discurso sobre São Paulo pudesse ser desenvolvido neste

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discurso sobre São Paulo pudesse ser desenvolvido neste espaço criado. Ferreti aponta
que a saída de Derby juntamente com Teodoro Sampaio encerrou um ciclo no IHGSP
lançando os alicerces da historiografia desenvolvida durante a década de 1920
(FERRETI, 2004, p.248).
Outro estudo que exemplifica estes problemas é Tremembé: Apontamentos
históricos-chrorographicos e estatísticos de Vitorino Coelho de Carvalho (1912). Para o
autor, a escrita de monografias locais, das pequenas frações da nação, seria o meio para
se escrever uma história nacional. O que se destaca nessa proposta é a citação de dois
teóricos fundamentando esta tese: os historiadores portugueses Alexandre Herculano e
Oliveira Martins. Assim como na Alemanha e França do século XIX, estes historiadores
portugueses estariam ligados à formação de um novo sentido para a história nacional
(NEMI, 2008). Os trabalhos produzidos por Herculano corroboram a tese defendida por
Carvalho, pois são marcados por uma crítica a centralização do estado nacional e
defendem os municípios como base da organização administrativa de um país
(BRANCO, 2007). Em carta à Oliveira Martins, Herculano escreve:
A generalização, a síntese, são em absoluto, coisas excelentes: são a ciência
na sua forma definitiva e aplicável. Mas, para generalizar e sintetizar, é
necessário haver que. Ora, a historia, na significação mais ampla da palavra,
ainda não possui elementos suficientes para a generalização [...] Enquanto a
análise não tiver subministrado uma extensa série de monografias definitivas,
as sínteses que andam por ai correndo não passam de romances pouco
divertidos, quando não são pior do que isso: uma geringonça absurda 3
(HERCULANO, s.d., p. 34-35).
Houve propostas similares ou correspondentes a esta? Os estudos sobre
localidades paulistas podem ser entendidas como peças de um mosaico compondo o
território paulista? A preocupação com estes aspectos espaciais também refletem um
questionamento da influência e contribuição da geografia para a produção histórica do
IHGSP. Temístocles Cezar (2005) ao estudar o papel da geografia no IHGB conclui que
o discurso geográfico serviu para unificar o território brasileiro e construir no espaço a
dimensão simbólica da nação. Serviria ela para unificar (ou antes disso, inventar) o
território paulista ao produzir um conhecimento sobre este espaço no IHGSP?
Desta forma, e voltando à questão levantada no início do texto, qual a carga de
retomar a figura do bandeirante em um protesto capitaneado por grupos indígenas e a
consequente depredação do Monumento às Bandeiras? Esta produção histórica do início
do século XX construiu o mito do bandeirante e uma narrativa heroica da história de
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Nesta citação foi feita uma atualização da grafia.
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