Definição Choque é o estado fisiológico caracterizado por redução

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1. Definição
Choque é o estado fisiológico caracterizado por redução significativa da perfusão tecidual,
resultando em oferta diminuída de oxigênio aos tecidos, decorrente do desbalanço entre a
oferta e o consumo tecidual de oxigênio.
Segundo a definição encontrada em livros-texto, “A condição na qual a produção
metabólica de energia é limitada pelo suprimento ou pela utilização de oxigênio é chamada
disóxia, e a expressão clínica desta condição é conhecida como choque.” (Paul L. Marino –
Compêndio de UTI). Logo, podemos dizer que o choque é a expressão clínica da condição de
disóxia tecidual. Esta pode ser decorrente da oferta insuficiente de oxigênio (como no choque
cardiogênico ou hipovolêmico), ou da utilização tecidual inadequada do mesmo (como no
choque séptico). Para evitar a anaerobiose, a oferta de oxigênio, e não somente ela, mas
também o consumo, precisam ser adequados às necessidades teciduais. Se o consumo de O2
não acompanha as demandas metabólicas, parte da glicose será desviada para as vias de
metabolismo anaeróbico, com formação de lactato, gerando 2 ATP por cada molécula de
glicose apenas.
Entre os efeitos celulares do estado de choque hemodinâmico incluem-se: disfunção das
bombas iônicas de membrana, edema intracelular, vazamento de íons para o extracelular e
desregulação de pH intracelular. Alguns efeitos sistêmicos são alterações do pH sérico,
disfunção endotelial, ativação da cascata inflamatória e da coagulação.
2. Conceitos de Fisiologia e Hemodinâmica
Para compreender a fisiopatologia do choque primeiro é necessária a compreensão de
alguns conceitos e variáveis hemodinâmicas.
A perfusão tecidual é determinada basicamente por duas variáveis: o débito cardíaco
(DC) e a resistência vascular sistêmica (RVS), da seguinte forma:
Perfusão Tecidual = DC x RVS
O choque pode ser causado por alteração em qualquer um dos componentes
determinantes da perfusão ou de ambos ao mesmo tempo.
O débito cardíaco, por sua vez, pode ser definido como o produto da freqüência
cardíaca (FC) pelo volume sistólico (VS):
DC = FC x VS
A freqüência cardíaca é bastante variável entre os indivíduos e num mesmo indivíduo a
depender da situação clínica, de drogas utilizadas e de mediadores neurohumorais, e
usualmente não é sobre ela que é feita a maioria das intervenções clínicas que buscam
melhorar o débito cardíaco, e sim sobre o volume sistólico e sobre a resistência vascular.
O débito cardíaco tem três determinantes principais: pré-carga, pós-carga e
contratilidade. A resistência vascular sistêmica, por sua vez, tem os seguintes determinantes:
comprimento do vaso, viscosidade sanguínea e diâmetro do vaso.
2a. Determinantes do débito cardíaco: volume sistólico
O débito sistólico do coração é o principal determinante do fluxo sanguíneo
circulatório. Pelo princípio da continuidade, o volume ejetado pelo ventrículo esquerdo é igual
ao volume que retorna ao lado direito do coração.
Pré-carga: é a força imposta a um músculo em repouso (antes do início da contração
muscular), que estira o músculo a um novo comprimento. É a carga imposta ao músculo antes
do início da contração muscular, exercendo uma força de estiramento sobre o mesmo. O
aumento do comprimento do músculo em repouso irá aumentar a força de contração quando
o músculo for estimulado a se contrair.
A FORÇA DA PRÉ-CARGA ATUA AUMENTANDO A FORÇA DA
CONTRAÇÃO MUSCULAR.
A pré-carga é uma expressão do volume diastólico final do VE, pois este volume é a
força que estira o músculo cardíaco. No coração normal, o volume diastólico final (VDF) é o
principal determinante da força de contração muscular.
A relação entre o aumento da pré-carga e o aumento da força de contração cardíaca é
definida pela lei de Frank-Starling conforme ilustrado (imagem retirada do livro Compêndio de
UTI – Paul L. Marino):
Pode-se observar diferentes curvas dependendo da efetividade da contração muscular
cardíaca.
Na clínica, O VDF não é facilmente determinado na prática. Por isso a Pressão
Diastólica Final dos ventrículos (medida pelo cateter de Swan-Ganz) é mais usada como
medida clínica da pré-carga, numa tentativa de estimar o VDF através da pressão por ele
exercida. Porém, observando a curva abaixo:
Percebe-se que em situações de distensibilidade ventricular reduzida (ex: insuficiência
cardíaca diastólica), para gerar uma mesma pressão é necessário um menor volume, tornando
a relação pressão-volume mal definida na clínica. Dessa forma, a pressão diastólica final do VE
(medida pelo cateter de Swan-Ganz) só se correlaciona bem com o volume diastólico final (ou
seja, só é um bom preditor clínico da pré-carga) se a complacência ventricular for normal.
Pós-carga: é a carga imposta ao músculo após o início da contração muscular. É uma
força que se opõe à contração muscular, ao contrário da pré-carga. É a carga que o músculo
cardíaco precisa vencer para iniciar efetivamente a contração. À medida que aumenta a póscarga, o músculo precisa desenvolver mais tensão para deslocar o volume de sangue contido
no VE. Dessa forma, o débito cardíaco diminui com o aumento da pós-carga.
Contribuem para a pós-carga:



Pressão Pleural: pressões negativas em torno do coração dificultam o esvaziamento
ventricular por se oporem ao deslocamento da parede ventricular para dentro durante
a sístole. Este efeito é responsável pela queda transitória da pressão sanguínea
durante a inspiração, quando o débito sistólico do VE tende a diminuir, enquanto
aumenta o retorno venoso para o coração direito. Ao contrário, a pressão pleural
positiva facilita a ejeção ventricular.
Impedância Arterial: é o principal determinante da pós-carga, e é maior nas grandes
artérias. A impedância aórtica é a principal força que compõe a pós-carga do VE.
Volume Diastólico Final: a pré-carga é um componente da pós-carga, pois é uma carga
volumétrica que precisa ser movida pelo VE durante a sístole.
A impedância arterial é composta por duas forças:


Complacência: força que se opõe à mudança de velocidade de fluxo em um
vaso. É uma propriedade dos grandes vasos próximos ao coração, como a
aorta, onde o fluxo não tem velocidade constante (aumenta na sístole e
diminui na diástole).
Resistência: força que se opõe a um fluxo de velocidade constante. É
propriedade de vasos de pequeno calibre, como as arteríolas, onde o fluxo é
constante e não-pulsátil.
Deste modo:
IMPEDÂNCIA ≠ RVS ≠ PÓS-CARGA
Contratilidade: não há medida confiável da contratilidade na prática clínica. Pode ser
estimada pelo ecocardiorama, e pode ser manipulada através da introdução de drogas
inotrópicas.
A resistência vascular sistêmica é influenciada pelo comprimento do vaso e a
viscosidade sanguínea (que aumentam a RVS) e pelo diâmetro do vaso (que diminui a RVS
conforme aumenta).
2b. Parâmetros de Oxigenação
O oxigênio que entra na corrente sangüínea pelos pulmões é transportado aos órgãos
vitais pelo DC. A taxa com que isso ocorre é chamada de oferta de O2 ou DO2, e descreve o
volume de O2 que atinge os capilares sistêmicos a cada minuto (mL/min).
DO2 = DC x CaO2 x 10
* o número 10 na equação acima é usado para converter o CaO2 de ml/dl para ml/l.
O conteúdo arterial de oxigênio (CaO2) pode ser definido pela fórmula:
CaO2 = 1.34 x Hb x SaO2
Logo:
DO2 = DC x 1.34 x Hb x SaO2 x 10
A oferta de oxigênio aos tecidos é diretamente proporcional ao débito cardíaco, à
concentração da hemoglobina plasmática, e à saturação da mesma pelo oxigênio.
O consumo de oxigênio pelos tecidos, ou VO2, descreve o volume de O2 em mL que
deixa o sangue capilar para os tecidos. Como o O2 não é armazenado nos tecidos, todo o O2
que deixa os capilares é consumido. Logo, VO2 = consumo tecidual de O2 (em mL/min). É
definido pelo produto do DC pela diferença de oxigênio contido no sangue arterial a venoso
(que é o que foi extraído pelos tecidos na passagem pelos capilares). O conteúdo venoso de
oxigênio pode ser estimado da mesma forma que o conteúdo arterial.
VO2 = DC x (CaO2 – CvO2) x 10
Decompondo a fórmula:
VO2 = DC x 13,4 x Hb x (SaO2 – SvO2)
O VO2 é calculado usando-se a saturação de O2 colhida no sangue arterial e no sangue
da artéria pulmonar ou da veia cava superior, logo, antes de passar pelos pulmões. Dessa
forma, O VO2 calculado não espelha o VO2 corporal total, porque não inclui o consumo de O2
dos pulmões. Normalmente, o VO2 dos pulmões é apenas cerca de 5% do VO2 total, porém, em
condições inflamatórias dos pulmões, o VO2 pulmonar pode chegar a 20% do total. Isso, entre
outras coisas, torna o VO2 calculado um parâmetro insatisfatório para guiar a terapêutica em
situações como o choque séptico e várias outras situações clínicas freqüentes em Terapia
Intensiva.
O VO2 pode estar diminuído em duas situações: hipometabolismo ou disóxia. Como
situações de hipometabolismo são incomuns no doente crítico, em Terapia Intensiva, VO2
baixo (<100ml/min/m2) pode ser usado como evidência de disóxia.
O VO2 pode ser medido diretamente através de equipamento especializado conectado
à via aérea proximal, que mede a diferença de concentração entre o gás inspirado e expirado,
sendo mais confiável. Este equipamento é de custo elevado e pouco disponível na prática, e
exige treinamento para sua utilização. Ainda assim, não há comprovação de que seja útil
perseguir metas de VO2 no tratamento do choque, principalmente no choque séptico.
A taxa de extração de oxigênio é a relação entre o O2 captado pelos tecidos e o O2
fornecido.
TEO2 = VO2 / DO2
Assim,
TEO2 = DC x 1,34 x Hb x (SaO2 – SvO2) x 10
DC x 1,34 x Hb x SaO2 x 10
Dessa forma, a taxa de extração (TEO2) pode ser expressa como:
TEO2 = (SaO2 – SvO2) / SaO2
A fisiologia corporal opera para manter o consumo de oxigênio (VO2) constante diante
de variações na oferta (DO2). A TEO2 será aumentada caso caia a oferta de O2, até um limite. O
VO2 irá se manter constante se as alterações na DO2 forem acompanhadas por alterações
recíprocas na TEO2. Assim estabelece-se uma relação entre oferta e consumo, ou relação
DO2/VO2 (imagem retirada do livro Compêndio de UTI – Paul L. Marino):
Inicialmente, quando há queda da oferta de O2 aos tecidos (DO2), a extração será
aumentada até um nível máximo. A partir daí, o consumo (VO2) se torna dependente da
oferta. Assim estabelece-se o conceito de DO2 crítica: é a menor DO2 capaz de sustentar o
metabolismo aeróbico.
A DO2 crítica varia de pessoa a pessoa e não pode ser determinada com acurácia na
clínica. Alguns recomendam manter DO2 : VO2 de 4:1 para evitar o limiar anaeróbico no
paciente crítico.
Todas as variáveis descritas são componentes do choque e podem ser determinadas
ou inferidas através do cateter de artéria pulmonar (Swan-Ganz).
Inicialmente na evolução do paciente em choque, há uma fase de “pré-choque” ou
choque compensado, em que os mecanismos compensatórios hemodinâmicos conseguem
suprir as necessidades metabólicas. Quando estes mecanismos são vencidos ou esgotados,
instala-se a disóxia e ocorre disfunção orgânica (ex: queda de 20-25% do volume sanguíneo
efetivo na hipovolemia, queda importante do débito cardíaco no choque cardiogênico,
ativação da cascata inflamatória na sepse).
3. Classificação e Manifestações Clínicas do Choque
► Hipovolêmico (queda de 20-25% no volume sangüineo efetivo)
► Cardiogênico (queda do DC para < 2,5L/min/m2)
► Distributivo (vasoplegia, ativação da cascata inflamatória)
► Combinado

Componente hipovolêmico na sepse

Componente cardiogênico na sepse

Componente distributivo (SIRS) no IAM
Os diferentes estados de choque podem ser caracterizados com base em algumas
características:
Para o choque cardiogênico, são possíveis várias etiologias:

Cardiomiopatias: IAM>40% do VE, IAM de VD, MCP dilatada, miocárdio
atordoado, MCP da sepse.

Arritmias atriais e ventriculares: FA, flutter, TV, bradiarritmias, bloqueio
cardíaco completo, FV.

Anormalidades mecânicas: defeitos valvulares, do septo ventricular, mixoma
atrial, ruptura de VE.

Extracardíaco: TEP maciço, pneumotórax hipertensivo, pericardite constrictiva
grave, tamponamento, HAP grave com Síndrome de Eisenmenger.
Para o choque de padrão distributivo:

SIRS / Sepse

Sd do choque tóxico

Anafilaxia

Reação a drogas / toxinas

Crise Addisoniana

Coma mixedematoso

Choque neurogênico

Síndrome pós- RCP
Para o hipovolêmico há muitas causas possíveis, como desidratação, perda sanguínea
por trauma ou sangramento de outra etiologia, entre outras.
Parâmetros Clínicos:
São sinais cardinais comuns a todos os tipos de choque:
► Hipotensão: Não é obrigatória.

Ocorre na maioria dos pacientes. Pode ser absoluta (PAS<90mmHg) ou relativa
(queda > 30mmHg na PAS)
► Oligúria (<0,5mL/kg/h)
► Pele fria / má perfusão periférica

No choque distributivo inicial e no choque terminal a pele pode se apresentar
quente e hiperêmica.
► Alteração do Nível de Consciência

Agitação -> Confusão/delirium -> Obnubilação -> Coma
► Acidose metabólica

Aumento da produção de lactato, diminuição da excreção renal de ácidos

Diminuição do clearance do lactato no fígado, rins e músculos
► Base Excess

No choque, seja pelo aumento do lactato ou pela diminuição da excreção renal
de ácidos, o BE fica negativo.

Sua normalização se associa a melhor evolução clínica.
Outras manifestações podem estar presentes a depender da etiologia do choque, e o
maior detalhamento de cada uma delas não é o objetivo desta dissertação, uma vez que serão
abordadas nas aulas específicas de cada condição.
Abordagem Geral:
► Avaliação diagnóstica concomitante à ressuscitação
► Anamnese + Exame Físico

Anamnese que for possível. Exame físico dirigido e eficiente, pois os achados
do exame físico não são sensíveis nem específicos para determinar a causa do
choque.
► Laboratório:

Hemograma, bioquímica (Na, K, Cl, HCO3), Uréia e creatinina, hepatograma,
amilase, lipase, TAP/TTPA, fibrinogênio, d-dímero/PDF, enzimas cardíacas,
gasometria arterial, lactato, screening toxicológico, culturas de focos
suspeitos.
► Se após os passos iniciais, a causa do choque permanecer obscura, o cateter de artéria
pulmonar pode fornecer pistas importantes para o diagnóstico.
► Monitorizar, no mínimo:

PAi

Monitorização cardíaca contínua

SpO2

PVC

ScvO2
Os esforços empregados na correção do choque objetivam restaurar o balanço de um
ou mais dos 3 parâmetros principais:

Bomba cardíaca (débito cardíaco)

Sistema de transporte de O2 (circulação periférica)

Meio de transporte O2 (volume sangüíneo)
As principais manifestações clínicas do choque (hipotensão, má perfusão periférica,
oligúria, alterações do estado mental e acidose) devem ser procuradas ativamente em todos
os doentes graves.
A abordagem para o diagnóstico do choque e para a monitorização da resposta
terapêutica deve integrar:

Achados do exame clínico (ex: estado mental, oligúria)

Variáveis hemodinâmicas (PAM, pressão de pulso)

Parâmetros metabólicos globais (lactato, base excess, SvO2).
O choque sempre deve ser abordado observando-se os parâmetros do “ABC” do ACLS,
de modo a não deixar passar situações críticas que necessitam intervenção emergencial. Devese realizar teste de glicemia capilar se houver rebaixamento do nível de consciência.
De modo geral, independente da causa do choque, quase sempre a medida inicial
(após monitorização) é reposição volêmica, exceto se há sinais claros de hipervolemia. Quando
a hipovolemia não é a causa principal, freqüentemente ela é causa contribuinte.
Deve-se puncionar acesso venoso central para administração de drogas vasoativas,
coleta de ScvO2 e medida de PVC. No choque, o limiar para indicação de acesso central e IOT
deve ser baixo.
4. Parâmetros Predição de Resposta a Volume
► Estáticos:

PVC

PAOP
► Dinâmicos:

ECO

ΔP-P

Elevação dos mmii
4a. Uso da PVC
Comprovadamente por estudos clínicos que constituem bom nível de evidência, a
pressão venosa central não é acurada como medida da pré-carga e sofre influência de vários
fatores, como a presença de pressão expiratória final positiva ou PEEP. Deve ser interpretada
idealmente junto com a medida do débito cardíaco, e idealmente medida no final da
expiração.
Medidas isoladas não são acuradas para acessar a pré-carga, mesmo nos extremos. A
variação da PVC após prova de volume também não se mostrou eficaz como parâmetro de
resposta volêmica nem se relacionou com variação no débito cardíaco. Variações menores que
4mmHg podem ser fisiológicas e não devem ser consideradas clinicamente significativas.
Quanto à influência da PEEP sobre a PVC, sabe-se que a PEEP se transmite em parte
para dentro do lúmen dos vasos, elevando falsamente a PVC e mesmo a PCP. Assim, Deve-se
subtrair a PEEP da PVC medida ao final da expiração.
Para predição de pré-carga, a única situação em que a PVC pode ser usada com maior
confiabilidade é no paciente sem ventilação mecânica: se a PVC cai mais que 1mmHg com a
inspiração (juntamente com queda > 2mmHg na PCP), pode ser usada como preditor de
hipovolemia.
4c. Uso da Pressão Capilar Pulmonar PCP
Historicamente, a PCP tem sido considerada medida útil para acessar a pré-carga do VE
e a presença/ausência de edema pulmonar. Porém, as medidas obtidas através do cateter de
artéria pulmonar são derivadas de valores de pressão, logo:
1. Pode não haver linearidade entre a pressão e o volume das câmaras, conforme
explicado em tópico anterior.
► Ex: Hipertrofia de VE, isquemia, PEEP.
2. A PCP pode superestimar a pressão diastólica final (PDF) do VE na estenose ou
insuficiência mitral, e subestimar quando há disfunção diastólica ou hipervolemia.
3. Na insuficiência respiratória, a PCP pode exceder a PDFVE por constricção de pequenas
veias em regiões do pulmão que estão hipóxicas.
Dessa forma, assim como a PVC, a PCP tem importantes limitações para a predição da
resposta a reposição volêmica, e o cateter de artéria pulmonar vem sendo cada vez menos
usado na prática clínica. No entanto, ainda é bem indicado e é de muito auxílio no diagnóstico
e manejo de certas condições prevalentes no doente crítico, desde que seus dados sejam bem
interpretados. A má interpretação dos dados pelos médicos é uma fonte importante de mau
desfecho nos pacientes que utilizam cateter de artéria pulmonar.
Outras medidas úteis obtidas através do cateter de artéria pulmonar são:
► Medidas obtidas:

PVC, PAD, PVD, PAP, PCP (PAOP), DC por termodiluição
► Medidas derivadas:

VDF do VD, SvO2, VO2, DO2, TEO2.
4d. Uso do Ecocardiograma
O ecocardiograma está aos poucos substituindo o cateter de artéria pulmonar na UTI, pois
dá estimativas aceitáveis da maioria dos parâmetros dados pelo Swan-Ganz.

DC, PAD, PSAP, pressão de enchimento do VD e VE, FE, interdependência
ventricular, função cardíaca D, disfunção diastólica, HVE, doença valvular,
isquemia.
A principal função do Eco é fornecer dados para predizer a resposta a volume, além de
parâmetros sobre a função cardíaca global. Para isso, tanto o eco transtorácico quanto o
transesofágico podem ser usados com boa acurácia.
Indicações específicas para ECO-TE são:

Dissecção aórtica

Endocardite (principalmente se prótese valvar)

Cirurgia cardíaca complicada

Obesidade importante

Trombo intracavitário

Embolia de fonte cardíaca

Baixa qualidade do ECO-TT
ESTUDOS RECENTES TÊM ENFATIZADO PARÂMETROS DERIVADOS
DA RELAÇÃO CORAÇÃO-PULMÃO PARA PREDIZER A RESPOSTA A
VOLUME NO CHOQUE.
Alguns dos parâmetros da relação coração-pulmão utilizados são:
1. Índice de distensibilidade da veia cava inferior: Dmax – Dmin / Dmin
a. Avalia a variação no diâmetro da veia cava com a inspiração e expiração
b. Valores > 12% (ou 18% em outro estudo) tiveram correlação forte com
resposta a volume (definida como aumento no índice cardíaco > 15% após
prova de volume).
c. Nestes estudos, a PVC não foi capaz de predizer a resposta a volume.
2. Variações na velocidade do fluxo no trato de saída do VE:
a. Variação > 12% se associou com aumento > 15% no IC com VPP de 91% e VPN
de 100%.
b. Os estudos que avaliaram citam este parâmetro como mais poderoso que
todos os outros avaliados antes.
c. Pacientes devem estar em VM e bem sedados, sem arritmias ou doença valvar
aórtica.
O valor estático dessas medidas não tem correlação com o status volêmico, apenas
suas VARIAÇÕES com o ciclo respiratório.
Na maioria dos estudos, o ECO-TE trouxe informações relevantes para o manejo clínico
em 60-90% dos casos, e teve impacto direto favorável no manejo agudo dos pacientes.
Embora os estudos de que derivam as informações acima tenham sido conduzido
primariamente em pacientes sépticos sob VM, seus dados são extrapolados para outros
grupos de pacientes.
4e. Uso das Variações da PA (ΔP-P)
Variações respiratórias no volume sistólico e na pressão de pulso maiores que 10-13%
têm alta sensibilidade e especificidade para afirmar que a reposição volêmica resultará em
aumento significativo do débito cardíaco. Significa que o paciente ainda está na fase
ascendente da curva de Frank-Starling, ou seja, ainda responde a volume com aumento do DC
sem congestão pulmonar.
O ΔP-P é definido como a diferença entre a pressão de pulso máxima e mínima,
calculada em um único ciclo respiratório, durante inspiração e expiração com pressão positiva,
dividida pela média das pressões:
ΔP-P = Ppmax – Ppmin / [ (Ppmax – Ppmin) /2 ]

Se > 13%, prediz resposta a reposição volêmica com VPP de 94% e VPN de
96%.

Pouco confiável se arritmia grave, hipoxemia severa (PaO2/FiO2 < 100) ou PCP
> 18mmHg.
Atualmente, é considerado o melhor preditor de resposta à reposição volêmica em
pacientes sob VM.
4f. Elevação dos membros inferiores
Elevar os mmii a 45º: aumenta retorno venoso.

Se DC aumentar em 10 a 15%: prediz resposta à reposição volêmica.
Necessita de Swan-Ganz para monitorização do DC.
4g. Uso das Drogas Vasoativas
São usadas para manipular a distribuição relativa do fluxo sangüíneo e restaurar a
perfusão tecidual. São divididas basicamente em dois mecanismos principais de ação:
► Inotrópicos: melhoram o DC e a oferta de O2 através de aumento da FC e da
contratilidade.
► Vasopressores:

Melhoram a pressão de perfusão tecidual e preservam a distribuição regional
do débito cardíaco através de um aumento na PAM acima dos limiares de
autoregulação.

Também podem melhorar a pré-carga e aumentar o DC por diminuir a
complacência do sistema venoso, aumentando o retorno venoso.
► Receptores em que atuam:

α1: musculatura lisa vascular: vasoconstricção

α2: vasodilatação por aumento da produção de NO

β1: músculo cardíaco: aumenta a FC e a contratilidade

β2: relaxamento da musculatura lisa bronquica e vascular (coronárias, artérias
viscerais e da musculatura esquelética)

Dopamina: aumenta o DC por melhorar a contratilidade, e aumentar a FC em
certas doses.

Vasopressina: induz vasoconstricção, principalmente nas arteríolas periféricas.
Tabela retirada do artigo original The Use of Vasopressors and Inotropes in the Emergency Medical Treatment of
Shock - Emerg Med Clin N Am 26 (2008) 759–786
As drogas vasoativas só devem ser iniciadas após a restauração da volemia.
Pela ação em múltiplos receptores, as drogas podem causar efeitos mistos, alguns
indesejáveis, como o aumento de consumo miocárdico de oxigênio.
Os efeitos hemodinâmicos das drogas podem ativar reflexos endógenos que se opõem ao
efeito desejado. Um exemplo é a noradrenalina, que ao aumentar a PA através de
vasoconstição, causa uma diminuição reflexa da freqüência cardíaca, desta forma reduzindo
levemente o débito cardíaco.
4h. Uso da ScvO2
Seu valor fisiológico varia entre 65 a 75%.
ScvO2 e SvO2 são próximas e ambas podem ser usadas, porém a ScvO2 é a mais estudada
no choque e validada à beira do leito. A discordância entre elas é em média 5%. Embora
tenham boa correlação entre si, podem divergir, principalmente na sepse.
De forma geral:
► Se ScvO2 < 70%

A oferta de O2 está comprometida (aumento da TEO2)

O objetivo é normalizar a oferta!
DO2 = DC x 1,34 x Hb x SaO2 x 10
► Se ScvO2 = 50%

TEO2 chegando ao máximo

Disóxia iminente
A ScvO2 se correlaciona com a evolução em todos os tipos de choque. A abordagem do
Early Goal Directed Therapy demonstrou benefício do aumento da ScvO2 apenas no choque
precoce. Estudos não demonstraram benefício no choque tardio, quando a extração de O2 dos
tecidos pode estar prejudicada, levando a uma ScVO2 elevada que não se traduz em sinal de
bom prognóstico, e sim no oposto.
4i. Uso do Lactato
É um bom indicador de gravidade e mortalidade em UTI. O acúmulo de lactato pode ser
um achado tardio em pacientes com comprometimento da oxigenação tecidual (já há disóxia),
porém quando se eleva mostra correlação direta com a mortalidade em pacientes com choque
circulatório.
No choque séptico, os níveis de lactato são melhores preditores de desfecho fatal que as
variáveis de transporte de O2 medidas pelo Swan-Ganz, e a hiperlactatemia precede a acidose.
A especificidade do lactato é ruim no choque, pois qualquer condição clínica que exceda a
capacidade do metabolismo aeróbico pode aumentar o lactato, independente da presença de
choque (ex: estado de mal convulsivo, exercício extenuante).
Na sepse, o acúmulo de lactato não se deve apenas ao aumento da produção pelo
metabolismo anaeróbico. A endotoxina bloqueia a enzima piruvato desidrogenase (que
mobiliza o piruvato para dentro da mitocôndria), causando bloqueio da via que metaboliza o
lactato.
O lactato venoso central tem boa correlação com o lactato arterial e também pode ser
usado para monitorização.
A queda > 10% da lactatemia nas primeiras 24h de tratamento do choque é preditor de
boa evolução.
5. Abordagem Geral Baseada nos Parâmetros Hemodinâmicos:
Para choque cardiogênico e hipovolêmico (que são mais dependente da DO2):
DO2 = (VS x FC) x 1,34 x Hb x SaO2 x 10
Pode-se intervir em qualquer dos componentes:

SaO2: FiO2 e PEEP

Hb: transfusão

FC: marcapasso, inotrópicos

VS: cristalóides, vasodilatadores, inotrópicos
Parâmetros de resposta clínica:
► Macrohemodinâmicos

Queda da FC

Aumento da PAM

Melhora do nível de consciência

Melhora da diurese
► Microhemodinâmicos

Melhora do BE, ScvO2, lactato
Idealmente, seguir terapia guiada por objetivos.
► Mesmo com todos os avanços no diagnóstico e manejo do choque, a mortalidade
ainda é alta:

35 a 60% dos choques sépticos morrem dentro de 30 dias

60 a 90% dos choques cardiogênicos morrem dentro de 30 dias

No hipovolêmico a mortalidade é altamente variável, e está diretamente
ligada ao atraso da terapia efetiva.
6. Abordagem do Choque Hipovolêmico
6a. Etiologias mais freqüentes:
► Hemorrágico

Trauma

HDA/HDB

Pancreatites

Hematomas

Fraturas

Aneurismas
► Depleção Hídrica

Para o ambiente

Para o 3º espaço
6b. Sinais e Sintomas
1. Devidos à depleção volêmica em si:
► Primariamente relacionados à má perfusão:

Mais precoces: lassidão, fadigabilidade, sede, cãimbras, hipotensão postural.
► Se perda hídrica mais severa:

Dor abdominal e/ou torácica (isquemia mesentérica, coronária e cerebral)

Letargia/confusão
2. Devido ao tipo de fluido perdido

Sangue

Água livre

Água + Na
3. Devido às alterações hidroeletrolíticas associadas
6c. Hemoglobina e Hematócrito
O uso da hemoglobina e do hematócrito para determinar a extensão da perda sangüínea
na abordagem de urgência é inadequado. Por ser perdido sangue total e não apenas plasma,
as concentrações finais não vão se alterar agudamente.
O Hematócrito não se altera significativamente no período inicial após a perda de sangue.
Nas primeiras horas após hemorragia aguda, a queda do hematócrito é resultado da reposição
volêmica, que diluirá o pool de hemácias, e não da intensidade da perda sangüínea.
Cada tipo de fluido de reposição altera de forma diferente o hematócrito:

Fluidos acelulares: redução

Concentrado de hemácias: aumento

Sangue total: sem alteração
É importante destacar que a reposição volêmica com concentrado de hemácias
causará aumento do hematócrito e portanto aumento da viscosidade sanguínea, que a
princípio pode contribuir para a piora do débito cardíaco. Se o objetivo do tratamento é
corrigir a síndrome de baixo débito, o fluido de escolha deve ser o acelular (cristalóide), que ao
reduzir a viscosidade sanguínea facilita a ejeção pelo VE. O concentrado de hemácias só será
usado se for necessário melhorar a oferta de oxigênio através do aumento da concentração de
Hb após a correção do débito cardíaco.
6d. Conceitos Hemodinâmicos
A pressão arterial varia de próximo ao normal (na hipovolemia leve) até a hipotensão
postural, e à medida que aumenta a gravidade da hipovolemia, torna-se baixa independente
da posição corporal.
► Alterações da PA:

Próximo ao normal: hipovolemia leve

Hipotensão ortostática: hipovolemia moderada

Hipotensão persistente: hipovolemia grave
Hipotensão postural levando a tontura pode ser a principal queixa e é fortemente
sugestiva de hipovolemia na ausência de neuropatia autonômica ou uso de anti-hipertensivos.
Sobre o uso da PVC para monitorização da volemia e pré-carga, alguns conceitos são
importantes: é a PDF do VE (e não a pressão atrial D / PVC) que se correlaciona com a précarga e o débito cardíaco. A PVC é um parâmetro útil para acessar a pré-carga somente se ela
puder ter relação direta com a PDFVE, como explicado em item anterior. São situações em que
a PVC não reflete a PDFVE (e por conseguinte, a pré-carga):
1. ICC pura de VE:

A PCP pode ser alta mas a PVC permanecer normal se a função do VD é preservada.
Neste caso, tratar a PVC baixa com reposição volêmica pode levar a EAP.
2. ICC pura de VD:

A PVC tende a exceder a PDFVE (PVC alta mesmo se depleção hídrica).
6e. Classificação
Classe I
Classe II
Classe III
Classe IV
Perda
volêmica (%)
< 15
15 - 30
30 - 40
> 40
Perda
volêmica (ml)
< 750
750 - 1500
1500 - 2000
> 2000
FC
< 100
> 100
> 120
> 140
PA
Normal
Normal
Baixa
Baixa
Normal
Diminuído
Diminuído
Diminuído
< 20
20 - 30
30 - 40
> 35
> 30 ml/h
20 - 30
5 - 20
Desprezivel
Enchimento
capilar
FR
Débito Urinário
Nível de
Consciência
Reposição
Volêmica
Pouco
ansioso
Cristalóide
Ansioso
Ansioso Confuso
Confuso –
Letárgico
Cristalóide
Cristalóide +
Sangue
Cristalóide +
Sangue
6f. Abordagem Geral
Reposição volêmica agressiva até a normalização da PA e da perfusão periférica.
Sinais clínicos macro-hemodinâmicos como PA, débito urinário, nível de consciência e
perfusão periférica são adequados para guiar a reposição volêmica.
Passar Pai em todos que não responderem prontamente à infusão de volume:

No paciente hipovolêmico os sons de Korotkoff são abafados e o pulso
atenuado: aferição manual da PA pode ser subestimada.
Variações amplas da PAS e da pressão de pulso com o ciclo respiratório estão relacionados
à hipovolemia persistente e baixo enchimento ventricular.
O desenvolvimento de edema periférico se deve comumente à hipoalbuminemia dilucional
aguda e não deve ser usado como marcador de ressuscitação volêmica adequada ou de
sobrecarga hídrica.
O fluido de escolha para reposição volêmica é o Ringer Lactato
► Taxa de infusão:

Bolus de 500ml a cada 30 min

Infusão de 20ml/kg em 1 a 2h
► Acesso venoso ideal: periférico calibroso

Veias antecubitais

Idealmente 2 acessos periféricos
A maior prioridade no paciente com sangramento é manter o débito cardíaco. Para
isso, o fluido inicial de escolha é o cristalóide. Como explicitado acima, o concentrado de
hemácias não é o fluido de escolha para corrigir o DC, pois pode diminuir o DC.
Após estabilização do DC, as variáveis de transporte de O2 (hemoglobina, saturação
de hemoglobina) devem ser analisadas e corrigidas se necessário. É nesta fase que o
concentrado de hemácias deve ser usado.
Estratégia para reposição volêmica:
1. Estimar o volume sangüíneo normal: 60ml/kg em mulheres e 65ml/kg em homens.
2. Estimar a porcentagem de perda sangüínea
o
Classificar o paciente nos estágios I a IV
3. Calcular o déficit de volume
4. Determinar a reposição de volume para cada tipo de fluido usado:
o
o
Se cristalóide: apenas 20% fica no intravascular
Se colóide: 50 a 75% fica no intravascular
Os objetivos do tratamento do choque hipovolêmico são principalmente:
o
o
o
o
Índice cardíaco = 3 L/min/m2
DO2 > 500 mL/min/m2
VO2 > 100 mL/min/m2
Lactato < 2 mmol ou BE > -2mmol/L
7. Anafilaxia
É uma reação alérgica grave de início abrupto e potencialmente fatal. Mediada por IgE,
após exposição a antígeno em pacientes previamente sensibilizados.
A reação anafilactóide é clinicamente indistinguível da anafilaxia, porém não tem
participação da IgE.
A anafilaxia fatal mais comumente resulta de asfixia por edema de vias aéreas ou
falência respiratória por broncoespasmo, e menos comumente de colapso circulatório. Nos
casos fatais, o intervalo médio entre o surgimento dos sintomas e o óbito em geral é menor
que 30 minutos.
7a. Sinais e Sintomas
Sintomas cutâneo-mucosos: 90%

Flush, prurido, urticária, angioedema, hiperemia ocular
Sintomas respiratórios: 70%

Congestão e descarga nasal, mudança na qualidade da voz, sensação de
garganta fechada ou sufocamento, tosse, espirro, dispnéia, estridor,
broncoespasmo
Sintomas gastrointestinais: 40%

Náusea, vômitos, cólicas, diarréia
Sintomas cardiovasculares: 35%

Tontura, taquicardia, hipotensão, choque
7b. Critérios Diagnósticos
Cada critério reflete uma apresentação clínica diferente da anafilaxia. O diagnóstico é
provável quando qualquer um dos 3 critérios é preenchido.
CRITÉRIO I:
Apresentação clínica aguda (minutos a horas), com acometimento de pele e/ou
mucosas (urticária generalizada, prurido, angioedema em língua, lábios, úvula) MAIS PELO
MENOS UM DOS ABAIXO:

Sintomas respiratórios (dispnéia, broncoespasmo, estridor, hipoxemia, queda
do PFE)

Queda da PA ou sintomas relacionados a disfunção de órgão-alvo (hipotonia,
síncope, incontinência)
Sintomas cutâneos estão presentes em mais de 90% dos casos, logo este é o critério
mais freqüentemente preenchido.
CRITÉRIO II:
Dois ou mais dos abaixo, que venham a ocorrer minutos a horas após a exposição a
um provável alérgeno:

Acometimento de pele e/ou mucosas

Queda da PA ou sintomas relacionados à disfunção de órgão-alvo

Sintomas gastrointestinais persistentes (cólicas, vômitos)
Cerca de 10 a 20% dos casos cursam sem lesões cutâneo-mucosas, que segundo este
critério não são necessárias para o diagnóstico.
CRITÉRIO III:
Queda da PA minutos a horas após exposição a um alérgeno conhecido para o
paciente:

Para adultos: PAS < 90mmHg ou redução > 30% pa PAS basal.
Este critério objetiva detectar anafilaxia que cursa apenas com instabilidade
hemodinâmica e se aplica apenas a pacientes com exposição conhecida a alérgenos.
7c. Manejo Clínico
Passos cruciais:
o
o
o
o
o
Remover o Ag
Chamar por ajuda
Injeção intramuscular de adrenalina
Oxigênio suplementar / assegurar via aérea
Ressuscitação volêmica
Estabilização inicial:
o
o
o
o
IOT sempre pelo médico mais experiente
Exame cutâneo completo
Dois acessos periféricos calibrosos para infusão de volume.
Monitorização cardíaca e oximétrica contínua.
Adrenalina IM na coxa
o
Fazer EV se sintomas graves
Posicionar paciente em decúbito dorsal com mmii elevados:
o
Melhorar retorno venoso e maximizar perfusão dos órgãos vitais (pacientes
com desconforto respiratório ou vômitos podem não tolerar o decúbito).
O2 suplementar (caso não necessite IOT)
o
FiO2 100% se possível: 6 a 8 l/min em máscara
TODOS OS PACIENTES PRECISAM DE REPOSIÇÃO VOLÊMICA.
DEVIDO AO AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR, ATÉ 35% DO
VOLUME INTRAVASCULAR PODE VAZAR PARA O 3º ESPAÇO EM
ALGUNS MINUTOS.
Pacientes que não respondem prontamente à adrenalina devem ser considerados
volemicamente depletados, pois mantém a PA baixa apesar de vasoconstricção máxima.
Podem ser necessários grandes volumes de reposição
Como hidratar:
o
Se normotenso: SF 0,9% 125ml/h para manter acesso.
o
Se hipotenso: 1 – 2l de SF 0,9% (5 – 10ml/kg nos 30 minutos iniciais).
Para o tratamento medicamentoso, a adrenalina é a droga de escolha. É a única que
previne/reverte o broncoespasmo e o colapso circulatório. Tem ação em receptores α1, β1 e
β2. Deve ser administrada via intramuscular:
o
Absorção mais rápida que via SC
o
Dose IM: 0,3 a 0,5mg por dose (1mg/ml)
Administrar EV se não houver resposta à dose IM:
o
Hipoperfusão muscular pelo choque (?)
o
Dose EV: 2 – 10 mcg/min
NÃO HÁ CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS AO USO DA
ADRENALINA.
Nos pacientes em uso de β-bloqueador a adrenalina pode ter dificuldade em agir
devido ao bloqueio dos receptores. Neste caso:
o
Conduta: GLUCAGON. Tem efeito inotrópico e cronotrópico não mediado por
receptores β.
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECA) e Bloqueadores do
Receptor de Angiotensina (em menor intensidade) interferem com os mecanismos
compensatórios endógenos, resultando em sintomas mais severos ou prolongados.
Tratamentos Adjuvantes:


Anti-histamínicos:
o
Nunca são de escolha. São 2ª linha.
o
Aliviam prurido e urticária, mas não aliviam broncoespasmo, obstrução de vias
aéreas, sintomas gastrointestinais ou choque.
o
Doses: Difenidramina 25 a 50mg EV (máx: 400mg/dia)
o
Bloqueador H2 não tem evidência de benefício ou de risco.
Broncodilatadores:
o

Não reduzem o edema de mucosa (reduzido pelo efeito α1 da adrenalina).
Corticóides:
o
Útil para prevenir fase bifásica da anafilaxia (até 20% dos casos)
o
Se usado: Metilprednisolona 1 – 2mg/kg/dia.
o
Suspender em 4 dias: todas as reações bifásicas foram relatadas em até 72h.
7d. Alta Hospitalar
Não há consenso sobre por quanto tempo se deve observar o paciente no Pronto
Socorro.
o
Se não respondeu à adrenalina: internar.
o
Se respondeu: observar no mínimo 2h, de preferência 8h.
Caso o paciente não possa ficar em observação por pelo menos 8h, só deve ser
liberado após receber injetor de adrenalina para uso caso necessário.
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