BIOMETRIA E pH DO TRATO DIGESTÓRIO DE FRANGOS DE CORTE SOB DESAFIO DE CAMA REUTILIZADA E ALTA DENSIDADE Liliane Heuert (PROVIC/UEPG), Bruno Machado, Kátia Nagano, Shivelly Galetto, Bruna Fittkau, Felipe Sauer, Maria Marta Loddi (ORIENTADORA), email: [email protected] Universidade Estadual de Ponta Grossa / Departamento de Zootecnia / Castro-PR Ciências Agrárias-Zootecnia Palavras chaves: Avicultura, Lactobacillus sp, probióticos. Resumo Avaliou-se o efeito da adição de probiótico na água de bebida de frangos de corte no primeiro dia de vida com o antibiótico adicionado a ração durante as fases pré-inicial, inicial e crescimento em dietas de frangos de corte sobre a morfometria e pH dos órgãos comestíveis e não comestíveis (esôfago + papo, próventriculo, moela, pâncreas + duodeno, jejuno, íleo, intestino grosso, bursa, coração, baço e fígado). Foram utilizadas 540 aves de um dia da linhagem Avian Farm, todos machos distribuídos em delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos (antibiótico na ração, probiótico na água e controle negativo) e cinco repetições de 36 aves, alojadas em boxes de 1mx2m sendo 18 aves m-2 e a cama utilizada de maravalha de nona reutilização. O probiótico utilizado foi à base de Lactobacillus johnsonii (3,3x108 UFC/g) do produto e L. reuteri (6,6x108 UFC/ g do produto). Aos 38 dias foram sacrificadas 30 aves, 10 por tratamento para obtenção da biometria dos órgãos, 5 por tratamento para a análise do pH intestinal e 10 por tratamento para a obtenção da biometria do intestino. Não foram encontradas diferenças significativas entre as variáveis estudadas (biometria dos órgãos, pH intestinal e comprimento do intestino). Introdução Na avicultura, um ponto importante é a busca pela máxima eficiência alimentar. Um alimento balanceado adequadamente, destinado à alimentação, é nutricionalmente completo quando reduz o estresse, minimizam deficiências, melhora a competência imunológica e produz carcaça com qualidade, com melhor desempenho e lucratividade (BUTOLO, 1998). Muitos aditivos, incluindo os antibióticos são utilizados em rações para controlar agentes patogênicos ao processo digestivo promovendo melhora nos índices zootécnicos e maximizando a produção. Os principais efeitos benéficos devem-se ao seu principal mecanismo de ação, que é o controle da microflora intestinal do animal. Cada vez mais importantes países importadores de carne do Brasil vêm exigindo a retirada da adição de antibióticos na nutrição animal, devido à resistência bacteriana Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Por isso torna-se evidente a necessidade de estudos de produtos alternativos que possam substituir os antibióticos na alimentação animal, sem causar perdas de produtividade e qualidade dos produtos finais. O objetivo deste experimento foi comparar o efeito da adição de probiótico fornecido via água de bebida no primeiro dia de vida das aves, com o antibiótico adicionado a ração durante as fases pré-inicial, inicial e crescimento em dietas de frangos de corte. Com isto, foi mensurado a biometria dos órgãos comestíveis e não comestíveis (esôfago + papo, próventriculo, moela, pâncreas + duodeno, jejuno, íleo, intestino grosso, bursa, coração, baço e fígado), pH dos órgãos (papo, moela, duodeno, jejuno, íleo e intestino grosso) e comprimento intestinal (duodeno, jejuno e íleo) de frangos de corte submetidos a um desafio de cama e alta densidade. Materiais e métodos O experimento foi realizado no setor de avicultura do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, campus Castro, PR. Foram utilizadas 540 aves de um dia da linhagem Avian farm, todos machos, por um período experimental de 38 dias. Os animais foram alojados em um galpão de avicultura com 15 boxes de 1m x 2m cada, tendo assim densidade de 18 aves m-2. A cama utilizada foi de maravalha de nona reutilização, para causar um desafio sanitário às aves. Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado com 3 tratamentos e 5 repetições com 36 aves em cada. Avaliou-se a adição de um antibiótico promotor de crescimento (Colistina) na ração durante as fases pré-inicial, inicial e crescimento (Tratamento 1), adição de um probiótico composto de Lactobacillus johnsonii (3,3x108 UFC/g) do produto e L. reuteri (6,6x108 UFC/g do produto), administrado no 1º dia do experimento, via água de bebida, em quantidade suficiente para ser consumido em 4 a 6 horas (Tratamento 2) e tratamento controle negativo,sem fornecimento de antimicrobianos nem a utilização de anticoccidiano (Tratamento 3). A ração foi formulada com milho e farelo de soja balanceada de forma a atender as diferentes necessidades das aves segundo as exigências da linhagem utilizada: Inicial:1-21 dias; Crescimento I: 21-28 dias; Crescimento II: 28-35 dias e Retirada: 35-38 dias. Nesta última fase foi realizada a retirada da adição do antibiótico do Tratamento 1. Aos 38 dias do experimento foram retiradas 30 aves ao acaso, 10 por tratamento, com um jejum de 12 horas para realização da biometria dos órgãos. Para isso, foram retirados e pesados em balança de precisão de 0,001g, os seguintes órgãos: fígado, baço, coração, bursa de fabricius e intestino delgado. Para a ánalise de pH intestinal foram sacrificadas 15 aves ao acaso, 5 por tratamento, em seguida foram amarrados os seguimentos e coletados a totalidade de bolo alimentar para proceder a mensuração de pH do papo, moela, duodeno, jejuno, íleo e intestino grosso através de um phmetro Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. portátil.Para a análise do comprimento do intestino delgado foram retiradas 30 aves, 10 por tratamento. Foi feita então a pesagem e em seguida a evisceração e a separação do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), sendo em seguida feita a mensuração de cada segmento. Os dados foram analisados pelo SAEG (Sistema para Análises estatísticas - Fundação Arthur Bernardes – UFV/Viçosa, 2007.), sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo Teste de Tukey a 5%. Resultados e discussão Não foram encontradas diferenças significativas na biometria dos órgãos mensurados de aves suplementadas com antibiótico (Controle positivo), probiótico e sem nenhuma suplementação (Controle negativo), de acordo com a Tabela 1. Tabela 1. Biometria média dos órgãos de frangos de corte aos 38 dias de idade, para os diferentes tratamentos Fígado Coração Moela Esôfago+Pâncreas Baço Intestino Grosso Bursa de fabricius Pâncreas +Duodeno Jejuno Íleo Proventriculo Tratamento 1 1.86 0.54 1.72 0.39 0.10 0.74 0.08 0.85 1.26 0.95 0.39 Tratamento 2 1.85 0.51 1.73 0.41 0.11 0.76 0.13 0.77 1.15 0.91 0.36 Tratamento 3 1.91 0.53 1.58 0.46 0.09 0.74 0.11 0.79 1.18 0.93 0.35 CV % 4.62 9.26 11.18 10.42 11.45 8.58 58.17 10.74 9.98 9.25 17.64 Analisado por SAEG (Sistema para Análises estatísticas) Teste de Tukey a 5% CV:Coeficiente de variação(%) Loddi et al (2009), em experimento avaliando o uso de probióticos e antibióticos em frangos de corte, encontraram diferenças significativas para o peso do fígado, em que foram observados valores menores para a variável em relação ao tratamento com probiótico, aos 21 dias. Neste mesmo trabalho, aos 28 dias, não foram encontradas diferenças significativas (P>0,05) para esta variável entre os tratamentos utilizados. De acordo com os dados de pH observados na Tabela 2, não foram encontradas diferenças significativas de pH entre os tratamentos estudados. Resultados semelhantes foram observados por Silva (2000), em que foi avaliado uso de probiótico fornecido via água (fase inicial) e na ração (todo o período experimental) sobre o pH do papo, duodeno e ceco. Este fato pode sugerir que a quantidade de suplementação do probiótico neste experimento não foi suficiente para se obter dados finais significativos entre os tratamentos. Ainda de acordo com Silva (2000), o uso de probiótico deveria resultar em valores menores de pH do papo em relação a tratamentos com Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. antibióticos e sem antimicrobianos, pois os probióticos são compostos por bactérias produtoras de ácido lático, colonizadoras naturais deste órgão. Tabela 2. Dados de pH médio dos órgãos de frangos de corte aos 38 dias de idade, para os diferentes tratamentos TRATAMENTO 1 2 3 (CV%) PV 2.334.44 2.391.58 2.412.58 5.89 PAPO 3.22 6.36 4.80 48.75 MOELA 2.86 2.78 2.98 6.91 DUODENO 5.31 5.41 5.20 5.13 JEJUNO 6.19 6.29 6.11 3.79 ÍLEO 7.06 7.49 7.04 5.70 IG 6.94 6.94 6.96 2.02 Analisado por SAEG (Sistema para Análises estatísticas) Teste de Tukey a 5% CV:Coeficiente de variação(%) PV – Peso vivo Para o comprimento médio do intestino, não foram encontradas diferenças significativa entre os tratamentos analisados (Tabela 3). Tabela 3. Comprimento médio do intestino de frangos de corte aos 38 dias de idade, para os diferentes tratamentos TRATAMENTO 1 2 3 (CV%) DUODENO 30.15 31.00 30.60 6.22 JEJUNO 73.40 74.40 75.20 5.70 ÍLEO 68.60 75.35 76.00 9.36 Analisado por SAEG (Sistema para Análises estatísticas) Teste de Tukey a 5% CV:Coeficiente de variação(%) Conclusão Nas condições em que foi realizado o experimento, pôde-se concluir que não houve efeito significativo do uso do probiótico em relação aos tratamentos com antibiótico e controle sobre as variáveis de biometria dos órgãos, pH e comprimento intestinal em frangos de corte, aos 38 dias de idade. Referências BUTOLO, J.E. Qualidade de ingredientes na alimentação animal. Campinas: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 2002. p.430. LODDI, M.M; CAMARGO, L.A.R.; OSTROVSKI, K. R.; ROX,W.; BRANDES, A.; SANTOS, D.R. dos. Uso de Probióticos para frangos de corte frente ao desafio de Clostridium perfringens sobre a biometria dos órgãos. 46a Reunião Brasileira de Zootecnia. Maringá, PR, 2009. SAEG ,Sistema para Análises estatísticas – versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes – UFV/Viçosa, 2007. SILVA, E.N.da.Efeitos dos probióticos e antibióticos sobre as vilosidades e pH do trato gastrointestinal de frangos de corte. Dissertação de Mestrado, Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Universidade Federal de Lavras. Ciênc. agrotec., Lavras, v.24 (Edição Especial), p.163-173, dez., 2000 Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.