Incremento Diamétrico de Trichilia claussenii C.DC. em uma

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Incremento Diamétrico de Trichilia claussenii C.DC. em uma Floresta
Estacional Subtropical no Interior do Estado do Rio Grande do Sul
Táscilla Magalhães Loiola(1); Marcos Corrêa Kemmerich(1); Bruna Denardin da Silveira(2)
(1)
Acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal; UNIPAMPA/Universidade Federal do Pampa;
[email protected]; [email protected]; (2) Professora, UNIPAMPA/Universidade
Federal do Pampa, [email protected]
RESUMO
O incremento consiste no aumento dos elementos dendrométricos da árvore, e através da sua
determinação é possível avaliar a produção de madeira em um determinado período de tempo. Neste
sentido, realizou-se o presente trabalho em uma fração da Floresta Estacional Subtropical, localizada
no município de São Sepé, no interior do Estado do Rio Grande do Sul, com o objetivo de determinar
o incremento médio anual e incremento periódico anual em diâmetro de Trichilia claussenii C.DC.,
através da análise parcial de tronco. Os rolos de incremento foram extraídos com Trado de Pressler
para que em seguida tivessem seus anéis de crescimento medidos com o auxílio do sistema LINTAB.
A equação de Smalian foi utilizada para estimar os diâmetros, através do pacote estatístico SAS 9.2
(Statistical Analysis System), também foram estimadas as idades das árvores, incremento periódico
anual e incremento médio anual. Nos resultados encontrados para as 20 árvores observadas têm-se
idades variando de 31 a 69 anos, com idade média de 46 anos. Já o diâmetro estimado (DAP) das
árvores varia de 8,0 cm a 22,0 cm, com IMA oscilando entre 0,27 cm e 0,32 cm, e IPA de 0,29 cm
em média, com pouca diferença entre os valores encontrados. Através deste estudo entende-se que é
possível determinar o IMA e o IPA através da análise parcial de tronco.
Palavras-chave: análise parcial de tronco; anéis de crescimento; espécie nativa.
INTRODUÇÃO
A espécie Trichilia claussenii C.DC., pertencente à família Meliaceae, ocorre com frequência nas
florestas nativas da região de fronteira e na região central do Estado do Rio Grande do sul.
Popularmente conhecida como catiguá-vermelho, caracteriza-se por possuir madeira de resistência e
durabilidade moderada, podendo ser empregada na construção civil, especialmente nos acabamentos
internos. O adensamento de florestas nos projetos de recuperação ou conservação ambiental é a
principal utilização do catiguá, além disso, possui interessantes características ornamentais,
possibilitando seu uso em projetos de arborização urbana (LORENZI, 2002).
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Porém, apesar dos diferentes usos das espécies nativas, existe uma carência de dados sobre o
crescimento de muitas dessas espécies, sobretudo as que são consideradas de baixo valor econômico,
deixando lacunas no conhecimento da relação entre condições ambientais e crescimento das mesmas.
Para suprir essa necessidade de informações torna-se importante o estudo do incremento, que
consiste no aumento das variáveis dendrométricas (diâmetro, altura, volume) e, principalmente, na
produção de madeira realizada pela árvore em um determinado período de tempo. Os incrementos
comumente avaliados são: incremento corrente anual, incremento periódico, incremento periódico
anual e incremento médio anual (SCHNEIDER, 2006).
As pesquisas referentes ao crescimento e incremento de espécies nativas contribuem para o difícil
entendimento do crescimento das florestas, fornecem informações para a silvicultura das espécies
comerciais e possibilitam verificar características econômicas interessantes em espécies ainda não
utilizadas (BOTOSSO & MATTOS, 2002).
Para viabilizar e facilitar o estudo do incremento das espécies nativas utiliza-se o método de análise
parcial de tronco na obtenção de dados, tornando essa prática possível sem a necessidade de abater
árvores para a leitura dos anéis de crescimento (SILVA & NETO, 1979).
Ainda existe uma grande carência de informações sobre crescimento e incremento de várias
espécies nativas tornando seus possíveis potenciais econômicos e ambientais desconhecidos, portanto
é importante que se realize pesquisas neste âmbito.
Com isso, o objetivo deste trabalho foi determinar o incremento médio anual e o incremento
periódico anual em diâmetro para Trichilia claussenii em uma floresta nativa, no município de São
Sepé, Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em São Sepé, município do interior do Estado do Rio Grande do Sul, em
um fragmento da Floresta Estacional Subtropical. Nesta região, conforme Scheffer-basso et al.
(2008), encontra-se o clima subtropical úmido, com solo de textura franco-arenosa no horizonte A e
baixo teor de matéria orgânica.
Foram consideradas 20 árvores da espécie Trichilia claussenii para a avaliação do incremento nos
últimos 20 anos (de 1991 a 2011). Para isso, de cada árvore foram extraídos dois rolos de incremento,
sendo considerados os indivíduos com diâmetro a altura do peito (DAP) superior a 10 cm, abrangendo
diferentes classes de diâmetro.
Após a coleta, os rolos de incremento foram armazenados em “porta-rolos” de madeira para
secarem em temperatura ambiente e, posteriormente, foram colados com cola de madeira no mesmo
recipiente para depois serem lixados, facilitando a leitura dos anéis de crescimento.
A leitura dos anéis de crescimento ocorreu no laboratório de Manejo Florestal da Universidade
Federal do Pampa, utilizando-se o sistema LINTAB, com precisão de 0,01 milímetros. Em seguida,
os dados foram organizados e exportados para o pacote estatístico SAS 9.2 (Statistical Analysis
System) para estimar os diâmetros anuais, através do modelo matemático de Smalian que foi
selecionado por obter as melhores estimativas para os dados em questão.
Para a determinação do incremento médio anual (IMA) e o incremento periódico anual (IPA),
foram utilizadas as equações descritas na tabela 1, de acordo com Finger (1992).
Tabela 1 – Equações utilizadas para determinar incremento médio anual e incremento periódico anual.
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Nº
1
2
Nome
Incremento Periódico Anual (IPA)
Incremento Médio Anual (IMA)
Modelo
IPA = (Y(m+n) – Y(m)) / n
IMA = Y(m) / m
Onde: Y = dimensão considerada; m=ano ou idade de referência; n = período de tempo em anos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados para diâmetro estimado, idade estimada, incremento periódico anual
(IPA) e incremento médio anual (IMA) para T. claussenii podem ser observados na tabela 2.
Tabela 2 – Diâmetro, idade, incremento periódico anual (IPA) em diâmetro e incremento médio anual (IMA) em diâmetro
encontrados no período considerado.
Número
da
árvore
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
DAP (cm)
estimado
13,88
14,91
21,81
9,96
11,00
17,51
13,38
10,70
16,36
18,71
9,37
8,23
14,91
9,08
12,89
13,88
13,71
8,94
11,77
14,22
Idade
estimada no
DAP (anos)
49
52
69
37
40
59
48
39
56
62
35
31
52
34
46
49
49
33
43
50
IPADAP (cm)
nos últimos 20
anos
0,30
0,31
0,40
0,28
0,28
0,34
0,30
0,28
0,33
0,35
0,27
0,27
0,31
0,27
0,30
0,30
0,30
0,26
0,29
0,10
IMADAP (cm) nos
últimos 20 anos
0,28
0,29
0,32
0,27
0,27
0,30
0,28
0,27
0,29
0,30
0,27
0,27
0,29
0,27
0,28
0,28
0,28
0,27
0,28
0,28
As 20 árvores de T. claussenii analisadas apresentaram uma idade média de 46 anos, variando de
31 a 69 anos e DAP entre 8,0 e 22,0 cm. Ao considerar os registros de crescimento recuperados
através da análise parcial de tronco, observou-se que os indivíduos apresentam ritmo de crescimento
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semelhante. Fato esse comprovado pelo incremento médio anual que registrou uma variação pequena
entre os indivíduos, oscilando entre 0,27 e 0,32 cm em um período de 20 anos.
Observando as amostras de forma individual nota-se que a árvore número três é a de maior
diâmetro (21,81 cm) e também a mais velha, com uma idade estimada de 69 anos e,
consequentemente, foi a que apresentou o maior IMA (0,32 cm). Porém, como já citado
anteriormente, a diferença entre o maior e o menor IMA é pequeno, o que pode ser atribuído as
condições que as árvores encontram-se na floresta, corroborando com Lorenzi (2002), o qual comenta
que esses indivíduos desenvolvem-se em ambientes bastante sombreados, exatamente como ocorre
na área do presente estudo.
Estudos realizados por Ferreira (2002) em Florestas Estacionais Semidecíduas, mostraram
IMADAP variando entre 0,14 e 0,20 cm para T. claussenii, valores próximos aos encontrados neste
trabalho. No entanto, a idade média observada pelo mesmo autor foi de 29 anos, ou seja, idade
bastante inferior a estimada no presente estudo.
Entre 1991 e 2011, o incremento periódico anual médio encontrado para as árvores em questão foi
de 0,29 cm, onde o maior IPA determinado foi 0,40 cm, para a árvore mais velha (69 anos) e de maior
diâmetro. Esse valor é menor que aos encontrados por Mattos et al. (2007), ao estudar indivíduos da
espécie Cedrela lilloi, pertencente a mesma família da T. claussenii, que encontraram valores de
IPADAP superiores a 1,1 cm e, avaliaram oresultado como um valor elevado.
Contudo, vale ressaltar, que o meio ambiente influencia de maneira direta o crescimento das
plantas, através da soma de todos os fatores e elementos externos que com elas se inter-relacionam
(CAMPOS, 1970). Por isso, tornam-se cada vez mais importantes pesquisas sobre esse assunto, para
assim tornar possível o uso dos recursos disponíveis nas florestas de forma racional e sustentada,
especialmente utilizando as diferentes espécies que ainda estão disponíveis.
CONCLUSÕES
A metodologia adotada demonstra que os anéis de crescimento de Trichilia claussenii são visíveis
e distintos entre si, com parênquima marginal delimitando o início e o fim do anel, tornando possível
determinar o incremento periódico anual e incremento médio anual através da análise parcial de
tronco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTOSSO, C. P.; MATTOS, P. P. Conhecer a idade das árvores: importância e aplicação. 2002.
Disponível em: <http: //www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/280995/1/doc75.pdf>.
Acesso em 29 de julho de 2013.
CAMPOS, C. C. J. Principais fatores do meio que afetam o crescimento das árvores. Revista
Floresta, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 45-52, 1970.
FERREIRA, L. Periodicidade do crescimento e formação da madeira de algumas espécies
arbóreas de florestas estacionais semidecídua da região sudeste do estado de São Paulo. 2002.
Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Quiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. 103p.
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LORENZI, H. Árvores Brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. V.2, ed. 2. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002. 384 p.
MATTOS, P. P. et al. Dendrocronologia de espécies da Floresta Ombrófila Mista do município de
Condói, PR. Pesquisa. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 54, p. 153-156, jan/jun. 2007.
SCHEFFER-BASSO, M. S. et al. Resposta de pastagens perenes à adubação com chorume suíno:
pastagem natural. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.2, p. 221-227, 2008.
SCHNEIDER, R. P. Introdução ao Manejo Florestal. Santa Maria: FACOS-UFSM, 2006.
SILVA, A. A. J.; NETO, P. F. Princípios Básicos de Dendrometria. Recife: Universidade Federal
Rural de Pernambuco, 1979.
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