Discurso e texto L. PORTUGUESA 1ª série do Ensino Médio Professora Marianna Aguiar Discurso e texto: contexto de produção, circulação e recepção de textos. A linguagem é uma prática social humana de interação entre os sujeitos. Por meio dela os interlocutores expressam e constituem sua identidade, em situações de uso ocorridas em contextos determinados. sócio-históricos Todo texto é a configuração de uma intencionalidade comunicativa. Ao interpretá-lo, busca-se recuperar essa intencionalidade, a partir da relação entre as proposições encontradas e o conhecimento partilhado que se tem do mundo. Sujeito, interação e sentidos Os sujeitos produzem linguagem e, ao mesmo tempo, são constituídos por ela. Mais do que simples expressão do pensamento ou instrumento de comunicação, a linguagem expressa e cria a identidade dos falantes. É no desenrolar da interação que cada um deles se revela para o outro e também para o leitor do texto. A linguagem, portanto, não pode ser separada dos sujeitos, e vice-versa. Ela está inserida no universo das relações humanas, no embate entre sujeitos, que a todo momento reavaliam posições, ideias, emoções e intenções. A complexa relação da interação entre sujeitos Para além dos elementos da comunicação e das funções da linguagem, portanto, é preciso levar em conta as relações em jogo entre os sujeitos da interação. • A imagem que quem se comunica tem do outro e de si mesmo, relacionada também aos papéis sociais que desempenham, pode se modificar ao longo da interação de forma positiva ou negativa. • A intertextualidade e a interdiscursividade são elementos fundamentais na produção de sentido. Cada texto que falamos ou escrevemos já recebeu influência de muitos outros textos e discursos. Ao exibir os dedos indicador e médio no sinal de “paz e amor”, usa-se um gesto criado pelos hippies, jovens norte-americanos que, nos anos 60, defendiam ideais de igualdade e justiça. Ler o mundo Dada a complexidade das relações humanas e, consequentemente, das relações comunicativas, é preciso aprender a ler criticamente os textos veiculados na sociedade. Para isso, devem ser consideradas as teias de relações sociais. A construção dessas teias envolve a imagem que um interlocutor tem do outro, as intenções, os papéis, as competências e finalidades de cada interlocutor. Ex.: Petróleo: infinito enquanto dure A certeza de que um dia deixará de existir não impede que o petróleo continue movendo o mundo e, mais do que isso, exercendo significativa influência econômica. [...] [...] independentemente da autossuficiência, o Brasil deve precaver-se, ampliar e desenvolver cada vez mais a produção e utilização do álcool combustível, além de diversificar sua matriz energética, com adoção, por exemplo, de combustíveis como o biodiesel, obtido por meio do processamento de plantas oleaginosas. Estas ponderações são necessárias, para evitar exagerada euforia em torno de uma conquista que não garante o presente e o futuro da oferta de energia necessária ao crescimento econômico. Assim, devemos encarar a situação com enfoque estratégico, utilizando a produção nacional com a devida sabedoria, inclusive no sentido de preparar nossa matriz energética para o momento da extinção do petróleo. Até lá, contudo, o país, 16º produtor mundial, deve capitalizar toda a força e os diferenciais econômicos suscitados pela autossuficiência. Enfim, é preciso aproveitar o valioso combustível, integral e plenamente, até a última gota antes de sua extinção, inclusive como fator de geração de empregos, renda e estímulo a distintos setores de atividades. [...] SKAF, Paulo. Folha de S. Paulo, 30abr.2006. Um texto guarda múltiplas relações. “Infinito enquanto dure” faz parte do último verso do conhecido “Soneto de fidelidade”, de Vinícius de Morais . No título do artigo de opinião, o autor associou o verso à palavra petróleo, enfatizando a importância de o Brasil capitalizar a recente descoberta de novas jazidas do recurso. Os sentidos do que se fala não estão inteiramente estabelecidos de antemão. Eles são construídos durante a interação, resultando de uma negociação entre os sujeitos. Ao mesmo tempo, remetem para outros textos (intertextualidade) e discursos (interdiscursividade). Uma língua, muitas línguas • Variação Linguística é o fenômeno comum às línguas de apresentar variações em função da época, situação de uso e das particularidades dos falantes. O uso da língua por um grupo social específico, com características próprias, constitui uma variedade linguística. As variações linguísticas podem ser: • Histórica – Muitas palavras e construções sofreram mudanças de som, de forma ou de significado. Exemplo: cantigas trovadorescas. • Regional – diz respeito às diferenças que uma língua apresenta nas diversas regiões em que é falada. • Social – homens e mulheres de diferentes idades, estratos socioeconômicos, níveis de escolarização e atividades profissionais. • Situacional – Entrevista de emprego, conversa com os amigos etc. • Padrão – Na tradição de ensino, manuais de gramáticas etc. Dado que nenhuma variedade linguística é superior a outra, o falante competente é aquele que consegue ser um poliglota em sua própria língua, ou seja, que conhece muitas variedades linguísticas e é capaz de escolher a mais adequada a cada contexto ou situação de uso.