A síndrome de Li-Fraumeni é uma doença rara que aumenta o risco de desenvolver vários tipos de cancro, particularmente em crianças e adultos jovens. Os cancros mais frequentemente associados à síndrome de LiFraumeni incluem o cancro da mama, osteosarcomas, e sarcomas dos tecidos moles. Outros tipos de cancros vistos nesta síndrome incluem tumores cerebrais, leucemias e carcinomas adrenocorticais (afetam a camada externa das glândulas adrenais). A síndrome de Li - Fraumeni tem sido associada a mutações da linha germinativa no gene TP53. As mutações podem ser herdadas ou podem ocorrer no início de embriogénese ou numa das células germinais dos pais. O TP53, que está localizado na banda 17p13.1, codifica o fator de transcrição p53, que tem uma importante função reguladora sobre a proliferação celular e a homeostase. Mutações somáticas (não germinativas) no gene TP53 são comuns em cancros humanos esporádicos, sustentando assim que as alterações do TP53 desempenham um papel importante no desenvolvimento do cancro. Apesar de inativação do TP53 conferir uma predisposição para o cancro, isso por si só não é suficiente, porque nem todas as famílias com esta doença têm alterações detetáveis do TP53. A ausência de mutações germinais do TP53 em algumas famílias com a doença sugere que outros genes podem estar envolvidos na síndrome ou que a proteína p53 pode sofrer alterações póstradução. A síndrome de Li-Fraumeni é herdada num padrão autossómico dominante, o que significa que uma cópia do gene alterado em cada célula é suficiente para aumentar o risco de desenvolvimento de cancro. Na maioria dos casos, uma pessoa afetada tem um pai e outros membros da família com os cancros característicos da doença. A síndrome de Li-Fraumeni parece ser rara, com cerca de 400 famílias descritas na literatura desde que foi caracterizada pela primeira vez em 1969; a sua incidência real na população é desconhecida. Num estudo de pacientes com sarcomas, em 10% das famílias com um osteosarcoma diagnosticado antes dos 20 anos ou com um sarcoma de tecido mole diagnosticado antes dos16 anos foram encontradas mutações germinativas no gene TP53.