11/01 O primeiro dia de vivencia começou na UFT, com apresentações, dinâmica e customização das camisetas. Logo após o almoço, o grupo de 30 pessoas foram subdivididos em 3 para visitar alguns locais e conhecer sobre o SUS, dentre esses locais estava o Hemocentro Palmas, no qual o meu grupo foi escalado para visita. O Biomédico Marildo de Sousa foi o nosso guia, apresentando o local, o funcionamento desde a chegada do doador, os testes de aptidão até a a chegada ao receptor. Os objetivos do Hemocentro também foram esclarecido, e são "basicamente" atender com qualidade a população, estimular o ensino e a pesquisa visando ser reconhecido como referência em assistência hematológica/hemoterápica, onde a busca de melhorias são continuas, qualificando os servidores frequentemente. Algo importante a ser frisado é a utilização de protocolos para todas as atividades feitas no local, que gera a atualização para qualidade dos serviços prestados e a quase impossibilidade de erros serem cometidos mais de uma vez. Finalizamos a noite com uma roda de discussões, com comentários voltados para " como vemos e queremos que o SUS seja" e relatos sobre as visitas de cada grupo. 12/01 Na manhã do segundo dia de vivência visitamos a UBS do setor Santa Barbara. Fomos super bem recebidos pela equipe, que nos apresentaram o local (criticaram a estrutura física do prédio), os profissionais que ali trabalham, como funcionam os atendimentos e suas divisões e os tratamentos acessíveis aquela unidade. Alegam a importância da equipe para a qualidade dos serviços, a falta de técnicos de enfermagem, a falta de planejamento organizado do ministério e a resistência de pacientes sobre a aceitação de doenças como a hanseníase. Quanto a recursos dizem não faltar, que a demanda é suficiente. Além disso, visitamos a policlínica do Aureny 1, foi rápido, porém deu pra saber que o local também tem problemas com a estrutura (nunca houve uma reforma desde a fundação) e vários profissionais do local estavam de férias. No período da tarde fomos para o CAPS III, onde tivemos debates com os usuários que estão se recuperando e os profissionais do local. A discussão fluiu, foi possível abstrair muitas informações. Esse centro tem como objetivo atender a população com acompanhamentos clínicos, exercícios civis, com momentos de lazer ( oficinas de culinária e artesanato, por exemplo)e durante o tratamento procuram saber p andamento da vida de cada paciente. Há dificuldade de comunicação do CAPS com outros órgãos, tudo ainda é feito manualmente. Finalizamos a visita com a apresentação do local. 13/01 Começamos a vivencia do terceiro dia na UBF taquari, local onde fomos conhecer o NASF. Foi realizada uma dinâmica para nos apresentar e logo depois verificamos a estrutura do local e como ele funciona e entendemos que o NASF é um local de apoio às UBF e os profissionais que atuam, presando um cuidado mais próximo da população. No local foi relatado a falta de algumas vacinas, o fato de ter dois consultórios odontológicos porém apenas um dentista, a falta de colaboração da comunidade quanto a falta de comparecimento as palestras e outras formas de educação sobre saúde que são propostas. Logo após, nos direcionamos ao Palácio do Araguaia, para um debate com o governador e sua equipe. Apresentamos o VER-SUS e seus objetivos, sugerimos melhorias tanto para o Estado quanto para o programa. Ele se mostrou totalmente satisfeito com o que apresentamos e prometeu dar visibilidade maior e melhorias. No período da tarde, fomos para a UBS da 307 norte. Onde os profissionais que nos atenderam queixam de varias dificuldades enfrentadas diariamente. Como a falta de insumos, excesso de exigência da gestão (perda de tempo com muito papel e pouco trabalho de qualidade), a resistência da comunidade a participar das promoções de saúde, palestras, por exemplo, que tem que ser feitas na recepção da unidade, o preconceito com os agentes de saúde (muitas vezes dão credibilidade apenas para o médico ou enfermeiro), dentre outras. A equipe é extremamente unida (e todos comentam que isso tem extrema importância), eles trabalham juntamente para a melhor e mais rápida recuperação dos pacientes, fazem visitas domiciliares e dão um tratamento adequado “individual” a cada paciente. Finalizamos a vivência com uma visita domiciliar juntamente com a agente de saúde e percebemos o quanto é grande sua importância, seja na simples entrega de receitas ou vistoria para prevenção de doenças como a dengue. 14/01 Na manhã do quarto dia de vivência todos os participantes do VER-SUS se dirigiram para o DSEI, onde tivemos basicamente uma palestra sobre o que é e como deveria ser o SUS para os povos indígenas. Segundo a profissional que nos recepcionou, os principais problemas enfrentados é a comunicação entre médicos/enfermeiros e indígenas, a resistência do pajé quanto o atendimento e o desconhecimento da comunidade indígena. Quanto ao atendimento, os indígenas possuem de uma forma diferente, pois tem uma cultura oposta a nossa – nesse caso tem as prioridades (que lá pertence aos mais velhos), a aceitação de medicamentos (pílula anticoncepcional, por exemplo, que é um “tabu” na aldeia)- . Foi também relatado que os indígenas estão com um péssimo hábito alimentar (muito produto industrializado), que vem causando vários casos de sobrepeso e diabetes. Finalizamos a palestra com o seguinte pensamento: O SUS funciona e obteve muitos avanços, mas ainda tem muito que aprimorar. No período da tarde fomos para o Laboratório Municipal, mal recepcionado e com uma visita extremamente curta, o que deu pra absorver do local foi que ali se faz todo tipo de coleta de material, o paciente pode ir por conta própria ou por encaminhamento e que 2015 teve uma crise de leishmaniose humana em Palmas. Além disso, foi relatado que um aparelho - diga-se de passagem, caríssimo- nunca foi usado por falta de simplesmente kits básicos e para exames de dengue e leishmaniose tem-se um dia da semana para realiza-lo para economizar material. 15/01 Abrimos o quinto dia com a visita na UPA Sul, local totalmente sistematizado e computadorizado. A classificação de atendimento ao paciente é por cores, que primeiramente é por cor vermelha até ser atendido por um enfermeiro e ser diagnosticado de forma certa (Azul, verde, amarelo ou continua vermelho). O paciente permanece internado no local até 24h, após esse tempo ele vai para o HGP. Algo que chamou bastante atenção de todo o grupo foi a presença de uma máquina de produtos industrializados num local onde as pessoas atendidas possuem doenças como pressão alta ou diabetes, algo que nem o profissional soube explicar. As principais dificuldades são a falta de leitos, vacinas, dedicação do próprio profissional e falta de uma sala de isolamento adequada e uma estrutura sem qualidade propicia. A dentista atuante do local deixou claro que a falta de material não é o principal problema, e sim a falta de comprometimento. E a integração entre o ensino e o serviço traria melhorias significantes para o SUS. Maternidade Dona Regina foi o local da visita vespertina. Fomos recepcionados por uma profissional que nos apresentou a estrutura do prédio (que apresenta más condições) e citou as várias especialidades que ali estão presentes. Logo após, uma enfermeira obstétrica expôs como funciones e as áreas do local. Dentre esses locais, havia o PPP (pré-parto, parto e pós-parto) onde as gestantes tem assistência e atendimento diferenciado, que porém, tem suas limitações como a falta de ar condicionados e leitos insuficientes ( de 10, 8 funcionam, que, por consequência, impede uma espécie de privacidade da paciente). Além disso, possui a Unidade Canguru, onde permanecem os bebês que precisam de uma assistência nutricional para ganhar peso, e tem contato pele a pele com a mãe, o Espaço Mãe Nutriz, que dão uma espécie de apoio às mães que não residem no município de Palmas - neste ambiente o ar condicionado está com problemas, e o local para a doação de leite, que não atinge a meta diária de doação ( de 10 litros, recebem em média 4 litros por dia e são feitas campanhas para uma maior divulgação), as torneiras não são adequadas pois podem contaminar a mão das doadoras, a falta de recipientes para a armazenar o leite, dificuldades que as vezes levam os bebês a tomar a fórmula. A equipe da maternidade luta por mais partos normais, já que apenas 47% de todos os realizados são naturais. Sobre a capacitação dos profissionais foi dito sobre os cursos obrigatórios ( aleitamento materno e Savs), a adequação sobre o atendimento à minoria, índios por exemplo, e rodas de conversa na enfermaria com os servidores do local para a melhoria do atendimento. No último momento da visita tivemos um debate com uma das nutricionistas que atua no local. Ela relatou que o hospital é referência e que o compromisso dos profissionais é primordial. Também foi relatado problemas como a falta de alimentos adequados para fornecer aos pacientes, que permite uma "permissão" para ganhar outras pessoas levarem de casa comida para as gestantes ( extremamente perigoso, pois nem sempre o que é levado faz parte da dieta). Finalizamos com uma avaliação do local e do atendimento que nos foi concedido. 16/01 Esse sexto dia foi extremamente impactante. Visitamos primeiramente o MTS Sebastião Bezerra, que começou em setembro de 2015 e hoje tem 15 ocupações e ainda vem muita procurar. Sobre a saúde e atendimento os moradores do local tem que procurar em taquaruçu, local mais próximo, pois raramente vão médicos ali. Dificilmente o SAMU vai no local, apenas em casos de emergência e as enfermidades muitas vezes são tratadas por plantas medicinais. O que ficou realmente nítido foi a precariedade do local que é impossível ter uma moradia apropriada e que todos ali apoiam o SUS e queriam ter todos os direitos que a lei 8080 abrange. A tarde fomos para a Aldeia Salto-Xerente próxima a Tocantínia. Infelizmente, tivemos uma visita rápida, mas deu pra perceber que nem tudo é como o que escutamos no DSEI. Além dos citados, o Pajé relatou que há uma opressão dos profissionais do próprio DSEI, pois mentem, enganam e por isso tem essa resistência. Há uma grande quantidade de crianças no local e não há nenhum atendimento pediátrico no local. E cabe dizer que a maioria delas tem problemas dentários, que prova que ali também não tem um profissional odontológico. Finalizamos a vista conhecendo o local precário onde acontecem os atendimentos na aldeia. 17/01 O ultimo dia de vivência foi na Cachoeira do Roncador, em Taquaruçu. Nos divertimos bastante e descansamos depois de dias extremamente puxados. Ao voltarmos para o hotel trocamos nossas concepções sobre o projeto VER-SUS e nos despedimos. Para finalizar, eu queria deixar minha opinião... o projeto me proporcionou muito conhecimento quanto a abrangência do Sistema Único de Saúde, onde, quando e como ele atua, os defeitos, as qualidades e a importância dele para toda população. Visitar e conversar com profissionais da área de saúde foi um experiência única e espetacular. Eu pude vivenciar como devo e não devo agir em situações e também conhecer como é a profissão que eu resolvi seguir.