SUP E R I N T E N D Ê N C I A D E V I G I L Â N C I A E M S A Ú D E G e r ê n c i a d e V i g i l â n c i a E p i d e mi o l ó g i c a d a s D o e n ç a s Tr a n s m i s s í v e i s C o o r d e n a ç ã o d e C o n t r o l e d a s D o e n ç a s H í d r i c a s e A l i me n t a r e s Av. 136, s/nº, Qd.44, Lt 22 a 24, Edf. César Sebba, Setor Sul, Goiânia INFORME TÉCNICO Nº 05/2014 Assunto: Definições de caso de hepatite A e medidas de prevenção e controle As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes vírus hepatotrópicos que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas. Possuem distribuição universal e observam-se diferenças regionais na ocorrência e magnitude destas em todo mundo, variando, de acordo com o agente etiológico. Os agentes etiológicos mais relevantes são os vírus A, B, C, D e E (Ministério da Saúde, 2009). A hepatite A é uma doença auto-limitante do fígado, de um modo geral com evolução boa para cura, cuja gravidade aumenta com a idade. A forma mais comum de transmissão é pela ingestão do vírus com alimentos ou água contaminados (Pereira e Gonçalves, 2003). Os primeiros sintomas manifestam-se de 15-45 dias (média de 30 dias) após a ingestão do alimento ou água com presença do vírus e são inespecíficos, como: anorexia, náuseas, vômitos, diarréia (ou raramente constipação), febre baixa, cefaléia, mal-estar, astenia e fadiga, aversão ao paladar e/ou olfato, mialgia, fotofobia, desconforto no hipocôndrio direito, urticária, artralgia ou artrite e exantema papular ou maculo-papular. A transmissão ocorre desde duas semanas antes do início dos sintomas até o final da segunda semana da doença. A fase de convalescença segue-se ao desaparecimento da icterícia e a recuperação completa ocorre após algumas semanas, mas a fraqueza e o cansaço podem persistir por vários meses (Ministério da Saúde, 2009). Para avaliação laboratorial da pessoa com suspeita de hepatite A é preciso a realização de exames sorológicos para pesquisa de dois marcadores: o Anti-HAV IgM que define o diagnóstico de hepatite aguda pelo vírus A e o Anti-HAV IgG que está presente na fase de convalescença e persiste indefinidamente, proporcionando imunidade específica. No Brasil, a notificação compulsória da hepatite A teve início em 1996 (Ministério da Saúde, 2012) seguindo as seguintes definições (Ministério da Saúde, 2009): 1. Caso Suspeito • Sintomático ictérico Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente (recente ou não), com ou sem sintomas como febre, mal-estar, náuseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia fecal. Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico etiológico confirmado. • Sintomático anictérico Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como febre, mal-estar, náusea, vômitos, mialgia e que, na investigação laboratorial, apresente valor aumentado das aminotransferases. • Assintomático Comunicante de caso confirmado de hepatite A, independente da forma clínica e evolutiva do caso índice. Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual ou superior a três vezes o valor máximo normal dessas enzimas, segundo o método utilizado. Indivíduo assintomático com um ou mais marcadores reagentes para hepatite A. 2. Caso confirmado Indivíduo que preenche as condições de caso suspeito e que apresente anti-HAV IgM reagente. Indivíduo que preenche as condições de caso suspeito e que apresente vínculo epidemiológico com caso confirmado (anti-HAV IgM reagente) de hepatite A. 3. Descartado Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo para hepatites virais (desde que as amostras sejam coletadas e transportadas oportuna e adequadamente). Todo caso suspeito que durante a investigação tenha diagnóstico confirmado laboratorialmente de outra doença ou que não preencha os critérios de confirmação acima definidos. 4. Casos inconclusivos: São aqueles que atendem aos critérios de suspeito, dos quais não foram coletadas e/ou transportadas amostras oportunas e adequadas ou não foi possível a realização dos testes para os marcadores sorológicos e de biologia molecular específicos. A ocorrência de dois casos ou mais da doença devido a uma fonte comum em determinado lugar e período é caracterizado como Surto (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2006). Para a prevenção e controle da ocorrência de hepatite A os municípios e a população devem adotar as seguintes medidas (Ministério da Saúde, 2009): Garantir a segurança dos alimentos e água: dispor de água potável, em quantidade suficiente nos domicílios; cozinhar os alimentos adequadamente, principalmente mariscos e frutos do mar; realizar a lavagem e desinfecção com hipoclorito de sódio dos alimentos que são consumidos crus; Garantir medidas de saneamento básico é fundamental, evitando a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios para não comprometer o lençol d’água; Manter boas práticas de higiene: lavagem das mãos após o uso do banheiro, da troca de fraldas, do manuseio do lixo da cozinha e do banheiro, antes e durante a preparação de alimentos e de se alimentar; Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, água de enchentes ou locais próximos a esgotos a céu aberto; Realizar inspeções visuais e sanitárias para identificação de rede de distribuição de água com problemas, esgotos rompidos, bebedouros com infiltração de esgoto, esgoto a céu aberto, uso de água de bicas, fontes, poços e rios, aglomeração de pessoas/visitantes (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2006); Identificar manipuladores de alimentos que ficaram doentes em domicílios ou em restaurantes, padarias, escola, creches, etc. (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2006); Garantir a manutenção de cobertura vacinal de acordo com a meta preconizada, 95%, e de forma homogênea nos municípios; Detectar precocemente os casos e adotar imediatamente as medidas de controle para evitar a ocorrência de surtos; Realizar ações de educação em saúde tanto para o desenvolvimento da capacidade técnica dos profissionais envolvidos nessas ações, bem como da comunidade em geral sobre as hepatites virais e sua prevenção; Pode ser necessário o isolamento/afastamento do paciente de suas atividades normais (principalmente se forem crianças que frequentam creches, pré-escolas ou escola), durante as primeiras 2 semanas da doença, e não mais que 1 mês após início da icterícia. Referências Bibliograficas Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico – Hepatites Virais/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, ano III, número 01, 2012. Disponível em http://www.aids.gov.br/publicacao/2012/boletim_de_hepatites_virais_2012. Acessado em 16 de janeiro de 2014. Pereira, F.E.L.; Gonçalves, C.S. Hepatite A. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V. 36(3):387-400, mai-jun, 2003 Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac". Roteiro para investigação de surto/epidemia de hepatite. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac". SES-SP, 2006. 13p. Disponível em ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/doc/hepavir_rotinv.pdf. Acessado dia 11 de novembro de 2013. Goiânia, 13 de outubro de 2014