MESA 6 APLICAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA COM CRIANÇAS Coordenador: Renato M. Caminha (UNISINOS, Centro de Psicoterapia Cognitiva – RS) [email protected] Relatores: Renato M. Caminha (UNISINOS, Centro de Psicoterapia Cognitiva – RS) Simone Roesch Schreiner(Centro de Psicoterapia Cognitiva - RS) Andressa Henke Bellé(Centro de Psicoterapia Cognitiva - RS) Marina Gusmão Caminha(Centro de Psicoterapia Cognitiva - RS) Resumo 1: APLICAÇÃO DO SOFTWARE CAIXA DE MEMÓRIA NUM CASO DE FOBIA INFANTIL Renato M. Caminha (UNISINOS, Centro de Psicoterapia Cognitiva – RS) [email protected] Os modelos de psicoterapia aplicados à infância ainda se encontram aquém da produção maior das psicoterapias cognitivas. Desde seu surgimento as terapias cognitivas se dedicaram muito mais aos adultos, as estruturas cognitivas já organizadas em nível basal, ficando à infância muito mais abordada pelas técnicas puramente comportamentais. Apenas no final dos anos 90 e início dos anos 2000 literaturas específicas de terapias cognitivas com crianças começaram a surgir. No Brasil a produção literária ainda é bastante restrita. Nosso grupo de trabalho tem dedicado grande parte da pesquisa produzida em terapia cognitiva à infância. O presente trabalho é um relato de um caso clínico de fobia infantil tratado durante o ano de 2003. A fobia se caracteriza por ser uma psicopatologia que opera fundamentalmente na memória através de supergeneralizações e severas reduções semânticas. O presente caso, de uma menina de 11 anos de idade, será descrito, de modo detalhado, desde sua conceitualização cognitiva até os passos subseqüentes do tratamento envolvendo inclusive técnicas de orientação aos pais. Experimentalmente foram utilizadas algumas técnicas de monitoramento e lúdicas desenvolvidas em nosso grupo de trabalho (baralho das emoções e auto-monitoramento), posteriormente, foi utilizado o software “Caixa de Memória” (CM) desenvolvido por Caminha e Sachffer (2003), desenvolvido inicialmente para o tratamento de estresse pós-traumático, para a abordagem das distorções de memória produzidas na fobia. Para finalizar serão discutidos os avanços, através do esbatimento de sintomas, conseguidos no tratamento do caso em questão, e de futuras condições de aplicabilidade da CM para fobias específicas. Palavras-chave: Infância; Terapia Cognitiva; Técnicas Infantis Resumo 2: PRESSUPOSTOS COMPORTAMENTAIS NO TRATAMENTO DO AUTISMO Simone Roesch Schreiner (Centro de Psicoterapia Cognitiva - RS) [email protected] A presente mesa tem como objetivo a exposição das principais técnicas comportamentais para o tratamento do autismo e a divulgação do método TEACCH. Por ser uma doença neurológica grave e com uma possibilidade de evolução muito restrita, o tratamento mais eficaz para o autismo é aquele que utiliza os pressupostos da terapia comportamental. Técnicas de reforço e punição são a base do tratamento. Tarefas comportamentais para as crianças, a formulação de planilhas de avaliação de comportamento e a estruturação de uma rotina para os pacientes são igualmente essenciais. Atualmente, o que tem se mostrado mais eficaz é o método TEACCH (tratamento e educação para crianças autistas ou com outros distúrbios da comunicação). Criado na Universidade da Carolina do Norte e a partir da terapia comportamental, tem como objetivo educar crianças autistas a fim de adaptá-las à sociedade e aumentar seu grau de independência através do condicionamento. Como o autismo é uma patologia que afeta não só o comportamento, mas também a linguagem, o pensamento, a atenção, a capacidade de simbolização, a interação social, entre outras funções, este método procura integrar essas crianças e ensiná-las as mais diversas habilidades. Um aspecto essencial do método é o apoio visual, que serve para indicar à criança tudo aquilo o que ela deve fazer, facilitando a compreensão do ambiente no qual ela se encontra. Além disto, o estabelecimento de uma rotina diária e a demonstração dela através do apoio visual faz-se muito importante para uma organização interna do autista. O apoio visual, além de facilitar a compreensão do aluno, também dá uma estrutura para a rotina de atividades, proporciona independência - já que o aluno, ao ver o apoio já sabe o que deve fazer e em que local se posicionar - além de servir como um valioso meio de comunicação para estas crianças. Sabe-se que o autismo é uma doença da qual ainda não se descobriu a causa - embora pesquisas sobre genética estejam sendo concluídas e comprovadas – mas é sabido que não tem cura. Desta forma, a escolha do tratamento está baseada na aquisição de comportamentos adaptativos. Sabe-se também que estas crianças se organizam em um ambiente quanto mais estruturado ele for. A falta de rotina e a desestruturação do ambiente geram na criança um desconforto bem como as típicas “crises de desorganização”, das quais o choro, os gritos, as agressões físicas fazem parte. O método TEACCH costuma ser um dos mais indicados ao tratamento do autismo, principalmente porque busca a independização da criança e estimula a aprendizagem de novos comportamentos e a manutenção daqueles adaptativos. Palavras-chave: Autismo; Terapia Comportamental; Método TEACCH Resumo 3: TDAH EM GRUPO: UM ENSAIO CLÍNICO Andressa Henke Bellé (Centro de Psicoterapia Cognitiva – RS) Apresentar-se-á os resultados de uma pesquisa, que buscou avaliar a eficácia da grupoterapia cognitivo-comportamental, em crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDAH). A pesquisa foi desenvolvida no PIPAS (Programa Interdisciplinar de Promoção e Atenção a Saúde) localizado em São Leopoldo (RS), e ocorreu entre maio de 2003 e maio de 2004. O programa psicoterápico utilizado resultou de uma adaptação ao modelo proposto por Knapp e Rohde (2002), e teve interfaces com a Psiquiatria, Nutrição e Educação Física. Foram realizados dezessete encontros semanais com as crianças, nove encontros quinzenais com os pais e contatos com as escolas. Participaram da pesquisa, vinte sujeitos do sexo masculino, com idades entre oito e onze anos, portadores de TDAH, que constituíram o grupo experimental e o grupo controle. Estes sujeitos foram avaliados antes e após o processo psicoterápico, e (ou) após a passagem do tempo experimental, através dos seguintes instrumentos: Escala de Estresse Infantil (ESI); Escala de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - versão para professores; Escala CAP aplicada com os professores; MTA (SNAP)- IV aplicada com os pais e Protocolo para o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade para Pais. Os resultados apontam para uma redução significativa do estresse infantil e da intensidade dos sintomas do TDAH, nas crianças que passaram pela terapia, na escola e em casa. Observaram-se também, alterações positivas na percepção dos pais em relação aos filhos, mudanças nas estratégias de manejo comportamental utilizadas por estes, e redução das queixas vindas da escola pelo grupo experimental. Já no grupo controle, houve manutenção ou piora dos sintomas de TDAH, além de uma mudança negativa nas percepções dos pais em relação aos filhos e nas estratégias de manejo comportamental utilizadas com estes. A partir destes resultados, sugere-se outros estudos, com amostras mais amplas, que avaliem a eficácia da grupoterapia cognitivo-comportamental junto a crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade. Resumo 4: TREINAMENTO DE PAIS NUM CASO DE MUTISMO SELETIVO Marina Gusmão Caminha (Centro de Psicoterapia Cognitiva – RS) O mutismo seletivo é descrito na literatura específica como um caso de difícil tratamento, bem como de resultados não muito animadores no desenrolar do processo terapêutico. Entendido como uma resposta aprendida envolvendo um amplo leque de variáveis que produzem respostas de ansiedade, segundo a literatura, o mutismo pode apresentar-se como seletivo, progressivo ou como aversão a falar. O presente trabalho descreve o processo de intervenção terapêutica de uma menina de 6 anos de idade, com diagnóstico de mutismo seletivo, no qual o foco principal do tratamento incorreu no treinamento de pais. No caso descrito, vemos que o mutismo apresenta-se de modo associado a comportamentos como evitação e isolamento social, os quais são mantidos por reforçadores negativos. Por outro lado, percebe-se que a criança utiliza-se de modos de comunicação eficazes ao ponto de manter a funcionalidade da interação com aqueles que não fala. Dessa forma, torna-se necessário um aporte dirigido aos familiares e profissioanis da escola, na medida que são eles os mediadores e, muitas vezes os reforçadores de respostas de evitação. A apresentação do caso inicia-se com a conceitualização cognitiva, descrição do diagnóstico e tem sua continuidade na busca de ferramentas eficazes no sentido de aproximar a paciente da terapeuta, bem como de dessensibilizar tal paciente com relação às situações provocadoras de ansiedade, nas quais seu comportamento é afastar-se ou simplesmente calar-se. Tarefas comportamentais, tais como o preenchimento de planilhas de registro de pensamentos, sentimentos e de avaliação de comportamento, são essenciais e ocorrem através da ativa participação da família, neste caso, principalmente através da mãe e avó da menina. Isso torna possível evidenciar-se os sintomas de ansiedade, traduzidos a partir da timidez e medo que a menina apresenta diante de situações de convívio social. O treinamento de pais tem sua continuidade com a finalidade de estimular o comportamento pró-social, bem como de diminuir os comportamentos desadaptativos. Conforme literatura atual, isso possibilita treinar os pais nas habilidades em que seus repertórios básicos de comportamento são deficitários. A eficácia da intervenção com a família requer que eles possam adquirir habilidades e modificar seus próprios comportamentos. A finalização do processo se dá, dessa forma, a medida em que a menina gradualmente consegue expressar-se verbalmente, mediante o posicionamento da mãe no que diz respeito às suas dificuldades pessoais de interação social que se estendem a filha. Palavras-chave: Mutismo Seletivo; Terapia Cognitivo-Comportamental; Infância