CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ (CEFACE) INFORME Nº122 JANEIRO- 2015 EM FARMACOVIGILÂNCIA POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS DO USO DE AMOXICILINA ASSOCIADO OU NÃO AO ÁCIDO CLAVULÔNICO: REVISÃO SISTEMÁTICA O Canadian Medical Association Journal (CMAJ) divulgou, em novembro de 2014, o resultado de uma pesquisa alertando sobre os possíveis efeitos adversos do uso de amoxicilina associada ou não ao ácido clavulônico. O estudo, baseado em revisão sistemática com metanálise, sugere que os efeitos adversos mais aparentes foram casos de candidíase, no caso da amoxicilina associada ou não ao ácido clavulônico, e de diarréia, no caso do uso de amoxicilina associada ao ácido clavulônico. A amoxicilina é um antibiótico cujo anel beta-lactâmico é o responsável pela sua ação. Apesar de ser usada normalmente contra bactérias do tipo gram-negativas, algumas dessas bactérias podem ser capazes de inativar esse anel betalactâmico devido o fato de terem uma enzima chamada beta-lactamase. Diante desse fato, é necessária a utilização de uma substância que impeça a ação dessas enzimas e evite a destruição do anel beta-lactâmico. Uma associação bastante utilizada é com o ácido clavulônico. A pesquisa concluiu que os estudos, de um modo geral, se focam em analisar a eficácia dos medicamentos que são avaliados e isso se torna um problema, pois, por se concentrarem tanto na questão da eficácia, acabam não notificando os efeitos adversos. Por consequência, ocorre uma falsa idéia em relação ao equilíbrio entre os malefícios e os benefícios do medicamento. Vale ressaltar que, no The British Medical Journal (BMJ), foi publicada uma revisão sistemática em janeiro de 2014 “Quality of reporting in systematic reviews of adverse events: systematic review” (Zorzela L, Golder S, Liu Y, et al.) que corrobora com a conclusão da revisão sistemática publicada no CMAJ. Sobre a revisão sistemática publicada no CMAJ A revisão sistemática conseguiu obter 1.222 estudos, mas, após a retirada de estudos repetidos e os que não puderam ser lidos, restaram 157 estudos e desses apenas 45 foram considerados para análise qualitativa e 25 para análise. Os estudos descritos pela revisão sistemática possuíam vários fatores que os diferenciavam uns dos outros, como dose, duração do tratamento e idade do paciente. O efeito adverso mais significante da amoxicilina associada ao ácido clavulônico foi à diarréia a qual obteve uma taxa de probabilidade de aproximadamente 10 % e, nos três estudos em que a candidíase foi citada, a amoxicilina isolada foi significativamente maior (taxa de probabilidade: 7,77) em comparação com a forma associada amoxicilinaácido clavulônico. A candidíase invasiva pode ocorrer como decorrência de antibioticoterapia prolongada, pois o uso de antibióticos aumenta a colonização intestinal por espécies de Cândida, potencializando o fenômeno de translocação através da pele intacta. As erupções cutâneas, náuseas, prurido, vômitos e resultados anormais em testes de função hepática não foram significativamente aumentados. Em pacientes com mononucleose infecciosa, foi detectado um aumento na probabilidade de ocorrer formação de erupções cutâneas em comparação a indivíduos sem mononucleose. Um estudo publicado no The BMJ chamado “Effectiveness of multifaceted educational programme to reduce antibiotic dispensing in primary care: practice based randomised controlled trial” (Christopher C Butler et al.) enfatiza a importância de se reduzir a dispensação de antibióticos, utilizandose como ferramenta a educação médica continuada. A partir dessas considerações o CEFACE solicita que, qualquer reação adversa observada, seja notificada, se possível, através da Ficha Amarela de Notificação de Reações Adversas ou pelos telefones 3366-8276 ou 3366-8293. Se você ainda não tem ficha de notificação, solicite-nos. Email: [email protected] As notificações também poderão ser feitas através do formulário de notificação de reações adversas e/ou queixas técnicas, disponível no endereço eletrônico: >>http://www.anvisa.gov.br/form/fármaco/index_prof. htm Referências bibliográficas: 1. http://www.cmaj.ca/content/187/1/E21; 2. KATZUNG, Bertram G.; MASTERS, Susan B.; TREVOR, Anthony J.. Farmacologia Básica & Clínica. 12. ed.: Mcgraw-hill Interamericana, 2014.; 3. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822003000500010&lng=pt&nrm=iso; 4. http://www.bmj.com/content/348/bmj.f7668; 5. http://www.bmj.com/content/344/bmj.d8173 Elaboração: Andressa Almeida Albuquerque (Acadêmica de Farmácia, GPUIM) e Eudiana Vale (farmacêutica do CEFACE) Revisão: Eudiana Vale (farmacêutica do CEFACE)