ECONOMIA MÓDULO 7 A EVOLUÇÃO PARA A SOCIEDADE DE MERCADO Índice 1. A Evolução para a Sociedade de Mercado ....................3 1.1. Objetivo.................................................................... 3 1.2. Introdução ................................................................ 3 1.3. Síntese do módulo...................................................... 4 2. As Mudanças.............................................................4 2.1. Síntese do Tema ........................................................ 6 2.2. Questões para Revisão................................................ 6 2 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o 1. A EVOLUÇÃO PARA A SOCIEDADE DE MERCADO 1.1. OBJETIVO Neste ítem, são analisados a evolução e os determinantes das várias organizações econômicas, cobrindo, de forma mais detalhada, o período desde o declínio da Idade Média até o século XIX, com a consolidação da Revolução Industrial. 1.2. INTRODUÇÃO Abreu (1995, p. 21) comenta: As primeiras manifestações sobre o significado do que era economia constituíam mais um conjunto junto de regras de moral prática e de conselhos políticos aos soberanos do que um conjunto de investigações científicas. Os pensamentos econômicos eram uma das preocupações de Aristóteles, na Grécia Antiga. Esse filósofo, ao que se sabe, foi o primeiro a tentar estabelecer as diferenças entre valor de uso e valor de troca. Nessas sociedades da Antiguidade, havia o predomínio do poder político sobre o econômico. Heilbroner (1980, p. 42) observa que “Todas as sociedades antigas eram basicamente economias rurais. Isso não impediu que houvesse uma sociedade urbana muito (...) rica (...)”. Henry Pirenne (apud Abreu, 1995, p. 22) escreveu a respeito das corporações de trabalho da Idade Média: “(...) um grupo que desfrutava o privilégio de praticar exclusivamente uma profissão determinada segundo os regulamentos sancionados pela autoridade pública (...)”. A queda do Império Romano do ocidente e as sucessivas invasões de povos oriundos do norte, do leste e do sul fizeram com que os campos europeus fossem retalhados, e iniciou-se o período que ficou conhecido como Idade Média. A região passou a contar com uma hierarquia feudal na qual o servo ou camponês era protegido pelos senhores feudais, que também deviam fidelidade e eram protegidos por senhores mais poderosos. Essa era a estrutura do sistema até chegar-se ao rei. Os camponeses eram vinculados a determinado senhor, que representava amplamente o poder (político, militar, econômico e social). Trabalhavam para esse senhor, entregando-lhe bens em espécie e, posteriormente, pagando taxas e tributos. Recebiam do senhor feudal, em troca, proteção militar e, muitas vezes, econômica (em situações de crises). Desse período até o (re) surgimento das ideias liberais, em meados do século XVIII, notadamente, ocorreram vários fatos que desaguaram na implementação da moderna sociedade de mercado. 3 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o 1.3. SÍNTESE DO MÓDULO Esse ítem apresentará uma análise da história das transformações das sociedades econômicas até a atual organização fundamentada na livre atuação dos mercados. 2. AS MUDANÇAS O mercador itinerante pode ser identificado como um dos fatores transformadores das anteriores organizações sociais e econômicas. Percorriam enormes distâncias em estradas de péssima conservação e contribuíam para a mudança dos hábitos das comunidades que visitavam, incentivando o comércio entre os agentes econômicos. A crescente urbanização, reforçada a partir dos burgos (pequenas regiões em que os mercadores se instalavam, próximas a castelos e fortificações medievais) ia também contribuindo para o desenvolvimento das atividades de comércio.Desenvolvimentos básicos na agricultura e melhorias nos esquemas de energia e de transportes foram pré-requisitos para essa disseminação, estimulando a expansão urbana e incentivando a indústria. A influência desintegradora do feudalismo fazia com que as cidades, cada vez mais, surgissem como organizações cooperativas, com crescente independência política e econômica. Sua existência proporcionava a base para a expansão das transações monetárias. Com a crescente liberdade e prosperidade das cidades, começaram a surgir diferentes classes sociais – a oligarquia comercial, associada em guildas – e os governos das cidades. As expedições que ficaram conhecidas como Cruzadas constituíram, por certo, outro componente de grande importância nessas mudanças econômicas e sociais. Elas não podem ser consideradas apenas como ações de cunho religioso, para a conversão ao cristianismo dos povos pagãos do oriente, já que tinham objetivos econômicos, tais como os de colonização e de exploração das regiões que conquistavam. A partir delas, houve a aproximação de dois universos muito diferentes: o feudalismo europeu, com predominância das atividades rurais, e a exuberância urbana das nações orientais, que, ao contrário das primeiras, buscavam ativamente o comércio e a obtenção de lucros. Heilbroner (1980, p. 74) comenta que “(...) os simplórios cruzados viam-se transformados em peões de um jogo de interesses econômicos que eles pouco entendiam (...)”. No rol dessas mudanças, não se pode esquecer do forte papel desempenhado pela constituição dos Estados Nacionais em função da aglutinação das fragmentadas entidades econômicas e políticas da Europa em conjuntos maiores. Durante grande parte da Idade Média, muitos dos direitos do senhor feudal tornaram-se fracos ou incertos, ocasionando a fragmentação do poder político. Papel de grande importância em todas essas transformações foi também representado pela empreitada das grandes explorações marítimas, entre os séculos XIV a XVI. Elas permitiram um afluxo de metais preciosos (ouro e prata) para a Europa, a partir da Espanha, originados das minas do México e 4 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o do Peru. Tais metais eram transferidos para outros países, com os pagamentos, em ouro, das importações espanholas. Tal fato elevou drasticamente a inflação, favorecendo a especulação e o comércio. Outro fator de destaque para a explicação dessas mudanças pode ser encontrado na mudança do espírito religioso que vigorava na época. A Igreja, detentora de grandes fortunas, exercia uma enorme influência sobre a vida humana em geral. Abreu (1995, p. 23) comenta que O pensamento econômico medieval era prático e dependente da moral cristã, a qual exercia uma forte restrição ao ganho excedente. A Igreja reconhecia a dignidade do trabalho, mas condenava os juros e só admitia o preço justo. A Igreja ensinava que era temporária a vida na terra e, assim, todos deveriam se preparar para a eternidade. O reformador protestante João Calvino (1 509-1564) foi um dos responsáveis por uma grande reforma, ao pregar com base em uma nova ótica teológica, segundo a qual, desde o começo, Deus tinha escolhido os salvos e os condenados, e nada que o homem pudesse fazer na terra alteraria essa determinação sagrada e inviolável. Os calvinistas aprovavam, porém, o esforço humano, o que desenvolveu a ideia de que isso era uma demonstração da dedicação à vida religiosa. Foi tomando corpo a ideia de que um homem bem-sucedido poderia estar mais perto de Deus. Gradualmente, foi ocorrendo, também, a monetarização das obrigações feudais. Os pagamentos em espécie são gradativamente substituídos por tributos e rendas da terra em dinheiro, o que era bem-visto pela nobreza rural, que precisava pagar por seu consumo. A inflação, destarte, corroía o valor real dos recebimentos feudais, diminuindo o seu poder de compra. A expansão da economia monetária é, pois, um novo fator que transferiu o poder às novas classes mercantis, bem mais habituadas ao uso do dinheiro. 5 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o Os reis foram cada vez mais se associando aos mercadores, já que estavam frequentemente endividados e tinham grandes despesas com a manutenção do reino e o suporte às atividades militares. 2.1. SÍNTESE DO TEMA Neste tema, foram abordadas as grandes transformações que estavam ocorrendo nas sociedades econômicas a partir do século X, e que foram levando ao surgimento da sociedade de mercado. 2.2. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Mencione alguns exemplos de estudos econômicos realizados na Antiguidade. 2. Como o mercador itinerante contribuiu para o surgimento da sociedade de mercado? 3. Aponte como foram crescendo os processos de urbanização na Europa. 4. A urbanização que se processou na época medieval se assemelha à dos dias de hoje? 5. Em sua opinião, o que é que provoca hoje a migração da população rural para a zona urbana? E como isso se dava na época medieval? 6. A constituição dos Estados Nacionais contribuiu desenvolvimento das sociedades baseadas na tradição? 7. As Cruzadas representaram um importante fator para o fortalecimento do feudalismo? Por quê? 8. O que se entende por “aglutinação das fragmentadas entidades econômicas e políticas da Europa em conjuntos maiores”? 9. Como país explorado e colonizado, qual foi a contribuição do Brasil para o surgimento de uma sociedade de mercado? contribui para para o 10. De que maneira o crescente poder nacional surgimento de uma sociedade de mercado? o 11. Cite uma das forças invisíveis que possibilitaram o surgimento da 6 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o sociedade de mercado. Alguma delas ainda impera nos dias de hoje com intensidade maior ou menor do que aquela? 12. Qual foi a consequência sobre o nível dos preços na Europa, como decorrência do afluxo de metais nobres nos países que participavam das explorações marítimas? 13. Qual é a diferença fundamental entre um e outro pensamento religioso quanto à vocação e às responsabilidades do homem aqui na terra? 14. Quais eram os compromissos dos senhores feudais antes e depois da monetarização de suas obrigações? 15. O que significou a monetarização das obrigações feudais? 16. Como a Igreja via a geração de excedentes na economia, antes da reforma de Calvino? a) Como algo importante para a constituição da riqueza de uma nação. b) Não exercia econômicas. qualquer influência sobre antigas sociedades c) Como algo condenável, em relação ao propósito maior de preparação do indivíduo para a vida eterna. d) Como algo que poderia favorecer as classes mais populares. e) Como um desenvolvimento do esforço humano. Resposta correta: alternativa c. Antes do surgimento da economia de mercado, a Igreja, os exércitos e o poder do Estado predominavam sobre os mercadores e negociantes. Essa relação de forças seria modificada com o advento da economia de mercado. A Igreja era contrária à geração de excedentes, o que invalida as alternativas a, d e e. A alternativa b também está incorreta, considerando a grande influência da Igreja sobre as antigas sociedades. 7 Economia - Módulo 7: A Evolução para a Sociedade de M e r c a d o