Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central : "O Brasil perdeu uma

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Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central : "O Brasil perdeu uma chance de
reduzir a meta para a inflação"
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A Notícia - SC / Online - SC - Economia - 14/09/2013
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Online | Seção: Economia
Mário Mesquita, ex-diretor do Banco Central : "O Brasil perdeu uma chance de reduzir a meta para
a inflação"
A Notícia - SC - SC - ECONOMIA - 14/09/2013
Como diretor de Política Econômica do Banco Central em 2008, Mário Mesquita fazia parte
da equipe que tinha a difícil missão de defender a economia brasileira da maior crise
financeira em 70 anos. Cinco anos depois, o economista, sócio do banco de investimento
Brasil Plural , avalia o que o BC poderia ter feito diferente na época e afirma que os fatores
domésticos são os principais responsáveis pelo baixo crescimento do país hoje.
Zero Hora - Cinco anos depois da quebra do Lehman Brothers os Estados Unidos já dá
sinais claros de recuperação e a Europa ensaia sair da recessão. Podemos dizer que a crise
acabou?
Mário Mesquita - Sim, parece que a crise foi superada, embora persistam preocupações em
relação ao sistema bancário e as economias europeias, e embora o crescimento nos Estados
Unidos siga inferior ao observado até 2008.
ZH - Quais foram as principais marcas que a crise deixou no mundo? O que o Brasil
aprendeu com ela?
Mesquita - A crise levou a uma reavaliação do papel dos mercados e da autorregulação do
sistema financeiro. Os mecanismos de remuneração dentro de grandes bancos
internacionais, que incentivavam a tomada excessiva de risco, também foram reavaliados.
Nas economias maduras, a crise levou também ao maior envolvimento dos bancos centrais
com as atividades de regulação e supervisão financeira - isto não foi novidade para o nosso
BC, que sempre teve responsabilidades prudenciais.
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ZH - Em que momento foi possível perceber com clareza a gravidade da situação? Qual o
momento mais difícil?
Mesquita - Os Estados Unidos vinham em desaceleração e recessão desde meados de 2007.
O episódio da Bear Sterns, em março de 2008, foi um alerta de problemas financeiros mais
severos, mas o grande choque foi a quebra da Lehman. Até então as economias
emergentes, incluindo o Brasil, vinham em crescimento muito forte.
ZH - Olhando para trás, o BC poderia ter feito algo diferente?
Mesquita - O Banco Central garantiu que a meta para a inflação fosse atingida em 2009,
cumprindo seu objetivo e mandato legal. Ao mesmo tempo, o BC contribuiu para uma
recuperação rápida da economia brasileira, que voltou a crescer forte a partir de meados do
ano. Contudo, creio que o Brasil perdeu uma chance de reduzir a meta para a inflação, e
com isso a inflação efetivamente observada, em 2009.
ZH - O Brasil saiu rapidamente da crise e cresceu 7,5% em 2010. Mas nos dois anos
seguintes, avançou a uma média de 1,8% ao ano e, em 2013, pode crescer perto de 2%. O
que aconteceu? São reflexo de um contexto internacional ainda não totalmente recuperado
como afirma o Ministro da Fazenda ou há também fatores domésticos?
Mesquita - O crescimento observado em 2010 foi bem acima do nosso potencial, que deve
ser cerca de 3%, logo alguma desaceleração era necessária. Mas o aumento da incerteza
macroeconômica também contribuiu para o crescimento econômico sofrível dos últimos
anos. Há, além disso, perda de dinamismo de fatores de oferta, como o crescimento mais
lento da força de trabalho, e de demanda, como o crédito. Mas o fato é que o Brasil cresceu
em média 1,8% em 2011-2012, e deve seguir crescendo pouco em 2013, ante 5,4% na
média no México, Colômbia, Peru e Chile, países da região que têm economias mais abertas
do que a brasileira, que também contam com forte presença de multinacionais, e que são, a
princípio mais expostas à economia mundial - logo há evidências que fatores domésticos
são os maiores responsáveis pela performance pior do Brasil.
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