INCLUSÃO E GESTÃO ESCOLAR.¹ Franciela Costa Zanella² Marta Estela Borgmann³ RESUMO Este artigo apresenta uma reflexão sobre a inclusão escolar na perspectiva da gestão escolar. A inclusão é pensada a partir dos princípios dos direitos humanos: igualdade e respeito à diversidade. Este estudo teve como caminho metodológico a pesquisa bibliográfica, bem como um estudo empírico na busca de dados das experiências de gestores por meio da realização de entrevista estruturada. A entrevista foi realizada com uma professora que desempenha atualmente a função de coordenadora pedagógica de uma escola municipal da rede de ensino, com a finalidade de verificar a formação dos professores e gestores em relação ao atendimento de pessoas com deficiência nas escolas. Palavras Chave: Educação, Inclusão, Gestão Escolar. INTRODUÇÃO A inclusão escolar se organiza como um modelo educacional baseado no ponto de vista dos direitos humanos, em que a igualdade e a diferença são complementares entre si, gerando mudanças que transformam a sociedade, a escola e, principalmente o ambiente da sala de aula, assim, pode-se dizer que a inclusão escolar traz melhorias na qualidade das propostas educativas às instituições de ensino, bem como à prática pedagógica no contexto da sala de aula. A inclusão escolar envolve um processo tanto de transformação e reestruturação das instituições escolares como um todo, quanto à preparação do professor no atendimento a diversidade presente no espaço escolar. Neste estudo, foram realizadas leituras de alguns autores no campo da inclusão e gestão escolar, como Mantoan, 2006, Carvalho, 2000, e entre outros. No início, tratamos da inclusão escolar, fundamentos que orientam, e em seguida, sobre a gestão escolar e a gestão inclusiva, envolvendo a formação docente e os desafios da inclusão. A inclusão requer um novo olhar dos educadores para as ações educativas, pois a lei estabelece que 1 Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de graduada em Pedagogia na Universidade Regional Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul-UNIJUI. ² Franciela Costa Zanella, acadêmica do curso de Pedagogia da UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul. ³ Marta Estela Borgmann, professora orientadora. todos têm direito a educação e a qualidade do ensino se produz por meio da participação, do compromisso e da superação do modelo tradicional do ensino. Posteriormente, foi realizada entrevista com uma professora que desempenha o papel de coordenadora pedagógica em uma escola Municipal de Educação Básica. 1. Inclusão Escolar – Fundamentos que orientam Necessitamos de uma reflexão conceitual sobre o que seja inclusão, a quem se destina e onde ela deve ocorrer, para que possamos fazer um novo olhar sobre o assunto. “As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos”. (CARVALHO, 2004, p.26). Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes, mas, pelo contrário, com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças. A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, porque não atinge apenas os alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Os alunos com deficiência constituem uma grande preocupação para os educadores inclusivos. Todos sabem, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vem do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele. (MANTOAN, 1999). Para que o processo de inclusão efetivamente aconteça o professor deve ter uma atitude e uma grande disponibilidade, criando um ambiente acolhedor na sala de aula, juntamente com a rede de apoio pela qual a escola é composta, viabilizando o processo de inclusão. Se quisermos que a escola seja inclusiva, é necessário que seus planos sejam redefinidos, para que a educação seja voltada para a cidadania global, livre de preconceitos, que a mesma saiba reconhecer e valorizar as diferenças existentes nela. Os alunos com deficiência precisam estar integrados no meio escolar, assim eles terão acesso as possibilidades educacionais. A partir dessa concepção, ficam evidentes que há muitos alunos que apresentam problemas ou dificuldades de aprendizagem, por razões inerentes a sua presença física, limitações sensoriais ou déficits intelectuais. Entretanto, há um número de alunos que não atinge às expectativas de aprendizagem e avaliação da escola em decorrência das condições econômicas e culturais desfavoráveis que vivenciam, ou, ainda, pelo despreparo dos profissionais da educação no trato de algumas questões pedagógicas. Assim, o insucesso na escola revela que não são apenas os alunos com deficiência os que apresentam necessidades referentes ao processo de aprendizagem e que devem ser beneficiados com recursos humanos, técnicos, tecnológicos ou materiais diferenciados que promoverão a sua inclusão. Desafiamo-nos a pensar sobre práticas pedagógicas que incluam a educação de alunos com necessidades educacionais especiais e buscamos entender qual tem sido o olhar dos profissionais que atuam na escola frente às discussões das práticas pedagógicas no cotidiano das escolas e da sala de aula, em relação à inclusão escolar. O planejamento pode se constituir em um grandioso ponto de apoio para o professor desenvolver sua prática, segundo Meirieu, 2002, p.235, (...) levar em conta que as diferenças têm interesse pedagógico, se não ficar preso às diferenças, que a atenção aos alunos deve ser, ao mesmo tempo, o reconhecimento daquilo que eles são e a manifestação de uma exigência daquilo que eles podem tornar-se (...). A inclusão da pessoa com deficiência no âmbito escolar é um debate atual que demanda a organização de várias propostas de trabalho, pelas especificidades inerentes a pessoa humana e pelas diversas barreiras existentes no contexto escolar. Portanto, é importante refletir acerca do que é incluir de fato, já que se trata de um tema polêmico de um ponto de vista da prática educacional. De acordo com Sassaki (2006), a integração propõe a inserção parcial do sujeito, enquanto que a inclusão propõe a inserção total. Para isso, a escola precisa romper com a perspectiva homogeneizadora e adotar estratégias para assegurar os direitos de aprendizagem de todos, a escolha de estratégias, depende das especificidades de cada pessoa, da experiência e da criatividade e observação do professor com sensibilidade e cuidado, além de uma formação inicial e continuada que faça o encaminhamento para que isso ocorra. A inclusão é um tema que tem gerado inúmeras reflexões, provocando posições divergentes no meio familiar das pessoas com necessidades especiais e entre profissionais envolvidos no contexto educacional e educador especial. A busca de um modelo educacional que englobe “todos” na mesma escola, enfatizando o convívio e a troca interativa entre os múltiplos grupos que ali se encontram, sem que haja qualquer forma de exclusão, qualquer forma de segregação provocando o reconhecimento de um novo olhar: o sistema inclusivo. Na Declaração de Salamanca, Espanha, 1994 consta que é preciso que as escolas se modifiquem para atender a toda e qualquer diversidade e que devem acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua que trabalham e populações distantes, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos menos privilegiados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes desafios aos sistemas escolares. Nessa direção a inclusão traz como eixo norteador a legitimação da diferença (diferentes práticas pedagógicas) em uma mesma sala de aula para que o aluno com deficiência possa acessar o objeto do conhecimento, permitindo que o aluno tenha a tudo, por diferentes formas, eliminando as barreiras existentes. Isso poderá ocorrer por meio de alternativas diversas (jogos, brincadeiras e experimentação de diferentes estratégias) que o educador – professor precisa buscar para tratar dos conhecimentos em sala de aula. A escola deve disponibilizar recursos e tecnologias assistivas, a fim de promover condições de acessibilidade assegurando a plena participação e a possibilidade de aprendizagem as crianças com deficiência, e igualdade de oportunidade com as demais crianças. As escolas devem buscar formas de educar adequadamente tais crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas. Existe um consenso emergente de que crianças e jovens com necessidades educacionais especiais devem ser incluídas em programas educacionais feitos para a maioria das crianças. O desafio que confronta a escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todos com sucesso, incluindo aquelas que possuam desvantagens severas. Que somos diferentes, não temos a menor dúvida. Se realmente queremos que os diferentes e os desiguais tenham acesso ao conhecimento, precisamos superar as relações educacionais hoje existentes na atual estrutura escolar, redimensionar o tempo e o espaço escolar, flexibilizando os conteúdos rumo a uma abordagem integradora que rompa com a compartimentalização das séries, das disciplinas e com a fragmentação do conhecimento. Uma educação inclusiva deve ser fundamentalmente de caráter coletivo e considerar as especificidades dos estudantes. Por meio das interações sociais e pela mediação dá-se a reorganização do funcionamento psíquico de pessoas com e sem deficiência, favorecendo no seu desenvolvimento superior. A formação do educador deve o assegurar o aluno frente a diversidade que está presente no espaço escolar, pois a inclusão exige que os professores tenham a capacidade de entender e praticar a diferença junto com a organização de ações educacionais baseadas na diversidade de sujeitos. A educação especial constitui a proposta pedagógica da escola, gerando o atendimento das necessidades educacionais especiais dos alunos nela incluídos. Por conseguinte, a educação especial é uma modalidade que transcorre todos os níveis de ensino e realiza o atendimento educacional especializado, disponibilizando recursos e serviços de forma a orientar sobre o seu uso nação desenvolvida no ensino e na aprendizagem nas escolas de ensino regular. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial a instituição de ensino, orientada pelas leis e diretrizes, tem o dever de disponibilizar aos alunos com necessidades especiais Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; Atendimento educacional especializado; Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; Participação da família e da comunidade; Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas.(Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008). Sendo assim, a escola como um espaço de diversidade e saberes e de aprendizado, bem como espaço em que os sujeitos que dela usufruem, se apropriem da mesma e a modifiquem, transformando o contexto social, cultural e pedagógico, fazendo com que a escola e a sociedade, abandonem o ambiente homogêneo e venham promover a aceitação das diferenças, bem como a construção do conhecimento. O professor que realizará o atendimento aos alunos do AEE, deve ter formação inicial em docência e posteriormente uma formação específica para a Educação Especial, este tem a função de identificar, produzir e organizar o trabalho pedagógico de acordo com a especificidade do educando, bem como orientar os professores e a família estabelecendo parceiras para a elaboração de um melhor atendimento ao aluno especial. A transformação de paradigma na Educação exige professores preparados para a nova prática, de modo que possam atender também às necessidades do ensino inclusivo. O saber está sendo construído à medida que as experiências vão acumulando-se e as práticas anteriores vão sendo transformadas. Por isso, a formação continuada tem um papel fundamental na prática profissional. Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de apoio externo. (Declaração de Salamanca, 1994). Sendo assim, o Atendimento Educacional Especializado, se torna uma adição ao aprendizado e ao desenvolvimento do aluno especial, realizado prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, este atendimento traz um maior desenvolvimento das habilidades sociais, cognitivas e também culturais do aluno, e como toda criança é única, a inclusão traz um novo olhar, para que nós futuros professores, aprendamos a aceitar e trabalhar com o aluno e a desenvolver atividades que possibilitem a ele se desenvolver plenamente em todos os seus aspectos. Enfim, a inclusão vem para abrir as portas da escola e da sociedade para que todos tenham acesso à educação e possam ter a oportunidade de socializar vivências e aprendizagens, gerando assim uma diversidade que torna o espaço escolar um ambiente múltiplo de diferentes saberes e aprendizagens. Deste modo, podemos considerar que a inclusão não tem importância somente para os sujeitos excluídos, de uma forma ou de outra, mas sim para a sociedade em geral, sabemos também que tanto a escola como a sociedade precisa se prover de meios e formas de oferecer aos sujeitos incluídos o devido atendimento, recriando o ambiente escolar para que se possa torná-la a porta de entrada das gerações futuras para o mundo plural. 1.1. Gestão escolar e gestão Inclusiva A gestão escolar tem como pressuposto a gestão democrática, juntamente com a participação efetiva de todos que estejam envolvidos no cotidiano escolar, envolvendo os aspectos políticos, administrativo e pedagógico, todos compromissados com o sucesso da escola. Nos dias atuais, as exigências escolares apresentam-se diversificadas, com transformações políticas, sociais, econômicas e sociais. E devido a essas mudanças as escolas necessitam de uma reorganização, realizando alterações em seu Projeto Politico Pedagógico, colocando ações e também atitudes com ética, valor e respeito às diferenças. A gestão escolar é centrada na eficácia da educação, com atendimento de qualidade, sem qualquer tipo de discriminação, assim todos os sujeitos são incluídos, formando cidadãos com competências e habilidades, com valores e princípios éticos e respeito ao seu próximo. Juntamente com o grupo todo da escola a gestão escolar deve incentivar a participação da comunidade escolar, chamando os pais para atuarem junto no desenvolvimento dos trabalhos da escola, para que também possam opinar, sugerindo ideias e se comprometendo com a educação de seus filhos. Oliveira (2007), diz que a gestão escolar deve ser uma gestão democrática, que vise a participação de todos que atuam no ambiente escolar, de familiares e alunos, rumo a construção de uma escola inclusiva, considerando a participação de todos. Os gestores escolares necessitam buscar novas formas de atuação inclusiva para atender a realidade diversificada de alunos, exigindo assim das escolas meios para poder atender as diferenças, fazendo com que a gestão escolar mantenha-se organizada, buscando formas e direções, para atender as atuais exigências, com competência e qualidade. Assim sendo Veiga (1995) considera que:’’ (...)a gestão da escola(...) significa trilhar novos caminhos na esperança de uma escola melhor para todos. Para tal fazem se necessárias ações partilhadas e solidarias entre seus pares e diferentes, isto é, comunidade e escola como um todo.’’ Todos que atuam no ambiente escolar são responsáveis e comprometidos com a qualidade e melhoria da educação, mas para que isso ocorra com resultados satisfatórios, é importante que o gestor escolar direcione as questões a serem trabalhadas e deixe todos sabendo, podendo sugerir e opinar. Luck (2000) comenta que: (...) no que se refere a capacidade de tomar decisões compartilhadas e comprometidas e usar o talento e a competência coletivamente organizada e articulada, para a resolução dos problemas e desafios educacionais assumindo a responsabilidades pelos resultados das ações, vale dizer apropriando-se do seu significado e de sua autoria(...). Portanto, se as decisões não forem realizadas no coletivo da comunidade escolar, não é possível a realização de uma gestão democrática e participativa, o que pode influenciar na dificuldade de construir uma escola inclusiva, com direito e igualdade a todos. 2. A Formação Docente e os Desafios da Inclusão Uma política de formação de professores é um dos pilares para a construção da inclusão escolar, pois a mudança requer um potencial instalado, em termos de recursos humanos, em condições de trabalho para que possa ser posta em prática. (MENDES, 2004, p. 227.) In IX Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. p. 03). Pensando na formação dos educadores, podemos definir a mesma a partir de uma formação para a diversidade, educadores reflexivos e pesquisadores. Existe uma necessidade de reinventar a educação no espaço da escola, para que os profissionais do ensino possam oferecer tempos e espaços que possibilitem o aprendizado significativo e desafiante para a nova demanda social e cultural de crianças e jovens que chegam na escola. A formação do professor para a educação geral, de certo modo não prepara o docente para educar alunos com necessidades educacionais especiais, o educador precisa conhecer o processo social, cultural e educacional, ter participação fundamental no processo de transformação deste espaço, que é a escola, e para que isto aconteça é necessária uma formação teórica e prática, que garanta a este educador uma leitura crítica da educação e das propostas de transformação no mesmo. A escola, hoje, no seu contexto, se constitui na diversidade, tanto de sujeitos e saberes quanto de formas de aprender, exigindo dos educadores uma formação inovadora, continuada, pesquisadora e reflexiva. Estas sendo as principais caraterísticas de um professor para a escola de hoje, um educador que busca conhecimentos além dos muros da escola e das teorias que aprendeu durante o processo de graduação, para atender os diversos sujeitos da escola na sua construção do conhecimento. Ao colocar o professor em evidência se pensa na importância do seu papel sobre o processo de ensinar e de aprender, se busca entendê-lo como educador reflexivo que aprende por meio da análise e esclarecimento da atividade que desenvolve em sala de aula, que constrói seu conhecimento de maneira pessoal, intrapessoal e interpessoal, ultrapassando os conhecimentos institucionalizados. Ao refletir o professor retoma suas construções teóricas com o intuito de aproximá-la de suas práticas diárias. A formação do educador necessita ser pensada na perspectiva da educação inclusiva, rompendo com atitudes e práticas escolares que segregam os alunos, trazendo um desafio que supõe finalidades e visões sobre o papel da escola e do educador como os principais mediadores no processo de inclusão. A educação das pessoas incluídas deve se basear na ideia de que com a deficiência são dadas as possibilidades que são indispensáveis para superar a deficiência, pois a formação docente assume uma admirável função na construção de novos significados sobre a inclusão, pois não se deve considerar o que está ausente no aluno incluído, mas sim as diferentes possibilidades de aprendizagem que se cria para que este aluno desenvolva e aumente seu aprendizado. Para que a educação inclusiva se dê de fato, é necessária uma formação profissional dos professores do ensino regular, já que a intenção é a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, é preciso um mínimo de formação, e uma formação dos professores especializados, tanto no atendimento direto, quanto no apoio aos docentes das classes regulares, pois as necessidades são diferentes e são os educadores que interagem com estes alunos. Segundo a Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais e a partir das Diretrizes Nacionais para a Educação especial na Educação Básica, entende-se que “ todas as crianças, sempre que possível possam aprender juntas, independente de suas dificuldades e diferenças [...] As crianças com necessidades educacionais especiais devem receber todo apoio adicional necessário para garantir uma educação eficaz”. (Parecer CEF 17/2001, pag. 72, in. Espaços da Escola. Maio/Ago. Set/Dez.2007). A partir daí, vemos a necessidade de pensarmos na formação dos professores de maneira que esta dê sustentabilidade ao educador junto à diversidade presente tanto o espaço escolar, quanto social, já que a inclusão trouxe muitas situações em que os educadores não estavam acostumados, nem preparados para passar. O currículo tradicional dos cursos de graduação não satisfaz a necessidade de conhecimentos que o aluno precisa para ser capaz de atuar com alunos com necessidades educacionais especiais, incluídos na escola regular. A falta de preparo dos educadores e de uma formação que pressuponha uma educação inclusiva se torna um desafio para que a mesma se efetive. Quando falamos em inclusão, percebemos que o professor é o sujeito fundamental neste processo, por isso é necessário que esteja preparado para outro modelo de educação, que modifique a sua relação com os conteúdos e práticas pedagógicas, e também com os educandos. Para que isso ocorra é indispensável que “a preparação de todo pessoal que constitui a educação, como fator chave para a promoção e progresso das escolas inclusivas”. (Salamanca, 1994, p. 27) A inclusão escolar gera um novo olhar para a educação, tornando indispensável que a formação dos educadores seja voltada para essa perspectiva. A inclusão supõe que todo professor tenha capacidade de compreender e praticar a diversidade juntamente com a elaboração de práticas inovadoras, assim sendo, pensar a formação docente deste ponto de vista significa que esta é uma ação fundamental para que a inclusão seja efetivada. Os cursos de formação devem resignificar seu currículo, programas e práticas para articular teoria e prática com o intuito de que o processo de formação do profissional docente seja reconstruído. Há necessidade de na formação inicial e continuada de professores serem discutidos os princípios de uma educação inclusiva e os fundamentos da Educação Especial. Esses conhecimentos capacitarão os professores a perceberem a diversidade de seus alunos, valorizarem a educação inclusiva, flexibilizarem a ação pedagógica, identificarem as necessidades educacionais especiais e, junto com o professor especializado, implementarem as adaptações curriculares.(IX Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores – 2007. Pag. 06). 3. O que diz a gestão da escola. Hoje boa parte das escolas tem estudantes que possuem alguma dificuldade na aprendizagem. Mas para ter certeza de que oferece um atendimento adequado e promove o desenvolvimento deles é necessário que se faça um bom trabalho juntamente com toda a equipe da escola. Muitos gestores ainda não sabem como atender às demandas específicas e, apesar de acolher essas crianças e jovens, ainda têm dúvidas em relação a inclusão, ao trabalho de interação dos pais (de alunos com e sem deficiência) e da equipe, à adaptação do espaço e dos materiais pedagógicos e aos procedimentos administrativos necessários. Para quebrar antigos paradigmas e incluir, todo diretor tem um papel central. Afinal, é da gestão escolar, que partem as decisões sobre a formação dos professores, as mudanças estruturais e as relações com a comunidade. A educação inclusiva precisa acolher todas as pessoas, sem exceção, estudante com deficiência, com transtornos globais de desenvolvimento, os que têm comprometimento mental, os superdotados, todas as minorias e, principalmente as crianças que são discriminadas por qualquer outro motivo ( Declaração de Salamanca, 1994). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a inclusão e a formação docente, e ,em seguida, realizado um questionário com a finalidade de verificar a formação dos professores e gestores em relação ao atendimento de pessoas com deficiência nas escolas. Este estudo teve a participação de uma professora graduada em Pedagogia, atuante em uma escola municipal como coordenadora pedagógica. Nos disse sobre a inclusão, Os avanços da inclusão irão depender do trabalho pedagógico da equipe como um todo, compreendendo as práticas escolares no que tange a inclusão e verificar como está sendo a formação docente para a inclusão das pessoas com deficiência na escola regular é que realizamos este trabalho, pois sabemos que é necessária uma formação inicial e continuada para os professores e gestores que atuam no atendimento às crianças que chegam à escola por meio da inclusão escolar. (entrevista da coordenadora pedagógica, novembro de 2013). Aos olhos da lei, todos os alunos têm direito à frequentar a escola, com exceção de alguns que necessitam de autorização médica, sendo dever do estado, que o mesmo ofereça um auxiliar para ajudar a esse aluno, cabendo ao gestor oferecer as condições adequadas conforme a realidade de sua escola. Muitas vezes os professores encontram dificuldades em classes numerosas para realizar as atividades e perceber as dificuldades que cada um apresenta, sendo muitas vezes necessário dividir os alunos em dois grupos para favorecer assim a aprendizagem dos mesmos. Os alunos possuem formas de aprendizagem diversificadas, sendo necessário que o professor seja capaz de atender as necessidades de cada um, contemplando o ensino e a aprendizagem de todos sem qualquer discriminação. Segundo a professora a qual foi entrevistada, os professores encontram-se um tanto que desorientados, onde os mesmos sabem que os avanços da inclusão irão depender do trabalho pedagógico do professor, que precisa estar preparado e qualificado para atender às demandas da inclusão, assim a fim de compreender as práticas escolares no que tange a inclusão. A construção dos conhecimentos do educador se constrói por meio de experiências vivenciadas, que são adquiridas através do tempo, pois advém de uma história escolar e da organização do trabalho na prática, sendo assim, procuram realizar encontros, mantendo o dialogo sobre o assunto, para que atendam todas crianças com boa vontade, sem discriminação, exigindo sim uma maior dedicação para ambos. Para a professora é necessário que as leis sejam devidamente cumpridas e os investimentos aplicados com equidade, justiça, eficiência e agilidade; que os educadores, pais, concebam a inclusão como um direito e como um dever e não como uma imposição que a matrícula seja assegurada ao aluno com deficiência e a escola providencie as condições adequadas para incluí-lo; que se invista prioritariamente na formação em serviço dos educadores na perspectiva da inclusão escolar. A escola como espaço de trabalho do educador, deve proporcionar o aperfeiçoamento de suas práticas educativas, bem como um embasamento teórico que possibilite aos professores repensar e organizar suas ações pedagógicas de forma que atendam as necessidades educacionais dos seus alunos. A inclusão abre portas para um novo mundo, e a escola pode ser considerada a porta de entrada dos sujeitos neste mundo, por isso, os professores, responsáveis pela constituição do indivíduo, precisam mudar suas práticas e formas de pensar e agir, desenvolvendo práticas intuitivas fundamentadas na heterogeneidade e na experiência construída no cotidiano escolar. A educação tem várias dimensões, práticas e funções. Mas o que devemos priorizar no momento de nossa metodologia é quem são os sujeitos e de que eles têm necessidade, para que, assim, com nossas práticas educacionais, possamos promover a aprendizagem e a interação entre a teoria e prática, valorizando as experiências e as diferenças. Aprender é uma das formas de juntar e trocar conhecimentos. Acredito que esta é a finalidade da educação, trocar ideias para que todos tenham saberes. Sendo assim nossa função, como educadores em formação e em permanente pesquisa, é olhar o outro não como um sujeito diferente, mas, sim, como um sujeito capaz de aprender e fazer. Ao promover e possibilitar a aprendizagem, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela, porque estamos todos os instantes realizando atos de aprendizagem e de ensino, pela educação desenvolvemos nossa capacidade. A educação não é um ponto de chegada, mas um processo, e nesse processo está presente a dinamicidade das ações e relações entre as pessoas e grupos, sem descriminação, o que faz desse processo um mecanismo que pode produzir transformações sociais, e modificar o lugar onde vivemos e atuamos. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer da pesquisa e dos estudos teóricos, pode-se dizer que a inclusão depende das ações de cada sujeito, do seu esforço da comunidade escolar como um todo, em promover e reconhecer o potencial de cada indivíduo na sua maior qualidade, a diferença. A inclusão propõe mudanças, o que provoca uma grande mudança na vida dos profissionais de educação, que não estão em busca de novos saberes acerca do assunto. A educação é um dos principais caminhos para a formação do sujeito, sendo o processo pelo qual o indivíduo constrói o seu conhecimento, geralmente mediado pela ação de um professor, transformando-o em ações concretas, que evidenciarão o seu modo de ser. A formação dos professores, que nela atuam, precisa atender às necessidades e os desafios presentes hoje no contexto escolar. O sujeito criança aprende a partir da compreensão que temos da mesma e de como vive, aonde podemos indicar situações de aprendizagens adequadas, defendemos a criança como um sujeito de direitos, que tem uma história, que aprende pela pesquisa, pelo diálogo, pela tentativa e pelo erro, basta apenas dar a oportunidade, seja ela diferente ou não, pois todas são capazes. O trabalho docente precisa atuar sobre novas perspectivas para que o ensinar e o aprender sejam significativos tanto para o professor quanto para o aluno, e ajudar a desenvolver nos mesmos, a capacidade de trabalho autônomo e colaborativo e, também, o espírito crítico. O professor necessita dar testemunho de sua experiência, de sua pesquisa, de sua aprendizagem, de como elaborou percepções acerca da realidade e de como adquiriu habilidades, competências e incorporou atitudes. A formação docente precisa considerar a reflexão dos valores da educação, a vivencia interdisciplinar, o trabalho em equipe, a observação e a construção de capacidades para que assim a educação inclusiva tenha seus objetivos obtidos, com a participação de os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Fica a cargo de o próprio educador estar aberto as possibilidades de modificações, garantindo e promovendo a educação de qualidade. É importante que saibamos que o caminho não está desenhado, devemos lutar e ir em busca. Os gestores das escolas devem buscar novas formas de atuação inclusiva para atender a realidade diversificada de alunos, fazendo com que a gestão escolar mantenha-se organizada, buscando formas e direções, para atender as atuais exigências, com competência e qualidade, buscando sempre ter a participação efetiva de todos que estejam envolvidos no cotidiano escolar, abrangendo os aspectos políticos, administrativo e pedagógico, todos compromissados com o sucesso da escola e da educação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem. ed. Mediação, Porto Alegre, 2000. I, Marcos E.;AGUIAR, Letícia C. (Org). Políticas públicas e formação de professores. Ijuí: ed. Unijuí, 2009. GÓES, Maria Cecília Rafael de./ LAPLANE, Adriana Lia Friszman de. Políticas e práticas de educação inclusiva. 2º Edição, coleção contemporânea. FERREIRA, Maria Elisa Caputo/ GUIMARÃES, Marly. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro, Editora DP & A, 2003. MACEDO, Lino. Ensaios pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre, Artmed, 2005. 167 pg. MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como Fazer? 2º Edição. São Paulo: Moderna, 2006. MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão Escolar: pontos e contrapontos/Maria Tereza Égler Mantoan, Rosângela Gavioli Prieto, Valéira Amorim Arantes, org. São Paulo: Summus, 2006. MANTOAN, M. Prieto, Rosangela; ARANTES, Valéria. Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006. MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como Fazer? 2º Edição. São Paulo: Moderna, 2006. 64 pg. (MENDES, 2004, p. 227.) In IX Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. p. 03).