VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Mayara Lopes Estevão O VER SUS é uma oportunidade muito boa, para que estudantes da área da saúde possam conhecer a realidade do Sistema Único de Saúde. Com ênfase na importância do trabalho da equipe multiprofissional nos serviços de saúde, e o bom desempenho dessa equipe refletirá na saúde da população. É de grande importância também a participação popular na promoção à Saúde. No início da vivência fomos recebidos pelo grupo Cirandas da Vida,com foco na Educação popular. Vi que a metodologia pelo grupo é bem recebida pela população, pois as temáticas em saúde envolvidas, são abordada na linguagem popular, tornando de fácil entendimento os mais diversos assuntos, facilitando assim o aprendizado. Visitamos o PCB (Partido Comunista Brasileiro),onde pude perceber a importância dos movimentos sociais,para a formação de mentes mais críticas, e para que consequentemente, as mesmas possam reinvidicar seus direitos e lutar em busca de uma sociedade mais justa. Ao longo da vivência conhecemos a atuação das Comunidades Eclesiais de Base, um trabalho realizado pelas pastorais,onde vi o amor que os líderes das CEBS têm ao trabalhar com os doentes e com a comunidade como um todo,sempre com foco no resgate da auto-estima das pessoas fazendo com que as pessoas se sintam incluídas na sociedade, e apoiando não só o doente como a família do mesmo,o que achei muito importante. Na CEBS é muito enfatizado a questão da Fé, o que influencia bastante na recuperação dos pacientes. A Religiosidade tem grande força na Promoção à Saúde, pude perceber isso não só na CEBS, como nos terreiros de Ubanda, e na Doutrina Espiritualista Cristã as quais visitamos no Município do Eusébio. Os relatos das pessoas evidenciavam o sentimento de fortaleza, e o quanto a Fé era importante na vida de cada uma delas. Uma das visitas mais importantes para mim foi a do Centro de Saúde da Família Casemiro José de Lima Filho ,Centro de Saúde da Família Lineu Jucá, e Hospital Infantil Albert Sabin, localizados na cidade de Fortaleza. Pude vivenciar um pouco da rotina de um Posto de Saúde, aprendi um pouco sobre os objetivos da Estratégia de Saúde da Família, Territorialização, como é o serviço e a importância do trabalho do Agentes Comunitários em saúde, e percebi que devemos esclarecer mais à população quanto a importância da participação popular nos Conselhos de Saúde. Senti uma vontade maior de trabalhar na rede de Atenção Primária, de ajudar essas pessoas que procuram o serviço. A Humanização no SUS é de grande valia,para um bom atendimento. Confirmei ao longo das visitas, o quanto é importante escutar, conversar, sorrir, para o seu paciente. O quanto é gratificante e emocionante para o profissional da Saúde, o abraço de uma criança como forma de agradecimento. Esses gestos de carinho por parte dos pacientes, e o trabalhar com amor por parte dos profissionais de saúde do Hospital Infantil Albert Sabin ficou bastante evidenciado.Hospital este pertecente a Atenção Terciária,e considerado de referência no tratamento de crianças com câncer , segundo os profissionais de saúde que nos receberam, a Humanização Hospitalar Infantil é um fator muito importante para amenizar os efeitos da internação. Por isso as crianças internadas estão na maioria das vezes com a presença da mãe ou de outro familiar durante os processos de internações, humanizando assim todo o processo. Fomos ao CAPS/ AD (Centro de Assistência Psicossocial / Álcool e Drogas) localizado na Barra do Ceará,bairro de Fortaleza. Tive outra visão do que era um CAPS, vi que nesses espaços o internamento não é compulsório,ou seja, o paciente se dirige ao CAPS por vontade própria, e o ambiente é agradável. O tratamento dura de 0-30 dias, no caso do tratamento dos usuários de álcool,casos graves, é feito uma desintoxicação na Santa Casa de Misericórdia. Já nos casos menos graves,o tratamento é feito através de medicamentos e hidratação. Vi que o local para que os usuários se alimentem precisa de melhorias na estrutura física.Uma melhora nesse espaço auxiliaria com certeza na socialização dos mesmos.Foi uma experiência nova para mim,pois imaginava um ambiente mais hospitalar,mas vi que é semelhante a uma casa,deixando o paciente mais á vontade. No Eusébio conhecemos como funcionava o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), vimos a diferença de uma ambulância de suporte básico e a de suporte avançado,os equipamentos que tinha em uma,que não tinha em outra. E o que me chamou mais atenção, foi quando aprendi durante a visita que as ambulâncias são para casos mais específicos como: Traumas, fraturas, hipoglicemia entre outros, e não um serviço para casos menos graves como a maioria das pessoas pensam. Dia bastante enriquecedor,onde aprendemos dentro de outras coisas a importância de aprender práticas de primeiro socorros. Um dos momentos de maior descontração e aprendizado foi o da Visita ao Quatro Banhos em Sabiaguaba,CE; Onde tivemos no primeiro momento, o do banho de argila, no segundo momento foi a visita ao mangue, no terceiro momento fizemos uma caminhada em torno do mangue e por fim, tiramos toda a argila em um agradável banho de rio! Posso dizer que no mangue foi um momento de superação, pois o ambiente é muito diferente do habitual. Senti uma sensação de liberdade,e vi realmente que o toque humano é importante,principalmente no momento de realizar o alongamento e no momento em que passamos argila uns nos outros. No momento em que estávamos com argila no corpo,comparo ao ser humano como um diamante,só que estado bruto, ainda com a mente fechada para novas ideias. Após passarmos pelo mangue, enfrentado os medos,comparo o ser humano em desenvolvimento, e ao tomar o banho de rio retirando toda a argila, digo que seria o ser humano renovado!! Um ser humano aberto para novas ideias,novos conceitos.. Uma visita como essa é promotor de saúde, para qualquer pessoa, nos trazendo uma enorme sensação de bem estar. Na Visita á Reserva Indígena dos Pitaguarys, pudemos conhecer um pouco da cultura local, e de como é o funcionamento do Posto de Saúde, da escola indígena, quanto ao apoio que o CRAS dá à população. Percebi que o posto de saúde necessita de uma melhor estrutura física,principalmente de um espaço maior. Achei interessante como se dá o Programa de aquisição de alimentos,onde as famílias indígenas cadastradas no Programa produzem os alimentos para seu próprio sustento e uma porcentagem é fornecida para a escola da comunidade, dando ênfase assim a questão da sustentabilidade; vimos como se dá o Programa Fome Zero, entre outros, os quais o CRAS articula com Governo e a comunidade indígena. Na Devolutiva a qual resolvemos chamar de partilha de conhecimentos, entre comunidade e viventes, foi um momento que nos emocionou bastante. Pois retornamos a um dos locais que tínhamos visitado, onde o ambiente nos proporcionou bastante tranquilidade e bem-estar: A Oca Comunitária em Saúde, do Projeto Quatro Varas em Fortaleza,CE. Fizemos uma singela apresentação,com música e poesia,com o intuito de encorajar as pessoa á lutarem pelo seus direitos e as encorajando para simplesmente viver! Foi feito um momento de acolhida,onde deixamos explícito o quão é importante e bom cuidar do outro, e que cuidar do outro é cuidar de si,é cuidar do mundo. Enfim o Projeto VER SUS foi um grande presente para mim,foi mais que aprendizado.. Sempre tive uma paixão pela Rede de Atenção Básica em Saúde. E ser um vivente do Projeto foi uma experiência única. E irei continuar levantando a bandeira do Humaniza SUS, fazer a diferença no dia a dia,escutar o que o paciente tem a dizer,e ver que seu empenho está modificando a vida de outra pessoa,de outra família é impagável!!