54º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 54º Congresso Brasileiro de Genética • 16 a 19 de setembro de 2008 Bahia Othon Palace Hotel • Salvador • BA • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 Quinureninase de Trypanosoma cruzi: evidência de uma via alternativa para o catabolismo do triptofano Vernal, J1; Ecco, G1; Razzera, G2; Tavares, C1; Serpa, VI1; Krieger, MA3; Goldenberg, S3; Terenzi, H1 1 Laboratório de Expressão Gênica, Departamento de Bioquímica, Univesidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear – Jiri Jonas, Departamento de Bioquímica Médica, ICB/CCS/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 3 Instituto de Biologia Molecular do Paraná, IBMP, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected]; [email protected] 2 Palavras-chave: quinureninase, via da quinurenina, Trypanosoma cruzi, doença de Chagas O Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado, pertencente à Ordem Kinetoplastida. Ele é o agente etiológico da doença de Chagas, enfermidade ainda sem cura que atinge milhões de pessoas desde os Estados Unidos até o sul da América do Sul. Esse parasita possui no seu genoma uma janela de leitura que codifica para uma possível enzima quinureninase. A estrutura primária traduzida possui alta similaridade com as quinureninases de diversos outros organismos, como Saccharomyces cerevisiae e Pseudomonas fluorescens. Essa enzima, dependente de piridoxal-5’-fosfato, tem um importante papel no catabolismo do triptofano, participando da via da quinurenina. A quinureninase eucariótica catalisa a clivagem hidrolítica da 3-hidroxi-L-quinurenina em ácido 3-hidroxiantranílico e L-alanina. Nesse trabalho, nós descrevemos a expressão em Escherichia coli, purificação e caracterização inicial da estrutura e função da enzima quinureninase de T. cruzi. Obtiveram-se com o procedimento de purificação utilizado (cromatografia de afinidade por metal imobilizado) 2.9 mg da proteína pura, partindo-se de um cultivo bacteriano de 500 ml. Os dados da espectrometria de massa confirmaram a identidade dessa proteína. A massa molecular aparente da quinureninase nativa de T. cruzi foi estimada por gel filtração, sugerindo que a proteína nativa é um dímero composto de duas subunidades similares. A quinureninase de T. cruzi utiliza tanto a L-quinurenina quanto a 3-hidroxi-L-quinurenina como substratos, com atividades específicas de 137.61 U mg-1 e 203.46 U mg-1, respectivamente. Foi estudada a estrutura secundária da enzima por dicroismo circular. Os dados obtidos sugerem um conteúdo de α-hélice de 44% e de folha β de 5%, estando o restante da proteína aleatoriamente enovelada. Esses resultados estão de acordo com a estrutura da quinureninase humana (PDB 2HZP). No T. cruzi, foi demonstrado que as enzimas tirosina aminotransferase e desidrogenase de 2-hidroxiácidos aromáticos são responsáveis pelo catabolismo de aminoácidos aromáticos. Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que o T. cruzi poderia também catabolizar o triptofano através de uma via alternativa, a via da quinurenina – processo envolvido na biosíntese de novo de NAD+. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, MCT, FINEP e FAPESC. 272