Shutterstock NEGÓCIOS Inovação na mesa Apesar das dificuldades, o setor de alimentos e bebidas pode ser uma boa aposta para quem quer empreender: não faltam nichos de mercado e consumidores potenciais P O R C A R O L I N E M A Z ZO N E T TO 46 Das quase 38 mil empresas brasileiras – costuma enfrentar dificuldades que vão ligadas à indústria de transformação que desde falta de apoio até a desconfiança do implantaram inovações de processo ou pro- consumidor final. Mas com o produto cer- duto entre 2006 e 2008, 4.792 eram do to, uma estratégia bem planejada e grandes ramo de produtos alimentícios e bebidas. doses de perseverança, qualquer empreen- Os números, reportados pela Pesquisa de dedor é capaz de se firmar nesse mercado. Inovação Tecnológica realizada pelo Ins- A média de empresas inovadoras no se- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística tor de alimentação é próxima a da indús- (Pintec/IBGE, 2008) são significativos, mas tria, mas essas inovações se referem, em não traduzem exatamente a realidade do boa parte das vezes, a modificações muito setor no que se refere a empreendimentos pequenas ou de embalagem. Enquanto no inovadores de base tecnológica. Quem re- exterior os principais players fazem par- solve entrar nesse mercado – que teve um cerias com a indústria química e de bens faturamento de R$ 383,3 bilhões em 2011 de capital – com uma atuação ofensiva NEGÓCIOS (20 a 30 espécies na idade adulta). repercussão de inovação tecnológica no Fruto da pesquisa de um casal que fez produto final –, as empresas brasileiras de doutorado na Europa e, em 1997, desco- alimentos e bebidas trilham outro cami- briu o benefício dos probióticos na região nho. “A indústria vive muito da tradição”, do Cáucaso (onde o consumo de tais pro- resume a pesquisadora e pós-doutoranda dutos é disseminado e a ocorrência de do- do Departamento de Política Científica e enças degenerativas é mínima), a BioLogi- Tecnológica da Universidade Estadual de cus nasceu focada em alimentos – e hoje Campinas (Unicamp), Silvia Domingues de abrange também produtos dermatológicos Carvalho. e dermatocosméticos. Os recursos para A vantagem dos empreendimentos ino- o desenvolvimento da empresa vieram da vadores nesse cenário é que, na maioria das Financiadora de Estudos e Projetos do Mi- vezes, seus lançamentos não têm concor- nistério da Ciência, Tecnologia e Inovação rente na empresa tradicional. “Encontrar ni- (Finep/MCTI), que aprovou o projeto em chos de mercado, que é o que acontece com 2008. “Tínhamos toda a ideia da empresa empresas incubadas voltadas para produtos bem específicos, funcionais, facilita muito”, completa Silvia, cuja tese de doutorado teve como tema A indústria de alimentos e bebidas no Brasil: uma análise da dinâmica Djalma Marques e Fátima Fonsêca, da BioLogicus: empresa nasceu com foco em alimentos e hoje abrange produtos dermatológicos e dermatocosméticos Fotos: Divulgação na busca por melhorias de processo com tecnológica e das estratégias de inovação de suas empresas entre 1998-2005. A receita é identificar o mercado de atuação e os produtos substitutos, já que um alimento ou bebida só é inovador se tem a aceitação do consumidor. “O objetivo é ter o diferencial de lucratividade, que é fornecido por esse algo a mais. Tem que estar muito bem planejado”, completa a pesquisadora. Qualidade de vida Um dos nichos que mais cresce nos últimos anos em alimentação é o de comidas e bebidas que buscam promover saúde e bem-estar. É nesse mercado que se insere a BioLogicus. Graduada pela incubadora do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), onde ingressou em 2006, a empresa conta hoje com 26 colaboradores e tem em seu mix bebidas fermentadas, iogurtes e queijos. O diferencial é que os produtos contêm probióticos – microrganismos que têm um papel importante no sistema imunológico e normalmente habitam o corpo humano desde a infância (400 a 500 espécies), mas cuja presença vai diminuindo com o tempo 47 NEGÓCIOS Fotos: Divulgação consumidor desconfia”, comenta. Entre um artigo novo de marca diferente e outro parecido, mas de uma marca conceituada, o nome famoso costuma prevalecer quando o preço é similar. A não ser que seja um produto diferenciado, o novo, em geral, perde para a tradição da grande empresa. Com o respaldo de um distribuidor conceituado, esse obstáculo tende a ser eliminado. Parceria sólida Firmar acordos para fornecimento de produtos a prefeituras e governos estaduais é uma alternativa para os empreendedores do setor de alimentos. Foi o que fez a Vale A Vale Mais produz biomassa de banana verde, que pode substituir, na preparação de alimentos, o trigo, a soja, a fécula de mandioca e o amido de milho, com maior valor nutritivo e mais fibras pensando no produto, eles deram uma ideia de negócio”, conta o diretor e médico dermatologista Djalma Marques, que tem como sócia a esposa, a engenheira química Fátima Fonsêca. Nos últimos anos, a empresa também recebeu investimento do fundo de capital semente Criatec, do Banco Nacional de Desenvolvimento (Bndes). Os produtos saem com a marca BioLogicus, mas sua fabricação é terceirizada. A empresa desenvolve a fórmula e faz parcerias com indústrias, que fabricam os itens sob a supervisão de um pesquisador. A distribuição também fica a cargo da indústria terceirizada. “Atuamos como se fosse uma sociedade. Tudo que é gasto, é dividido Cleonildo Xavier, da Vale Mais: empresas devem perseguir inovações dentro de seu escopo de atuação meio a meio”, explica Djalma. Para chegar ao consumidor final, a BioLogicus mantém uma loja própria dentro do Itep (onde boa parte dos clientes chega por indicação de médicos e nutricionistas, ou amigos) e contata lojas especializadas, farmácias homeopáticas e outros pontos de venda. A BioLogicus já firmou parceria com a rede Mundo Verde. A pesquisadora Silvia de Carvalho explica que contar com o respaldo de uma rede de lojas com tradição no segmento é uma boa saída para driblar as dúvidas do consumidor. “Muitos produtos são lançados e têm vida curta porque o 48 Mais Alimentos, de Santos (SP), que produz biomassa de banana verde – alimento funcional que pode substituir, na preparação de receitas, o trigo, a soja, a fécula de mandioca e o amido de milho, com maior valor nutritivo e mais fibras. A empresa fornece o insumo para a indústria, que depois venderá um produto final (pão, almôndega, biscoito, patê de requeijão, salsicha etc.) com acréscimo de saúde e, portanto, valendo mais – e não somente na prateleira. Desde 2009, a Vale Mais é fornecedora da prefeitura de Jundiaí (SP), que usa biomassa de banana verde na merenda escolar. De acordo com o diretor da Vale Mais, Cleonildo Xavier, há dezenas de prefeituras interessadas na biomassa. O objetivo delas é cumprir as exigências do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que determina uma certa gradação de fibras na comida servida às crianças. Entre os clientes em fase adiantada de negociação está a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed/ PR), que usará a biomassa em almôndegas. Serão produzidas 60 toneladas ao mês de almôndegas, com o fornecimento de oito toneladas mensais de biomassa. “A questão da quantidade de alimentação está relativamente resolvida. Agora, o que importa, é o quão saudável os produtos são”, afirma Xavier, lembrando que o processo de produção de- NEGÓCIOS _A BUSCA POR FINANCIAMENTO Uma dificuldade apontada pelos empreendedores do ramo de alimentos se refere aos obstáculos na hora de conseguir aprovar projetos junto aos órgãos de incentivo à pesquisa. “É difícil se enquadrar nas linhas temáticas que são exigidas no edital. O que conseguimos aprovar era aberto”, conta Bruno Figueira Ramos, da Nutryclin Alimentos. Para ele, a prioridade do governo passa por outras áreas. A Vale Mais Alimentos submeteu por seis vezes projetos a um órgão de fomento e todos foram recusados. A alegação era que a pesquisa com biomassa de banana verde, foco do empreendimento, não estava no escopo dos editais. “Sem dúvida, por ser uma empresa de alimentos, há dificuldade de financiamento”, afirma o diretor da Vale Mais, Cleonildo Xavier. No final, a única alternativa foi recorrer a empréstimo bancário. De acordo com a doutora em Política Científica e Tecnológica, Silvia de Carvalho, os investimentos públicos em pesquisa dependem muito do mercado e dos assuntos que estão em alta no momento. Para Angela Pibernat, da Qualistatus, quem vence os editais são geralmente projetos voltados para TI ou eletrônica. “Vejo essas empresas recebendo investimento, visitas e investidores. O mundo é muito tecnológico”, afirma. A explicação para essa predominância pode ser a velocidade: o setor de alimentos não é tão rápido quanto o de TI. “Em dois anos, funda-se empresa e ela é vendida ou acabou. A área de alimentos é mais tradicionalista”, explica Xavier, da Vale Mais. Aos empreendedores, resta se articular para propor que os órgãos elaborem editais nas linhas temáticas alimentícias. É o que acredita Bruno Ramos, da Nutryclin. “Outros setores da economia estão à frente. Para o segmento de desenvolvimento de alimentos é um desafio, mas talvez isso ajude o setor a inovar.” Uma das principais características do se- mentos de Campinas (Ital) não leva nenhum tor, aliás, tem a ver justamente com a concor- aditivo químico. O campo para crescimento rência. Isso porque, em alimentos, é muito é vasto: o mercado de alimentação saudável fácil copiar o que o outro faz. Uma empresa cresce 20% ao ano no Brasil. No exterior, o leva anos para desenvolver uma tecnologia ritmo é de 10% ao ano, em taxas estáveis. e, a partir do momento que esta chega ao Os planos para a Vale Mais são terminar mercado, é rapidamente imitada pelo con- 2012 com faturamento consolidado e, para corrente. “O setor não tem mecanismo eficaz o futuro próximo, buscar financiamento do Bndes para agregar tecnologia. Atualmente, o faturamento é de cerca de R$ 45 mil Equipe da Nutryclin: empresa iniciou fabricando produtos direcionados a atletas e hoje estende seu portfólio a crianças e idosos Divulgação senvolvido no Instituto de Tecnologia de Ali- mensais – valor que equilibra a balança dos gastos, mas ainda não garante uma boa margem de lucro. Em 2014, a empresa pretende começar a linha pasteurizada e fornecer a biomassa de banana em temperatura ambiente – atualmente, ela é comercializada e armazenada congelada. Com a nova tecnologia haverá redução de custos e ganho de escala, e o produto se tornará ainda mais inovador. “Você tem que tornar seus próprios produtos oboletos, porque a concorrência vai chegar”, prevê Xavier. 49 NEGÓCIOS Fotos: Divulgação suplementos para outros públicos demandavam longos períodos de estudo até mostrarem resultado. A estratégia deu certo e a empresa hoje possui produtos direcionados a crianças (um suplemento composto de cálcio, magnésio, ferro e zinco para ajudar no desenvolvimento nutricional e intelectual de crianças em idade pré-escolar), idosos (um shake que contém 17 vitaminas e minerais essenciais para pessoas acima dos Produtos da Nunes & Góes, de Maceió: empresa incubada com foco na produção de cachaças de apropriação da inovação”, diz Silvia. Por isso, é preciso ter um projeto bem estruturado, para garantir que o público dê retorno sobre o investimento. “Não tem como ter segredo industrial. Nenhum dos mecanismos normais funciona nesse setor”, completa a pesquisadora da Unicamp. Driblando o mercado Outro mercado em franca expansão é o de suplementos – uma indústria que começou nos anos 1980 no Brasil, na esteira de nomes como Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. Com um número cada vez A Qualistatus se aproveitou de um novo nicho de mercado: a análise da qualidade de bebidas e vinagres importados maior de pessoas frequentando academias, praticando esportes e cuidando do corpo, esse segmento se torna cada vez mais atraente. No início, os suplementos fabricados pela Nutryclin Alimentos – empresa graduada em 2008 pela incubadora mineira do Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Viçosa (Centev/ UFV) – tentaram atingir justamente esse público: os atletas. A percepção foi de que seria mais fácil gerar caixa e ter renda ao direcionar a empresa para um nicho consolidado. Era também uma forma de ganhar tempo, já que os 50 50 anos) e interessados em emagrecer (um produto substituto total das refeições e que atende devidamente os valores calóricos necessários). O plano agora é, a partir de recursos do Programa Pró-Inovação, do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), sair do patamar de faturamento médio de R$ 30 mil ao mês para R$ 100 mil mensais em janeiro de 2013 – e depois buscar um crescimento de 10% ao ano. “Como estamos nos modernizando, vamos ter capacidade produtiva alta e teremos que firmar parcerias com grandes redes de lojas, distribuidores”, explica Bruno Figueira Ramos, diretor executivo e gerente de desenvolvimento da Nutryclin. “É bem difícil captar clientes, fidelizar. É um processo contínuo de compra”, completa. Oportunidade de negócio Mas nem só de comida, insumos e suplementos vive o setor de alimentos. Um exemplo de negócio alternativo é a Qualistatus, de Porto Alegre (RS). Quando o governo federal decidiu terceirizar as análises de qualidade e identidade feitas em bebidas e vinagres importados – obrigatórias para autorizar sua entrada em território brasileiro – um novo nicho de mercado foi criado. Até o primeiro semestre de 2010 as análises eram realizadas pelo próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Como a fronteira gaúcha é rica em importação de bebidas, as irmãs Angela e NEGÓCIOS _DIFICULDADES DO SETOR Falta de apoio governamental não é a única reclamação dos empreendedores do setor de alimentos. Confira alguns obstáculos enfrentados por empresas que ocupam diferentes nichos: Fornecedor: às vezes é preciso desenvolver o mercado fornecedor. A Vale Mais Alimentos, que vende biomassa de banana verde, passou por essa etapa. “O fornecedor usa plantação natural, sem agrotóxico, só se utiliza óleo nas folhas”, explica o diretor Cleonildo Xavier. Afinal, quando se lida com um produto voltado para a promoção da saúde, todas as etapas precisam estar cobertas. Desconfiança: o consumidor final é reticente em relação a novos produtos, e o mesmo acontece com a indústria no caso de insumos. Em alimentos, o ciclo de entrada no mercado é um pouco mais longo. “Tem que marcar reunião, mostrar, aprovar, passar por todo o crivo”, salienta Xavier. “A partir do momento que começa a fornecer para um e para outro, começa a se firmar no mercado”, completa. Produto delicado: certos artigos exigem cuidados especiais, como é o caso dos alimentos probióticos desenvolvidos pela BioLogicus. Afinal, a empresa lida com microrganismos vivos. “Eles não suportam qualquer tipo de corante, nada de acidulante, conservante. São ultrassensíveis”, explica o sócio Djalma Marques. Matéria-prima: dependendo da área de atuação, o acesso à matéria-prima pode se tornar um problema. É o caso da fabricante de suplementos Nutryclin, localizada em Viçosa (MG). Os principais fornecedores da empresa estão em São Paulo, o que traz problemas de custo, com ICMS e outros impostos, além do frete. Cristiane Pibernat, ambas engenheiras, en- sentação da Qualistatus aos importadores xergaram ali uma boa oportunidade e cria- – são eles que encomendam ao laboratório ram o laboratório Qualistatus, empresa in- de sua preferência a análise que liberará a cubada no Parque Científico e Tecnológico bebida na aduana. “Existe a barreira inicial da Pontifícia Universidade Católica do Rio do cliente, de trocar o certo pelo duvidoso, Grande do Sul (Tecnopuc). o velho pelo novo”, aponta a engenheira. A O credenciamento junto ao Mapa, ne- proposta de inovação da Qualistatus é dis- cessário para o início das operações, veio ponibilizar um sistema de diferenciação, em dezembro de 2011, depois da monta- autenticidade e tipicidade de produtos de gem de toda a estrutura física do empre- alto valor agregado, com o intuito de desta- endimento – o que dificultou às empreen- car aspectos qualitativos e levar confiança dedoras conciliar o investimento inicial ao consumidor final. com o período ocioso até sair a autoriza- A Nunes & Góes, de Maceió, também ção. “Depois que começou a chegar amos- trabalha com bebidas, mas o foco da em- tra, em janeiro, a coisa fluiu tranquila. O presa é um produto bem brasileiro: a ca- mercado do Rio Grande do Sul estava bem chaça. Tudo começou quando o professor carente e nós conseguimos suprir uma de- do curso de Engenharia Química da Uni- manda”, analisa Angela. versidade Federal de Alagoas (Ufal), João O trabalho de prospecção havia começa- Nunes, comprou um pequeno alambique e do antes do credenciamento, com a apre- passou a usá-lo para dar aulas práticas. O 51 NEGÓCIOS envelhecimento era feito com nove tipos redes de supermercado regionais, onde o diferentes de madeira e a cachaça produ- ingresso do produto é mais barato. “Muita zida era distribuída para degustação entre gente acha bom o fato de ter trabalhado professores, estudantes e funcionários. A com iniciação científica, teses, dissertação bebida agradou e surgiu a ideia da em- em função de um produto que hoje é ad- presa incubada. Hoje as pesquisas versam mirado no mundo todo. O público de fora sobre cinco tipos diferentes de madeira, da universidade vê isso com bons olhos”, a influência do tamanho do barril no pro- explica Nunes. cesso de envelhecimento e a reutilização Assim como em qualquer outro setor, dessa mesma madeira. A cachaça Nunes & para se dar bem no de alimentos a coisa mais importante a fazer é acreditar. L Góes já é vendida em lojas especializadas e A indústria tem pressa, o Brasil não pode esperar. A inovação é a chave da produtividade, que abre as portas para um país mais competitivo. A inovação é fator estratégico para a competitividade da indústria nacional, o grande motor do aumento da produtividade. É prioridade anúncio CNI dos nossos concorrentes globais. E se não quisermos ficar para trás, também teremos de seguir pelo mesmo caminho, investindo mais em inovação, cada vez mais. • Uma indústria inovadora tem maior capacidade de geração de empregos. • Inovar é fundamental para a conquista de novos mercados e negócios. • Produtos e processos inovadores promovem o fortalecimento do País. Uma indústria inovadora é igual a mais competitividade, que é igual a um Brasil mais forte, que é igual a um país melhor para você. Opine e veja mais informações sobre o tema em: www.aindustriatempressa.com.br 52 CNI. A FORÇA DO BRASIL INDÚSTRIA.