Do senso comum a uma consciência política

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Do
senso
comum
a
consciência política
uma
Antonio Rodrigues Belon
No senso comum quase sempre a
temática da liderança é
pensada
em
termos
empresariais. Vale o ponto de
vista da empresa. Entra no
conjunto das formas de
controle dos empregados. O
ponto de vista de classe é
colocado como natural. Como
se não houvesse história.
Como
se
o
ser
social
existisse desde sempre na
distribuição pelas classes do
capitalismo.
A liderança assim é a conexão dos empregados aos negócios da
empresa. Estabelece um contexto de apagamento da distinção
entre trabalhadores e patrões. O conectado passa a
colaborador. Reage como proprietário, quando não é.
Compartilha as aspirações de uma classe social oponente. A
manipulação transforma o que é social e histórico, em natural.
Esta orientação no interior das empresas impede o surgimento
de trabalhadores com uma autoridade legitima nas respectivas
categorias e classes sociais para colocar as lideranças sob o
ponto de vista dos trabalhadores. O cotidiano na empresa
devasta no nascedouro uma possível consciência política.
O centro da questão é este: o surgimento das lideranças
responde a que condições quando o problema é posto na visão
dos trabalhadores enquanto classe social?
O domínio da burguesia na economia, no Estado, na política
configura as relações internacionais. Por todos os meios a
situação pré-revolucionária da sociedade, onde houver, é
negada. Os discursos repetem enfadonhamente a impossibilidade
de mudanças onde realmente elas contam. Isto é sempre dito e
repetido de maneira incansável.
O que impede a transformação da situação pré-revolucionária em
situação revolucionária, se ela é do interesse da maioria?
Interessa aos trabalhadores? Como explicar a cegueira? Por que
seguir o caminho proposto pelo adversário e rejeitar as
mudanças favoráveis aos trabalhadores?
A agonia burguesa não se completa por contar com importantes
aliados. Oportunismo é o primeiro nome desta prática. Covardia
é o segundo. Traição é uma terceira designação para a direção
dos trabalhadores em nome da classe proletária e exercida no
interesse de patrões. Dos ingênuos aos espertalhões
encastelados nas burocracias sindicais e afins, defensores da
colaboração entre as classes e inventores de formas de
manutenção da exploração dos trabalhadores.
Lideranças e direções conservadoras impedem o caminho da
revolução. Montam solidamente aparelhos burocráticos
conservadores com esta finalidade. Tornam-se governistas e
patronais. Dissipam as possibilidades de elevação à
consciência das questões da vida objetiva dos trabalhadores.
Os movimentos grevistas e reivindicatórios, as organizações
internacionais dos trabalhadores, se transformam em frentes
populares, diluindo as distinções e esvaziando as lutas.
De um lado, objetivamente, a deterioração do capitalismo; do
outro, as lideranças e as direções traiçoeiramente pelegas.
Dois obstáculos consideráveis. E convergentes na apologia do
domínio capitalista.
A História vai pedir contas aos aparelhos burocráticos.
No interior das relações sociais e históricas a vontade
revolucionária dos trabalhadores fermenta. A crise do
capitalismo nasceu com ele. A denominada crise de direção do
proletariado é a maior crise contemporânea. A organização dos
trabalhadores em suas lideranças e em sua direção é a saída
para a crise da civilização.
Ninguém quer a barbárie.
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