Avaliação do tratamento com LASER de CO2 para as lesões HPV induzidas em trato genital inferior de mulheres portadoras ou não do vírus da imunodeficiência humana (HIV) Fábio Ohara, Silvana Maria Quintana e Geraldo Duarte Setor de Moléstias Infectocontagiosas (SEMIGO) do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo-USP (FMRP-USP) 1- Objetivo: A infecção genital pelo HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais freqüente em todo o mundo, apresentando elevada prevalência e transmissibilidade. Fatores que levam à supressão ou abolição da imunidade celular, como a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), aumentam a capacidade do vírus persistir no organismo. O tratamento pode ser realizado com métodos químicos e/ou físicos. Dentre os últimos destaca-se o LASER de CO2 que pode ser realizado em ambiente ambulatorial, com anestesia local. O objetivo deste trabalho é avaliar efetividade e segurança do tratamento com LASER CO2 em pacientes HIV positivas e negativas. 2- Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo avaliando todas as pacientes com lesões clínicas e subclínicas por HPV, atendidas no SEMIGO-DGO FMRPUSP e submetidas à terapia com LASER de CO2, no período de 2001 a 2005. As pacientes foram divididas em 2 grupos: Grupo A: Pacientes HIV negativas e Grupo B: Pacientes HIV positivas. Os dados obtidos foram digitados, utilizando o Programa Excel, Office 2000. 3- Resultados e discussão: Das 141 mulheres que foram submetidas à vaporização com LASER CO2, 92 (65,3%) eram do grupo A e 49 (34,7%) eram do grupo B. A maioria das pacientes era jovem, na faixa etária de 15 a 34 anos, 63,3% no grupo A e 65,2% no grupo B. A escolaridade evidenciou que 73,5% das pacientes soropositivas e 57,6% das soronegativas tinham cursado o 1º grau escolar. O início precoce da atividade sexual (< 16 anos) ocorreu em 35,2% das pacientes do grupo A e 38,8% do grupo B. A maioria das pacientes (62,5% das pacientes do grupo A e 61,2% do grupo B) referiu menos de cinco parceiros sexuais após o início da atividade sexual. A principal indicação da terapia destrutiva com LASER CO2 foi a infecção clínica pelo HPV, isto é, verrugas em qualquer localização do trato genital inferior (90,2% das pacientes do grupo A e 77,5% do grupo B). A maioria das mulheres deste estudo nunca tinha ouvido falar da infecção pelo HPV (65,2% 57,1% dos grupos A e B respectivamente) nem da possibilidade de estarem apresentando uma DST. Dentre as mulheres portadoras do HIV que já conheciam a infecção pelo HPV (12,2%), 100% referiram saber da associação entre a infecção pelo HPV e carcinoma de colo do útero. Entre as pacientes soronegativas (20,7%) apenas 14,1% referiram conhecer esta associação. Quanto ao número de sessões de vaporização com LASER CO2 necessário para eliminar as lesões verrucosas, observou-se que 82,6% das pacientes do grupo A e 53,1% das soropositivas necessitaram apenas uma sessão. Não foram observadas complicações decorrentes deste tipo de tratamento como infecção no local tratado, sangramento local ou alterações estéticas e funcionais do trato genital inferior nas pacientes dos grupos A e B. 4- Conclusão: A terapia com LASER CO2 é uma opção eficaz e segura para o tratamento da infecção clínica pelo HPV tanto em mulheres portadoras do HIV como em mulheres sem esta infecção. 5- Referências Bibliográficas: 1- Ruge S., CO2 laser vaporization in the treatment of cervical human papillomavirus infection in women with abnormal Papanicolaou smears. Gynecol Obstet Invest. 33(3):172-6 (1992). 2- Frega A., Young women, cervical intraepithelial neoplasia and human papillomavirus: risk factors for persistence and recurrence, Cancer Lett. 196(2):127-34 (2003, Jul).