FACULDADE ADVENTISTA DE HORTOLÂNDIA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JÉSSICA FLORENCE MONTANARI GRÜDTNER O ENDOMARKETING E SEU REFLEXO NA EMPRESA HORTOLÂNDIA 2014 JÉSSICA FLORENCE MONTANARI GRÜDTNER O ENDOMARKETING E SEU REFLEXO NA EMPRESA Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade Adventista de Hortolândia do curso de Administração, sob orientação do Prof. Ms. Wellington Roberto Schmidt. HORTOLÂNDIA 2014 Trabalho de Conclusão de Curso da Faculdade Adventista de Hortolândia, do curso de Administração, apresentado em 18 de maio de 2014. __________________________________________ Wellington Roberto Schmidt __________________________________________ Marcos Antonio Ferreira da Silva Dedico este trabalho primeiramente a DEUS. Aos meus pais, Gilson e Mirian, pelo insondável amor, dedicação e apoio para que eu sempre tivesse oportunidades para a minha formação moral, intelectual e acadêmica. AGRADECIMENTOS Como não poderia deixar de ser, agradeço primeiramente à Deus, pela oportunidade da vida; À minha família, pelo apoio e atenção, mesmo nas horas mais difíceis; Às amizades construídas no decorrer dos anos de estudos nesta instituição, que contribuíram para o meu crescimento como ser humano; À todos os amigos que torceram pelo meu sucesso; Especialmente ao meu estimado orientador, Prof. Wellington Roberto Schmidt que sabiamente me orientou e incentivou nessa pesquisa. A expansão externa de uma organização só ocorrerá se houver uma abertura interna das mentes. Saul Faingaus Bekin RESUMO Este trabalho aborda o endomarketing e sua aplicabilidade às empresas em geral, à luz da doutrina específica sobre o tema. A pesquisa se vale do método sistêmico bibliográfico, considerando os conceitos de marketing e endomarketing, e as suas formas de aplicação nas empresas. Para tanto foram utilizadas fontes bibliográficas relacionadas ao tema. Foi apresentada uma visão de conceituação do tema e as suas peculiaridades na aplicação. O trabalho também apresenta o endomarketing como ferramenta para aprimorar os resultados da organização, utilizando-se para tanto de processo de melhoria na comunicação interna, valorização, motivação dos funcionários e a necessidade de foco no cliente interno para o incremento das relações da empresa com o cliente externo. Conclui-se pela atualidade do endomarketing como ferramenta de integração das relações entre empresa e cliente interno, e os seus reflexos positivos para os resultados da organização. Palavras Chave: Marketing; Endomarketing; Comunicação Interna; Motivação; Valorização. ABSTRACT This research explains the endomarketing and its applicability to companies in general, in light of the specific literature on the subject. The research is worth the bibliographic systemic method, considering the concepts of marketing and endomarketing, and their forms of application in enterprises. For both bibliographic sources related to the topic were used. A vision of conceptualization of the theme and its peculiarities in the application was submitted. The paper also presents the endomarketing as a tool to enhance the organization's results, using both process to improve internal communication, appreciation, employee motivation and the need to focus on internal customer relationships to increase the company's customer external. Its concluded that the current endomarketing as a tool for integration of relations between business and domestic customers, and their positive impact to the organization's results Keywords: Marketing; Appreciation. Endomarketing; Internal Communication; Motivation; LISTA DE ABREVIATURAS ARH – Administração de Recursos Humanos B2E – O Negócio Apresentado para Funcionários (business-to-employees) ERM – Gestão de Relacionamento com o Funcionário (employee relantionship management) PLR – Participação nos Lucros SWOT – Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1.1 Contextualização da Temática...................................................................... 1.2 Problemática da Pesquisa............................................................................. 1.3 Hipóteses........................................................................................................ 1.4 Objetivos......................................................................................................... 1.4.1 Objetivo Geral 1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................. 1.5 Justificativa 1.5.1 Relevância Pessoal..................................................................................... 1.5.2 Relevância Social........................................................................................ 1.5.3 Relação com a linha de pesquisa do curso............................................ 1.6 Metodologia.................................................................................................... 2 MARKETING...................................................................................................... 2.1 Origem e conceito de marketing.................................................................. 2.2 O endomarketing............................................................................................ 2.3 Marketing Interno........................................................................................... 2.4 Fundamentos do Endomarketing................................................................ 3 CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL......................................................... 3.1 Conceito de cultura organizacional............................................................. 3.2 Conceito de clima organizacional................................................................ 3.3 A influência da cultura e clima organizacional para a empresa e seus funcionários......................................................................................................... 4 COMUNICAÇAO INTERNA, VALORIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS................................................................................................... 5 ENDOMARKETING NAS EMPRESAS.............................................................. 5.1 A aplicabilidade do endomarketing............................................................. 5.2 Aspectos materiais para a implantação do plano de endomarketing..... 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 7 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 10 10 12 12 12 12 13 13 13 14 15 16 17 17 19 21 22 25 25 27 28 30 41 41 45 48 52 10 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização da temática Com o início da Revolução Industrial, no século XVIII, e a consequente especialização da mão de obra, as então famílias artesãs, profissionais autônomos e pequenos comerciantes enxergaram a necessidade de implantarem métodos que garantissem maior eficácia aos seus negócios. A administração já existia desde a antiguidade, porém não havia fundamentos que a sustentassem (CHIAVENATTO, 2006). A partir do século XX houve forte inovação na economia e consequentemente no mercado, e as então teorias ligadas a administração de empresas foram sendo aperfeiçoadas enquanto acompanhavam o desenvolvimento social e industrial. Como decorrência desse aperfeiçoamento, surgiu o ramo da administração denominado marketing, conceituado por Philip Kotler e Kevin Keller (2010, p. 4) como o estudo da “identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais”, ou seja, se cada vendedor souber identificar qual a vontade e necessidade do seu cliente, poderá desenvolver suas estratégias de vendas de acordo com o perfil desejado pelo cliente. O marketing é um conjunto de vários processos que juntos garantem acréscimos, melhorias e benefícios à organização. Essa ferramenta de administração faz parte das duas principais variáveis que regem a empresa: as vendas e o produto a ser vendido. Não existe empresa sem marketing, ou sem venda de produto (KOTLER; KELLER, 2010). O marketing pode ser definido também como a criação de um serviço ou produto que a empresa deseja vender, atribuição de valor, comunicação com os clientes e funcionários e principalmente a identificação sobre como vender o produto e para quem vendê-lo. Nesse sentido foi necessário que o marketing acompanhasse cada transformação, novidade e necessidade que surgisse no mercado a fim de garantir o crescimento e o desenvolvimento geral da organização. Devido a constantes mudanças do mercado tais como crescimento da economia, novas informações, concorrência cada vez mais acirrada, a qualidade de vida do trabalhador passou a ser vista como mecanismo que afeta diretamente a 11 visão de uma empresa. Surgiu, então, a necessidade de uma área ligada ao relacionamento entre o chefe, o funcionário e o produto vendido pela empresa, nascendo então o endomarketing, a “extensão da clássica função do marketing, só que voltada para dentro da organização” (BEKIN, 2004, p. 12). Endomarketing é, portanto, o campo que estuda diretamente a comunicação interna da empresa quanto ao relacionamento entre organização e funcionários. O endomarketing propõe que a empresa deve investir no seu funcionário, para que ele se sinta feliz, motivado e entenda sua função detalhadamente para a desenvolvê-la com qualidade. É de suma importância que as organizações estejam a par desse novo ramo da administração, pois nesta era de acirrada concorrência e expansão de mercado é fundamental que a empresa esclareça seus objetivos, sua visão, valores, missão e forneça as ferramentas necessárias para que os funcionários saibam a importância do seu trabalho, do produto que vendem, e da constante mudança do mercado, para saber estruturar planos de ação e alcançar a qualidade máxima de prestação de serviço. O estudo do endomarketing procura abranger três novas variáveis propostas no mundo dos negócios: a comunicação interna, a valorização e a motivação como fatores que influenciam fortemente no trabalho. Brum (2010, p. 17, 18), afirma que “a relação capital/trabalho foi evoluindo e as empresas passaram a assumir a responsabilidade que possuem com a qualidade de vida das pessoas”, portanto é necessário “respeitar as diferenças existentes e utilizá-las como fonte de crescimento [...] contribuindo para que as pessoas vivam num ambiente profissional mais feliz”. Assim, conclui-se que é fundamental que a empresa tenha uma gestão focada na qualidade de vida do seu trabalhador, para ele desenvolva suas atividades com qualidade. Na gestão de endomarketing, ouve-se muito sobre o marketing interno (BRUM, 2000). Para alguns autores brasileiros, tais como Daniel Costa, Analisa de Medeiros Brum, essa ferramenta é usada como sinônimo do endomarketing, porém, não há bibliografia que os diferencie ou que explique a igualdade entre os dois termos; portanto o presente trabalho abordará o assunto apenas sob a terminologia de endomarketing, não usando marketing interno como sinônimo e usando citações, ideias e pensamentos por meio de bibliografias brasileiras. 12 Deste modo, este trabalho tem como proposta explanar o endomarketing e suas abordagens, qual a sua importância, a necessidade da sua aplicabilidade, suas ferramentas de uso, as ideias que o regem e que auxiliam o ambiente interno da organização. Vale frisar que essa ferramenta de administração busca promover a comunicação interna como fator de crescimento e desenvolvimento, alavancando a qualidade e produtividade da empresa. Portanto, o endomarketing cria vantagem competitiva para as empresas que o adotam. 1.2 Problemática da pesquisa Qual a aplicabilidade do endomarketing nas empresas e os seus resultados? 1.3 Hipóteses Em tempo de acirrada concorrência, é imprescindível que as organizações busquem um diferencial. Programas de qualificação interna, treinamentos e outros investimentos que a empresa busca trazer para o âmbito do trabalho têm se intensificado, buscando sempre a melhoria para seu cliente interno. Como consequência direta dessa busca pelo diferencial, o uso da ferramenta endomarketing na gestão da empresa é aplicado, assumindo a ideia de atrair os clientes internos para o produto a ser vendido, para que o “comprem” e gerem resultados significativos para a empresa, no serviço que prestam e o vendam para o cliente externo. A aplicabilidade do endomarketing deve estar voltada apenas para o seu público interno (seus funcionários) colocando a comunicação interna e a valorização como uma chave que abre as portas para o desenvolvimento da empresa. Os resultados geridos por meio do plano de endomarketing são a consequência direta da junção de clima, cultura organizacional saudável, comunicação interna, valorização e motivação. 13 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral Averiguar e explanar a aplicação do endomarketing nas empresas, bem como demonstrar a importância e a influência dessa ferramenta de marketing. 1.4.2 Objetivos específicos Conceituar marketing, endomarketing e marketing interno; Explicar o que são cultura e clima organizacional; Examinar a influência da cultura e do clima organizacional para a empresa e seus colaboradores; Averiguar a importância da valorização, motivação e comunicação interna para o funcionário; Explicar os benefícios da implantação do endomarketing na empresa; Mostrar o que o endomarketing proporciona na área empresarial. 1.5 Justificativa 1.5.1 Relevância pessoal Um administrador deve planejar as metas da empresa e principalmente colocá-las em prática. Ele deve saber liderar e passar para os seus subordinados de forma clara quais são os objetivos da empresa, e de que maneira alcançá-los. Chiavenato (1999) comenta que a liderança é um dos processos chave de qualquer empresa, pois é através do exemplo do líder que os outros trabalharão, com ou sem qualidade. Ele afirma que “a liderança é uma forma de influência. A influência é uma transação interpessoal em que uma pessoa age para modificar ou provocar o 14 comportamento de outra pessoa, de maneira intencional” (CHIAVENATO, 1999, p. 553). A engrenagem é um produto mecânico composto por várias peças que rodam, ligadas a um eixo. Caso uma das rodas pare de funcionar ou não se movimente no tempo adequado, todo elemento é prejudicado. A empresa funciona como uma engrenagem, em que cada departamento é uma roda, e o eixo principal é a liderança da empresa. Se os departamentos buscarem trabalhar juntos, realizar suas atividades e obrigações com qualidade, a organização funcionará tranquilamente, caso contrário haverá atrasos nas atividades causando a perda do foco nas metas, pois estas envolvem o comprometimento de todas as partes, para que o alvo possa ser cumprido e alcançado no período de tempo estabelecido. Para que a empresa funcione de maneira qualificada, é de profunda relevância que os clientes internos tenham uma comunicação adequada entre eles e o seu chefe, possibilitando que cada funcionário saiba seu dever detalhadamente, como fazer seu serviço e a importância do seu trabalho. Essa maneira de como se comunicar gera curiosidade e interesse, pois como futuro administrador é necessário entender e saber estabelecer um diálogo objetivo que beneficie o trabalho. Uma empresa que busca investir no desenvolvimento da comunicação entre seus funcionários e supervisores e criar um ambiente agradável e saudável que qualifique o trabalho procura utilizar a ferramenta endomarketing, e é este tema que o presente trabalho irá tratar, beneficiando o leitor com informações mais aprofundadas e esclarecidas sobre o assunto. 1.5.2 Relevância social No século XVIII, antes da Revolução Industrial, o trabalho era árduo especialmente por envolver longas jornadas de trabalho. O ser humano era visto como apenas um instrumento de trabalho sem poder de decisão ou valorização adequada. Atualmente são gastas pelas empresas quantias significativas de dinheiro como investimento na qualidade de trabalho do ser humano, pois o indivíduo não é mais visto como simplesmente uma máquina e sim como aliado e parceiro da empresa. 15 A realização de estudos e pesquisas sobre valorização humana, tais como qualidade de vida no trabalho, qualidade do produto e serviço prestado, como manter os clientes internos fiéis a empresa, tem se intensificado, gerando várias novas descobertas sobre a maneira de fazer um funcionário trabalhar de forma feliz e motivada, para render frutos cada vez melhores para a empresa. As novas ferramentas, tais como treinamentos, gestão inovadora, são utilizadas com o fim de contribuir para o avanço da organização, passando a ser uma necessidade adotá-las na área empresarial. Como fruto dos estudos e descobertas sobre a valorização humana e novas formas de administrar, o endomarketing surge para fazer parte do conjunto de ferramentas que a empresa possui para manter seus funcionários motivados e felizes num clima organizacional que beneficie o trabalho, trazendo melhorias expressivas em relação a atividade que cada colaborador exerce. Essas melhorias trazem uma mudança positiva a empresa, o que gera um diferencial no mercado entre as demais. Por se tratar de um tema atual e que gera resultados significativos no âmbito empresarial, este trabalho de conclusão de curso visa contribuir significativamente para empresas que buscam a melhoria na comunicação com seus clientes internos, no clima organizacional da empresa, como também fornecer ideias e responder dúvidas frequentes que existem a respeito desse tema. 1.5.3 Relação com a linha de pesquisa do curso O que se espera de um futuro administrador é que ele faça a diferença no ambiente de trabalho. No início da faculdade é passado em aulas que o administrador deve saber causar essa diferença onde trabalha. Como gestor, um administrador precisa saber lidar com as pessoas que têm diferentes ideias, comportamentos, e conflitos. Meireles (2003) comenta que um administrador é um profissional capaz de identificar prioridades, realizar as atividades propostas, distribuir e delegar funções, saber trabalhar em equipe, possuir facilidade de relacionar-se e ter a capacidade de estabelecer uma comunicação, um diálogo adequado e saudável com seus clientes e principalmente com os outros funcionários da empresa, visando sempre o trabalho em equipe e a comunicação como a chave 16 para o equilíbrio empresarial. Portanto, um aluno que não possui essas habilidades deve procurar desenvolvê-las para que no futuro esteja pronto a realizar as atividades de um administrador. Através do endomarketing é possível que um administrador desenvolva habilidades para lidar com conflitos e principalmente com seus clientes internos na empresa, sendo assim é necessário que futuros formandos de administração tomem o devido conhecimento sobre este tema. 1.6 Metodologia Por tratar-se de um tema atual, muitos estudantes e mesmo administradores não conhecem ou não possuem o devido conhecimento sobre o quê é endomarketing, para quê ele serve, como e a quê ele se aplica, e qual sua influência na empresa. Assim, o presente trabalho busca “proporcionar maior familiaridade com o problema, vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses” (GIL, 2002, p. 41) e para tanto se valerá de pesquisa exploratória para elucidar e ampliar os conhecimentos acadêmicos sobre o tema. Serão utilizados os métodos de pesquisa e análise bibliográfica como procedimento primário para obter recursos para a análise do tema e sua elucidação; e no intuito de contextualizá-lo na prática, valer-se-á da pesquisa documental para análise específica de caso. 17 2 MARKETING 2.1 Origem e conceito de marketing Em seguida a Primeira Guerra Mundial e a crise da bolsa de Nova Iorque de 1929, a economia dos Estados Unidos passou por uma série de problemas financeiros, porém o país não deixou de financiar e fornecer produtos e materiais aos países europeus que haviam sido atingidos pela guerra. Dando continuidade a Primeira Guerra, a Segunda Guerra Mundial gerou um declínio na economia. Com o mercado em decadência e a miséria ganhando o cenário em países que antes eram considerados como grandes potências, comerciantes e vendedores tiveram a ideia de vender a qualquer preço para não perder sua única fonte de renda (VASCONCELLOS, 2002). Após a Segunda Guerra Mundial, por volta da década de 1950, a concorrência passou a se tornar cada vez mais acirrada por conta da economia em declínio e os vendedores começaram a buscar uma forma de atrair seus consumidores, pois comprar não era mais suficiente para o consumidor final, havia algo a mais que o cliente aspirava. O que o cliente desejava era descobrir qual produto era melhor, qual preço o interessava mais, em qual mercado o produto era mais bem qualificado, e qual era o benefício principal para ele ao comprar e consumir o produto (VASCONCELLOS, 2002). O conceito de marketing surgiu como resposta a todas essas necessidades do consumidor (KOTLER; KELLER, 2012). Las Casas (2009, p. 15) define marketing como: A área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem estar da sociedade. Em outras palavras, o marketing é toda troca que envolve duas ou mais partes, com um fim lucrativo, criando um relacionamento entre elas. Note-se como exemplo uma cadeia de fornecimento de suprimentos em que um fabricante de 18 pneus entrega seu produto a uma montadora de automóveis em um contrato de fornecimento continuo. Assim é possível perceber que a continuidade do relacionamento se dá em razão de alguns motivos: seja a confiança do comprador na qualidade do produto, preço competitivo, prazos de entrega de acordo com a necessidade do comprador, gerando uma rede de relacionamento em razão a confiança às relações entre ambas às partes. Este exemplo demonstra que o marketing permeia todas as atividades da empresa fornecedora e da outra parte, criando condições para um negócio confiável e benéfico para todos. Las Casas (2009, p. 16) em sua definição de marketing, divide o termo em dois componentes principais para melhor compreensão. O primeiro deles se refere à troca de um produto. Para que exista a troca é necessário que primeiro existam ao menos duas partes e que estejam satisfeitas com a negociação, e isto não inclui apenas a “troca de mercadorias, mas também qualquer outra onde exista um objetivo para permuta que irá gerar satisfação ao adquirente”. Esta troca deve gerar um valor para o consumidor final, pois o marketing agrega valor ao produto. O segundo componente é compreender que o objetivo principal da venda ou troca do produto não é apenas a criação de valor ou a venda, mas obter lucros qualitativos para a empresa, como por exemplo, criar uma imagem de confiabilidade e competência perante o cliente. O marketing é popularmente confundido como sendo somente um tipo de propaganda ou publicidade, no entanto ele assume um papel vital na condução de uma empresa. Esta atividade “envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais” (KELLER; KOTLER, 2006, p. 4). Sendo assim, esta ciência não estuda apenas como atingir o cliente, e sim busca entender como aquele produto pode se tornar indispensável para o consumidor. A fim de explicar e simplificar todas as áreas que o marketing deve abranger, McCarthy, em 1960, criou o mix de marketing. Este composto mercadológico é dividido em quatro partes, sendo elas produto, preço, praça e promoção. O produto se refere a tudo que o serviço ou produto possui, tal como as características, a produção, o design, a forma de embalar e a qualidade. O preço significa a quantia de dinheiro que o produto vale, quais são as formas de pagamento, como é feita a política de preços. É importante ressaltar que o preço deve ser proporcional a fim de dar lucro para o vendedor e um bom negócio para o comprador. A praça é a maneira de fazer o produto chegar ao consumidor, como canais de vendas e distribuição, 19 estoques, atacado e varejo, entre outros. Por último, a promoção é a forma de comunicação entre produtor e consumidor, é a publicidade ou propaganda do produto, como por exemplo, promoção de vendas, anúncios, e outros (KOTLER; KELLER, 2012). Kotler e Keller (2012) comentam que o mix de marketing é interrelacionado, portanto decisões tomadas em qualquer uma das quatro áreas irão afetar pelo menos uma das outras. Em suma, a empresa não existe sem marketing e o marketing não existe se não houver produto ou serviço a ser vendido, portanto, essa forte e indispensável ferramenta é uma das grandes aliadas para o mercado, pois é o elo que prende a empresa aos seus clientes. 2.2 O endomarketing Devido o ressurgimento da indústria japonesa no século XVI, a concorrência entre empresas se tornou muito disputada e as organizações buscavam um nível de produtividade cada vez maior e que a qualidade superasse as expectativas do cliente, pois o fato de um bom atendimento, boas estratégias promocionais, um ambiente qualificado para compra faria toda e qualquer mudança repentina para a compra do mesmo produto em outras lojas (REQUENA, 2003). Essa busca pela melhoria refletiu diretamente na maneira de administrar o comércio, gerando a necessidade de uma nova forma de atrair o cliente por meio do funcionário da empresa e não apenas através do produto. Spiller (2008, p. 94) explica isso afirmando que “oferecer um ambiente interno motivado e fidelizar os funcionários é a primeira propaganda da empresa”. Esse novo desafio de expandir a marca, atingir os clientes em potencial, ganhar um espaço maior no mercado e a necessidade de atingir primeiramente os próprios colaboradores da empresa, fez com que surgisse uma nova ferramenta estratégica de marketing, nascendo assim o endomarketing, ou seja, o marketing de “dentro para fora”, conceituado e batizado por Saul Bekin em 1975, ao fazer menção na empresa em que trabalhava como gerente de vendas, para definir uma ideia que parecia ser bastante atraente: a propaganda do produto para conquistar os clientes internos primeiro, a fim de atingirem os clientes externos, ou seja, fazer com que os 20 clientes internos gostassem tanto do produto que realmente sentissem vontade de vendê-lo (REQUENA, 2003). Em sua última edição do livro Endomarketing, Como Praticá-lo com Sucesso, Bekin relata mais detalhadamente sobre como a ideia do endomarketing veio na hora certa: A empresa apresentava alguns estraves, [...] visões discrepantes sobre as funções de cada um [...] verifiquei também que as pessoas com as quais devia interagir não conheciam bem a empresa em que trabalhavam de uma forma integrada, e consequentemente, não conseguiam integrar essas noções em suas atribuições e responsabilidades (BEKIN, 2004, p. 4). Ele, Bekin, ainda relata que isso se tornou um desafio, pois como gerente, ele necessitava usar alguma ferramenta para mostrar para os funcionários quais eram seus papéis e objetivos na empresa, sua função, sua necessidade, seu potencial e como era, de fato, o produto/serviço que vendiam, tudo de maneira detalhada e clara. Como isso decorre do marketing também, Saul Faingaus Bekin, percebeu que o que faltava era o próprio “marketing, mas voltado para dentro da própria empresa” (BEKIN, 2004, p. 4), citando endomarketing pela primeira vez. O termo deriva do inglês market (mercado, local para compra e venda), e endo do grego (ação no interior, para dentro). Portanto, endomarketing é “um conjunto de ações de marketing institucional dirigidas para o público interno que são os colaboradores, fornecedores, acionistas, vendedores e clientes” (BEKIN, 1995, p. 23). Bekin (2004, p. 47) complementa a definição de endomarketing, afirmando que essa ferramenta é um conjunto de Ações gerenciadas de marketing eticamente dirigidas ao público interno (funcionários) das organizações e empresas focadas no lucro, das organizações não-lucrativas e governamentais e das do terceiro setor, observando condutas de responsabilidade comunitária e ambiental. Brum (2010, p. 16) complementa a segunda definição de Bekin ao dizer que as ações de endomarketing são “utilizadas por uma empresa (ou uma determinada gestão) para vender sua própria imagem a funcionários e familiares”. 21 Bekin (2004, p. 12) também afirma que esta nova ferramenta é a “extensão da clássica função do marketing só que voltada para dentro da organização”. Cobra (2011) afirma que o endomarketing é um processo gerencial, em que primeiro é determinado um propósito e um alvo a ser alcançado, depois o endomarketing entra em ação, funcionando como um “catalisador à consecução de metas” (p. 6). Ele ainda comenta que para que o endomarketing se torne um grande aliado e uma ferramenta de sucesso para a empresa, o objetivo principal deve ser promover a “motivação das pessoas por seu trabalho, obtendo seu comprometimento com os objetivos estratégicos da empresa” (p. 7). Partindo desses conceitos, é possível observar que o endomarketing deve ter como público principal os próprios funcionários da organização, deixando os clientes para segundo plano, como uma consequência direta dessa ferramenta, pois se um colaborador trabalha com os valores e objetivos estabelecidos pela empresa, seu serviço será realizado com base nesses mesmos princípios éticos, efetivando seu trabalho de maneira competente (BEKIN, 2004). Bekin (1995, p. 34) afirma que a empresa deve “realizar ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com o fim de promover, entre os seus funcionários e departamentos, aqueles valores destinados a servir o cliente”. Cobra (2009) comenta que o endomarketing reflete diretamente no comportamento e no clima organizacional do público interno para o público externo. O endomarketing é uma ferramenta usada na empresa para proporcionar uma qualidade de serviço maior no ambiente de trabalho. Esta ferramenta implica na conquista dos seus funcionários por meio da motivação, valorização e comunicação no trabalho, a fim de fazê-los valorizados para que sintam prazer ao exercer seu serviço e como consequência, prestá-lo com qualidade. Portanto, uma vez que o endomarketing é usado com comprometimento e foco, a empresa terá funcionários mais motivados e mais produtivos, alavancando a qualidade, os resultados, as metas e a lucratividade da empresa. 2.3 Marketing Interno Quando se fala em endomarketing, muitos autores brasileiros usam como sinônimo o termo marketing interno. Vale ressaltar que marketing interno é uma 22 terminologia americana, e que endomarketing não é sua tradução, mas sim uma ferramenta que foi batizada e descoberta por um autor brasileiro chamado Saul Faingnaus Bekin. Marketing interno, segundo Kotler (1998, p. 40), um autor americano, é “a tarefa bem sucedida de contratar, treinar e motivar funcionários hábeis que desejam atender bem aos consumidores”. Para William George (1990, p. 64), também autor americano, “o marketing interno resulta em satisfazer as necessidades dos funcionários [...] que resultam em satisfação no trabalho. Ele é implantado por meio da comunicação com os empregado”. Analisando a citação de Kotler, percebe-se que Bekin também afirmou isso ao comentar que o endomarketing são ações dirigidas para os funcionários; porém ao considerar a definição que George usa para marketing interno, percebe-se algumas diferenças, como a atenção do marketing interno voltada apenas para os funcionários, sem citar os objetivos do endomarketing, que são alavancar a produtividade e qualidade da empresa. Nota-se que por mais que alguns autores usem o termo marketing interno como sinônimo de endomarketing, não se pode afirmar que ambas ferramentas são iguais ou também totalmente diferentes. É importante ressaltar que no decorrer do trabalho serão utilizados apenas citações brasileiras, no que refere-se a endomarketing. 2.4 Fundamentos do Endomarketing Para compreender melhor como funciona o endomarketing, Bekin (1995) escreveu sobre quatro fundamentos em que se baseia esta ferramenta. Antes de abranger as bases do endomarketing, é importante distinguir conceito e definição. Definição é a palavra usada para explicar o significado de algum termo ou palavra, já conceito é uma suposta ideia a respeito de alguma expressão, termo ou palavra (MINI DICIONÁRIO HOUAISS, 2003). O primeiro fundamento de Bekin é a definição do endomarketing, ou seja, em que realmente consiste e o que é respectivamente esta ferramenta: 23 Ações gerenciadas de marketing eticamente dirigidas ao público interno (funcionários) das organizações e empresas focadas no lucro, das organizações não-lucrativas e governamentais e das do terceiro setor, observando condutas de responsabilidade comunitária e ambiental (BEKIN, 2004, p. 47). O segundo fundamento é o conceito de endomarketing, que se refere à adequação dos serviços prestados pelos funcionários ao mercado, em outras palavras, a implementação e a realização de uma estrutura estratégica de marketing da organização que será utilizada no mercado: Um processo cujo foco é alinhar, sintonizar e sincronizar, para implementar e operacionalizar a estrutura organizacional de marketing da empresa [...], que visa e depende da ação para o mercado e a sociedade. Apoiado em B2E e ERM, como opções empregam-se comunicação interna pessoal [...] (BEKIN, 2004, p. 47). O terceiro fundamento é qual o objetivo do endomarketing, que é promover a troca do serviço/produto entre clientes internos e externos por meio dos relacionamentos e do bom estado de clima organizacional, criando um ambiente em que o funcionário se sinta confortável para trabalhar, valorizado e motivado: “facilitar e realizar trocas [...] com o público interno, compartilhando os objetivos empresariais [...] cultivando para harmonizar e fortalecer essas relações” (BEKIN, 2004, p. 47). Por último, o quarto fundamento é a respeito da função do endomarketing na empresa: “integrar a noção de ‘cliente’ e seus valores [...] nos processos internos da estrutura organizacional, propiciando uma melhoria na qualidade de produtos e serviços, com produtividade pessoal e de processos” (BEKIN, 2004, p. 47). De acordo com Bekin (2004), esses quatro fundamentos representam o conjunto de ferramentas necessárias para o desenvolvimento da comunicação com o público interno. Portanto, é de suma importância que a organização invista na comunicação interna como um meio de aproximação com os seus funcionários. Brum (2005, p. 25) comenta que “é preciso saber estabelecer canais de comunicação com o público interno, educando-o para os objetivos propostos e atingindo o seu coração”, ou seja, o fato de deixar o funcionário a par das metas da empresa e como alcança-las o deixará muito mais apto e motivado para realizá-las, pois “a informação, acompanhada da explicação da informação permite ao colaborador sentir-se parte do processo” (p. 53). 24 Compreender e colocar os fundamentos de endomarketing em prática é imprescindível para aplicar uma comunicação interna eficaz na empresa, por isso é importante estudar quem são os colaboradores, como eles são e como chegar até eles, a fim de garantir que a comunicação seja aplicada e sirva para o crescimento organizacional. 25 3 CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL 3.1 Conceito de cultura organizacional Uma empresa que preza pelo seu desenvolvimento, que mira conquistar mercados e clientes em potencial entende que o cliente interno é o seu principal aliado nesse processo. Por conseguinte, é de grande interesse e de muita importância saber administrar o clima organizacional e a cultura organizacional, pois estes dois fatores influenciam diretamente o comportamento do trabalhador (CHIAVENATTO, 2010). Schein (1999) define a cultura organizacional como um padrão de assuntos básicos e principais que grupos compartilham entre si, a fim de resolver problemas e conflitos de adaptação e essa socialização de informações funciona tão bem que é passado a novos funcionários da empresa, de modo que eles possam aprender também e saber como lidar com conflitos. Chiavenatto (2005 p. 159) afirma que a cultura organizacional é "a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, compartilhada em grande extensão por todos os membros da organização e que os novos membros devem aceitar”. Entende-se que cultura organizacional é, portanto, um conjunto de valores e crenças acumuladas na empresa, pelos funcionários. Esses princípios trazidos, pelos colaboradores, se encaixam tão bem na empresa, que são passados a novos servidores e isso acaba se tornando algo que pertence à organização, como um ideal. Um exemplo a ser citado para simplificar o conceito, é o tipo de cultura organizacional que o banco Bradesco possui. O fundador, Amador Aguiar, acreditava na ideia de que se todas as pessoas que trabalhassem com ele estivessem tendo sua primeira experiência de trabalho, elas poderiam ser treinadas nas maneiras que ele gostaria que praticassem, sem trazer influências de outros trabalhos. Portanto, a cultura organizacional do Bradesco compreendia em contratar apenas pessoas que estavam iniciando na carreira profissional. Isso funcionou de tal maneira que hoje o Bradesco possui um segmento grande de varejo e o recrutamento para jovens como foco (GUEDES, 2012). 26 Atuar em uma organização, desenvolver atividades, e construir uma carreira, significa participar da cultura organizacional. Em cada empresa, as pessoas atuam de forma diferente e possuem experiências distintas uma das outras, resultando em cultura organizacional diferente de outra empresa. A cultura deve ser passada a novos funcionários, para que estes também partilhem de como um problema é resolvido (GUEDES, 2012). Toda organização possui uma razão para existir, metas para alcançar e objetivos que pretende atingir. Chiavenatto (2010) comenta que esses e outros aspectos como o planejamento, as decisões, a direção e o controle da empresa precisam estar alinhados com a cultura da empresa, e devem ser passados para todos que trabalham na empresa para que assim os funcionários conheçam bem onde trabalham. Conhecendo bem a cultura do ambiente de trabalho, um colaborador da empresa pode desenvolver-se melhor em uma atividade proposta, pois ele saberá aonde a empresa pretende chegar e como ela deve chegar e quais meios utilizar. Quando uma organização define sua cultura organizacional, ela está formando sua identidade no mundo empresarial. Há empresas em que suas características são mais expostas, por serem mais agressivas, como no caso das que trabalham no ramo de vendas de telefone celular e possuem como objetivo liderar o mercado: sua cultura organizacional é visivelmente competitiva. Ao contrário das empresas que atuam no ramo de atendimento direto ao cliente ou que terceirizaram seu departamento pessoal: em que sua característica particular é a extrema preocupação com o funcionário, mas não sendo tão aparente quanto a empresa do ramo de celular (CHIAVENATTO, 2006). Por fim, a cultura organizacional de uma empresa é o modo como ela lida com pessoas que possuem crenças, valores, ideias e maneiras diferentes de se relacionar umas com as outras. Há empresas em que a cultura é mais aparente que em outra. É importante e necessário que ao entrar na empresa, o funcionário entenda como funciona a cultura organizacional, pois assim poderá solucionar os conflitos que surgirem (CHIAVENATTO, 2006). 27 3.2 Conceito de clima organizacional Um ambiente saudável e organizado é o que qualquer funcionário deseja para sua empresa. O clima de uma organização é o reflexo do relacionamento entre funcionários. Chiavenatto (2005, p. 27) define clima organizacional como o que Constitui o meio interno de uma organização, a atmosfera psicológica e característica que existe em cada organização. O clima organizacional é o ambiente humano dentro do qual as pessoas de uma organização fazem os seus trabalhos. Constitui a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento. Portanto, o clima organizacional é o estado do ambiente da empresa. Este estado pode ser positivo ou negativo, construtivo ou apenas crítico, satisfatório ou insatisfatório, isto depende de como cada funcionário se sente em relação a empresa. Judge, Robbins e Sobral (2011) referem-se ao clima organizacional como resultado das percepções que os clientes internos possuem sobre seu local de trabalho, em outras palavras, qual é a atmosfera psicológica no ambiente na visão dos colaboradores. Coda (1993, p. 52) define que O clima é o indicador do grau de satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como política de RH, modelo de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valorização do profissional e identificação com a empresa. Nota-se que o clima organizacional é um aspecto de profunda relevância para a organização, pois ele mede a satisfação que o servidor tem da sua empresa. Um ambiente de trabalho com o clima organizacional negativo e não saudável reflete diretamente na motivação do funcionário, influenciando, consequentemente, seu serviço (AMORIM; MANO, 2013). 28 3.3 A influência do clima e cultura organizacional para empresa e seus funcionários A busca pela melhoria e qualidade no ambiente de trabalho tem tomado cada vez mais espaço nas empresas. Palestras a respeito da saúde do ambiente empresarial e do funcionário são temas que ganham espaço nos programas de treinamento, tudo isso envolve a cultura e o clima organizacional da empresa, pois esses dois fatores influenciam diretamente o funcionário, o que consequentemente afeta o seu trabalho. Luz (2001, p. 11) afirma que O clima retrata o grau de satisfação material e emocional das pessoas no trabalho. Observa-se que este clima influencia profundamente a produtividade do indivíduo e, consequentemente da empresa. Assim sendo, o mesmo deve ser favorável e proporcionar motivação e interesse nos colaboradores, além de uma boa relação entre os funcionários e a empresa. A partir dessa ideia, nota-se claramente que o clima influencia diretamente a motivação e o desempenho no trabalho. Para Chiavenatto (2010) o clima organizacional gera algumas expectativas para o funcionário a respeito do trabalho. Um clima organizacional saudável pode gerar expectativas de realização, reconhecimento e progresso que consequentemente desencadeiam um serviço de qualidade satisfatória, porém um clima organizacional não saudável gera frustrações, insegurança ao realizar as atividades devido as condições não favoráveis do trabalho, desmotivação, que, por conseguinte, geram serviço desenvolvido de má qualidade. É importante, portanto, que a empresa esteja sempre buscando o avanço e o investimento no seu clima organizacional, a fim de favorecer seus clientes internos para que trabalhem em condições saudáveis de clima organizacional e prestem seu serviço de forma qualificada. Qualquer que seja a empresa, grande ou pequena, a cultura organizacional existirá, pois ela é a identidade da empresa, e é a cultura que define os valores e princípios das organizações. Uma empresa que não possui sua cultura organizacional de maneira clara torna-se menos apta a resolução de conflitos, pois o funcionário não saberá exatamente até onde ele pode chegar, quais são os meios 29 que ele pode utilizar para solucionar problemas e quem são as pessoas que ele pode buscar para auxiliá-lo. É necessário que a empresa tenha uma cultura objetiva e transparente, a fim de que todos os funcionários sejam capazes e aptos a entendê-la e principalmente se comprometer a praticá-la (BEKIN, 2004). Por fim, conclui-se que o clima organizacional em sua essência interfere completamente na qualidade e no serviço do funcionário e na cultura organizacional também. Se não estiver claramente explícita e aberta aos funcionários, a cultura pode produzir reflexos negativos sobre o trabalho, bem como o clima que se não for trabalhado e discutido não produz boas consequências no ambiente interno da empresa (CHIAVENATTO, 2006). 30 4 COMUNICAÇÃO INTERNA, VALORIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO O crescimento e a globalização das empresas têm trazido efeitos internos às mesmas em relação à forma de comunicação. Muitas vezes com o crescimento acelerado as empresas não se adequaram as necessidades de comunicação, ficam restritas à comunicação hierárquica descendente, não permitindo que haja relacionamentos saudáveis entre os funcionários e empresa (REQUENA, 2003). Neste sentido Brum (2010, p. 148) afirma que: Por mais que se fale na importância da comunicação de mão dupla, para que as pessoas não apenas recebam informações, mas tenham a oportunidade de falar, questionando, sugerindo e contribuindo com idéias e opiniões, esta ainda é uma questão bastante delicada para as empresas. Assim, passou-se a utilizar um conceito de comunicação interna para favorecer os processos, melhorar o ambiente de trabalho e integrar os funcionários aos objetivos da empresa. Não apenas a comunicação hierárquica descendente foi melhorada, como também foram criados conceitos de comunicação horizontal, entre os próprios funcionários e a comunicação hierárquica descendente. Tais adaptações permitiram aos gestores receber retornos por parte dos funcionários em relação aos comportamentos e políticas da empresa, criando um ambiente mais propício para negócios e para o ambiente interno (BELCH; BELCH, 2008). Todos em uma empresa precisam de informações para desenvolver da melhor forma suas funções, isto não significa necessariamente que a informação tenha que ser escrita ou falada, mas existem diversos outros tipos de comunicação não verbal que influenciam os indivíduos e muitas vezes comunicam a informação melhor do que a forma verbal. Em razão dessa prerrogativa, a comunicação interna também abrange todos esses aspectos, sempre focada na recepção correta da informação pelo seu destinatário (BELCH; BELCH, 2008). Esta comunicação interna com todos os seus vieses deve ser uma ferramenta para disseminar os objetivos da empresa, seus planos de ação, as características de seus produtos, suas campanhas publicitárias, para que assim o colaborador se sinta motivado e parte integrante da organização. Programas e políticas adequadas neste sentido possibilitam à empresa entender melhor o seu cliente, receber o feedback 31 dos clientes através das informações passadas por um modelo de comunicação constante entre funcionário e empresa. Tais informações podem ser comunicadas por diversos meios como reuniões, jornais, vídeos, exposições, intranet, seminários, painéis, campanhas internas de inovação (BELCH; BELCH, 2008). Brum (1994) comenta que a comunicação interna deve possuir meios de transmitir as informações de maneira clara e objetiva, pois se o cliente interno entender bem qual o alvo que pretende ser alcançado pela empresa, ele poderá fazer muito mais pelo objetivo, se ele entende bem qual a sua função, sabe aonde a empresa quer chegar, ele saberá traçar um caminho e um método ideal para realizar suas atividades. Já, segundo Susin (2003, p. 44), “a comunicação interna é um dos prérequisitos mais importantes a ser considerado [...] e traz reflexos imediatos e profundos no relacionamento entre a organização e o funcionário”. No endomarketing, a comunicação oriunda da empresa para o seu funcionário não é apenas de transmitir a informação, é fazer com que os colaboradores entendam o que estão fazendo e sua importância, sentindo e vivenciando o porquê de suas funções dentro da organização e se sintam parte dos resultados da empresa. Bekin (2003, p. 87) afirma que “em suma, comunicação é informação com feedback”. É justamente neste sentido que atua a comunicação interna de uma empresa, garantindo que todos os envolvidos recebam a informação necessária, da maneira correta, de forma eficiente e rápida para melhor desenvolver suas funções, tanto no sentido vertical ascendente e descendente quanto no sentido horizontal de ambos os lados (CHIAVENATTO, 2006). Dentro deste contexto de comunicação, é importante notar que a valorização do funcionário passa pelo seu conhecimento da empresa, e do seu sentimento de integração, permitindo que ele viva e sinta os mesmos objetivos da empresa e, sendo valorizado, se sinta motivado para ser um agente decisivo no crescimento da organização (CHIAVENATTO, 2006). Para Bekin (2004, p. 26), “o segredo do sucesso é a valorização do funcionário”. Já Brum (2005) afirma que a comunicação interna é fundamental para conquistá-los, portanto é necessário respeitar, valorizar e incentivar os colaboradores. A organização precisa criar uma parceria não apenas para os clientes externos, consumidores, mas deve priorizar para os clientes internos, pois 32 sem colaboração e cooperação, quaisquer objetivos que a empresa possua podem não ser alcançados, levando a empresa ao insucesso. Logo, acredita-se que quanto mais informados e conscientes forem os funcionários a respeito do cargo que ocupam e da posição que representam na empresa e principalmente qual a sua importância na organização, o impacto sobre o seu serviço e a qualidade será muito maior. Sendo assim, um plano de comunicação interna bem preparado é capaz de estimular os funcionários na geração de ideias, além de melhorar o fluxo de comunicação, gerando maior comprometimento e trazendo felicidade ao ambiente de trabalho” (BRUM, 1994, p. 19). Brum (1994) comenta que antes de iniciar a comunicação interna na empresa, é necessário que os objetivos da empresa sejam explicados de maneira inteligível. Se isto for feito, é possível estabelecer as seguintes metas: aumento de produtividade, melhora da qualidade do produto, conquista da confiabilidade dos funcionários, funcionários satisfeitos com seu trabalho, aumento da lucratividade da empresa e a melhoria no atendimento ao cliente externo. Desde a década de 1990 as empresas têm se preocupado com a motivação e comprometimento dos colaboradores com seus objetivos e estratégias, o que tem levado muitos gestores de recursos humanos a tentar entender e conhecer o que motiva seus colaboradores (CHIAVENATTO, 2010). Motivação é aquilo que leva uma pessoa a despender energia com um objetivo específico por um caminho específico. É catalisar as energias para um determinado objetivo (CHIAVENATTO, 2010). Porém são vários aspectos que determinam a motivação ou não de um indivíduo, eles podem ser intrínsecos ou extrínsecos, e nem sempre a organização estará apta a identificá-los especificadamente para cada funcionário. Porém com a comunicação interna se torna possível identificar as tendências a garantirem a valorização do funcionário e sua motivação ao trabalho. É fato da vida que quando as motivações são intrínsecas elas são duradouras e acompanham o desenvolvimento do indivíduo, todavia quando extrínsecas são apenas movimentos em razão de uma necessidade passageira, como o medo por uma punição, ou a recompensa que pode advir de uma ação (CHIAVENATTO, 2006). 33 Assim, a essência da motivação na aplicação do endomarketing é entender o que gera a motivação intrínseca dos seus clientes internos, fazendo com que gerem melhores resultados para a organização e para si próprios (BRUM, 2010). Bekin (2004, p. 32) pontuou que “é fundamental o funcionário ser tratado como cliente preferencial” e descreveu alguns pontos indispensáveis a respeito de como deve ser o ambiente da empresa para que isso ocorra. São eles: QUADRO 1 – Endomarketing no ambiente organizacional Área/ Segmento Como deve ser Direção Deve estar ciente a respeito da valorização do funcionário e do cliente. Gerência e cargos mais altos Devem comprometer-se com o objetivo estabelecido pela organização. Objetivos e metas estabelecidas Precisam ser passados de forma clara e detalhada a todos da organização, inclusive funcionários recém contratados. Funcionários Precisam e devem ser informados das suas tarefas diárias e alvos a serem alcançados a cada dia e devem ter acesso a essas informações quando precisarem. Informações e conhecimentos básicos sobre a empresa Atividades e fatos da empresa devem estar fundamentados e expostos em quadros na organização. Treinamentos Devem ser feitos periodicamente, conforme a necessidade de cada área. Avaliações Deve ser transparente, separando negócios de trabalho e amizade também. Feedback Expectativas do funcionário Fonte: Adaptado de Bekin (2004, p. 107). É uma peça chave para motivar o desenvolvimento dos funcionários e deve existir na empresa. Devem ser ouvidas e atendidas dentro dos padrões, ferramentas disponíveis da empresa, para que eles se sintam valorizados em seu ambiente de trabalho. 34 Esses nove pontos enumerados por Bekin (2004), abrangem todas as áreas da empresa desde as expectativas que o funcionário tem sobre a empresa até como a direção geral deve agir perante seus colaboradores. Diante desses nove tópicos, é possível também esclarecer como a comunicação e o ambiente da empresa podem motivar ou não o seu público principal, o próprio funcionário. Manter um funcionário feliz, disposto a atender e servir a empresa é uma tarefa chave para a organização. A motivação é um ponto indispensável para o ser humano estar contente em seu local de trabalho (CHIAVENATTO, 2010). A teoria de Maslow (WILEY, 2000) defende que as necessidades do ser humano estão classificadas hierarquicamente em forma de pirâmide. Desta forma as necessidades básicas, ou então denominadas fisiológicas, constituem a base das necessidades para a realização do indivíduo. Elas constituem a necessidade do ser humano por ar, água, comida, repouso, abrigo, etc. As necessidades de segurança são o segundo grau da pirâmide que abrangem a estabilidade, proteção contra o risco ou contra a privação das necessidades fisiológicas então já conquistadas. As necessidades sociais são as amizades e a inclusão em grupos sociais; as de auto estima são as necessidades de reputação, reconhecimento, status social; e por fim as necessidades de auto realização, o ápice dessa teoria abrange a realização do potencial do indivíduo, a sua completa utilização de seus próprios talentos para alcançar seus objetivos, sendo reconhecido e valorizado por isto. Portanto, se a empresa deseja um funcionário motivado, ela deve contribuir para a realização dos seus funcionários, olhando para eles e entendendo as suas necessidades. 35 Figura 1 - Pirâmide de Maslow: Fonte: Wikipedia, 2014. A partir do contexto da pirâmide de Maslow é importante frisar que cada indivíduo possui necessidades específicas e diferenciadas um do outro, e não é tarefa fácil para as empresas entender estas necessidades, porém se as necessidades do funcionário forem atendidas, ele terá motivação para trabalhar e se empenhar melhor nas atividades profissionais. Brum afirma que um “funcionário motivado contribui efetivamente para a melhoria contínua da empresa” (2005, p. 157). Bekin (2004) menciona que há dez pontos de importância elevada para suprir as expectativas e necessidades dos clientes internos e por fim motivá-los: 36 QUADRO 2 – Critérios e instrumentos necessários para criar um processo de motivação. Critérios e Instrumentos Necessários para criar um processo de motivação 1. Priorize a motivação do trabalho em equipe, incentivando a parceria, cooperação e a lealdade. 2. Valorize cada funcionário individualmente no grupo, de acordo com sua atuação. 3. Procure integrar o grupo com base nos valores e objetivos da empresa. 4. Reforce continuamente as atitudes dos funcionários baseado nos valores compartilhados. 5. Recompense e premie dirigidamente o grupo para que todos se beneficiem com os resultados obtidos. 6. Crie um ambiente de interação na empresa. 7. Envolva os funcionários no planejamento e na tomada de decisões da empresa e ouça a todos. 8. Estimule a iniciativa, pró atividade, e a atitude criativa. 9. Delegue os poderes, poder de decisão de acordo com a natureza da função exercida. 10. Remunere adequadamente. Fonte: Adaptado de Bekin (1995, p. 70). Analisando os fatores mencionados, nota-se que a maioria deles estão ligados a tarefa do líder de motivar o grupo como um todo, porém é importante motivar o funcionário individualmente também, para que este perceba a necessidade 37 dele na empresa. Reforçar continuamente seu comportamento em relação as atividades bem desenvolvidas, é primordial para que o colaborador saiba continuamente a importância do seu esforço e trabalho bem feito. Integrar o trabalho e as atividades voltados para os valores e objetivos da empresa não demonstra apenas a fidedignidade como também contribui para manter o foco e a direção do trabalho (CHIAVENATO, 2005). A empresa deve criar um ambiente de interação entre os funcionários (de alto cargo e subordinados), a fim de garantir um clima agradável entre eles. Chiavenato (2005, p. 53) afirma que isso influencia a motivação e o desempenho: “o clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes, produzindo elevação do moral interno”. Bekin (1995) comenta que ao envolver os funcionários durante o planejamento de algum projeto, e não só no desenvolvimento, é fundamental, pois nesse primeiro planejamento os funcionários são seu primeiro mercado. Portanto, além dos funcionários conhecerem a fundo seu trabalho, eles sabem também como foi planejado para em seguida oferecerem aos clientes. A partir disso, o funcionário se sente muito mais motivado e passa a ser mais proativo, já que suas ideias e criatividade são quesitos fundamentais para empresa. Por várias vezes a remuneração é colocada como o principal fator para motivar um funcionário, mas Chiavenato (2005) defende que além do salário existem vários outros fatores e que este não é o único, mesmo sendo fundamental para o funcionário. Motivar uma equipe não é fácil e tão pouco se aprende de uma hora para outra como fazê-lo. O bom líder é aquele que sabe impor respeito sem medo em seus funcionários, os ouve, sabe delegar atividades e conduzi-los sempre em equipe (CHIAVENATO, 2005). Bekin (1995, p. 68) comenta que a liderança é a principal influência para motivação: “a motivação é um processo global que tem como objetivo final comprometer o funcionário com as causas e objetivos da empresa para integrálo à cultura organizacional”. Existe uma série de fatores que estão ligados à desmotivação do colaborador. “O desânimo para trabalhar já é um mal comum”, como escreveu Brum (1994, p. 104). A autora descreve que boa parte da desmotivação está ligada a alguns dos seguintes pontos: o funcionário não estar adequado às qualificações e necessidades que o trabalho possui; falta de informações a respeito do que está acontecendo na 38 empresa, como ela funciona, ou qual o procedimento necessário para atingir determinada meta; salário inadequado; desapontamento com alguma expectativa criada em relação à mudança de cargo, promoção ou transferência; falta de recursos adequados para o cumprimento de alguma atividade; aumento de deveres, deixando o colaborador preocupado em realizá-los com rapidez e sem qualidade. É inevitável dizer que a motivação, a boa comunicação interna e a valorização do cliente interno são necessidades que devem ser supridas pela empresa para que haja um bom desenvolvimento, empenho, comprometimento, interesse do funcionário. É preciso um ambiente favorável à flexibilidade, pois de acordo com Brum (2005, p. 102) “sugere-se e espera-se que o líder seja capaz de criar um ambiente propício à integração e ao trabalho em equipe, fazendo com que o grupo sinta-se disposto e estimulado”. Por isso, torna-se indispensável que a empresa esteja preocupada com as necessidades dos seus colaboradores. Neste sentido, note-se que além da motivação e de bons instrumentos de comunicação interna a valorização é um critério decisivo para a efetividade do endomarketing e do comprometimento do funcionário com os objetivos da empresa. A valorização do funcionário, assim como a sua motivação, passa por um viés pessoal e único no qual conceitos subjetivos a cada indivíduo devem ser tomados em conta. Para alguns uma forma de valorização pode ser um aumento de salário, para outros uma promoção, ou ainda apenas o reconhecimento pelo superior imediato de um serviço bem prestado perante seus colegas de trabalho. Todavia no contexto da atual globalização e gerenciamento de pessoas, onde uma empresa possui milhares e milhares de colaboradores, é cada vez mais difícil tratar individualmente cada necessidade intrínseca do funcionário para que este seja e se sinta valorizado em seu ambiente de trabalho. Neste sentido Chiavenato (2006, p. 54) afirma que: As pessoas constituem o mais valioso dos recursos da organização. O dilema do ARH é tratar as pessoas como pessoas (dotadas de características próprias, de personalidade, motivação, valores pessoais, etc.) ou como recursos (dotadas de habilidades capacidades e conhecimentos). Tendo em vista a estrutura de valores de Maslow mencionada anteriormente, denota-se que a valorização do funcionário busca trazer resultados no campo da satisfação das necessidades de autoestima e auto realização do indivíduo, pois permeiam tanto a esfera subjetiva, quanto social do indivíduo. 39 Portanto, ao se sentir valorizado perante os seus colegas de trabalho, em razão de um desempenho reconhecido, o funcionário voltado para o reconhecimento como forma de motivação atinge o ápice de sua autoestima em suas relações sociais no ambiente de trabalho (CHIAVENATTO, 2006). E assim acontece também com cada um dos degraus da pirâmide apresentada por Maslow, com a valorização podendo permear cada uma destas necessidades do indivíduo. Neste sentido o oferecimento de recompensas como forma de valorização dos funcionários pelo cumprimento dos objetivos que lhes foram propostos atinge primordialmente as necessidades materiais e fisiológicas, e em segundo plano as necessidades psicológicas. Neste sentido Chiavenato (2006, p. 274) afirma que: Os processos de oferecer recompensas ocupam ligar de destaque entre os principais processos de gerir pessoas dentro das organizações, [...] a recompensa é fundamental na conduta das pessoas em termos de retribuição, retroação ou reconhecimento do seu desempenho na organização. Uma outra forma de valorização se dá pela remuneração, mas para que esta exista deve haver uma contraprestação por parte do funcionário através de seu trabalho, do desempenho de suas funções, da aplicação de seus conhecimentos para alcançar os melhores resultados para a organização (CHIAVENATTO, 2006). A remuneração é a forma mais comum de valorização do funcionário, que segundo Chiavenato (2010), se dá através de três componentes principais: remuneração básica, incentivos e benefícios. Remuneração Básica é constituída por um pagamento fixo mensal, que é a remuneração em dinheiro pelo serviço prestado pelo funcionário. Os incentivos são as ferramentas para estimular de forma direta a produção de cada funcionário sobre os resultados alcançados, como Bônus e PLR (Participação nos Lucros e Resultados). Já os benefícios são as remunerações concedidas através de valealimentação, seguro de vida, planos de saúde, dentre outros com foco principal nas necessidades básicas dos indivíduos (CHIAVENATTO, 2010). Porém não é apenas com remunerações de ordem pecuniária que as empresas podem valorizar os funcionários, mas também através de programas de integração entre empresa e família, programas de Qualidade de Vida no Trabalho, fomento da formação intelectual e acadêmica, estimulo ao crescimento dentro da empresa, integração dos funcionários, dentre outros (CHIAVENATTO. 2010). 40 É neste contexto que denota-se que a comunicação interna, a motivação e a valorização, são fatores fundamentais para o desenvolvimento de políticas de endomarketing e sua aplicação nas empresas. Estes três fatores, comunicação interna, motivação e valorização, tendem a criar nos funcionários elevados níveis de satisfação de suas necessidades, propiciando assim uma maior adesão aos objetivos da empresa e à sua filosofia, consequentemente gerando um melhor ambiente de trabalho e de negócios, contribuindo para um cliente interno satisfeito que terá o objetivo de junto com a organização alcançar os mais altos resultados. 41 5 O ENDOMARKETING NAS EMPRESAS 5.1 A aplicabilidade do endormarketing As empresas, organizações não lucrativas, governamentais e outras, devem cada vez mais buscar uma melhoria dos seus sistemas de gerenciamento; isso se dá por diversos viéses, e um deles é o endomarketing, que como já abordado nos capítulos anteriores, busca a aplicação de ações gerenciais focadas em seu público interno, para colaborar com a obtenção dos objetivos determinados para a empresa em seu plano estratégico e de ação1. Deste modo, denota-se que o endomarketing busca criar na empresa um ambiente de confiança e comprometimento mútuo, entre empresa e colaboradores, em prol do mesmo objetivo, mas para que possa ser aplicado é indispensável que primeiro exista o cliente interno, conforme o conceito de Bekin (1995, p. 34) a respeito: “realizar ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com o fim de promover, entre os seus funcionários e departamentos, aqueles valores destinados a servir o cliente". Ao motivar ou valorizar seu funcionário, a empresa já está realizando um plano de endomarketing, pois ele se sentirá motivado a se esforçar mais na sua atividade, por mais simples que pareça. Brum (2010) destaca que atualmente uma das principais preocupações da empresa é expandir e destacar sua marca a fim de possuir um diferencial que atraia os consumidores a escolherem seu produto. Consequentemente, a própria organização deve focar seu alvo também nos colaboradores para satisfazer suas necessidades e ter pessoas felizes, empenhadas em fazer a diferença no mercado, por meio da empresa. Todavia, para que se possa aplicar um plano de endomarketing se faz necessário primordialmente que assim, como nas ações de marketing, haja um amplo conhecimento do público e do ambiente a ser trabalhado, de maneira que se mostra de grande importância a realização de um diagnóstico, de forma criteriosa e sistemática. Neste sentido Bekin (2004, p. 62) afirma que: 1 Nesta seção foi citado diversas vezes o autor Bekin. Isso ocorreu em virtude da escassez de material a respeito do assunto tratado neste capítulo. 42 Nessa avaliação obtemos os pontos fortes e fracos da empresa do ponto de vista de seu ambiente interno, conhecidos como SWOT. (…) Fazemos uma radiografia interna da empresa que leva em conta suas forças (strengths), suas fraquezas (weaknesses), as oportunidades existentes (opportunities) e as ameaças a seus desempenhos (threats). Desta feita, o diagnóstico é o marco zero do endomarketing, que permite não apenas que os colaboradores de níveis gerenciais tenham o exato conhecimento da situação do ambiente interno da empresa, mas também é uma forma de possibilitar uma maior interação de todo o corpo de colaboradores em busca de uma solução ou caminhos para a solução dos problemas existentes. Um exemplo claro disto seria o uso de ferramentas como a intranet corporativa para a realização destes diagnósticos, pois esta permite a integração dos diversos setores, mesmo que distantes de forma geográfica não apenas para o desenvolvimento da parte operacional, de produção e gerenciamento da empresa, mas também o gerenciamento de pessoas e a integração de colaboradores em suas mais diversas características (BEKIN, 2004). Através da intranet, com o uso de ambientes interativos, de blogs, de fóruns de discussão, e ambiente de compartilhamento colaborativo de informações e conhecimentos sobre a própria empresa, seus produtos ou serviços, é possível criar e disseminar conteúdo de forma mais eficaz e direcionada para o publico específico que se quer abordar. Assim quando os colaboradores se tornam parte do próprio diagnóstico do ambiente interno da empresa já estão potencialmente se envolvendo para o alcance dos objetivos pretendidos, e tornando o diagnóstico mais preciso. Neste sentido Bekin (2004, p. 66) afirma que: […] tendo em mãos o resultado do debate do diagnóstico interno, temos também o conteúdo desse diagnóstico, que traduz a visão que os funcionários têm da empresa. Se o mercado percebe de um jeito e nosso público interno de outro, temos que equalizar essas duas diferentes percepções. Que fique bem claro: se quisermos que o mercado eterno responda a nossos estímulos, ações e campanhas de marketing, quem deve fazer isso é a força de trabalho interna. (…) Também é por isso que o programa de endomarketing é importante: para deixar bem claro o que o diagnóstico sonorizou e para comunicarmos às pessoas por que queremos que elas façam aquilo que devem fazer. 43 Para que seja eficiente, qualquer plano ou ação deve se ajustar às necessidades da empresa específica, e isso não deixa de ser verdade também no caso de aplicação de planos de endomarketing. E é com os resultados do diagnóstico que isso se torna possível, através da identificação dos pontos mais vulneráveis da empresa, para poder corrigir os mesmos. Neste caso, após o diagnóstico, três tipos básicos de situação interna podem ser esperados, segundo Bekin (2004). A primeira delas aborda a inexistência de uma cultura organizacional voltada para o cliente, onde se faz necessária a conscientização dos colaboradores que a empresa depende de resultados e que a satisfação do cliente é um passo fundamental para isso, e que o próprio colaborador é o perfil a empresa, é a ponte direta de contato com o cliente, e é através dos colaboradores que a empresa apresenta aos seus clientes suas características e valores. Não há forma melhor de se mostrar o valor da empresa ao cliente do que através de atitudes práticas de colaboradores comprometidos com a empresa e com as necessidades dos clientes. As empresas devem entregar mais do que produtos ou apenas prestar serviços, devem apresentar soluções, realizações, satisfação e emoções que o cliente não poderia obter de outra forma que não fosse com aquela determinada empresa. Esse cliente se tornará um cliente fiel e acima de tudo cativado pela forma de atuação da empresa. Bekin (2004, p. 66) afirma que: o endomarketing precisa criar uma nova mentalidade na empresa: a noção de marketing deve estar presente em todos os setores, nas consciência e na prática de todos os funcionários. É preciso introduzir também a noção de funcionário também como cliente, de seu envolvimento, das integrações dos setores, do trabalho em equipe. É o nível mais abrangente. Podemos chamar esse conjunto de fatores, como quer Grönroos, de uma cultura de serviços. Assim fica claro que a primeira necessidade da empresa quando é identificado esse tipo de situação interna, é a implantação de uma cultura de serviços, em todos os setores e níveis, utilizando-se para tanto também ferramentas que possam valorizar o colaborador, mostrando que ele também é um cliente, e que a sua satisfação na realização das suas atividades é um objetivo da empresa, já que apenas um funcionário motivado, poderá se comprometer com a empresa e a execução de uma cultura de serviços. 44 A segunda situação é aquela na qual a empresa já possui uma cultura de serviços implantada, mas que, todavia, não possui um plano de manutenção desta cultura, o que fará que com o tempo a mesma se esvazie. Nestes casos é fundamental que sejam estabelecidos planos de manutenção da cultura de serviços. Para Bekin (2004, p. 66) “trata-se de fazer com que os valores da cultura de serviço possam se integrar ao cotidiano da empresa, de torná-la efetiva”. Já a terceira situação obtida a partir do diagnóstico é aquela na qual o resultado obtido demonstra que a empresa já possui uma cultura de serviços implantada, que já tem planos de manutenção dessa cultura, mas que necessita ampliar estas políticas. Neste sentido Bekin (2004, p. 66) também afirma que “é preciso expandir essa mentalidade, introduzindo novos bens e serviços para os funcionários, ao lado de atividades e campanhas de marketing”. Para que seja possível aplicar qualquer uma destas três linhas de atuação a partir do diagnóstico é necessário que haja uma atitude e uma comunicação por parte da empresa, tendo em vista que estes são fatores fundamentais para se obter os objetivos almejados. Ora, a atitude envolve as ações da empresa no sentido de garantir maior qualidade de trabalho aos colaboradores, para que estes, estando realizados possam estar comprometidos em atender os clientes da empresa da melhor forma possível como extensão prática da política da própria empresa. Para Bekin (2004, p. 67): A linha de ação de atitude é aquela que inclui ações que visam a conscientizar o funcionário da importância estratégica de um serviço orientado para atender o cliente. Ela inclui o envolvimento, o comprometimento, a valorização e a qualificação do funcionário, para que ele possa assumir responsabilidades e iniciativas na empresa. Já a comunicação envolve toda a parte de tecnologia da informação dentro da empresa, e de sistemas que permitam a completa e funcional integração dos colaboradores com os interesses da empresa, para que esses possam se tornar responsáveis pelo próprio sucesso da empresa. Uma das ferramentas da comunicação, como afirmado acima é a própria intranet da empresa que pode atuar em diversos níveis e de forma segmentada para os níveis dentro da empresa, tais como gerencial, de direção, de produção e etc (BEKIN, 2004). 45 Todos - do gerente ao servente - precisam de informações sobre expectativas do cliente, o que a publicidade está prometendo aos clientes, sobre rotinas de serviço etc. Mas todo esse esforço de informação pode se perder, por melhor que seja a campanha se não houver feedback, se a informação não se transformar em diálogo, em troca (BEKIN, 2004, p. 68). Assim, fica claro que é a incorporação desses dois caminhos de ação que possibilitam a ascensão do plano de endomarketing da empresa, eles garantiram que haja um ambiente saudável, para o diálogo amplo e comprometimento para o atendimento de resultados. Portanto se a empresa tiver estabelecido uma parceria com seus clientes internos o plano de endomarketing já estará iniciando sua função e cumprindo seu objetivo: fazer com que os funcionários “comprem” a empresa, a valorizem e queiram vende-la com o mesmo entusiasmo com que compraram e por fim atinjam o principal objetivo, vender o produto superando as expectativas do cliente externo (BRUM, 2010). Além disso, é de suma importância que o plano de endomarketing desenvolvido pela empresa seja muito bem planejado e aplicado, Brum (2005, p. 17) afirma que “um programa de endomarketing bem feito é capaz de tornar o funcionário um ser comprometido com a nova postura da empresa e com a modernidade, cada um em sua área de atuação e através de seu trabalho”. 5.2 Aspectos Materiais para a Implantação do Plano de Endomarketing No item anterior se abordou as questões formais sobre a aplicação eficaz de um plano de endomarketing, como a necessidade de uma pesquisa para conhecer as necessidades da empresa já que assim como no marketing, é fundamental conhecer o ambiente e o cliente a ser trabalhado, bem como ferramentas e canais para o atendimento dos resultados esperados do plano de endomarketing, como a comunicação e atitude. Para um desenvolvimento adequado da ferramenta de endomarketing, Bekin (2004) conceituou sete pontos eficazes que devem fazer parte de um plano de endomarketing. 46 a) Treinamento sob a ótica da educação e desenvolvimento dos funcionários. Realizar periodicamente, de acordo com a área de cada funcionário treinamentos que visem seu desenvolvimento profissional e organizacional na empresa. b) Processos seletivos e recrutamento interno. Além de aprimorar o crescimento profissional do funcionário, o processo seletivo e o recrutamento interno possuem várias vantagens, conforme Lacombe (2005, p. 69) explica: O aproveitamento do pessoal da empresa tem as seguintes vantagens: motiva todos os empregados [...] e se cria perspectivas de carreira; no longo prazo, facilita o recrutamento de pessoas mais qualificadas; costuma ser mais rápido, pois as pessoas estão disponíveis [...]; o custo de admissão é praticamente nulo; [...] aproveita melhor o treinamento do pessoal; diminui a rejeição pelos colegas. c) Planos de carreira. Lacombe (2005) comenta que os planos de carreira são as várias sequências de posições ocupadas (que a empresa planeja) para algum funcionário, como por exemplo, um estagiário que se tornou funcionário, e mais para frente passou a exercer o cargo de gerente, passou por um plano de carreira. É muito importante para o gestor de a empresa ter o plano de carreira em mente, pois isso desperta a motivação ao desenvolvimento do funcionário dentro da empresa. d) Motivação e valorização resultando comprometimento dos funcionários. A motivação e a valorização do ser humano são intrínsecas e extrínsecas, ou seja, elas partem de dentro da pessoa, do apreço a atividade que exerce, mas também vem de fora, do ambiente em que trabalha e das pessoas que as cercam. Tendo isso em mente, é importante que gestores que estão aplicando o plano de endomarketing na empresa valorizem e motivem seus funcionários, para que eles possam exercer da melhor maneira seu serviço. e) Rede de comunicação interna e sistema de informações, aplicados e atualizados. Os sistemas de informações e quaisquer redes de comunicação que não estiverem totalmente atualizados e bem aplicados podem acarretar sérios prejuízos e descoordenação na empresa, tais como informações atrasadas, ou distorcidas, que como consequência direta geram desorganização no trabalho, funcionários frustrados e desmotivados. A troca de informação entre a organização e o 47 funcionário é tão importante que Brum (2010, p. 100) a descreve como um objeto de valor: “a informação é o produto da comunicação interna e o ‘objeto de valor’ que se estabelece na relação empresa/empregado”. f) Segmentação de mercado interno. Segundo Kotler e Armstrong (1999, p. 160) segmento de mercado é a “divisão do mercado em grupos distintos de compradores com diferentes necessidades, características ou comportamentos que possam exigir produtos ou compostos de marketing e mercado interno” são todos os funcionários da empresa. Portanto, a segmentação de mercado interno deve ser usada como técnica para o endomarketing, pois serve de grande utilidade para unir segmentos homogêneos de todos os colaboradores da empresa, suprindo suas necessidades, expectativas e comportamentos. g) Cenários para novos produtos, serviços e campanhas publicitárias. Criar e inovar são palavras que se distinguem pelo simples fato de criar ser o surgimento de algo e inovar é a melhoria em cima de um produto antes criado. Investir no produto e inová-lo é o que as empresas buscam fazer, porém muitas vezes elas deixam de ouvir seus clientes internos (BEKIN, 2004). Para Gutierrez e Coelho (2008) o ser humano é uma parte essencial na prestação de serviços da empresa e é justamente isso que as diretrizes que o endomarketing propõem criam: um cenário para novos produtos, que gerarão novos serviços e uma série de campanhas publicitárias a respeito do produto novo ou inovado, contando com o cliente interno como peça chave para o alcance das metas e objetivos da empresa. Ainda a respeito das diretrizes, Bekin (2004, p. 71) comenta que O endomarketing introduz, em cada um desses tópicos já conhecidos, uma nova perspectiva: a da cultura organizacional voltada para o atendimento ao cliente, orientada por uma noção de excelência no serviço e valorização daqueles que prestam o serviço: os funcionários. Conclui-se que funcionários motivados, valorizados e alegres tendem a proporcionar um consumidor satisfeito. Um cliente externo realizado pode tornar-se o próximo aliado para a empresa crescer, e todo esse ciclo chama-se endomarketing (funcionário feliz, consumidor realizado, empresa bem posicionada no mercado) (BRUM, 2010). 48 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseado nas referências e argumentos citados no decorrer do trabalho, notase que a economia e o mercado têm passado por diversas mudanças que fizeram com que o crescimento e o desenvolvimento do comércio alavancassem. A partir da década de 1950, logo após a Segunda Guerra Mundial, apenas obter o produto não era mais suficiente para o consumidor, ele almejava um atendimento qualificado, qual o preço era melhor e que benefícios ele receberia ao comprar em uma loja diferente da usual. O marketing foi criado como uma ferramenta que trazia todas as respostas a essas necessidades, abrangendo o fim lucrativo e criando um relacionamento entre o vendedor e o consumidor. Com a expansão da economia no decorrer dos anos, o comércio consequentemente cresceu e as empresas passaram a implantar o marketing como a principal ferramenta para atingir o cliente e entender como o produto pode se tornar indispensável para o consumidor. Portanto, era necessário que a equipe se consolidasse e fizesse o seu serviço com qualidade, para poder tornar seu produto o diferencial do mercado. As empresas passaram a se preocupar mais com os funcionários e como suas atividades eram desenvolvidas, pois estas refletiam diretamente no atendimento aos clientes. Foi, portanto, necessário atrair primeiro o colaborador da empresa, para que este atraísse os clientes, realizando um serviço qualificado. Essa nova maneira de enxergar os funcionários da empresa como clientes, passou-se a chamar endomarketing. O endomarketing, portanto, surgiu da necessidade de vender o produto antes para os clientes internos (funcionários) para que estes vendessem o produto de forma tão atrativa, quando os foi apresentado. A partir disso é possível concluir que o endomarketing abrange como público principal os colaboradores da empresa e trata os clientes como uma consequência direta dessa ferramenta. Vale frisar e complementar que o clima e a cultura organizacional são fatores que influenciam diretamente o comportamento do trabalhador, portanto é necessária atenção especial do administrador quanto a isso. Se um funcionário conhece bem a cultura organizacional em que se situa ele desenvolve suas atividades com mais 49 qualidade, pois este saberá aonde a empresa quer chegar e de que maneira ela deve alcançar e quais meios ela vai utilizar para isso. O clima organizacional é mensurado a partir do reflexo do relacionamento entre todos os funcionários, além de gerar expectativas para o indivíduo, tais como ser bem recebido pela equipe em que irá trabalhar e poder exercer de maneira qualificada seu serviço; portanto, ele é um aspecto de profunda relevância para a organização. É importante que a empresa busque sempre a melhoria do seu clima organizacional, com o fim de favorecer seu principal público, os clientes internos, e que estes trabalhem em condições saudáveis e prestem seu serviço de maneira qualificada. Portanto, conclui-se que o clima e a cultura organizacional são fatores essenciais no trabalho do funcionário e que se não estiverem claramente explicitados podem refletir negativamente sobre o colaborador e, consequentemente, sobre seu trabalho. Foi possível concluir que o endomarketing promove a motivação, a valorização e a comunicação interna como chaves para alavancar a qualidade do serviço prestado pelos funcionários, pois se os mesmos valores que são passados aos clientes, são passados aos colaboradores, estes se sentirão realmente parte do âmbito em que trabalham. A comunicação interna favorece os processos de dentro da empresa e integra os funcionários aos seus objetivos valorizando e consequentemente motivando os colaboradores e é justamente neste sentido que a comunicação se enquadra no plano de endomarketing: se todos recebem a informação necessária, é possível agir de forma mais completa, eficiente e rápida. Um plano de comunicação interna estimula o funcionário na geração de ideias. A essência da motivação na aplicação do endomarketing na empresa é entender o que gera a motivação intrínseca dos seus clientes internos, para fazer com que gerem melhores resultados para a organização e para si próprios. Nota-se que para a aplicação de um plano adequado de endomarketing é necessário que o ambiente da empresa esteja preparado, que seja de confiança e comprometimento entre a empresa e seus funcionários. Sendo assim conclui-se que o endomarketing com suas ações de motivação prepara o funcionário para realizar de maneira qualificada seu serviço, fazendo com 50 que ele se sinta importante por fazer parte da equipe, visto que seu líder lhe proporciona abertura de comunicação. Vale citar que o tema aqui trabalhado e estudado contribuiu para a edificação dos conhecimentos obtidos durante o curso de Administração de Empresas, e que a principal dificuldade enfrentada foi a carência de materiais existentes nesta área, portanto se espera que este material apresentado possa ser usado como base para futuros estudos. Diante do que foi mencionado, vale frisar que a aplicabilidade do endomarketing nas empresas deve ser feita de maneira minuciosa, a fim de abranger todos os pontos que devem ser melhorados e ajustados. Com o uso correto e detalhado da ferramenta, o endomarketing funciona como um diferencial para as organizações, proporcionando-lhes crescimento e evolução. 51 7 REFERÊNCIAS AMORIM, Lucas; MANO, Cristiano. Por Uma Gestão Mais Simples. Revista Exame, São Paulo, v. 390, n. 8, p. 37-40, 2013. BELCH, George; BELCH, Michael. Propaganda e Promoção: Uma Perspectiva da Comunicação Integrada de Marketing. 7 Ed. São Paulo: McGraw Hill, 2008. BEKIN, Saul. Conversando sobre Endomarketing. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. __________. Endomarketing: Como Praticá-lo com Sucesso. São Paulo: Pearson Education, 2004. BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing de A a Z. 3 Ed. São Paulo: Integrare Editora, 2010. _______________________. Respirando Endomarketing. 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