ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO/DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA SOBRE O EMBATE CAMBIAL Eveline Barbosa 17/10/2010 Assim como o mercado de laranjas e bananas o mercado de câmbio depende da oferta e demanda. Se existe, por exemplo, muito dólar disponível na economia brasileira essa oferta torna o dólar mais barato em relação ao real e desse modo se diz que há uma valorização do real. Se em contraponto, há uma grande demanda por dólar e tal moeda fica escassa na economia, então há uma desvalorização do real em relação ao dólar já que a moeda americana fica mais cara. SOBRE O EMBATE CAMBIAL A tentativa de desvalorização de moedas em diferentes países através de intervenção governamental direta tem sido considerada por alguns como uma guerra cambial. Isso aconteceu recentemente no Japão após vários anos sem intervenção no mercado de câmbio, mas também na Suíça, na Coréia do Sul, além de outros, mas principalmente na China, protagonista dessa “batalha”. SOBRE O EMBATE CAMBIAL Aqui no Brasil, para tentar evitar a valorização ainda maior do real em decorrência dos investidores “especuladores”, o governo brasileiro elevou de 2% para 4% a alíquota do IOF sobre o capital estrangeiro com o objetivo de restringir a entrada do capital que vem em busca de rendimentos de curto prazo com os títulos do governo. Mas o fato é que o Brasil tem uma das maiores taxas de juros do mundo e portanto o aumento da alíquota é apenas um paliativo. SOBRE O EMBATE CAMBIAL • A valorização da moeda exerce uma influência direta na economia nacional, seja de forma positiva ou negativa. O que se observa é que há uma ampla corrente apontando mais os efeitos negativos. Mas uma simples análise faz concluir que os pontos positivos pesam mais. A corrente que aponta os efeitos negativos destaca, primordialmente, a perda de competitividade dos produtos nacionais e deseja a intervenção do governo com “medidas protecionistas”, enquanto a que aponta as questões positivas defende, por exemplo, a “âncora cambial”, que tem facilitado a vida do Banco Central (BC) quanto à execução da política monetária dentro do sistema de metas. SOBRE O EMBATE CAMBIAL Por ser o maior exportador do mundo e exercer o controle sobre sua moeda, a China é apontada como vilã e como resposta à desvalorização da moeda chinesa, a Câmara dos Estados Unidos, aprovou um projeto de lei que permite ao governo americano tratar a desvalorização da moeda chinesa como um subsídio à exportação, o que pode ser utilizado como argumento para adoção de medidas protecionistas contra a importação de produtos chineses. SOBRE O EMBATE CAMBIAL O fato é que, a discussão sobre como equilibrar as diferenças cambiais entre os países é um dos temas mais controversos em economia e uma saída poderia ser uma negociação entre as principais economias do mundo onde a cooperação seria a melhor estratégia, mas que, vamos combinar, dificilmente aconteceria. O que tem prevalecido por enquanto é uma atitude de competição cada vez mais acirrada. SOBRE O EMBATE CAMBIAL AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA Carlos Araújo 17/10/10 A consolidação da estabilidade econômica no Brasil das últimas décadas e a recente enxurrada de dólares no mercado brasileiro trouxe à tona uma velha discussão: os reais efeitos de um dólar barato para o desenvolvimento da economia. De acordo com uma pesquisa da FGV, de janeiro a setembro de 2010 o dólar acumula uma queda de 2,93%, vencendo para baixo a barreira do R$ 1,70. E o consumidor já pode sentir os efeitos no bolso. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA Não apenas os produtos de consumo duráveis foram beneficiados. Pesquisas indicam que a desvalorização da moeda norte-americana contribui para o controle da inflação, inclusive pressionando os preços dos alimentos importados, como trigo, milho, entre outras commodities alimentícias. Mas também há o outro lado da moeda. Pesquisas também indicam que a indústria brasileira está perdendo espaço para as importações, que já respondem por 20% de tudo que é consumido no Brasil. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA Toda a cadeia produtiva está sendo afetada pela importação. Desde insumos até produtos acabado, como carros importados. Se de um lado há o controle da inflação, do outro as empresas nacionais alegam que estão sendo prejudicadas. E o remédio que querem é a proteção ao governo, como o aumento das barreiras à importação. Também se sabe que a queda da moeda norteamericana tem um efeito nefasto para os exportadores. Cada centavo perdido reduz a força financeira, dificultando a manutenção da competitividade no exterior. Porém, nem tudo pode ser creditado a desvalorização do real. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA O custo da produção brasileira é muito alto, e boa parte dos problemas são conhecidos por todos: péssima infraestrutura logística e portuária, alta carga tributária, custos trabalhistas, inchaço da máquina pública , altíssimas barreiras não tarifárias, entre outros. Além disso, as exportações brasileiras representam apenas 15% do PIB. E alguns mitos precisam ser derrubados nessa discussão. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA O primeiro mito é de que o governo pode controlar a taxa do dólar. Criar mecanismos de administração da moeda já aconteceu no passado em uma época em que a inflação ultrapassada os três dígitos. O segundo e importante mito a ser derrubado é que as importações só beneficiam a geração de emprego em outros países, como na China. Uma bobeira constantemente dita por pessoas que conhecem (ou deveriam conhecer) a complexidade de uma economia gigantesca como a do Brasil. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA A título de informação, apenas em 2010 o Brasil acumulou um superávit comercial de US$ 4,4 bilhões com a China até agosto. E nos últimos 12 meses foram criados 2,27 milhões de empregos com carteira assinada no país, prova de que as importações não podem ser responsabilizadas pelo aumento dos empregos. Ao invés de manter a discussão entre perdedores e ganhadores, o governo brasileiro precisaria fazer o seu dever de casa: controlar os gastos públicos e fazer as reformas estruturais, permitindo o aumento no nível de investimento e a queda nas taxas de juros. AS DUAS FACES DA VALORIZAÇÃO DA MOEDA BRASILEIRA ESTUDO DE CASO A explicação é que o Yuan barato favorece as exportações do país. Quando os produtos chineses têm o preço convertido para dólar ou euro, ficam muito baratos. Assim, o concorrente estrangeiro desbanca produtos domésticos nos mercados europeu e americano. Fonte: Economia Clara PORQUE OS CHINESES NÃO QUEREM MOEDA MAIS VALIOSA? O impacto da concorrência com a China na indústria brasileira é tão significativo que 67% das empresas exportadoras brasileiras, que competem com produtos chineses, perdem clientes e 4% deixou de exportar, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Fonte: Blog Reinaldo Azevedo IMPLICAÇÕES NO BRASIL O economista (Castelo Branco gerente-executivo de Política Econômica da CNI) lembrou que os custos de produção no país asiático são consideravelmente menores do que os brasileiros por diversos motivos: os menores salários e encargos sobre a folha de pagamentos, taxas de juros mais favoráveis, menor tributação e burocracia para exportação, menores exigências de conformidade para os produtos, melhor eficiência de infraestrutura e maior escala de produção. Fonte: Blog Reinaldo Azevedo IMPLICAÇÕES NO BRASIL Embora a maior parte da pressão pública sobre a China venha dos Estados Unidos, os comentários demonstram que vários países em desenvolvimento sentem que a taxa de câmbio fixa em relação ao dólar que foi imposta pela China atrapalha as suas economias. Brasil e Índia se juntam aos protestos contra a desvalorização da moeda chinesa (Notícia publicada no Financial Times) A situação para China começa apertar na medida que a China se torna esse gigante do comércio externo, pois a pressão é muito forte, ou seja, os chineses vão ter que se esforçarem para valorizarem a moeda deles em algum momento, de algum modo e com algum tipo de acordo internacional, porque se não fizerem isso, muitos países vão começar à aplicar restrições aos produtos chineses. Brasil e Índia se juntam aos protestos contra a desvalorização da moeda chinesa (Notícia publicada no Financial Times) OBRIGADO! ELIS, ISABELA, LUCAS, ROBERT E RODRIGO