Universidade de Brasília - UnB Análise do processo de Implementação do Protocolo de Identificação e Atendimento do Paciente com SEPSE do Hospital Universitário de Brasília Disciplina: Gestão e Inovação de Processos Críticos em Organização de Serviço. Alunos: Ariadine Rodrigues, Guyslaine Batanda e Luciana Trindade. Brasília, 2016 RESUMO Sepse é a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela acusada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Apresenta mortalidade superior ao infarto agudo miocárdio e acidente vascular cerebral. Sendo considerada uma das principais causas de morte em Unidades de Terapia Intensiva. O presente trabalho tem como objetivo identificar e orientar uma diretriz assistencial de cuidado aos pacientes internados com suspeita clínica de sepse visando reduzir a mortalidade de pacientes sépticas, com uso do protocolo de assistência. O protocolo foi realizado para ser aplicado na UTI Neonatal, Adulto e Pronto Socorro. Por mais que a fase de implementação ainda esteja no início, é notável que há dificuldades e obstáculos para a sua total adesão. INTRODUÇÃO Sepse pode ser definida como a resposta sistêmica a uma doença infecciosa, seja ela causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Manifestando-se como diferentes estágios clínicos de um mesmo processo fisiopatológico, é um desafio para profissionais de assistência à saúde de praticamente todas as especialidades, dada a necessidade de pronto reconhecimento e tratamento precoce. Existem 3 tipos de sepse, sendo o primeiro Sepse resposta inflamatória - SIRS a uma infecção; o segundo Sepse Grave: sepse associada à hipoperfusão tecidual ou disfunção de um ou mais órgãos, e por fim o terceiro Choque séptico: sepse severa associada a hipotensão arterial definida como pressão arterial média inferior a 65 mmHg que não respondeu a infusão de solução cristalóide em volume adequado. A sepse vem adquirindo crescente importância devido ao aumento de sua incidência, o que pode estar relacionado à melhoria no atendimento de emergência, fazendo com que mais pacientes graves sobrevivam ao insulto inicial; aumento da população idosa e do número de pacientes imunossuprimidos, criando assim uma população suscetível para o desenvolvimento de infecções graves. Parte desse crescimento pode ser decorrente também do aumento de notificação, secundária a melhor percepção por parte dos profissionais de saúde do problema. A despeito disso, sua gravidade tem sido negligenciada – taxas de letalidade relacionadas à sepse são relatadas em torno de 50%, com queda significativa após a implantação de terapêutica adequada. Quanto ao seu diagnóstico a Sepse grave deve ser suspeitada em todos os pacientes com quadro infeccioso. A equipe multidisciplinar deve estar atenta a presença dos critérios de resposta inflamatória sistêmica, que definem a presença de sepse: 1) temperatura central > 38,3º C ou < 36ºC; 2) frequência cardíaca > 90 bpm; 3) frequência respiratória > 20 irpm, ou PaCO2 < 32 mmHg 4) leucócitos totais > 12.000/mm³; ou < 4.000/mm³ ou presença de > 10% de formas jovens. O protocolo de identificação e atendimento do paciente com sepse possui o objetivo de identificar e orientar uma diretriz assistencial de cuidado aos pacientes internados com suspeita clínica de sepse visando reduzir a mortalidade de pacientes sépticos, com o uso do protocolo de assistência gerenciado. O campo de aplicação definido ao protocolo foram a Unidade de Terapia Intesiva Adulto, Unidade de Terapia Intesiva Neonatal, Unidade de Pronto-Socorro, demais unidades de internações clínicas e cirúrgicas. Teve sua elaboração em 2015, pela Médica Infectologista do Setor de Vigilância em Saúde e da Comissão de Controle de Infecções Relacionado à Assistência em Saúde Valéria Paes Lima; avaliado pela chefe do Setor de Vigilância em Saúde Alaíde Francisca de Castro e pelo chefe da Divisão Médica Giuseppe Cesare Gatto; e homologado pelo Superintendente Hervaldo Sampaio Carvalho. E ainda contou com auxílio na execução dos seguintes profissionais: Médico, Enfermeiro, Técnico e Auxiliar de enfermagem, Fisioterapeuta; estudantes de medicina, enfermagem, fisioterapia e técnico de enfermagem acompanhados pelo professor e/ou responsável. Este protocolo possui a finalidade de aumentar precocidade de diagnóstico; de diminuir taxa de mortalidade; diminuir taxa de morbidade; diminuir custos: menor tempo de internação, menor índice de complicações. E seus resultados esperados são Ressuscitação nas primeiras 6h; Diminuição de transferência de pacientes para UTI; Diminuição de disfunções orgânicas; Diminuição de tempo de internação hospitalar; Aumento da sobrevida e diminuição das sequelas. No protocolo pode-se encontrar todas essas informações, além da rotina para atendimento e outras recomendações. Em conversa com uma Enfermeira do HUB, responsável pelo controle de Infecção foi falado sobre a implementação dele, seus desafios e dificuldades, que serão mencionados adiante. DESENVOLVIMENTO O protocolo de SEPSE foi elaborado em 2015, e seu processo de implementação se deu a partir do monitoramento de infecção relacionado a assistência e infecção de corrente sanguínea, que tem a ver com a sepse, todo paciente que apresenta um processo infeccioso demanda algumas etapas de confirmação deste diagnóstico e possível tratamento de processo de infecção. Sendo a SEPSE uma doença de montante mundial, ela tem sua importância clínica por ser uma infecção grave, podendo levar a óbito de pacientes se não tratados. Em função da gravidade da doença, o Hospital Universitário de Brasília avaliou que a demanda maior era de pacientes adultos, e a partir disso, a UTI adulta foi o setor de internação escolhido para ser o projeto piloto de implantação desse protocolo de sepse. O protocolo basicamente possui diretrizes que orientam os profissionais de ponta a identificar o mais precoce possível, pacientes que estão com suspeita de sepse. Ao apontar que o paciente está com a infecção, a equipe faz a coleta de hemoglobina, e iniciar o uso de antibióticos. Kit-SEPSE: para agilizar a administração do antibiótico, o HUB conta com um “kit” onde se encontram os antibióticos preconizados para o tratamento das diversas infecções causadoras do quadro de Sepse Grave. A composição desses “kits”, o controle do uso dos antibióticos nele contidos e a sua reposição ficam a cargo da equipe de farmacêuticos. Após a primeira avaliação médica e confirmação da Sepse Grave, o enfermeiro deverá preencher o impresso de notificação do caso, que, além de conter as orientações, permite a obtenção do número mensal de pacientes notificados e a mensuração da adesão às recomendações. O preenchimento adequado do documento também tem a finalidade de nos permitir avaliar as dificuldades encontradas para a obtenção da meta. São disponibilizados 3 kits no total para o Hospital, com todos os utensílios para o tratamento, exames e medicamentos, para utilizarem os kits, é preciso um controle do uso. Ao abrir o kit, o médico deve assinar um check list. Apesar de o objetivo do protocolo ser otimizar o uso de antimicrobianos e identificar com mais eficácia os pacientes que tem o diagnostico confirmados de sepse, o processo de implementação ainda é muito precário, pois não possui uma fiscalização e nem um controle adequado. O HUB tem limitações como a indisponibilidade do insumo, abrir o kit por fora sem controle, solicitação do antibiótico que não é o adequado para o tratamento, além da má gestão que exige maior esforço dos profissionais e prejudica o paciente. Quanto aos atributos da Inovação, podem ser classificados em: compatibilidade, vantagem relativa, complexidade, experimentação e observabilidade. Baseado na adoção do protocolo de Identificação e Atendimento do Paciente com SEPSE do Hospital Universitário de Brasília como inovação, a Vantagem Relativa refere-se à ideia de quanto uma inovação é percebida como melhor que a ideia que ela sucede, isto é, o quanto ela é percebida como vantajosa. Como uma das finalidades do protocolo é diminuir taxa de mortalidade, podemos dizer que ele possui vantagem relativa para a situação de saúde, não só da localidade, como do geral. A compatibilidade refere-se a quanto uma inovação é percebida como consistente com crenças, valores, experiências passadas e necessidades dos adotantes potenciais. Como já houve experiência passada positiva pode-se dizer que há compatibilidade. A Complexidade refere-se a quanto uma inovação é percebida como relativamente difícil de ser entendida e utilizada. A dificuldade encontrada no Protocolo não é da governabilidade de quem o executa, pois, a falta de insumos é um problema de saúde do Governo. A Experimentabilidade refere-se a quanto uma inovação pode ser experimentada em base limitada e ser divisível. Como já foi experimentado e aprovado, tem experimentabilidade. E por fim a Observabilidade, que se refere a quanto os resultados da inovação são visíveis e comunicáveis para os outros. O protocolo não apresenta tanta observabilidade, pois, para ter acesso a ele é necessário ir até o HUB e requisitá-lo no Setor de Vigilância em Saúde, não há um protocolo online que facilite sua comunicação e visibilidade. CONCLUSÃO Como o protocolo não é de fácil acesso às pessoas da comunidade, concluímos que é necessário transmitir ou passar as informações aos demais profissionais de saúde sobre o papel do protocolo e por meio da legalidade conseguir dar transparência ao processo do protocolo e ao mesmo tempo conseguir voluntários que irão fazer sua propaganda por meio de panfletos, jornais, anúncios, mídias, entre outros. Analisando, dessa forma, todas as necessidades e capacidades possibilitar uma melhor relação de desempenho é maior satisfação dos pacientes com suspeitos ou quem já tem sepse no meio dos recursos existentes. No caso da inovação, como a sepse ainda não é implementado seria melhor a situação atual na organização do protocolo visando na sua prática e utilização com a finalidade de influenciar sua prática nas tomadas de decisões médicas de pacientes sépticas. REFERÊNCIAS Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Sepse: um problema de saúde pública. Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Brasília: CFM, 2015. Angus DC, Poll T. Severe Sepsis and Septic Shock. N Engl J Med 2013; 369:840- 851. Cawcutt, KA, Peters, SG. Severe Sepsis and Septic Shock: Clinical Overview and Update on Management. Mayo Clin Proc. 2014;89(11):1572-1578 Instituto Latino Americano da Sepse – site: http://www.ilas.org.br Hospital Universitário de Brasília. POP.SCIRAS N°6. Prevenção e Controle da Infecção da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Vascular. 2014. Disponível na intranet do hospital. Hospital Universitário de Brasília. POP.SCIRAS N°9. Prescrição Racional de Antimicrobianos. 2014. Disponível na intranet do hospital. Marra A, et al. Medidas de Prevenção de Infecção da Corrente Sanguínea. In: Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 2013, p. 37-65.