserir a sistematização do cuidado prestado pela enfermagem. Devem ser respeitadas e preservadas também as exigências do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) 11 para garantir esta abordagem de tratamento no âmbito do Sistema Único de Saúde (MENDES, et al.,2012) Além disso, é essencial o estabelecimento de padrões de cuidados da enfermagem para a assistência nos transplantes de órgãos, para alcançar a melhoria dos resultados. Esses padrões de cuidado podem ser estabelecidos pela prática diária, por precedentes legais, diretrizes clínicas ou protocolos arquitetados por associações qualificadas. Sendo importante destacar que a atuação dos enfermeiros nos transplantes, baseada na ética e na legislação é essencial para conservar a autonomia, dignidade e os direitos de todos os atores abarcados por esse processo (MENDES, et al., 2012) Destaca-se também a necessidade de qualificação dos enfermeiros. Uma certificação garantiria por esses profissionais maior competência, informação/ciência e destrezas que promovam assistência qualificada para receptores, doadores de órgãos para transplantes, e familiares. Atualmente, no Brasil não há certificação voltada para os transplantes e poucas instituições preparam esses profissionais para tal. Entretanto a implementação de certificação para os essess profissionais resultará na formação de enfermeiros preparados para lidarem com o processo de doação e transplante (MENDES, et al., 2012). Ademais, os enfermeiros precisam congregar e assumir atitudes com as equipes de transplante, baseados em tais princípios éticos: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Já no processo doação de órgãos/tecidos para transplante é importante destacar que este processo está diretamente relacionado aos valores morais, éticos e religiosos das pessoas, visto que gera nos indivíduos o pensamento de finitude e na analogia com o corpo pós-morte (ARCANJO, OLIVEIRA, SILVA, 2013). Perante os dilemas éticos sobrevindos dos transplantes de órgãos, o enfermeiro pode se beneficiar de uma consulta ética, a qual pode abranger do cuidado em saúde, equipe e familiares dos pacientes (MORAES, et al., 2015). 12 CONCLUSÃO O transplante de órgãos/tecidos é uma opção terapêutica confiável por ser segura e decisiva no tratamento de várias enfermidades, produzindo otimização na qualidade e na expectativa de vida. Mediante a dificuldade enfrentada pela considerável escassez de órgãos doados é necessário incentivar e promover educação popular em saúde sobre o uso de órgãos captados de doadores com morte encefálica que é nos dias de hoje a principal fonte para transplantes. A rotina dos profissionais de enfermagem que atuam no cenário da terapia intensiva diante do processo de transplante/doação de órgãos e tecidos compreende dificuldades, valores e significados que interferem na assistência de receptores, famílias e doadores. Esses aspectos são entendidos através das experiências acumuladas ao longo da carreira desses profissionais, permitindo que esses enfermeiros direcionem suas expectativas, diante da manutenção de órgãos para transplantes, incentivados pela esperança e oportunidade de salvar vidas. A prestação de cuidados de enfermagem aos familiares dos potenciais doadores é extremamente importante para o processo de doação de órgãos. Ao congregar a assistência ao paciente aos cuidados prestados aos familiares alcança-se um ponto positivo para que ocorra o consentimento na doação dos órgãos do paciente em morte encefálica, visto que um dos principais fatores da não doação de órgãos a partir de doador cadáver é a recusa da família, geralmente por falta de informação e por não ter um aparato psicossocial por parte da equipe. Reforça-se, também a necessidade de capacitar os profissionais da enfermagem que estão inseridos nesse contexto de transplantes, visto que, como foi abordado, no Brasil não há 13 instituições que certifiquem esses profissionais. Além disso, como proposta de mudança a realização de programas para educação da população com o objetivo de aumentar o número de doações/transplantes. REFERÊNCIAS ARAUJO, Mara Nogueira de; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga. Conflitos éticos vivenciados por enfermeiros no processo de doação de órgãos. 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