estudo populacional de uma espécie lenhosa em uma área de

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64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
ESTUDO POPULACIONAL DE UMA ESPÉCIE LENHOSA EM UMA ÁREA
DE CAATINGA EM DIFERENTES ESTAÇÕES CLIMÁTICAS
1
2*
3
4
Kleber A. da Silva , Izabelle S. Nascimento , Josiene M. F. F. dos Santos , Vanessa K. R. de Araújo , Elcida
5
de L. Araújo .
1
2,3,4,5
Universidade Federal de Pernambuco;
Universidade Federal Rural de Pernambuco;
*[email protected]
Introdução
A disponibilidade de água é um dos fatores considerados
de grande influência na estrutura das populações,
sobretudo para populações que exibem padrões de
atividades fortemente influenciadas pelos ritmos sazonais
[1]. Assim, esse estudo objetiva verificar a influência das
variações sazonais da precipitação nas taxas de
natalidade, mortalidade e incremento populacional de
uma espécie lenhosa em uma área de caatinga
antropizada.
predação, variações genéticas, distúrbios ambientais,
condições de microhabitats entre outros, também podem
influenciar os nascimentos, mortes e a sobrevivência e
reprodução das plantas [4], interferindo diretamente nas
características estruturais das populações.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em uma área de caatinga,
localizada na Estação Experimental do Instituto
Agronômico de Pernambuco – IPA, em Caruaru, PE,
Brasil. A área apresenta precipitação média anual de 710
o
mm e temperatura média de 22,7 C [2]. O período
chuvoso é considerado de março a agosto e o período
seco de setembro a fevereiro. A espécie selecionada foi
Croton blanchetianus Baill. (Euphorbiaceae) sendo uma
espécie abundante na área selecionada e que faz parte
da flora permanente de diversas áreas de caatinga [3].
Em 105 parcelas de 25m², todos os indivíduos da espécie
foram monitorados mensalmente de março de 2012 a
fevereiro de 2013, para serem registrados os números de
nascimentos, mortes e incremento da população.
Considera-se incremento positivo quando o número de
nascimento é maior que o número de morte, e incremento
negativo quando o número de nascimento é menor que o
número de morte. Todas as plantas da espécie foram
marcadas e enumeradas.
Resultados e Discussão
Taxas de natalidade foram registradas durante quase
toda a estação chuvosa, com exceção dos meses de
maio e junho. Já na estação seca, taxas de natalidade só
foram registradas nos meses de janeiro e fevereiro. Essa
ausência de natalidade em alguns meses do período
chuvoso não é uma característica muito comum em áreas
de caatinga, mas vale salientar que os meses do período
chuvoso receberam uma precipitação relativamente
baixa, quando comparada à mesma estação, em anos
anteriores, na mesma área. Já essa natalidade registrada
em alguns meses da seca, pode estar relacionada ao
pequeno aumento da precipitação registrado nos meses
em questão. Quanto às taxas de mortalidade, estas foram
verificadas durante todo o monitoramento, tanto na
estação chuvosa como na seca. A taxa de incremento
populacional da espécie foi negativa em praticamente
todos os meses, sendo julho, estação chuvosa, o único
mês a apresentar taxa de incremento positiva (Figura 1).
Essas taxas negativas de incremento são devido a um
maior registro na mortalidade em relação à natalidade.
A umidade é tida como o principal fator limitante da
vegetação [1], principalmente em áreas de caatinga.
Contudo, vale salientar que outros fatores como
luminosidade, temperatura, patógenos, competição,
-1
Figura 1. Incremento populacional (r) [ind.(ind.mês) ] e
precipitação em mm de Croton blanchetianus, no período
de março de 2012 a fevereiro de 2013, em uma área de
caatinga antropizada em Pernambuco.
Conclusões
Foi possível observar que a espécie C. blanchetianus
apresentou uma baixa natalidade ao longo do
monitoramento, o que refletiu em taxas de incremento
negativas na maioria dos meses. No entanto, acredita-se
que outros fatores estejam influenciando a dinâmica da
espécie. Assim, torna-se necessário que estudos sejam
realizados por um maior período de tempo para que se
possam chegar às reais causas das variações na
dinâmica dessa população.
Agradecimentos
Ao CNPq, ao IPA, a Universidade Federal Rural de
Pernambuco e ao Laboratório de Ecologia Vegetal dos
Ecossistemas Naturais pelos apoios financeiro e
institucional.
Referências Bibliográficas
[1] Araújo, E. L.; Nogueira, R. J. M. C.; Silva, S. I.; Silva, K. A.;
Santos, A. V. C.; Santiago, G. A. Ecofisiologia de plantas da
caatinga e implicações na dinâmica das populações e do
ecossistema. In: Moura, A. N.; Araújo, E. L.; Albuquerque, U. P.
(Eds.). Biodiversidade, potencial econômico e processos
ecofisiológicos em ecossistemas nordestinos, Recife, Editora
Comunigraf, p. 329-361. 2008.
[2] Araújo, E. L.; Martins, F. R.; Santos, A. M. 2005b.
Establishment and death of two dry tropical forest woody species
in dry rainy seasons in northeastern Brazil. In: Nogueira, R. J. M.
C.; Araújo, E.L.; Willadino, L. G.; Cavalcanti, U. M. T. (Eds.).
Estresses ambientais: danos e benefícios em plantas. Recife:
Imprensa Universitária da UFRPE, 2005. p.76-91.
[3] Santana, J. A. S.; Souto, J. S. Diversidade e estrutura
fitossociológica da Caatinga na Estação Ecológica do Seridó-RN.
Revista de Biologia e Ciências da Terra. v. 6, n. 2, p. 232-242.
2006.
[4] Crawley, M. J. Life History and environment. In: Crawley, M.J.
(Ed.). Plant Ecology. Oxford: Blackwell Scientific Publications.
p.253-290. 1989.
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