OS FATORES DE RICOS PARA ÚLCERAS POR PRESSÃO EM JOVENS VÍTIMAS DE ACIDENTES POLITRAUMÁTICOS Autor: João Paulo Gomes Feitosa Orientador: CÍCERA CIRLEIDE SILVA DE MEDEIROS Coautor(es): AMANDA TAVARES SAMPAIO, SAMÁRIA DANTAS ROMUALDO, FRANCIENE MARIA GALVÃO Modalidade: poster Área: SAÚDE OS FATORES DE RICOS PARA ÚLCERAS POR PRESSÃO EM JOVENS VÍTIMAS DE ACIDENTES POLITRAUMÁTICOS INTRODUÇÃO Segundo Cardoso, et al, (2004), a úlcera por pressão é definida como qualquer lesão causada por uma pressão não aliviada, cisalhamento ou fricção que pode resultar em morte tecidual, sendo freqüentemente localizada na região das proeminências ósseas, que além de ocasionar dano tissular, pode provocar inúmeras complicações e agravar o estado clínico de pessoas com restrição na mobilização do corpo. De acordo com Nogueira, et al (2002), o traumatismo da medula espinhal (TME) é um dos grandes problemas de saúde não só no Brasil, mas também em todo o mundo, podendo afetar, com maior freqüência os indivíduos homens e adultos. Acometidos mais freqüentemente por acidentes automobilísticos, ferimentos com arma de fogo, quedas, mergulhos e a violência. Conforme Nogueira, et al (2002), a úlcera por pressão, dependendo do seu nível de profundidade, pode trazer sérias complicações para o paciente como: septicemia, osteomielite e até mesmo levar a óbito. Esse problema também traz alguns transtornos psicológicos que impedem ou dificultam a participação do paciente nos programas de reabilitação. O foco desta pesquisa são os fatores de risco para úlcera por pressão em jovens vítimas de acidentes politraumáticos, pois, segundo Cardoso, et al, (2004), a úlcera por pressão é considerada um problema grave, especialmente em pessoas idosas e clientes portadores de doenças crônico-degenerativas, sendo que, atualmente, tem-se percebido o surgimento em um número considerável, em jovens vítimas de acidentes. Sugeriu-se este tema, após um dos autores ter passado por uma experiência de conviver com um jovem, nestas condições referidas. O mesmo relata que uma das fases mais complicadas do tratamento foi o surgimento da úlcera por pressão, lesão, que teve uma evolução rápida e um processo de cicatrização lento e doloroso. Vítima de acidente automobilístico, o jovem teve fraturas em várias partes do corpo, incluindo lesão importante na coluna espinhal, o que o levou a tetraplegia. A relevância desse estudo consiste em atentar para os fatores de risco para úlceras por pressão em jovens vítimas de acidentes politraumáticos, que tem um número cada vez mais elevado por conta da violência urbana e do aumento exacerbado da frota de veículos e motocicletas, e a facilidade em adquiri-los. A pesquisa possui contribuição de ordem social e acadêmica, a medida que multiplica informações que evidenciam a importância do conhecimento dos fatores de risco para úlcera por pressão, já que, de acordo com Medeiros et al (2009), as mesmas causam dor e desequilíbrios emocionais, risco de desenvolver infecções, perda da funcionalidade ou afastamento do trabalho. Esta pesquisa teve como objetivo identificar os fatores de risco para úlcera por pressão em jovens vítimas de acidentes politraumáticos. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo exploratória, descritiva. Segundo Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa bibliográfica é aquela que abrange bibliografias já tornadas públicas em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, livros, monografias, teses, etc. Até mesmo meio de comunicação oral como o rádio. Tendo como finalidade colocar o pesquisador direto com tudo o que foi dito, escrito e filmado sobre o determinado assunto. De acordo com Marconi e Lakatos (2010), a pesquisa quantitativa descritiva busca aprofundar de maneira investigativa a pesquisa empírica com finalidade em analisar os fenômenos e fatos ocorridos. Os dados dessa pesquisa foram coletados no período de abril do ano de 2011, através do estudo de artigos retirados do site LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Saúde) e MEDLINE (Literatura internacional em Ciências da Saúde), e também através de livros relacionados ao tema proposto. A análise dos dados foi pautada na literatura acerca dos fatores de risco para úlcera por pressão em jovens vítimas de acidentes politraumáticos. Os dados foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo, que de acordo com Marconi e Lakatos (2010), são organizados a partir de três momentos cronológicos básicos, que consistem em formular hipóteses, elaborar indicadores que apoiarão as hipóteses definidas e em seguida levantamento dos documentos de análise. RESULTADOS . Estas lesões segundo Blanes et al (2004), podem ser superficiais ou profundas, tendo como causa principal o aumento da pressão externa, que se não for abrandada, pode haver complicações. A úlcera por pressão localiza-se preferencialmente sobre uma saliência óssea. Diz Cardoso, et al, (2004) que outras causas estão relacionadas com o cisalhamento ou fricção que podem resultar em morte tecidual, além de ocasionar dano tissular e provocar inúmeras complicações, agravando o estado clínico de pessoas com restrição de movimentos do corpo. É um tema de grande atenção no âmbito do cuidado de enfermagem, porém, de acordo com Medeiros et al (2009), estudos mostram uma elevação na incidência e prevalência, deste agravo à saúde. Isto comprova que novas pesquisas deverão ser realizadas com intuito de aperfeiçoar medidas preventivas e terapêuticas. De acordo com Lopes et al (2009), é necessário que os profissionais que cuidam direta ou indiretamente, de pacientes com riscos a este tipo de lesão, ou com a lesão já instalada, verifiquem se o conhecimento científico produzido sobre as úlceras por pressão está sendo aplicado corretamente na prática diária do cuidado. Por conseguinte, integrem o resultado das pesquisas durante a assistência a eles prestada, observando-se a importância de realizar novos estudos sobre a prevalência, incidência, prevenção e tratamento das úlceras por pressão, com a finalidade de orientar as ações e práticas de profissionais. Fatores de risco São vários os fatores associados ao aumento do risco que levam o paciente à predisposição de desenvolvimento de formação de úlcera por pressão. Estes fatores, de acordo com Potter e Perry (2005), podem estar diretamente relacionados com a patologia, como o baixo nível de consciência após um acidente traumático, o uso de ataduras e gesso, ou podem ser resultantes de uma baixa percepção de sensibilidade, em casos de comprometimento no sistema nervoso central. As maneiras como os agentes etiopatogênicos da úlcera por pressão agridem o organismo, é um problema que está exposto a complicações e, segundo Rocha e Barros (2007), três fatores merecem maior atenção nesse processo, são eles: a pressão direta, as forças de cisalhamento e fricção. Que podem ser divididos em dois grupos: Intrínsecos, que compreendem os aspectos que podem ser observados no paciente como mobilidade, estado nutricional, incontinência e processos infecciosos, bem como doenças malignas, neurológicas e quadro anêmico; e Extrínsecos que incluem os efeitos externos de drogas, distribuição de peso, regime de tratamentos cuidados de higiene e técnicas de manuseio do paciente. De acordo com Potter e Perry (2005), sendo a pressão o principal elemento causador da úlcera por pressão, há três fatores relacionados com a pressão que contribuem para a formação destas lesões, são eles: * Intensidade da pressão: a isquemia tecidual é resultante de uma pressão capilar excedente a pressão capilar normal, fazendo com que o vaso seja obstruído. Se o paciente não tem sensibilidade neste local e não responde ao desconforto, e a pressão não for aliviada, pode ocorrer isquemia tecidual seguida de morte. * Duração da pressão: tanto a pressão de baixa intensidade por um período prolongado, como a pressão de alta intensidade por um longo período de tempo, podem causar danos ao tecido. Pois a pressão prolongada é um importante fator condicionante de lesões teciduais, por isquemia. * Tolerância tecidual: esta tolerância depende de sua integridade e das estruturas de suporte da pele, como vasos sanguíneos e colágeno, são estas que auxiliam na redistribuição de pressão. Muitas vezes pior que o acidente em si, são as conseqüências, pois não só a vítima sofrerá, mas sim os seus familiares e pessoas do seu relacionamento. A incapacidade parcial ou total é uma conseqüência que merece toda a atenção por parte do serviço de saúde, pois, Fernandes; Torres e Vieira (2008) descrevem que a imobilidade é um dos fatores que pode ocasionar o desenvolvimento de úlceras por pressão, lesão esta que pode ser prevenida por cuidados simples que devem ser realizados pelos profissionais da área de enfermagem. O que pode ocorrer em jovens vítimas de acidente automobilístico e da violência urbana, que sofrerem politraumatismo. Os jovens com politraumatismo, principalmente os que são acometidos por lesão da coluna espinhal, segundo Siscão (2006), perdem a mobilidade do corpo, tem uma nutrição insuficiente, o que ocasiona uma diminuição do peso corpóreo, facilitando assim o desenvolvimento de lesões por pressão. É necessária a avaliação dos pacientes com maior probabilidade do desenvolvimento de úlceras por pressão, no sentido de direcionar maiores cuidados reduzindo a incidência do aparecimento destas lesões. Segundo Fernandes, Torres e Vieira (2008), um dos cuidados a ser realizado e que diminuirá os riscos destas lesões é a mudança de decúbito, em horários determinados e a orientação à família quanto a importância deste procedimento, como a maneira correta de fazê-lo, sem que haja risco de outras lesões. Outro cuidado que deverá ser prestado é a massagem de conforto. PREVENÇÃO Segundo Blanes et al (2004), para a prevenção deste tipo de lesão, devem-se evidenciar algumas ações, entre elas podemos destacar: Mudança de decúbito; cuidados com os pontos de apoio; uso de colchonetes especiais contendo ar, água, espuma ou gel, seguindo a profundidade recomendada; massagem de conforto; nutrição; e apoio psicológico. O tratamento cirúrgico é indicado diante de lesões em estágio adiantado, com risco de graves complicações para o cliente. De acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos em 2004, apenas uma pequena parcela dos pacientes são candidatos para cirurgia. As modalidades mais comuns são: o enxerto de pele, desbridamento e reconstrução plástica, procedimentos que necessitam de suporte pós-operatório e controle de infecção. (MEDEIROS et al; 2009; p. 226) Em alguns casos são recomendados como tratamento o desbridamento, que é a remoção do tecido necrosado, a limpeza da lesão, utilização de soluções, pomadas, curativos industrializados, entre outros, e terapias coadjuvantes. Devemos atentar que a prevenção e tratamento das úlceras por pressão, merecem atenção individualizada, baseando-se no conhecimento científico, evidências e no trabalho de equipe de enfermagem e acompanhamento intensivos. CONCLUSÃO Os resultados dessa pesquisa demonstram que a valorização dos fatores de risco para o desenvolvimento da úlcera por pressão é de bastante importância para a prevenção e tratamento deste tipo de lesão. A prevenção e o tratamento da úlcera de pressão exigem mais do que a redistribuição mecânica do peso corporal sendo necessária a identificação precoce dos fatores de risco, o tratamento das patologias de base quando presentes, a restauração e manutenção de uma nutrição adequada e a educação de pacientes e cuidadores formais e informais para que realizem medidas de prevenção das lesões e manutenção do tratamento. REFERÊNCIAS BLANES, Leila; DUARTE, Ivone da Silva; CALIL, José Augusto; FERREIRA, Lydia Masako.Avaliação clínica e epidemiológica das úlceras por pressão empacientes internados no Hospital São Paulo. FERNANDES, Niedja Cibegne da Silva; TORRES, Gilson de Vasconcelos; VIEIRA, Daniele. 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