CONHECENDO MELHOR O SEU CÉREBRO O bocejo é mais do que um sinal de sonolência ou tédio. É uma forma de resfriar o cérebro. Você pode salvar este artigo no seu computador e enviar para amigos POR DR. RICARDO A. TEIXEIRA O bocejo pode ser observado em todas as cinco classes de vertebrados, o que sugere que deva existir uma função adaptativa para esse fenômeno. Uma das formas de explicar o bocejo e seu caráter contagiante é a sua utilidade do ponto de vista social, com o potencial de sincronizar o conhecimento de um mau estado da mente ou do corpo num grupo de pessoas. Apesar da existência de inúmeras outras teorias que tentam explicar a razão biológica do bocejo, pouquíssimos estudos experimentais foram realizados para avançar esse conhecimento. Recentemente, uma pesquisa publicada pelo periódico Frontiers in Evolutionary Neuroscience apontou que o bocejo é mais freqüente em épocas do ano em que a temperatura do tempo de sono na noite anterior. Quase metade ambiente é menor que a do corpo, sugerindo dos voluntários do estudo bocejou durante o que ele serve literalmente para esfriar a cabeça. teste no inverno (temperatura média: 22ºC) A temperatura habitual do cérebro é de 37º C enquanto no verão (temperatura média: 37ºC) a com flutuações de 0.5ºC. freqüência foi de apenas um quarto. Além disso, no verão, a freqüência de bocejo foi menor à Os pesquisadores avaliaram a freqüência de medida que se ficava mais tempo em ambiente bocejo de 160 americanos do Arizona ao serem externo. Esse efeito da temperatura ambiente apresentados a imagens de gente bocejando, já já havia sido demonstrado entre pássaros e que o bocejo tem o seu componente contagioso. macacos. Os resultados mostraram que no inverno as pessoas bocejam mais e isso é independente de Um dos pesquisadores da atual pesquisa já outros fatores como umidade e tempo de sono na havia publicado em 2010 resultados revelando noite anterior. de outros fatores como umidade e que o bocejo e o espreguiçar de um ratinho são CONHECENDO MELHOR O SEU CÉREBRO desencadeados por aumento na temperatura do cérebro que por sua vez diminui logo após a realização de cada um dessas duas ações. O efeito de resfriamento do bocejo seria o resultado de uma maior troca de calor com o ambiente através das vias aéreas e até mesmo pelo ato de se espreguiçar. Essa troca de calor também é favorecida pela abertura da mandíbula e o conseqüente aumento do fluxo sanguíneo cerebral. Esses resultados apóiam a idéia de que uma disfunção da regulação térmica do corpo represente a principal explicação para os bocejos excessivos que podem acompanhar alguns transtornos neurológicos como a esclerose múltilpa. Há evidências também que o bocejo facilita a ativação do córtex cerebral em situações de transição de estado, como por exemplo, do sono para a vigília. Em animais, já foi demonstrado que o bocejo ocorre com maior freqüência na antecipação de eventos estressantes e em mudanças súbitas de um estado de alto grau de atividade para a calmaria. Entretanto, o mais provável é que o resfriamento cerebral seja a forma pela qual o bocejo colabore para a modulação cerebral nessas situações. Set 2011 Confira outros artigos acessando nosso site www.icbneuro.com.br SHLS 716 - Centro Clínico Sul - Torre II - 2º Andar - Sala 207 • 61 3346-5383 — 3346-9102