TCC II

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA - DCVida
CURSO DE NUTRIÇÃO
DAIANE JAQUELINE RODRIGUES
HÁBITOS ALIMENTARES DE ADULTOS FREQUENTADORES DE UM
RESTAURANTE COMERCIAL
IJUÍ, RS
2015.
DAIANE JAQUELINE RODRIGUES
HÁBITOS ALIMENTARES DE ADULTOS FREQUENTADORES DE UM RESTAURANTE
COMERCIAL
Artigo apresentado para a Disciplina de TCC II
como requisito parcial para a aprovação neste
componente curricular do Curso de Nutrição da
UNIJUI-Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul.
Orientadora: Eilamaria Libardoni Vieira – Mestre
em Ciência dos Alimentos pela UFSC
IJUÍ, RS
2015.
2
3
HÁBITOS ALIMENTARES DE ADULTOS FREQUENTADORES DE UM
RESTAURANTE COMERCIAL1
Daiane Jaqueline Rodrigues2; Eilamaria Libardoni Vieira3
1
Artigo científico apresentado para a banca do Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de
Nutrição, UNIJUÍ
2
3
Acadêmica do curso de Nutrição da UNIJUÍ
Professora Orientadora do curso de Nutrição da UNIJUÍ, Nutricionista, Mestre em Ciência
dos Alimentos
Resumo
Os hábitos alimentares da população brasileira têm mudado ao longo dos anos, e
consequentemente a alimentação fora do lar se tornou mais frequente. O objetivo do
estudo foi avaliar os hábitos alimentares de adultos que realizam seu almoço em um
restaurante comercial minimamente três vezes na semana e as consequências que
a frequência e as escolhas alimentares podem estar impactando na saúde desses
indivíduos. Como instrumento para coleta de dados, foi utilizado, um questionário
autoaplicável composto por 10 questões, as quais se referiam à frequência da
prática alimentar fora de casa, frequência do consumo de determinados alimentos,
ingesta de líquidos durante as refeições e a relação de alguma doença crônica não
transmissível associada aos hábitos alimentares. Dos entrevistados 61,3% eram
mulheres e 38,7% homens. Dos indivíduos pesquisados, 51,6% realizam o almoço
fora do lar, pelo menos quatro vezes na semana. Entre outros fatores relevantes,
destaca-se que 87% dos indivíduos entrevistados ingeriam algum tipo de bebida
junto ao almoço, sendo que a maioria optava pelo suco natural (41,9%), seguido do
refrigerante (29%). Então, o presente trabalho proporcionou conhecer o consumo
alimentar de adultos frequentadores de um restaurante comercial, assim como sua
frequência alimentar fora do lar e a possível relação com algum tipo de doença
crônica não transmissível.
Descritores: Hábitos Alimentares,
Comportamento Alimentar, Consumo de
Alimentos, Alimentação fora do Lar.
4
Abstract
The eating habits of the population have changed over the years, and consequently
the food outside the home became more frequent. The aim of the study was to
evaluate the eating habits of adults who carry their lunch in a commercial restaurant
minimally three times a week and the consequences that the frequency and the food
choices may be impacting the health of these individuals. As a tool for data
collection, we used a self-administered questionnaire composed of 10 questions,
which referred to the frequency of eating habits away from home, frequency of
consumption of certain foods, fluid intake during meals and the relationship of some
non-communicable
chronic disease
associated
with
eating habits. Of
the
respondents 61.3% were women and 38.7% men. Of the individuals surveyed,
51.6% hold lunch outside the home at least four times a week. Among other relevant
factors, it highlights that 87% of interviewees drank some kind of drink with lunch,
and the majority opted for natural juice (41.9%), followed by soda (29%). So, this
work helps to know the food intake of adult patrons of a commercial restaurant as
well as a food frequency outside the home and the possible relation with some kind
of chronic disease not transferable.
Keywords: Food Habits, Feeding Behavior, Food Consumption.
5
INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, o padrão no consumo alimentar da população brasileira
vem se transformando, seja pelas mudanças socioeconômicas, pela crescente
urbanização, como também pelas preferências do consumidor (BLEIL, 1998). Além
disso, essa mudança do cenário alimentar, também é influenciada pela maior
inserção das mulheres no mercado de trabalho, modificando o cenário doméstico,
que antes era representado pela mulher como a responsável pelos serviços
domésticos, o que englobava a preparação da alimentação de outros membros da
família (GARAVELLO, 2000; GARCIA, 2003).
Dentro deste contexto, houve aumento na produção de alimentos
industrializados e processados que oferecem praticidade aos consumidores, mas
que podem influenciar negativamente na saúde das pessoas (BLEIL, 1998).
Entre as várias mudanças ocorridas no cotidiano e nos hábitos alimentares
dos indivíduos, a frequência da alimentação fora do domicílio está crescendo e se
tornando prática diária de várias famílias (LEAL, 2010).
Mudanças essas, que no Brasil, foram observadas na Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
realizada entre 2002-2003. O estudo divulgou que o perfil das despesas monetárias
com alimentação no período de 2002 a 2003 das famílias brasileiras sofreu
mudanças quanto ao local de realização das principais refeições. Aproximadamente
24% (um quarto) da despesa média mensal familiar com alimentação são destinadas
as refeições realizadas fora do domicílio. Ressalta-se que, as refeições como o
almoço e o jantar, são as mais realizadas fora de casa, sendo utilizada cerca de
10% do total da despesa familiar com alimentação no Brasil, podendo chegar a 37%
entre as classes com maior renda (IBGE, 2004).
Perante ao aumento do hábito de comer fora de casa, o comensal se depara
com a responsabilidade de ter que decidir o que comer, principalmente no sistema
de refeições por peso, o qual oferta uma variedade de alimentos, nem sempre
saudáveis e nutritivos, e autonomia ao cliente para escolher o que vai pôr no seu
prato e a quantidade a ser servida (MAGNÉE, 1996).
6
Trabalhos têm apontado que tanto no Brasil, como em outros países, a
alimentação fora do domicílio é menos saudável do que a alimentação realizada no
próprio domicílio (BEZERRA et al, 2013; GORGULHO, 2012).Porém outros estudos
mostram que a alimentação fora do domicílio nem sempre é de pior qualidade,
particularmente no caso dos restaurantes comercias, chamados de “restaurantes por
quilo” que se preocupam com a qualidade nutricional das refeições servidas (ABREU
et al, 2005; RODRIGUES et al, 2013).
A Pesquisa Nacional de Saúde divulgou dados sobre a saúde dos
brasileiros, sendo que 21,4% dos adultos com mais de 18 anos já foram
diagnosticados portadores de hipertensão, 12,5% com hipercolesterolemia e ainda
6,2% com diabetes (IBGE, 2015).
As
doenças
crônicas
não
transmissíveis
(DCNT),
como
diabetes,
hipertensão arterial, doenças coronarianas, câncer e obesidade estão sendo,
consideradas problema de saúde pública, não apenas para os países desenvolvidos,
como também para os países em desenvolvimento (POPKIN, 1994; POPKIN, 1998;
DREWNOWSKI, 2000; POPKIN, 2004). A OMS afirma que o crescimento
econômico, a modernização, a urbanização e a globalização dos alimentos no
mercado estão relacionados com a epidemia da obesidade no mundo. Além disso,
quanto mais a população se torna urbana, as dietas ricas em carboidratos
complexos e alimentos in natura dão lugar a uma alimentação que aparentemente
parece mais variada, porém caracteriza-se por ser rica em gorduras totais, gorduras
saturadas e hidrogenadas, aditivos químicos industrializados e açúcares simples
(WHO, 2003; WHO,2006).
Considerando o contexto atual o objetivo deste estudo é avaliar a frequência
com que os adultos estão se alimentando fora do domicilio, os hábitos alimentares
desses comensais assíduos ao restaurante comercial, e o resultado da saúde
desses indivíduos em relação à frequência e as escolhas alimentares.
METODOLOGIA
Tipo de Pesquisa
A pesquisa teve uma abordagem quantitativa descritiva segundo Moresi,
(2003), para investigar os hábitos alimentares de adultos frequentadores, de um
7
restaurante comercial por quilo do município de Santa Rosa/RS, minimamente três
vezes na semana.
Participantes da Pesquisa
O instrumento foi aplicado no mês de Outubro de 2015, distribuído em dois
dias da semana com o intuito de atingir um número maior de participantes, em um
restaurante comercial da cidade de Santa Rosa/RS.
Participaram da pesquisa 31adultos, classificados conforme o Ministério da
Saúde, que tinham idade entre 20 e 60 anos de ambos os sexos e que eram
frequentadores do estabelecimento minimamente três vezes na semana. Todos
concordaram em responder o instrumento da pesquisa sem influência do
pesquisador e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE.
Foram excluídos os comensais que não concordaram em assinar o TCLE.
Coleta, Tabulação e análise dos Dados
Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário
autoaplicável composto por 10 questões, referentes ao consumo alimentar diário de
indivíduos adultos que frequentavam um restaurante comercial da cidade de Santa
Rosa/RS, englobando questões referentes ao objetivo do presente estudo. O
formulário da coleta de dados apresentou questões sobre: frequência da prática
alimentar fora de casa, frequência do consumo de determinados alimentos, ingesta
de bebida junto das refeições e a relação de alguma doença associada aos hábitos
alimentares (Apêndice 1).
A tabulação dos dados deu-se através de porcentagem simples em planilha
do Excel. Os dados foram agrupados, ordenados, transferidos para o banco de
dados do Excel e então processados, foi utilizada a análise estatística descritiva.
Os dados foram analisados, discutidos e comparados através de referenciais
bibliográficos, livros e artigos científicos, afim de desenvolver e discutir questões
relacionadas ao comportamento alimentar e as possíveis relações da frequência
alimentar no consumo de alimentos com elevado teor de sódio, frituras e alimentos
ultraprocessados, que estão relacionados ao desenvolvimento de doenças crônicas
não transmissíveis.
Questões Éticas
8
O projeto de pesquisa foi submetido à análise para aprovação do comitê de
ética em pesquisa da UNIJUÍ, de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde e aprovado conforme parecer CAAE: 46127015.2.0000.5350,
sendo iniciada a coleta somente após a aprovação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O público estudado foi constituído de 31 clientes de um restaurante
comercial da cidade de Santa Rosa/RS que responderam o questionário. Observouse que 61,3% dos entrevistados eram mulheres e 38,7% homens. Em contra partida,
o estudo de Conceição e Amorim (2014) observou uma frequência maior de
comensais homens, constituindo 54,42% e 45,58% de mulheres (CONCEIÇÃO e
AMORIM, 2014).
Estudos relacionados à alimentação fora do lar relatam que os homens são
a grande maioria dessa prática diária, Hoffmann (2013) trouxe como proporção de
seu estudo 36,3% de mulheres versus 44,3% de homens, o que se contrapõe em
relação à pesquisa desenvolvida.
A inserção da mulher no mercado de trabalho pode interferir nos resultados
encontrados no estudo, pois muitas mulheres relataram residir em um município e
trabalhar em outro, o que se apresentou como justificativa por almoçar fora de casa
diariamente. Outro ponto relevante, é que as mesmas, deixaram de ser
exclusivamente donas de casa, não tendo tempo suficiente para a preparação do
almoço, optando assim por almoçar em restaurante comercial.
A idade foi um fator variável, os indivíduos tinham entre 23 e 59 anos,
ficando todos dentro da faixa etária estipulada pela pesquisa, onde se optou por
entrevistar somente adultos, que tivessem de 20 a 60 anos, conforme classificação
do Ministério da Saúde (Tabela 1).
Observou-se indivíduos em todas as faixas etárias classificadas, porém a
concentração maior se deu dos 25 aos 30 anos de idade, seguido, dos 30 aos 35
anos de idade, o que resulta em uma concentração maior de adultos jovens fazendo
suas refeições fora do lar. Entrevistados entre 20 a 25 anos de idade obteve-se
somente um participante, representando a menor faixa etária que almoça fora do lar,
nessa pesquisa.
9
Tabela 1: Variáveis da faixa etária dos entrevistados
Idade
Número
Porcentagem (%)
20 a 25 anos
1
3,22
25 a 30 anos
9
29,04
30 a 35 anos
6
19,35
35 a 40 anos
5
16,13
40 a 45 anos
5
16,13
>45 anos
5
16,13
Fonte: Dados da pesquisa.
As profissões de cada indivíduo foram as mais variadas, números
significativos de supervisor de vendas (16,1%), professores (9,68%), empresários de
diversos segmentos (9,68%) e auxiliares administrativos (6,45%). A maioria relata
almoçar fora de casa por viajar muito, residir em cidade diferente do local de
trabalho e ainda por não ter tempo suficiente para preparar a refeição, optando
assim pela praticidade, como eles relatam, que é almoçar fora de casa. Segundo
Leal (2010) que essa opção é consequência das constantes mudanças profissionais,
culturais e econômicas.
O estudo teve como objetivo pesquisar somente aqueles que realizavam o
almoço fora de casa minimamente três vezes na semana, sendo assim classificouse os entrevistados pela frequência com que se alimentavam fora de casa na Tabela
2.
Tabela 2: Frequência em que a alimentação é realizada fora do lar
Nº de vezes/semana
Número
Porcentagem (%)
3 vezes
8
25,8
4 a 5 vezes
16
51,6
6 vezes ou mais
7
22,6
Fonte: Dados da pesquisa.
10
Os resultados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizadas nos
anos de 2002/03 e 2008/09 mostram que o brasileiro está cada vez mais fazendo as
suas refeições fora de casa. Em seis anos, os gastos da população urbana com
esse tipo de alimentação subiram 7% (BRASIL, 2004 e 2010). O que evidencia o
resultado encontrado, sendo que 51,6% da população pesquisada realiza o almoço
fora do lar pelo menos quatro vezes na semana.
Trabalho realizado por Sanches (2011), concluiu que 98% dos consumidores
pesquisados tinham como hábito almoçar fora de casa, sendo que 38,8% de 4 a 7
vezes por semana e 28,8% de 1 a 3 vezes, o que geralmente era realizado em
restaurante self service (SANCHES e SALAY, 2011).
Vale salientar ainda, que a quantidade de comensais que almoçam em
ambiente comercial praticamente todos os dias é semelhante à quantidade de
indivíduos que fazem essa mesma refeição apenas três vezes ao longo da semana.
O presente estudo confirma o que pesquisas anteriores vem apontando,
como a diminuição do consumo de arroz e feijão pela população brasileira (Tabela
3). A maioria dos indivíduos tem consumido essa combinação de duas a três vezes
na semana, enquanto o Ministério da Saúde (2006) preconiza o consumo mínimo de
cinco vezes na semana. Aqueles que se alimentam dessa combinação todos os dias
são apenas 6,45%, sendo o mesmo percentual de indivíduos que consomem arroz e
feijão raramente ou nunca.
Tabela 3: Consumo da combinação Arroz e Feijão
Nº de vezes por
semana
Número
Porcentagem (%)
1 vez na semana
9
29,0
2 a 3 vezes
11
35,5
4 a 5 vezes
5
16,15
Todos os dias
2
6,45
Raramente
2
6,45
Nunca
2
6,45
Fonte: Dados da pesquisa.
11
O feijão é uma leguminosa, sendo assim, é uma boa fonte de proteínas,
fibras, vitaminas do complexo B e minerais, como ferro, zinco e cálcio. Seu alto teor
de fibras contribui para a saciedade, o que colabora para que não ocorram exageros
na hora da refeição. Já o arroz é o principal alimento do grupo dos cereais, e seu
consumo mais frequente é na mistura com o feijão, uma perfeita combinação
(BRASIL, 2014).
A famosa combinação brasileira, composta pela dupla, arroz e feijão vem
perdendo espaço na mesa dos brasileiros. Esta afirmação pode ser confirmada
através das pesquisas de orçamentos familiares (POF), realizadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revela a diminuição do consumo de
arroz e feijão entre os anos de 2002/2003 e 2008/2009 (BRASIL 2004; BRASIL,
2010).
O arroz é um dos principais componentes de energia, gordura total e sódio
da dieta, o que se justifica não só pelo fato de estar presente na maioria dos pratos e
com frequência, mas também pelo modo de preparo do mesmo, o qual na maioria
das vezes é refogado com óleo e sal (GORGULHO, 2012).
Nesse estudo o consumo de peixe e carne bovina se equiparou, sendo que
a concentração de consumo de duas a três vezes na semana, tanto para peixe
quanto para carne bovina, foi maior (Tabela 4). O que se justifica pela oferta de
peixe diariamente, já que o restaurante comercial onde se desenvolveu a pesquisa,
oferta peixe todos os dias, variando o modo de preparação.
Tabela 4: Consumo semanal de Peixe e Carne Bovina
Vezes na
semana
1X
2 a 3X
4 a 5X
Peixe
32,26%
41,94%
6,45%
Carne
bovina
6,45%
38,71%
19,35%
Todos
os dias
29,03%
Raramente
Nunca
12,9%
6,45%
3,22
3,22
Fonte: Dados da pesquisa.
Para complementar o prato na hora do almoço, a maior parte da população
pesquisada ingere carne, optando pela de sua preferência, podendo ser bovina,
suína, aves ou peixes, nesse estudo faz-se um comparativo do consumo de carne
12
bovina e ao consumo de peixe, já que o estabelecimento comercial onde se realizou
a pesquisa oferece peixe diariamente sob diversas formas de preparação.
Carnes vermelhas, nesse caso a carne bovina, são muito consumidas no
Brasil, sendo que existem vários tipos de cortes e formas de preparo, os quais na
maioria das vezes leva adição de sal e gordura (BRASIL, 2014). Já o peixe, ainda é
pouco consumido em nossa região, o que se explica pela cultura gaúcha, a qual é
constituída de muito churrasco, que nada mais é, que a forma de preparo da carne
vermelha.
Estudo de Schneider (2010) apresentou que a média de consumo de carne
vermelha era 129g/dia, sendo que quanto mais idade o indivíduo tinha, menos ele
consumia carne. Ainda, o estudo apontou que 83% da população inclui carne
vermelha em suas refeições diariamente (SCHNEIDER, 2010).
Em termos nutricionais, a carne bovina é rica em proteínas de alto valor
biológico e contêm alto teor de micronutrientes, principalmente ferro, zinco e
vitamina B12. Porém, seu consumo em excesso pode aumentar os níveis de
colesterol, uma vez que são ricas em gordura saturada (RIBEIRO e CORÇÃO,
2013).
Os peixes são excelentes fontes de proteína de alta qualidade e de muitas
vitaminas e minerais. Ao contrário das carnes vermelhas, eles contêm menos
gordura e sua gordura é insaturada, que é a gordura saudável (BRASIL, 2014). A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de 12kg de peixe por
habitante ao longo do ano, em 2013 o brasileiro consumia aproximadamente
9kg/ano (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013).
Dos comensais entrevistados 54,8% consumia entre dois a três tipos de
legumes e/ou verduras (Tabela 5). Estudos tem mostrado que a ingesta diária de
frutas, vegetais e legumes está abaixo do indicado pelo Ministério da Saúde (2006),
o qual sugere minimamente 400g/dia, sendo que mais de 90% da população não
atinge a recomendação (GORGULHO, 2012).
13
Tabela 5: Variedade de vegetais e legumes que compõe o prato dos comensais
diariamente
Quantidade de
variedades
Número de pessoas
Porcentagem (%)
1 tipo
3
9,68
2 a 3 tipos
17
54,80
4 ou mais tipos
10
32,26
Fonte: Dados da pesquisa.
Em contrapartida, outro estudo trouxe que escolhas mais saudáveis estavam
compondo o prato do comensal de forma mais rotineira, e ainda, que serviços de
alimentação por peso, estimulavam o consumo de frutas e vegetais, especialmente
quando ofertados em forma de saladas (SANTOS et al, 2011).
A maioria dos entrevistados consome pelo menos um tipo de fruta junto à
sua refeição (Tabela 6). Assim como outro estudo, que avaliou a composição dos
pratos de 560 indivíduos que almoçavam em um restaurante comercial por peso, o
qual, concluiu que 82% dos comensais optavam por pelo menos um tipo de fruta ou
vegetal para compor seu prato (SANTOS, 2009).
Tabela 6: Hábito de consumir frutas junto à refeição
Hábito de comer fruta
Número
Porcentagem (%)
Sim
22
71
Não
9
29
Fonte: Dados da pesquisa.
As frutas são fontes de fibras, vitaminas e minerais, além de vários
compostos que contribuem para a prevenção e tratamento de doenças. Porém,
quando consumidas sob forma de suco acabam perdendo quantidades significativas
de fibras e nutrientes, e ainda, seu poder de saciedade diminui, sendo então, a fruta
de forma íntegra, a melhor opção para consumi-las (BRASIL, 2014).
Outra pergunta feita aos entrevistados foi em relação ao consumo de
alimentos fritos, podendo ser frutas, carnes, vegetais ou qualquer outro tipo, o qual
14
se caracterizou por fritura em seu modo de preparo. A maioria dos indivíduos
(32,26%) consome fritura de duas a três vezes na semana (Tabela 7).
Pode-se observar que 29,03% (n=9) realizavam essa prática somente uma
vez na semana, porém nenhum participante salientou nunca desfrutar desse tipo de
preparação. Em estudo realizado com crianças o consumo de frituras na frequência
de uma a três vezes na semana foi o que predominou, sendo que os hábitos
alimentares são mantidos para a vida adulta (BORTOLINI, 2012).
Tabela 7: Inclusão de frituras no prato ao longo da semana
Nº de vezes por
semana
Número
Porcentagem (%)
Uma
9
29,03
2a3
10
32,26
4a5
5
16,13
Todos os dias
4
12,9
Raramente
3
9,68
Nunca
-
-
Fonte: Dados da pesquisa.
As recomendações alimentares sugerem que o correto seria consumir
líquidos nos intervalos das refeições, e não de forma concomitante (BRASIL, 2006).
Porém na pesquisa 87% dos indivíduos entrevistados ingeriam algum tipo de bebida
junto ao almoço. A maioria dos indivíduos optava pelo suco natural (41,9%), seguido
do refrigerante (29%) (Tabela 8).
Conforme preconiza o Ministério da Saúde, refrigerantes e sucos
industrializados são alimentos ultraprocessados, os quais são fabricados por
indústrias em geral e levam em sua composição açúcares, aromatizantes, dentre
outros aditivos, os mesmos devem ser evitados (BRASIL, 2014).
15
Tabela 8: Variedade de bebidas consumidas junto às refeições
Bebidas
Número
Porcentagem (%)
Refrigerante
9
29,0
Suco industrializado
2
6,45
Suco natural
13
41,9
Outras
3
9,68
Fonte: Dados da pesquisa.
Atualmente, as principais causas de mortalidade no mundo são em
decorrência às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), sendo que 60% dos
milhões de óbitos do ano são de indivíduos portadores de pelo menos uma DCNT
(WHO, 2002).
Estudos apontam que as mudanças alimentares, as quais soam negativas,
estão associadas à globalização. Assim como os indivíduos tem aumentado seu
padrão de vida, consequentemente o acesso a serviços de alimentação ficou mais
fácil. O que faz os pesquisadores relacionarem a dieta inadequada com o aumento
das doenças crônicas (BERNARDO, 2010).
As DCNT apareceram em apenas um entrevistado do total de 31 indivíduos,
sendo que esse era do sexo feminino e apresentava obesidade e hipertensão. Ao
entregar o questionário a pesquisadora salientava exemplos do que poderiam ser
DCNT, como a obesidade, hipertensão e diabetes.
Entretanto, estudos trazem que a alimentação fora de casa tem mais
densidade energética, seguidas de maiores quantidade de gorduras, gorduras
saturadas e menor quantidade de micronutrientes. Além disso, indivíduos que se
alimentam fora do domicílio possuem maior prevalência ao excesso de peso e ao
sedentarismo (BERNARDO, 2010).
Ainda, a prevalência de sobrepeso e obesidade é maior em homens que se
alimentam fora de casa, quando comparadas aos homens que não realizavam esse
tipo de refeição (BEZERRA e SICHIERI, 2009).
Embora existam pesquisas demonstrando que a alimentação fora do lar está
relacionada com o aumento da obesidade, e o Ministério da Saúde reconhece que
16
ainda pouco se sabe sobre as características nutricionais desse tipo de refeições no
Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAS
Os resultados apresentaram que a maioria dos indivíduos adeptos a esse
estilo de comensalidade eram mulheres, e ainda que a maioria desses fazia essa
prática minimamente de quatro a cinco vezes ao longo da semana.
Também foi possível observar o consumo de alguns alimentos, como a
combinação arroz e feijão, carne bovina, peixe, vegetais e legumes e relacionar com
que frequência esses alimentos eram consumidos. Os vegetais e legumes
apresentaram variedade significativa nos pratos dos comensais, sendo que a
maioria optava por consumir de dois a três tipos. Ainda o consumo de líquidos junto
às refeições foi bem significativo, sendo que a maioria bebia alguma coisa, havendo
controvérsia com a recomendação ideal.
Em relação às doenças crônicas não transmissíveis, o estudo não foi
significativo, sendo que somente um indivíduo era portador da mesma.
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LEAL, Daniele. Crescimento da alimentação fora do domicílio. Segurança
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Melina
Valério
dos.
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sócio-demográficas
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componentes alimentares dos pratos de comensais em restaurantes por peso
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20
APÊNDICE 1
QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA E HÁBITOS ALIMETARES
Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
Idade: ____________
Profissão: _____________
1. Quantas vezes na semana você se alimenta fora de casa?
( ) 3 X por semana ( ) 4X a 5X na semana ( ) 6X ou mais
Motivo: __________________________________________________
_________________________________________________________
2. Quantas vezes por semana você consome a combinação de arroz e feijão?
( ) 1x por semana ( ) 2x a 3x por semana ( ) 4x a 5x por semana ( ) todos os
dias ( ) raramente ( ) nunca
3. Quantas vezes por semana você consome peixe?
( ) 1x por semana ( ) 2x a 3x por semana ( ) 4x a 5x por semana ( ) todos os
dias ( ) raramente ( ) nunca
4. Quantas vezes por semana você consome carne bovina?
( ) 1x por semana ( ) 2x a 3x por semana ( ) 4x a 5x por semana ( ) todos os
dias ( ) raramente ( ) nunca
5. Quantos vegetais e legumes você costuma introduzir no seu prato?
( ) 1 tipo ( ) 2 a 3 tipos ( ) 4 ou mais tipos
6. Quantas vezes na semana você consome frituras?
( ) 1x por semana ( ) 2x a 3x por semana ( ) 4x a 5x por semana ( ) todos os
dias ( ) raramente ( ) nunca
7. Costuma consumir frutas junto das suas refeições?
( ) Sim ( ) Não
8. Costuma ingerir alguma bebida junto das refeições?
( ) Sim ( ) Não ( se você marcou essa opção pule para a questão 10)
9. Que tipo de bebida você consome?
( ) Refrigerante ( ) Suco industrializado ( ) Suco natural ( )Outras
10. É portador de alguma doença crônica não transmissível?
( ) Sim, Qual? ___________________
( ) Não
21
APÊNDICE 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a);
Estou desenvolvendo uma pesquisa cujo título é “HÁBITOS ALIMENTARES
DE ADULTOS FREQUENTADORES DE UM RESTAURANTE COMERCIAL E SEU
IMPACTO NA SAÚDE”.
Este trabalho é fruto do curso de graduação em Nutrição na Universidade
Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul e tem como principal objetivo Investigar
o comportamento alimentar dos indivíduos que almoçam em um restaurante
comercial da cidade de Santa Rosa/RS.
A metodologia utilizada para a realização da pesquisa consta de um
Questionário de Frequência e Hábitos Alimentares, que é composto por uma série
de perguntas referentes à alimentação fora do lar, hábitos alimentares e possível
associação de doenças crônicas não transmissíveis.
Participarão da pesquisa somente adultos, classificados conforme o
Ministério da Saúde, que tenham idade entre 20 e 60 anos de ambos os sexos e que
sejam frequentadores do estabelecimento minimamente três vezes na semana.
Todos esses devem concordar em responder o instrumento da pesquisa e assinar o
termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE.
Esta pesquisa será feita através de um questionário cujos dados
preenchidos serão tabulados e analisados posteriormente. Este permanecerá sob
nossa responsabilidade por um período de cinco anos e serão utilizadas apenas
para fins científicos vinculados ao presente projeto de pesquisa, após serão
deletados e/ou incinerados.
Nós pesquisadoras garantimos que as informações obtidas serão utilizadas
apenas para fins desta pesquisa podendo você ter acesso as suas informações e
realizar qualquer modificação no seu conteúdo, se julgar necessário.
A pesquisa não traz desconfortos e riscos relacionados com a sua saúde,
pois serão coletadas apenas informações sobre o seu comportamento alimentar. Os
resultados da pesquisa serão benéficos, pois irão colaborar com o desenvolvimento
de atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionados com o comportamento
22
alimentar e ainda será possível realizar atividades de educação em saúde que
estimulem o consumo de alimentos promotores de saúde e não de doenças.
Seu nome e o material que indique sua participação não serão divulgados.
Você não será identificada (o) em qualquer publicação que possa resultar deste
estudo.
Você tem liberdade para recusar-se a participar da pesquisa, ou desistir dela
a
qualquer
momento,
podendo
solicitar
que
suas
informações
sejam
desconsideradas no estudo, sem constrangimento. Mesmo concordando em
participar da pesquisa poderá recusar-se a responder as perguntas ou a quaisquer
outros procedimentos. Como sua participação é voluntária e gratuita, está garantido
que você não terá qualquer tipo de despesa ou compensação financeira durante o
desenvolvimento da pesquisa.
Serão excluídos os indivíduos que não concordarem em assinar o termo de
consentimento, não responder o questionário e não entregarem os instrumentos de
coleta de dados.
Eu, Eilamaria Libardoni Vieira, orientadora, bem como a acadêmica Daiane
Jaqueline Rodrigues, assumimos a responsabilidade na condução da pesquisa e
garantimos que suas informações somente serão utilizadas para esta pesquisa,
podendo os resultados vir a ser publicados.
Caso ainda haja dúvidas você poderá pedir esclarecimentos a qualquer um de
nós, nos endereços e telefones abaixo:
Eilamaria Libardoni Vieira – Fone: (55) 9159-2375 – Rua Vicente Manoel de Deus
537, Santo Ângelo, [email protected]
Daiane Jaqueline Rodrigues – Fone: (55) 9959-0433 – Av. Santa Cruz, 81, BL 02,
AP 103. Santa Rosa, RS. [email protected]
Ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI - Rua do Comércio, 3.000 - Prédio
da Biblioteca - Caixa Postal 560 - Bairro Universitário - Ijuí/RS CEP 98700-000.
Fone/fax (55) 3332-0301; email: [email protected].
23
O presente documento é assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o
sujeito da pesquisa e outra arquivada com o pesquisador responsável por cinco
anos e após é incinerada.
*******************************************************************************************
Eu,_______________________________CPF______________________________,
estou ciente das informações recebidas e concordo em participar da pesquisa,
autorizando a utilização das informações por mim concedidas e/ou os resultados
alcançados.
_____________________
Assinatura do entrevistado
____________________
Eilamaria Libardoni Vieira
CPF: 909535920-49
_____
___
Daiane Jaqueline Rodrigues
CPF: 012913200-40
24
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