O Político - Comunidade Virtual de Antropologia

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O POLÍTICO
Conceito de política e político.
a. Conceituação clássica:
Conservadora
-
Sociologia estática;
-
Baseada em Aristóteles que dizia terem uns nascidos para senhores e outros escravos;
-
Contrária às mudanças na estruturação das castas, classes, dinastias familiares, e à
redistribuição da riqueza ( institucionalidade vertical ou hierarquia institucional).
-
Análoga aos critérios da seleção natural, em nível primário, isto é, com aceitação de
mudanças horizontais através de luta pela sobrevivência, em que uma minoria domina
uma maioria," criando título para si", apropriando-se da instrumentabilidade cultural, a
fim de tronar mais eficaz o seu esquema de poder.
-
Servido-se dos processos e instituições educacionais para manter o statu quo , sem
antagonismos em nível corporativo, isto é, estabelecendo uma ficção de imutabilidade
e harmonia das instituições: adota-se a "forma tradicional herdada (Gestalt) enquanto a
massa é condicionada por símbolos, gestos, fórmulas mágicas, ameaças, castigos,
maldições, etc.
-
Conformada ao individualismo (Herbert Spencer: "O indivíduo contra o Estado"), para
adequação com a natureza competitiva da liderança: daí a apoteose em torno da figura
do herói, a formação, divulgação e expansão dos mitos dos homens providenciais, o
culto à personalidade, afinal, o antropocentrismo, o egoísmo, a presunção de
infabilidade das elites herdeiras dos meios de controle social.
b. Conceituação antropológica:
Inovadora
-
Sociologia dinâmica
-
Baseada em autores contrários à filosofia de Aristóteles e que em todos os tempos
foram perseguidos pelos políticos conservadores até que sobrevieram a Imprensa e
Revolução Industrial ( maior divulgação das idéias e maiores concentrações
proletárias).
-
Favorável às mudanças moderadas na estruturação social e institucional, em sentido
vertical e horizontal, e a redistribuição da riqueza.
-
Aceitando a luta pela sobrevivência, com seleção natural, porém estendendo-se às
próprias estruturas dos grupos em lutas, cujo equilíbrio instável, por natureza. O
esquema de poder só é eficaz em termos dialéticos de tática e de estratégia (Hegel).
-
Servindo-se dos processos e instituições educacionais, mediante controle permanente
para acompanhar lentamente as mudanças, na medida do grau de reivindicação das
camadas dominadas.
-
Estabelece-se um "regime" de conveniência entre as teses individualistas
(competitivas) e as teses corporativas (limitativas de competição), para efeito de
controle das iniciativas da própria liderança.
Análise do confronto
a. Adota-se método estruturalista;
b. Admite-se a existência de uma dialética histórica materialista.
c. Estabelecem-se graus de comportamento político, nas camadas dominantes da
sociedade atual:
- Um grau mais autoritário e desumano,
- Um grau mais liberal e humanistico.
d. Pressupõe-se a existência de condicionamentos biológico, sociais, culturais, que são, ao
mesmo tempo, causa e efeito da luta pela sobrevivência: ações competitivas e ações
cooperativistas.
e. Aplica-se o pensamento marxista segundo o qual as idéias dominantes de uma época
são as idéias da classe dominante.
Observação geral:
O político deseja imprimir ao corpo social e à s suas instituições o sentido que lhe convém
para o Bem Estar e a segurança de si próprio e do seu grupo.
Como sua vida é muito curta, em face da duração das instituições, ele atua
estrategicamente em relação aos privilégios de governo e taticamente em relação aos
interesses de mercado".
Como, porém, adota uma dialética vulgar, isto é, sem embasamento cientifico, ou por
outra, meramente de impressões subjetivas, ele não chega ao fundo da estrutura nem
conhece as origens teóricas, as remotas razões de suas "intuições" momentâneas, na
participação dos esquemas institucionais.
O político então, se considera:
- Hábil, sagaz, etc.;
- Dotado de vocação para o exercício de liderança e função pública;
- Representante nato das correntes de opinião;
- Homem providencial;
- Figura essencial nos quadros místicos da sociedade voltada para o poder.
Vejamos agora:
O Técnico
Conceito de Técnica e de Técnico.
a. Conceituação clássica
A Técnica e os Técnicos
Conceituação
a. O técnico = prático
b. O técnico ? homem de ciência
c. Cournot classificava:
Ciências
Técnicas
Especulativas
d. Técnico ? teórico
Mas Kant ensina que são teóricas as relações de causalidade; ora a técnica visa a
determinar que ações produzem certos efeitos; essa determinação se encontra nos limites
da causalidade; portanto o que é técnico é teórico.
Tipos de Técnica:
a.
b.
c.
-
Industrial
Artística
Dos atos humanos:
moral
política
econômica
Definição: A técnica é um conjunto de procedimentos tendo em vista obter resultados
úteis, dentro de uma determinada ordem de fatos.
Na ordem política, isto é, no campo de domínio que contém os fatos do poder e da
administração pública, surgiu a figura dos técnicos nos tempos modernos, como
conseqüência da especialização profissionalmente em determinados campos científicos
(filosofia e ciências sociais, antropologia, sociologia, estatística, ciência, arte e liderança
política).
Esse técnico que age profissionalmente, nos setores políticos e administrativos, é o técnico
de administração pública. Seu trabalho se executa junto às cortes (governo), aos
mercados(complexo industrial com intervenção direta e indireta dos poderes do Estado) e
grupos determinados (autarquias, fundações e empresas públicas); no sentido de formular e
apresentar alternativas para procedimentos que devam ser desenvolvidos, visando a uma
eficiência maior, nas iniciativas políticas administrativas com o maior rendimento útil e
menor dispêndio total.
Com efeito, por fórmula bastante conhecida, a eficiência é igual ao rendimento útil
dividido pelo dispêndio total:
E = RV
DT
O técnico é uma projeção do cientista, como este, aquele não visa à liderança ou controle
social. O técnico apenas oferece alternativas proporcionadas por seus conhecimentos
especializados no assunto em pauta. De um ponto de vista pragmático, o técnico deve ser
objetivo, de um ponto de vista ético, deve ser imparcial.
Para indicação das alternativas possíveis, a atuação do técnico se processa com as
seguintes etapas:
1º - Previsão (perscrutar o futuro)
a. Definir objetivos;
b. Fazer as pesquisas com relação aos caminhos que levam aos objetivos;
c. Formular as alternativas.
2º - Planejamento
a. Definir a política de execução de acordo com as alternativas;
b. Elaborar os planos
c. Programar o planejamento.
O confronto entre o político e o técnico mostra que o técnico deve ser um profissional ao
passo que o político não deve ser profissional.
Para que esclareça amplamente esse confronto, devemos fazer uma dissertação de natureza
sociológica, e por esta se definirá a posição do político e a posição do técnico, no quadro
geral dos modelos de liderança.
Usando os termos de um esquema antropológico formulado na base de matemática,
podemos caracterizar perfeitamente o trabalho do político e do técnico e situá-lo em seus
respectivos momentos lógicos-históricos.
Aparentemente, existiu atividade e a liderança política em todas as épocas; todavia, o que
tem havido é uma política de uma parcela da sociedade global. Assim também poder-se-ia
dizer que a técnica e o técnico sempre existiram na história, desde as épocas mais remotas
em que o homem preparou armas, instrumentos de trabalho, domesticou animais e cultivou
plantas, porém, na realidade, hoje entende-se por técnica e técnico uma atividade
profissional que surgiram na fase da revolução industrial.
Dessa maneira, para uma sociedade global, em termos de segurança e desenvolvimento, o
verdadeiro político e o verdadeiro técnico só aparecem no momento histórico em que os de
homens e ciência e administração pública adquirem ampla consciência da estrutura e dos
sistemas sociais.
É preciso que se considere que o técnico da administração especializado num setor ciências
humanas, se inclui entre os humanistas.
Vejamos, pois, como se sucedem lógica e historicamente as lideranças cujo sentido de
poder vai se diluindo através dos tempos:
Princípios básicos:
I.
Segundo Jean Piaget, as estruturas mentais são iguais às estruturas matemáticas; e,
com efeito, os grupos de Klein, baseadas nos grupos de Evariste Galois, comprovam a
existência na estrutura mental das ordens hierárquicas e classificatórias.
II.
As estruturas matemáticas são as melhores técnicas para a transformação da
natureza, nestas incluindo-se os seres humanos.
III.
As melhores técnicas estão nas mãos das lideranças para aplicação eficiente e
imediata nos esquemas e decisões sobre bem estar e segurança;
IV.
Então, as lideranças devem se organizar com as estruturas matemáticas.
V.
À proporção que se aperfeiçoa a estruturação cultural e aumenta a confiança na
ciência, a presença do técnico vai se firmando cada vez mais na comunidade, por ser
profissão bem definida em setores pré-determinados, e, pela mesma razão, os políticos de
hoje, nos meios mais adiantados sempre deliberam dentro das alternativas formuladas
pelos técnicos.
Isso posto, vemos em matemática que é a seguinte a generalização do conceito de número,
ao estender-se campo de domínio das quantidades:
Concreto
Abstrato
Absoluto
Relativo
Inteiro
Fracionário
Racional
Irracional
Real
Imaginário
Complexo
Na mesma ordem dessa generalização, temos a generalização do conceito de liderança, ao
estender-se (ou partilha-se) o campo de domínio de controle social (ou poder):
Ancião pelos objetivos concretos de sobrevivência;
Guerreiro, pelo sentido abstrato da lingüistica;
Rei, pela natureza absoluta do poder;
Conselheiro, pelo sentimento relativista diante das disputas do poder;
Nobre, pelo sentimento de natureza do brasão e da "honra", isto é, a propriedade fundiária
que lhe era atribuída pelo rei;
Banqueiro, pela prática do fracionamento do dinheiro;
Burguês, pelo caráter racional de sua participação na história;
Proletário, pelo sentido irracional de mais-valia;
Político, pelo critério realista que adota em face da situação com que se defronta;
Humanista, pelo caráter imaginário de suas utopias;
Companheiro, pelo esquema complexo de ação e desenvolvimento.
Esses modelos de liderança, ao longo da história, e especificamente na base do
patriarcalismo, elaboram sistemas sociais fechados para estabilidade dos conceitos de
representação coletiva; são eles os seguintes:
-
clã
o clã + invasão = dinastia;
a dinastia + legitimação = casta
a casta + acordo = classe
a classe + concentração = comunidade
a comunidade + integração = massa
massa ...
Desta maneira os conceitos de representação coletiva formam "conjuntos lógicos",
destinados a dar "forma" ao corpo social: é a visão do mundo.
São eles os seguintes:
Conjuntura, que é a visão do mundo para o ancião, o guerreiro que é o rei (em fase nação
concreta);
Regime, que é a visão do mundo para o rei (em fase de ação abstrata) o conselheiro e o
nobre;
Estrutura, que é a visão do mundo para o banqueiro, o burguês e o proletário;
E sistema, que é a visão para o político, o humanista e o companheiro.
Diante do exposto assim se coloca respectivamente o político e o técnico:
Atributos do político
Realista
Atividade de representação
Setor de administração
Trabalho burocrático.
Buscando atender necessidades e reivindicações.
Agindo com habilidade.
Sistema classificatório de parentesco.
Conduta sigilosa, com referência às questões de Estado.
Espírito de coordenação.
Preocupação com as estruturas e sistemas.
Atividade comunitária, de concentração dos eleitores em partido.
Por outro lado, podem se considerar conservadores os políticos que agem mais visando a
conjuntura e regimes e, pelo contrário, progressista, os que buscam realizar objetivos de
estruturas e sistemas.
Atributos do técnico:
Imaginário;
Atividade profissional
Setor de administração
Trabalho técnico
Sugerindo alternativas para satisfação das necessidades e atendimento às reivindicações
agindo com imparcialidade.
Sistema descritivo de parentesco.
Conduta sigilosa, com referência aos interesses sujeitos a alternativa de realização.
Espírito de equipe.
Preocupação com estruturas e sistemas.
Atividade comunitária, de concentração de auxiliares em laboratórios.
Acresce que o conjunto das organizações de serviço coletivo geram a formação de
entidades que operam na base do poder:
O Governo, que assegura a efetivação de privilégios na liderança.
O Mercado, que assegura a efetivação de capacidade na liderança.
O Grupo, que assegura o atendimento pelas lideranças das necessidades constadas.
Ora, o político que traz a marca da tradição do poder visa ao governo, ou seja estrutura
nuclear de ação social, em conjuntura de regime e que exerce influência sobre o mercado e
os grupos.
Já o técnico, que só traz a ,marca da tradição e humanismo, visa ao mercado, ou seja a
participação legítima, na ordem social, dos conceitos de estrutura e sistema, e que exerce
influência sobre os grupos.
É, pois, lógico, que as divergências entre políticos e técnicos criam maiores extensões nas
áreas de mercado e de grupos.
Mas esta preocupação, que é maior nos políticos, não tem razão de ser porque os técnicos
não disputam com eles o controle das alavancas de decisão governamental, porque os
técnicos põem em segundo plano as questões de conjuntura e de regime. Seus horizontes,
na visão do mundo, são menos condicionados às preocupações de domínio sobre as
pessoas.
Com a extensão da liderança às áreas sociais marginais que a matemática se definiriam
como "Contra domínio", é certo, absolutamente certo, que os políticos abrirão mão de seus
privilégios e títulos retentivos de capacidade (democracia) e os técnicos racionalizarão a
maior eficiência, para emprego das vocações de capacidade de todos no atendimento às
necessidades das mesmas.
O receio clássico, nesta disputa, foi a ameaça da instauração de um regime de tecnocracia,
que substituiria a aristocracia e a timocracia. Sabe-se, no entanto, que a sociedade se
administra por sistemas mistos, e que, pela natureza de suas funções, nenhum técnico se
preocupa em criar uma ideologia tecnocrata, pois esta não se coadunaria com as tendências
históricas em prol do bem estar e da segurança.
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