avaliação da dor no paciente crítico: uma revisão de literatura

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA-SOBRATI
INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA-IBRATI
MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA-MPTI
FRANCISCA GOMES BRANDÃO
AVALIAÇÃO DA DOR NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
TERESINA (PI)
2017
FRANCISCA GOMES BRANDÃO
AVALIAÇÃO DA DOR NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
Trabalho de conclusão de curso apresentada ao
Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado
Profissionalizante em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo
como um dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: Ms. Leyla Gerlane de Oliveira Adriano
TERESINA (PI)
2017
FRANCISCA GOMES BRANDÃO
AVALIAÇÃO DA DOR NO PACIENTE CRÍTICO: UMA REVISÃO DE
LITERATURA
Trabalho de conclusão de curso apresentada ao
Programa de Pós-Graduação à nível de Mestrado
Profissionalizante em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, servindo
como um dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: Ms. Leyla Gerlane de Oliveira Adriano
Aprovada em:
/
/
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Edilson Gomes de Oliveira
Examinador–IBRATI
__________________________________________
Prof. Dr. Douglas Ferrari
Examinador- IBRAT
___________________________________________
Prof.º Dr. Marttem Costa de Santana
Examinador-IBRATI
__________________________________________
Prof.ª M.a Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes
Examinador-IBRATI
RESUMO
De acordo com a Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP) a dor é definida
como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano atual
ou potencial do tecido. Desta forma, em 1996, foi introduzida pela American Pain
Society, como 5° sinal vital (GONÇALVES et al., 2013).
A dor durante a hospitalização é frequente, devido à gravidade da doença e aos
procedimentos necessários ao tratamento, que são quase sempre invasivos e
agressivos, principalmente no setor de terapia intensiva. Aliado a estes fatores temos
a dificuldade de comunicação dos pacientes de UTI uma vez que na sua grande
maioria se encontram sedados ou com ventilação mecânica o que torna a mensuração
da dor um desafio para a grande maioria dos profissionais. Diante disso o presente
estudo teve como objetivo levantar nas referências bibliográficas as formas de
avaliação da dor em pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva.
Trata- se de uma revisão bibliográfica integrativa, de caráter exploratória e abordagem
qualitativa. Os dados foram obtidos através de literaturas, da busca em bases de
dados LILACS e SCIELO do período de 2010 a 2016. Foram utilizados os descritores
avaliação da dor, adulto e UTI.O passo seguinte foi uma leitura exploratória, os dados
apresentados foram submetidos à análise de conteúdo. Posteriormente, os resultados
foram discutidos com o suporte de outros estudos como o Plano Nacional de Combate
a Dor, para a construção do relatório final. Através da análise dos dados observou-se
que os profissionais estão sensibilizados sobre a necessidade de se mensurar a dor
em pacientes críticos e que utilizam de forma não sistemática algumas escalas mais
que estas na sua grande maioria não são as indicadas. Relatam também dificuldades
nesta avaliação, devido ao pouco conhecimento e divulgação dessas tecnologias. A
escala mais citada para ser usada em pacientes sedados ou em ventilação mecânica
foi a comportamental Behavioural Pain Scale (BPS) e para aqueles que podem
verbalizar a Escala Visual Numérica. E que alterações fisiológicas como alteração na
frequência cardíaca e pressão arterial vistas de forma isolada não são recomendadas
para avaliação da presença de dor em pacientes sedados, estes dados têm pouca
especificidade e estas alterações podem ser causadas por outros fatores como
medicamentos, dispositivos, patologias e medo.
Palavras-chave: Avaliação da dor. Adulto. UTI.
ABSTRACT
According to the International Society for the Study of Pain (IASP), pain is defined as
an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential
tissue damage. Thus, in 1996, it was introduced by the American Pain Society, as the
5th vital sign (Gonçalves et al., 2013).
Pain during hospitalization is often due to the severity of the disease and the necessary
procedures for the treatment, which are often invasive and aggressive, especially in
the intensive care unit. In addition to these factors have difficulty communicating ICU
patients, since the vast majority are sedated or mechanical ventilation which makes
the measurement of pain a challenge for most professional. Thus, this study aimed to
raise the forms of reference to assess pain in adult patients in intensive care units.
Treatment is an integrative literature review, exploratory and qualitative approach.
Data were obtained from the literature search in the databases LILACS and SCIELO
period from 2010 to 2016. The assessment of pain descriptors was conducted in adults
and UTI.O next step was an exploratory reading, the data presented were submitted
to content analysis. Subsequently, the results were discussed with the support of other
studies, such as the Anti-Dor National Plan for the construction of the final report. Analyzing the data, it was observed that professionals are aware of the need to measure
pain in critically ill patients and to use scales so unsystematic that, in most cases, are
not displayed. Also report difficulties in this assessment due to lack of knowledge and
dissemination of such technologies. The scale most cited to be used in sedated patients or mechanical ventilation was the Behavioral Pain Scale (BPS) behavioral and
for those who can verbalize Visual Numerical Scale. And that physiological changes,
such as changes in heart rate and blood pressure seen in isolation, are not recommended to assess the presence of pain in sedated patients, these data have little specificity and these changes can be caused by other factors such as drugs, devices, diseases and fear.
Keywords: Pain assessment. Adult. ICU.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................07
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................08
3 METODOLOGIA......................................................................................................10
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................11
4.1 Escalas de Avaliação de dor utilizadas em UTI.............................................13
4.2 Dificuldades na identificação e manejo da dor em pacientes críticos........18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................20
6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................21
1.0 INTRODUÇÃO
De acordo com a Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP) a dor é definida
como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano atual
ou potencial do tecido. Desta forma, em 1996, foi introduzida pela American Pain
Society, como 5° sinal vital (GONÇALVES et al., 2013).
A dor é algo comum a todo ser humano sendo por vezes ativada por fatores
psicológicos e subjetivos. Assim sendo cada indivíduo reage a dor de forma diferente
(FORTUNATO et al., 2013).
A dor apresenta-se como um fenômeno subjetivo de difícil quantificação e qualificação
pela diversidade de fatores fisiológicos, comportamentais e emocionais que lhes são
inerentes. No entanto, a mensuração da dor é fundamental devido o papel que
desempenha tanto no diagnóstico, como na terapêutica visando à melhora do quadro
geral das pessoas acometidas.
Tendo em vista que a dor é algo subjetivo e que cada pessoa se expressa de forma
diferente, o primeiro desafio no combate à dor é sua mensuração principalmente em
se tratando de UTI uma vez que a grande maioria dos pacientes se encontram
sedados. Os doentes aí internados sofrem pela gravidade do seu estado clínico, pela
quantidade de cuidados de enfermagem sistemáticos, procedimentos invasivos de
diagnóstico e tratamento, cirurgias e pela presença de dispositivos terapêuticos
(BATALHA et al., 2013).
A mensuração da experiência dolorosa é tarefa desafiadora para aqueles que
procuram manejá-la adequadamente, quer pela complexidade do fenômeno doloroso
ou falta de um instrumento de medida ideal, que possibilite acesso preciso e acurado
ao que o outro está sentindo. Nos casos de incapacidade cognitiva grave e
impossibilidade de comunicação verbal das sensações, soma-se a impossibilidade de
utilizar o autor relato, padrão ouro para reconhecer, avaliar e tratar a dor nas
populações. Por outro lado, e segundo um estudo desenvolvido recentemente pela
Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, em Portugal apenas 25% das UTI
utilizam instrumentos de avaliação da dor adequados ao doente crítico.
O processo de avaliação da dor é amplo e envolve a obtenção de informações
relacionadas à data de início, à localização, à intensidade, à duração e à periodicidade
dos episódios dolorosos, às qualidades sensoriais e afetivas do paciente, aos fatores
que iniciam, aumentam ou diminuem a sua intensidade. Sendo assim, o alívio da dor
é um pré-requisito para que o paciente obtenha uma ótima recuperação e qualidade
de vida (BARBOSA et al., 2011).
Com relação a essas dificuldades intrínsecas questiona-se o porquê de se mensurar
a dor em pacientes críticos e como realizá-la de forma eficaz. A mensuração da dor é
extremamente importante no ambiente de UTI, pois se torna impossível manipular um
problema dessa natureza sem ter uma medida sobre a qual basear o tratamento ou
conduta terapêutica. Sem tal medida, torna-se difícil determinar se um tratamento é
necessário, se o prescrito é eficaz ou mesmo quando deve ser interrompido (SILVA et
al., 2011).
Diante do exposto o presente estudo teve como objetivo levantar nas referências
bibliográficas as formas de avaliação da dor em pacientes adultos internados em
unidades de terapia intensiva.
Tal proposta se faz justificável pelas dificuldades dos profissionais em identificar e
mensurar a dor em pacientes de UTI além de que a defasagem de conhecimento nesta
área propicia um inadequado reconhecimento e tratamento da dor levando os
profissionais a manterem o paciente com níveis de sedação e analgesia em excesso.
2.0 REFERENCIAL TEÓRICO
A UTI é um setor de alta complexidade, dotada de características físicas que propiciam
maior vigilância e controle de pacientes. Ela centraliza recursos materiais e humanos
que permitem um atendimento eficaz, conforme necessidade do paciente, com base
numa filosofia de trabalho definida, onde a atuação da equipe multiprofissional deve
estar voltada para o objetivo comum: a recuperação de pacientes (FORTUNATO et
al., 2013).
A dor durante a hospitalização é frequente, devido à gravidade da doença e aos
procedimentos necessários ao tratamento, que são quase sempre invasivos e
agressivos, principalmente no setor de terapia intensiva. A comunicação da
experiência dolorosa aos profissionais de saúde é fundamental para compreensão do
quadro álgico, implementação de medidas analgésicas e avaliação da eficácia
terapêutica. Devido a isso, cada vez mais se notou a necessidade de desenvolver
instrumentos de avaliação da dor que retratassem uma linguagem universal sobre a
experiência dolorosa (MORETE; MINSON, 2010). O controle da dor é um dever dos
profissionais de saúde, um direito dos doentes que dela padecem e um passo
fundamental para efetiva humanização da unidade de Saúde.
A avaliação e registro da intensidade da dor, pelos profissionais de saúde tem que ser
feita de forma contínua e regular, à semelhança dos sinais vitais, de modo a otimizar
a terapêutica, dar segurança à equipe prestadora de cuidados de saúde e melhorar a
qualidade de vida do doente.
Os instrumentos para a avaliação da dor em adultos baseiam-se, fundamentalmente,
no autor relato, o que dificulta de forma considerável sua avaliação em pacientes com
déficits cognitivos e em ventilação mecânica. Um problema comum nas unidades de
terapia intensiva (UTI) é a existência de grande número de pacientes graves
incapacitados de se comunicarem verbalmente (CARNEIRO et al., 2010). Quando a
dor não é controlada podem ocorrer alterações respiratórias, hemodinâmicas e
metabólicas, aumentando a probabilidade de ocorrer instabilidade cardiovascular,
aumento do gasto energético e dificuldade de deambulação favorecendo a trombose
venosa profunda (SAKATA, 2010).
Um estudo mostrou que menos da metade dos pacientes tem controle adequado da
dor em UTI. As barreiras foram: conduta do médico, uso de protocolos sem evidência,
resistência dos profissionais para mudar a conduta, método inadequado de avaliação
da dor e treinamento insuficiente dos profissionais quanto à avaliação e ao tratamento
da dor (SAÇA et al., 2010).
Os guias, protocolos e algoritmos podem promover conduta baseada em evidências,
reduzindo a variação na prática clínica e a possibilidade de sedação excessiva ou
prolongada. No entanto, essa prática pode se dar de forma lenta.
A avaliação da dor e da sedação é particularmente complexa na UTI porque, muitas
vezes, os pacientes mostram-se incapazes ou impossibilitados de se comunicar
verbalmente com os profissionais. O paciente não se comunica por diversas razões:
intubação traqueal, alteração da consciência, sedação, efeito de medicamentos
(SAKATA, 2010).
Em unidades de terapia intensiva “o adequado alívio da dor e da ansiedade deve ser
uma prioridade no planejamento terapêutico de pacientes extremamente doentes, pois
seu manejo adequado reduz o tempo de necessidade de ventiladores além da
diminuição do tempo de internação e consequente redução de custos (MORETE;
MINSON, 2010).
Geralmente, o controle inadequado da dor está relacionado à falta de critérios e
métodos de avaliação e registro. Embora avaliar e mensurar a dor não sejam tarefas
fáceis, esses procedimentos devem se tornar rotineiros para todos os profissionais da
UTI com o objetivo da melhoria da qualidade do atendimento prestado ao paciente
(GONÇALVES et al., 2013).
A dor tem sido considerada como o 5º sinal vital a ser mensurado. Para tanto, os
pacientes devem ser avaliados quanto à presença e intensidade de dor a cada medida
de frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória e temperatura e,
assim, considerar a presença de dor ou ausência de seu alívio como um sinal de alerta
tão importante quanto a bradicardia ou a hipotensão arterial.
A utilização de métodos padronizados que retratem uma linguagem universal de
avaliação da dor é imprescindível para se obter uma mensuração mais sensível e
fidedigna, reduzindo assim, o risco do subtratamento da dor nos pacientes críticos e
proporcionando melhora na qualidade do cuidado.
3.0 METODOLOGIA
Esta pesquisa incide em uma revisão bibliográfica integrativa, de caráter exploratória
e abordagem qualitativa. Segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008), a revisão
integrativa é fundamentada na apreciação de estudos importantes que permitam a
composição da informação a partir de diversos estudos publicados a respeito de um
resolvido tema, o melhoramento da tomada de decisão e do exercício clínico, além de
apontar espaços na metodologia do conhecimento. Permitindo desta forma, tiraremse conclusões gerais a propósito de uma reservada extensão de estudo.
Considera-se a revisão integrativa o meio mais completo, pois consente a abrangência
de pesquisa experimental e quase-experimental, além da concordata de elementos
de literatura teórica e baseado na experiência adequando um grau de captação
completado de conceitos implexos, teorias ou problemas a respeito do assunto de
importância (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Após a definição do tema, foi realizado o levantamento inicial de artigos por meio da
ferramenta de procura do Google acadêmico. Em seguida, foi empregado o
fundamento de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde) e SCIELO (Scientific Electronic Library Online) a disposição da BVS
(Biblioteca Virtual em Saúde). A análise foi feita a partir do emprego dos seguintes
descritores: avaliação da dor, adulto e UTI.
De início o levantamento de dados resultou em 26 artigos relacionados à temática,
onde foi realizada a leitura sintética do resumo dos artigos. Foram empregados os
critérios de inclusão para seleção dos artigos: publicações em língua portuguesa,
textos na íntegra, aderência temática e obras inerentes ao tema a partir do ano de
2010, resultando no final em 13 artigos. Foram adicionados devido a aderência
temática, artigos científicos, dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso
e resenha publicada em revista científica. Em seguida, deu-se início a leitura sintética
dos resumos para a escolha dos artigos. Após a seleção dos artigos foi iniciada a
leitura na íntegra e interpretativa tido como problema de pesquisa e as informações
mais relevantes, adotado os fichamentos. Para um melhor enquadramento dos artigos
na temática, foi adotado um formulário para cada artigo, a fim de obter informações
sobre: título do artigo, ano do artigo, revista de publicação, autores, tipo de
abordagem, objetivos e contribuições para o estudo e em seguida lançado em uma
planilha com as informações mais pertinentes a respeito. Como material de apoio para
construção do estudo utilizou-se além dos artigos selecionados, o plano nacional de
avaliação da dor realizado em Lisboa pelo grupo nacional da dor a fim de ampliar o
leque de literatura a respeito do tema.
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, estão relacionados os dados encontrados e organizados no Quadro 1 no
qual se pode visualizar as publicações referentes à temática proposta associados as
suas respectivas contribuições de estudo.
Quadro 1. Especificação do estado de ênfase dos estudos elegidos
Autor
Batalha LMC.
Et al.
Periódico
Revista
Brasileira
Terapia
Intensiva
de
Ano
Estado
Objetivos
2013
Coimbra Adaptar semântica e
culturalmente a para o
português a BPS e avaliar
suas
propriedades
psicométricas (validade e
viabilidade) em doentes
Nascimento
JCC, Silva
LCS.
Revista
Movimenta
2014
Silva CCS, et Revista
da
al.
Rede
de
Enfermagem
do Nordeste
Gonçalves
Revista
AAS, et al.
Inspirar
PR
PE
2011
2013
PR
Revista
Brasileira de
Anestesiologia
Revista
do
HUPE
2010
SP
Monteiro AR. Revista
Schreiber G, Eletrônica da
Sade PMC.
Faculdade
Evangélica do
Paraná.
Bottega FH, Revista
Fontana RT.
Contexto
Enfermagem.
2011
Sakata RK.
Fortunato
JGS, et al.
Magalhães
PAP et al.
2013
SP
DF
2013
Revista da Dor
DF
2011
Alfarrobinha
CIS, et al
Barbosa
et al.
RG
Revista
Nursing
Magazine
Digital
TP, Revista
Brasileira
DF
2013
2011
de
SP
de UTI em ventilação
mecânica e incapazes de
autoavaliarem a dor.
Realizar
um
levantamento de como é
avaliada a dor do paciente
em cuidados intensivos.
Avaliação e intervenção
da dor em pacientes
críticos sob a ótica de
enfermeiros intensivistas.
Identificar como se avalia
a dor em pacientes adulto
sedado e em ventilação
mecânica.
Revisão sobre analgesia
e sedação em UTI.
Identificar e discutir sobre
o uso das escalas
utilizadas em UTI .
Discorrer sobre o papel
do enfermeiro frente ao
manejo da dor.
.
Descrever as impressões
dos enfermeiros sobre o
uso de uma escala visual
analógica de avaliação da
dor em adultos.
Caracterizar a percepção
e as dificuldades da
equipe de enfermagem
frente a identificação e
manuseio da dor dos
pacientes vitimas de
traumas e treiná-los para
adequada avaliação e
tratamento.
Identificar escalas de
avaliação
da
dor
disponíveis para o doente
inconsciente
internado
em UTI e identificar quais
os indicadores que são
utilizados em cada uma.
Verificar a experiência
dolorosa dos pacientes
submetidos a grandes
Terapia
Intensiva
Saça CS et al. Revista
de
Enfermagem
da
Universidade
Paulista
de
Jundiaí
Morete MC et Revista
al.
Brasileira de
Terapia
Intensiva
2010
SP
2014
SP
cirurgias que realizaram
pós- operatório em UTI.
Verificar se a dor é
abordada
sistematicamente como
5º sinal vital.
Realizar
tradução
e
adaptação cultural para o
português do Brasil da
escala Behavioral Pain
Scale e avaliar suas
propriedades
psicométricas.
Fonte: Base de dados BVS-LILACS e SCIELO.
Considerando a análise dos artigos selecionados nesta revisão integrativa, obteve-se
algumas informações para melhor sintetizar a temática, pôde-se delimitar duas
categorias por similaridade de conteúdo, são elas: as escalas de avaliação de dor
utilizadas em UTI e as dificuldades na identificação e manejo da dor nestes pacientes.
4.1 Escalas de Avaliação de dor utilizadas em UTI
As escalas devem dar subsídios ao profissional para que ele identifique as alterações
presentes no paciente e use a intervenção adequada. Isso implica no fato de que o
profissional deve estar bem treinado a fim de saber aplicar a escala e interpretá-la.
Pois, muito mais do que apontar a alteração presente, este tipo de instrumento deve
nortear as ações, objetivando sempre a melhora da condição do paciente. Com o
intuito de discutir as escalas encontradas à luz do cuidado com paciente crítico serão
apontadas as escalas indicadas nas publicações selecionadas para o presente
estudo.
Nos estudos realizados por Fortunato et al (2013), Nascimento (2014) e Silva et al
(2011) foi encontrado as escalas visual/verbal numérica (EVN), escala visual
analógica (EVA) e a escala de faces de dor (EFD).
A primeira delas é a escala visual numérica (EVN) que objetiva a mensuração da
intensidade da dor, em contextos clínicos, em valores numéricos. Para ser utilizada
esta escala o paciente deve estar consciente de seus pensamentos e ações e referir
sua dor numa escala de zero a dez, sendo zero “nenhuma dor” e dez a “dor máxima
imaginável” (Figura 1).
Figura 1. Escala visual/verbal numérica
Possui uma expressão de dor precisa e é de fácil utilização podendo ser usada com
pacientes analfabetos ou com dificuldade visual visto que não precisa de contato
visual do paciente com a escala podendo ser somente falada. Ressalta-se que é
aplicável a pacientes orientados e com boa capacidade cognitiva, que num contexto
de terapia intensiva, podem estar aguardando, por exemplo, um procedimento
cirúrgico.
A escala visual analógica (EVA), que se assemelha à EVN, no entanto, deve
obrigatoriamente haver o contato visual do paciente com a escala e ele deve ser capaz
de apontar ou sinalizar ao examinador em que grau sua dor está. Pode ser uma régua
numérica com dez centímetros, dividida em dez espaços iguais, sendo apresentada
de forma simples, ou pode possuir um apelo visual com cores, mas é importante que
o paciente entenda que uma extremidade indica “sem dor” e que a outra indica “dor
máxima” (Figura 2).
Figura 2. Escala visual analógica
Assim como a EVN, esta exige que o paciente esteja orientado, com boa acuidade
visual e boa capacidade cognitiva, o que a torna de difícil aplicação em cenários de
terapia intensiva, principalmente em idosos.
A escala de faces de dor (EFD) se vale de descritores visuais através de expressões
faciais que refletem a intensidade da dor. O indivíduo é convidado a analisar as
imagens e indicar qual delas se relaciona à dor que o mesmo está sentindo. Varia de
zero a cinco, sendo zero “sem dor” e cinco “dor insuportável” (Figura 3).
Figura3.
Escala de
faces de
dor
Baseado nisto, infere-se que estas escalas são limitadas em um cenário de terapia
intensiva pelo fato de que estes pacientes geralmente estão submetidos a uma grande
quantidade de sedativos o que difere da realidade confirmada por Magalhães (2010)
que conclui no seu trabalho que 82% dos enfermeiros pesquisados relataram que o
instrumento mais conhecido por eles é a Escala Verbal Numérica (EVN). Fato também
confirmado pelo plano nacional de avaliação da dor de Lisboa aonde 67% das UTis
só utilizam este tipo de escala o que nos leva a concluir que os pacientes sob
ventilação mecânica ou sedados não são avaliados ou avaliados de forma errada
quanto a dor. A falta de um instrumento adequado de avaliação de dor para pacientes
que apresentam barreiras de comunicação interfere na otimização do tratamento da
dor. A implementação de um instrumento de avaliação de dor comportamental para
esses pacientes melhora o controle da dor, a avaliação, a documentação dos eventos
pelos profissionais e aumenta a segurança dos profissionais (GONÇALVES et al.,
2013).
As escalas mais adequadas para avaliação da dor em pacientes sedados ou sob
ventilação mecânica são as escalas comportamentais dentre estas a BPS ( Behavioral
Pain Scale) parece ser a que reúne mais consenso para ser utilizada na prática clínica.
A mesma foi citada como adequada na identificação da dor no paciente crítico por
FORTUNATO et al (2013), BATALHA et al (2013), SAKATA (2010), GONÇALVES et
al (2013) e MORETE et al ( 2014 ).
A BPS consiste na avaliação de três aspectos: expressão facial, movimentos
corporais e tolerância à ventilação mecânica. A BPS permite definir a intensidade da
dor entre 3 (nenhuma dor) e 12 (a maior intensidade de dor) pontos. Cada indicador
foi categorizado em quatro descrições do comportamento, indicando ausência de dor
(pontuação 1) a um máximo de dor (pontuação 4). A pontuação total varia entre os 3
pontos (sem dor) e os 12 pontos (dor máxima). O tempo estimado para seu
preenchimento é de 2 a 5 minutos.
A expressão facial é o item que mais contribui para a avaliação da dor, seguida de
movimentos dos membros e da aceitação da ventilação. São comportamentos de dor:
careta, testa franzida, rigidez, retração, pálpebras cerradas apertadas, nariz franzido,
lábio superior levantado, verbalização, punhos cerrados. A aceitação da ventilação
mecânica pode ser afetada por hipoxemia, broncoespasmo e secreção.
O estudo de Aissaoiu et al (2005) citado por Gonçalves et al (2013), demonstrou a
validade da escala BPS e a sua fidedignidade na avaliação da dor em doentes
inconscientes sendo possível detectar mudanças no estado clínico e detectar
procedimentos dolorosos através da sua utilização.
Já no Brasil uma pesquisa realizada em UTI no hospital Albert Einstein com o objetivo
de traduzir a escala BPS para o português concluiu que a escala Behavioural Pain
Scale mostrou ser de fácil aplicação e reprodutibilidade, assim como teve adequada
consistência interna, sendo satisfatória a sua adaptação para o Brasil para avaliação
da dor em pacientes graves ( MORETE et al., 2013).
Quanto a opinião dos enfermeiros sobre a escala BPS a pesquisa realizada pelo
núcleo nacional da dor de Lisboa com 549 enfermeiros constatou que 53% dos
entrevistados escolheram para sua prática clínica a BPS como instrumento a utilizar
na detecção da dor em pacientes críticos.
Para BATALHA et al (2013), apesar de válida e confiável, a BPS não é uma escala
perfeita, pois não informa sobre a qualidade, tipo ou localização da dor. A sua
pontuação mínima começa em três em vez de zero, como na maioria das outras
escalas. Os fármacos sedativos e/ou relaxantes musculares, a condição física
(fraqueza) do doente, o uso de contenção física para segurança (dispositivos
terapêuticos, prevenção da autoflagelação, estabilização de articulações) influenciam
a capacidade de o doente exibir os movimentos dos membros. Por outro lado,
permanece alguma ambiguidade em relação aos itens do indicador adaptação ao
ventilado. Por estas razões, vários autores defendem a necessidade de mais estudos
para confirmar a sua validade, confiabilidade e utilidade clínica.
Outra escala citada por MAGALHÃES et al (2011), GONÇALVES et al ( 2013) e
ALFARROBINHA et al ( 2013 ) foi a Ferramenta de Observação da Dor em Paciente
Critico (CPOT) que inclui quatro itens comportamentais: expressão facial, movimentos
corporais, tensão muscular e adaptação ventilatória. Sendo que cada comportamento
é avaliado com pontos de 0 a 2.
A CPOT tem demonstrado resultados válidos de confiabilidade em adultos de UTI
conscientes e inconscientes em estudos observacionais e descritivos mostrando-se
eficiência no apoio de enfermeiros de UTI na avalição da dor de seus pacientes e
contribuindo para melhor controle da dor no adulto em estado grave .
Para GÉLLIDAS (2010) citado por ALFARROBINHA et al (2013) num estudo
realizado com o objetivo de descrever as avaliações dos enfermeiros sobre a utilidade
clínica da CPOT, chegou-se à conclusão que mais de 90% destes consideram as
orientações para o uso da CPOT claras, simples de compreender e fáceis de
completar; e mais de 70% mencionou que a CPOT foi útil para a sua prática clínica e
recomenda o seu uso.
Para o mesmo pesquisador não há dados na literatura sobre regras da utilização das
escalas comportamentais, porém devem ser usadas no mínimo três vezes no dia. Para
uma boa avaliação deve ser observado o paciente em estado confortável e durante
procedimento doloroso, assim o avaliador será mais sensível a qualquer alteração. Se
o paciente apresentar dor e for medicado após alguns minutos deve ser avaliado
novamente.
4.2 Dificuldades na identificação e manejo da dor em pacientes críticos
O autor MONTEIRO (2011), conclui que o conhecimento sobre a dor é fundamental
para o profissional de enfermagem devido estar mais próximo ao paciente em seu
cuidado e poder exercer seu papel como membro da equipe multidisciplinar. O
enfermeiro ter ciência de formas de manuseio da dor pode tornar sua equipe
capacitada e humana no atendimento ao cliente. Para BOTTEGA (2013), o uso de
escalas para avaliar a dor permite aos profissionais envolvidos no cuidado perceber a
dor como quinto sinal vital, acompanhar à eficácia do cuidado e humaniza-lo além de
facilitar a tomada de decisões.
No trabalho realizado por SILVA et al (2011) pode-se constatar que os enfermeiros
percebem a dor como uma queixa importante e demonstram o uso de algumas
medidas de avaliação da dor como as escalas de faces e alterações dos sinais vitais,
no entanto, essa avaliação é feita de forma empírica e não sistemática. SAÇA ( 2010)
conclui que a equipe de enfermagem atende prontamente o paciente com dor quando
o mesmo o faz de forma verbal e que somente 52% da equipe avalia a dor de forma
sistemática juntamente com os sinais vitais. É importante reconhecer que ferramentas
para avaliação de dor são implementadas principalmente por enfermeiros, destacando
a importância de uma abordagem multidisciplinar para a concepção e implementação
das mesmas. Na maioria dos protocolos assistenciais das UTIs, o enfermeiro é
responsável pela aplicação e também das intervenções quando indicadas. A
enfermagem pode assumir a gestão da analgesia, sabendo reconhecer a dor, através
de protocolo confiável desenvolvido por toda equipe (GONÇALVES, 2013).
Segundo SILVA et al (2011), a dor também é um fenômeno difícil de ser analisado por
ter um caráter subjetivo, individual e emocional, isto é, por possuir uma relação direta
com o que cada pessoa é, sente e vivencia. E que mesmo existindo uma série de
instrumentos para avaliar a dor, estes são pouco utilizados, devido ao pouco
conhecimento ou divulgação dessas tecnologias, e pelas dificuldades de manejo que
tornam ainda mais graves a subestimação e o subtratamento da dor. Ricker (2009)
citado por SAKATA (2010) afirma que menos de 50% dos profissionais de UTI avaliam
a dor em UTI e isso se deve a dificuldade de se avaliar a dor em pacientes que não
se comunicam por diversas razões: intubação traqueal, alteração da consciência,
sedação e efeitos de medicamentos. MAGALHAES et al (2011) conclui que a maioria
dos profissionais de enfermagem tem conhecimento insuficiente sobre a identificação,
quantificação e tratamento da dor por isso se faz necessário o treinamento da equipe
e a adoção de protocolos específicos.
Fato este comprovado em outro estudo que teve como objetivo identificar o
conhecimento de uma equipe de enfermagem de um hospital em relação à avaliação
da dor aonde foi verificado que a mesma não tinha como rotina esta prática, porém,
ao ser educado quanto à importância dessa avaliação, o grupo passou a oferecer um
cuidado mais qualificado. Acreditam os autores que, a partir do desenvolvimento da
ação educativa proposta, os profissionais compreenderam a subjetividade implícita na
queixa de dor, gerando impacto positivo sobre o cuidado de enfermagem (FONTANA,
2010).
No estudo de SILVA (2013), os resultados demonstraram que os enfermeiros
avaliavam a dor, mas não de forma sistemática e a escala utilizada não era adequada
aos pacientes críticos. Segundo BATALHA (2013), os instrumentos de avaliação
devem ser escolhidos de forma adequada à população a que se destina e devem ser
de fácil aplicabilidade. E que quando se implementam as escalas de avaliação da dor
existe resistência por parte dos enfermeiros pois exige formação, aumenta a carga de
trabalho, há a necessidade de registro, exige tempo e experiência para compreender
a mensagem do cliente. Posteriormente esse esforço é premiado com a prevenção e
controle da dor dos pacientes possibilitando mais qualidade a assistência prestada.
Além disso, NASCIMENTO (2014), observou que a avaliação da dor em pacientes sob
cuidados em UTI é um processo subestimado, isto é, a equipe de enfermagem que
trabalha diretamente com este tipo de paciente, por mais que conheça algum tipo de
avaliação ainda não aderiu à prática.
Já para BOTTEGA (2010) apesar do conhecimento insuficiente da equipe de
enfermagem sobre o assunto os enfermeiros estão sensibilizados quanto à
importância da aplicação da escala para a avaliação da intensidade da dor e relataram
interesse pela inserção deste instrumento no atendimento integral e individualizado
do paciente com dor.
5.0 CONCLUSÃO
A dor na hospitalização é frequente em decorrência da gravidade da doença e aos
vários procedimentos necessários aos tratamentos muitas vezes invasivos e
agressivos principalmente nas unidades de terapia intensiva. No entanto, a
classificação da intensidade da dor é primordial para o tratamento adequado da
mesma e a melhora do paciente, por isso cada vez mais se notou a necessidade de
desenvolver instrumentos de avaliação da dor que retratassem uma linguagem
universal da experiência dolorosa.
Nos estudos encontrados podemos observar que os profissionais estão sensibilizados
sobre essa necessidade e que utilizam de forma não sistemática algumas escalas
mais que estas na sua grande maioria não são as indicadas para os pacientes críticos.
Relatam também dificuldades nesta avaliação, devido ao pouco conhecimento e
divulgação dessas tecnologias, e pelas dificuldades de manejo que tornam ainda mais
graves a subutilização e o subtratamento da dor. A escala mais citada para ser usada
em pacientes sedados ou em ventilação mecânica foi a comportamental Behavioural
Pain Scale (BPS) e para aqueles que podem verbalizar a Escala Visual Numérica. E
que alterações fisiológicas como alteração na frequência cardíaca e pressão arterial
vistas de forma isolada não são recomendadas para avaliação da presença de dor em
pacientes sedados, estes dados têm pouca especificidade e estas alterações podem
ser causadas por outros fatores como medicamentos, dispositivos, patologias e medo.
A partir da realização desta pesquisa observou-se que a aplicação da escala de
avaliação da dor é uma maneira de melhor interpretar e entender a dor do paciente,
facilitando o planejamento da assistência e a tomada de decisões da equipe
multiprofissional, bem como o acompanhamento da eficácia do tratamento, tornando
o atendimento mais humanizado e atento às necessidades do paciente.
A dor é o nosso quinto sinal vital então devemos nos apoderar desse sinal para realizar
uma prática de qualidade, no entanto, essa prática deve realmente existir nas nossas
instituições e o primeiro passo para mudança da nossa realidade é a criação de
protocolos e treinamento da equipe multidisciplinar.
Além disso, cursos de formação, de aperfeiçoamento ou de atualização devem ser
incentivados para a aculturação desta proposta, e, que este modelo de cuidado possa
estar presente nos currículos de graduação e nas práticas de ensino clínico para que,
a partir disso, construam-se saberes que possibilitem a viabilização desta prática.
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