UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A Utilização do Endomarketing como ferramenta de melhoria de produtividade nas empresas Por: Thiago Nicacio dos Santos Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A Utilização do Endomarketing como ferramenta de melhoria de produtividade nas empresas Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Marketing. Por: Thiago Nicacio dos Santos 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus nosso pai, aos meus pais, parentes e amigos, colegas de turma pela ajuda, companheirismo e momentos inesquecíveis vividos durante o curso, aos mestres da AVM pela contribuição significativa não só na parte profissional, mas também pelas histórias e experiências que levarei para o resto vida, e a todos que estiveram do meu lado ao longo de toda essa caminhada. 4 DEDICATÓRIA Dedico às pessoas mais importantes da minha vida: meus pais Jailson e Therezinha. incondicional, Obrigado pelo carinho, apoio amor, compreensão e dedicação em todos os momentos da minha vida. Tudo que sou devo a vocês. Obrigado por tudo. 5 RESUMO Em um mercado altamente competitivo as empresas se utilizam de diversas ferramentas para o alcance de seus objetivos. Esta pesquisa aborda um tema atual da administração: o Endomarketing. Endomarketing tem como definição a aplicação de técnicas e princípios do marketing, voltadas para dentro da organização. A valorização e reconhecimento dos clientes internos são fatores chaves para alcançar o sucesso das organizações. Com isso, o principal objetivo desta monografia é demonstrar de que forma o Endomarketing pode alavancar a produtividade das empresas, além de discutir sua importância como ferramenta motivacional e dos benefícios de se investir na motivação dos colaboradores. Este investimento principalmente no potencial humano traz grandes benefícios para as organizações, conseguindo não só melhorar a qualidade de vida dos funcionários, mas atingir maiores índices de lucratividade para a empresa, pois quando o funcionário se torna responsável pelo negócio e se satisfaz com seu trabalho, gera resultados muito mais eficientes. 6 METODOLOGIA O presente trabalho consiste de uma pesquisa bibliográfica de natureza teórica que proporcionará maior compreensão do tema que está sendo investigado. Este estudo é de caráter exploratório, tendo como principais fontes de pesquisa: livros, revistas e artigos de sites especializados. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O cenário atual das organizações 10 CAPÍTULO II - O que é Endomarketing? 15 CAPÍTULO III – Endomarketing, Recursos Humanos e Marketing. 25 CAPÍTULO IV – O Endomarketing e a satisfação do colaborador 38 CAPÍTULO V – Implantação do programa de Endomarketing 47 CONCLUSÃO 60 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62 ÍNDICE 59 8 INTRODUÇÃO Uma das principais preocupações do administrador consiste em descobrir novas formas de promover a motivação e a satisfação no ambiente de trabalho, com o intuito de integrar os trabalhadores aos objetivos organizacionais. Uma estratégia que tem sido aplicada com essa finalidade é a utilização do marketing junto ao público interno da organização (SOUZA e SANTOS, 1992). Tal estratégia recebe diferentes denominações: In Marketing, Marketing Interno, Endomarketing. Esta última é a forma mais utilizada pelos profissionais do meio, além de possuir significado semântico que melhor expressa a definição dessa estratégia. O prefixo endo significa “para dentro, dentro de”, dando a idéia de interiorização, de algo que se move para dentro de si, de uma ação no interior de algo. Nesse sentido, Endomarketing pode ser entendido como ações de marketing voltadas para dentro da empresa. Quem nunca ouviu falar que antes de vender um produto para seus clientes, as empresas precisam convencer seus funcionários a comprá-lo? O Endomarketing surge como elemento de ligação entre o cliente, o produto e o empregado. E "vender" o produto para o funcionário passa a ser tão importante quanto para o cliente. Significa torná-lo aliado no negócio, responsável pelo sucesso da corporação e igualmente preocupado com o seu desempenho. Se imaginarmos que as organizações são aglomerações humanas, com interesses comuns e também divergentes, eis a complexidade que reveste a administração de pessoas e o conseqüente direcionamento do Endomarketing para a obtenção dos resultados esperados. A opinião do público interno tem grande influência nas opiniões e perspectivas do público externo, do consumidor em geral. Partindo desse princípio, as empresas cada vez mais têm investido no Endomarketing como uma estratégia de Recursos Humanos. A importância da satisfação dos empregados está no aumento da capacidade organizacional para satisfazer aos clientes externos. A empresa, 9 ao fazer uso do Endomarketing, passa a construir e a manter bons relacionamentos com seus empregados, levando-os ao comprometimento com os objetivos e valores organizacionais; como o resultado, tem-se o aumento da qualidade dos bens e serviços e da produtividade de pessoas e processos, acarretando a satisfação dos clientes (BEKIN, 1995). Com isso, percebe-se o quão importante é o Endomarketing para o sucesso do marketing. Como diz Kotler (1998), o Endomarketing deve vir antes do marketing. Assim como os empregados, os departamentos e as áreas da empresa também passam a ser considerados clientes internos, fazendo com que uns prestem serviços de melhor qualidade aos outros, levando a maior cooperação e integração interna (BEKIN, 1995). 10 CAPÍTULO I O ATUAL CENÁRIO DAS ORGANIZAÇÕES As organizações são entidades sociais criadas para alcançar objetivos em um ambiente mutável e dinâmico e, para isso, elas precisam realocar, reajustar e reconciliar continuamente seus recursos disponíveis com as oportunidades percebidas no seu ambiente de operações a fim de aproveitar as brechas nos mercados e neutralizar as ameaças de seus concorrentes. Para tanto, as organizações procuram desenvolver seus negócios e operações de uma maneira coerente e consistente por meio de estratégias que garantam seu pleno sucesso nessa empreitada. As constantes mudanças e transformações no ambiente de operações produzem uma forte pressão no sentido de ações ágeis e de reações rápidas para aproveitar prontamente as novas oportunidades que surgem e para escapar das dificuldades, restrições e limitações impostas pelo ambiente. A estratégia organizacional constitui o primeiro e principal passo para a organização articular e alcançar esta capacidade de manobra em um cenário cada vez mais complexo e dinâmico. A estratégia organizacional é a mobilização de todos os recursos no âmbito global da organização visando a atingir objetivos situados a longo prazo. Na realidade, a estratégia representa o comportamento global da organização em relação ao seu ambiente. Ela representa a resposta organizacional às condições ambientais que envolvem toda a organização. Como se trata de um comportamento molar e total, a estratégia precisa ser implementada através de táticas organizacionais. A tática é um esquema específico de emprego de alguns recursos dentro de uma estratégia geral. Cada tática exige planos operacionais para sua implementação. O desdobramento da estratégia em táticas e em planos operacionais permite atender a dois requisitos: o primeiro é a integração de todos os esforços em um só sistema de simultâneas ações estratégicas, táticas e operacionais; o 11 segundo é a filtragem e gradativa decomposição dos objetivos estratégicos em uma multiplicidade de objetivos táticos e operacionais. A estratégia é definida com um plano amplo e genérico desenvolvido para conduzir a organização ao alcance de seus objetivos a longo prazo (CHIAVENATO,1999, p.322). A estratégia organizacional geralmente focaliza a atuação em longo prazo de diferentes áreas organizacionais, como marketing, finanças, produção, pesquisa e desenvolvimento, pessoal e relações públicas. A administração estratégica significa, portanto, a administração voltada para os objetivos globais da organização a longo prazo (CHIAVENATO,1999, p.324). Na realidade, a administração estratégica está voltada para um comportamento da organização que vise ao alcance de resultados globais. Ela está orientada para o futuro e para o destino da organização 1.1 – Objetivos Objetivos e planos são conceitos comuns em nossa sociedade. Um objetivo é um estado futuro desejado que se tenta tornar realidade (CHIAVENATO apud Russel, 1981). Na verdade, os objetivos são resultados específicos que se pretende alcançar em um determinado período de tempo. Enquanto a missão define qual é o negócio da organização e a visão proporciona uma imagem do que a organização que ser, os objetivos estabelecem resultados concretos que se deseja alcançar dentro de um específico prazo de tempo. Um dos grandes dilemas da administração tem sido a congruência dos objetivos organizacionais e objetivos individuais. Para muitos autores, eles nunca foram compatíveis. Quase sempre, a realização de um é conseguida às custas da realização do outro. Quando as pessoas ingressam nas organizações, perseguem seus próprios objetivos individuais, como ocupar o cargo, ganhar um salário, receber benefícios sociais, conquistar status dentro da organização etc. Porém, as organizações exigem que cada pessoa contribua para a realização dos seus objetivos organizacionais, como produtividade, lucratividade, redução de custos, qualidade e competitividade. Assim, surge o dilema para cada indivíduo: Para onde seguir? Rumo aos 12 próprios objetivos ou rumo aos objetivos da organização? Do lado da organização, quanto maiores os salários, maiores os seus custos. Do lado do indivíduo, quanto menores os custos, menores os salários. E então? 1.1.1 - Objetivos Individuais Todas as pessoas formulam consciente ou inconscientemente os seus próprios objetivos particulares: crescer na vida profissional, garantir status e prestígio na comunidade, assegurar estabilidade financeira, adquirir casa própria, ter um bom automóvel, vestir-se bem, ter boas amizades, ser feliz. Assim, existem os objetivos individuais que cada pessoa almeja atingir, a curto, médio ou longo prazo. Objetivos individuais são situações desejadas que cada pessoa deseja alcançar (CHIAVENATO, 1999, p.256). À medida que cada objetivo vai sendo realizado, outros objetivos individuais mais sofisticados e mais avançados são formulados, em uma seqüencia sem fim. Atinge-se um objetivo e outros vão sendo estabelecidos em seu lugar, em uma incessante corrida pro futuro. 1.1.2 - Objetivos Organizacionais As organizações são entidades igualmente orientadas para objetivos. Quase tudo dentro das organizações está orientado para uma meta, finalidade, estado futuro ou resultado a alcançar. Cada organização define os seus próprios objetivos organizacionais. Objetivo organizacional é um estado desejado que a organização pretende atingir e que orienta seu comportamento em relação ao futuro (CHIAVENATO, 1999, p.256). 1.1.3 - Compatibilidade entre Objetivos Organizacionais e Individuais As pessoas não atuam isoladamente, mas através de interações com outras pessoas, para poderem alcançar da melhor maneira os seus objetivos pessoais. Nas interações humanas, as pessoas envolvidas influenciam-se mutuamente: são as relações sociais. Graças ás diferenças 13 individuais, cada pessoa tem as suas próprias características, suas capacidades, suas limitações. Para poderem sobrepujar suas limitações e ampliar suas capacidades, as pessoas precisam cooperar entre si para melhor alcançar seus objetivos. A união faz a força. É através da participação pessoal e da cooperação entre as pessoas que surgem as organizações. A cooperação é o elemento essencial da organização e ela varia de pessoa para pessoa. A contribuição de cada um para o alcance do objetivo comum é variável e depende do resultado das satisfações e insatisfações obtidas realmente ou imaginariamente percebidas pelas pessoas como resultado de sua cooperação. Daí recorre à racionalidade. As pessoas cooperam desde que o seu esforço proporcione vantagens e satisfações pessoais que justifiquem tal esforço. A cooperação é fruto da decisão de cada um em função dessas satisfações e vantagens pessoais. Quando a organização é composta de poucas pessoas, os objetivos organizacionais confundem-se com os objetivos individuais de cada uma delas. Se um grupo de pessoas se reúne para formar um empreendimento, os objetivos desse empreendimento são decorrentes dos objetivos pessoais que levaram cada um a cooperar nele. Mas, à medida que esse empreendimento cresce e requer um volume maior de atividades e, conseqüentemente, de pessoas, tornam-se necessários uma maior divisão do trabalho e um desdobramento da hierarquia. Assim, os objetivos organizacionais (como produtividade, qualidade, redução de custos, lucratividade etc.) permanecem próximos aos objetivos pessoais daqueles que criaram a organização e que estão na cúpula da hierarquia, mas distanciam-se gradativamente dos objetivos pessoais daqueles que estão nos níveis mais baixos da hierarquia. O desejo de cooperar depende dos incentivos oferecidos pela organização e esta precisa influir no comportamento das pessoas através de incentivos materiais (como salários e benefícios sociais), oportunidades de crescimento, prestígio ou poder pessoal, condições ambientais de trabalho etc. Em outros termos, a organização oferece uma variedade de incentivos para obter a cooperação das pessoas em todos os níveis hierárquicos. Dentro desse esquema, cada pessoa precisa alcançar simultaneamente os objetivos 14 organizacionais – para se manter ou crescer na organização – e os seus objetivos individuais – para obter satisfações pessoais. Cada pessoa precisa ser eficaz (alcançar os objetivos organizacionais) e eficiente (alcançar objetivos individuais) para sobreviver ao sistema. A função do administrador dentro da organização é a de criar e manter um sistema de esforços cooperativos entre as pessoas. Como a cooperação é essencial para a sobrevivência da organização, essa função básica consiste na tomada de decisões capazes de incentivar a coordenação de toda a atividade organizada, fazendo com que as pessoas sejam eficazes e eficientes ao mesmo tempo: que elas consigam atingir os objetivos organizacionais e simultaneamente se sintam satisfeitas em atingir os seus próprios objetivos individuais através do trabalho. Em decorrência disto, muitas têm sido as ações no sentido de repensar os modelos organizacionais e torná-los orientados para a valorização do ser humano. Se, em muitas empresas, ainda é comum observar tímidos esforços de implementação de programas de valorização (que, nestes casos, limitam-se a oferecer algumas recompensas e benefícios em troca da consecução dos objetivos organizacionais), em outras pode-se observar um enfoque verdadeiramente estratégico, que implica na melhora do desempenho de seus empregados e no aumento dos lucros. Nesta linha de raciocínio, o Endomarketing, surge como uma ferramenta complementar estratégica que, junto à gestão de recursos humanos, visa proporcionar a integração dos trabalhadores aos objetivos da organização (SOUZA e SANTOS: 1992). 15 CAPÍTULO II O QUE É ENDOMARKETING? 2.1 – Conceito O que é Endomarketing? Alguns autores enxergam-no como instrumento ou mecanismo. Outros o consideram uma filosofia de gestão... Alguns vêem o Endomarketing como a gestão dos processos e instrumentos de comunicação interna (BRUM apud INKOTE, 2000). Outros podem encará-lo como programa dirigido aos funcionários, paralelo e coerente com o programa dirigido ao mercado externo, com o fim de facilitar a implementação das estratégias de marketing (PIERCY e MORGAN apud PONCE, 1995). Na verdade, ele é mais ou menos a soma de tudo isso. Endomarketing e um modelo de gestão dotado de uma filosofia e de um conjunto de atividades que faz uso de políticas, conceitos e técnicas de recursos humanos e marketing, tendo como função principal integrar todas as áreas e níveis organizacionais e fazer com que os empregados estejam motivados, capacitados, bem informados e orientados para a satisfação dos clientes (LIMONGI FRANÇA, 2009, p. 150). Endomarketing e um modelo de gestão dotado de uma filosofia e de um conjunto de atividades que faz uso de políticas, conceitos e técnicas de recursos humanos e marketing, tendo como função principal integrar todas as áreas e níveis organizacionais e fazer com que os empregados estejam motivados, capacitados, bem informados e orientados para a satisfação dos clientes (LIMONGI FRANÇA, 2009, p. 150). 2.2 – Histórico do Endomarketing Em pleno século XXI e diante da era da informação, as empresas e seus gestores já não pensam somente em tecnologia e equipamentos, os mais eficazes e eficientes pensam mais além, pensam além destas máquinas e o que está por trás delas. O que vem a estar por trás destas máquinas é 16 justamente o funcionário, já não se pode mais pensar em adquirir tecnologias de última geração sem pensar em preparar os agentes que irão utilizá-las. Em busca de técnicas novas e revolucionárias que pudessem manter a relação empresa-funcionário mais forte e resistente é que surgiu o conceito de Endomarketing, este veio a contribuir com as técnicas de gestão de pessoas e marketing criadas desde os primórdios da administração. Segundo Giuliani (2006) o Endomarketing teve a seguinte origem: Os pioneiros no seu desenvolvimento foram os japoneses, apartir da observação do modelo ocidental de administração participativa o modelo participativo nasceu com o desenvolvimento dos modelos de gestão e consistia em uma comunicação transparente entre os integrantes da equipe (GIULIANI, 2006, pág.235). Brum (2005) relata a criação do Endomarketing como um esforço das empresas em se tornarem mais eficientes em comunicação ultrapassando assim os sindicatos. Antigamente a forma mais abrangente de comunicação das empresas eram os sindicatos, sendo assim alguns fatores nos levam a pensar que o Endomarketing pode ter sido criado por organizações que tenham sofrido as ações dos sindicatos em massa. Estes se comunicavam com os demais operários das fábricas através de seus megafones e panfletagem, sendo assim os sindicatos conseguiam dissipar informações sobre a empresa ao seu modo. Não contentes com a maneira como tais informações eram transmitidas aos seus empregados, as empresas procuravam formas de conter a ação e o poder de influência dos sindicatos. Criavam-se assim novas formas de comunicação entre empresa-funcionário este esforço faria com que houvesse um estreitamento de relação entre as duas partes, embora não se pudesse conter a ação dos sindicatos, visto que os mesmos possuem uma rapidez muito maior quanto à disseminação de informações e nem têm comprometimento quanto à transmissão e veracidade das informações que são transmitidas. No Brasil por volta de 1975, Saul Faingaus Bekin utilizaria o conceito Endomarketing pela primeira vez. Gerente de produtos da Johnson & 17 Johnson, Bekin sentia necessidade de criar algo que fosse extremamente novo e estimulante que pudesse ajudar na comunicação interna e motivação entre empresa-funcionário da organização onde trabalhava. Bekin pôde perceber que através da utilização das técnicas de marketing poderia ele não só vender produtos e serviços aos clientes externos, poderia também encantar os seus funcionários com os produtos da organização, haveria então a necessidade da utilização das técnicas de marketing voltadas para dentro da empresa. Porém, não bastava somente utilizar-se de técnicas de marketing voltadas para dentro da empresa, muito mais que isso precisava sim de uma reorganização de toda uma cultura organizacional. A necessidade era muito maior do que a simples disseminação de informações, era preciso fazer com que todas as informações chegassem a todos os funcionários de maneira uniforme e coerente, isto faria com que todos fossem capazes de inserir em si mesmos altas doses de motivação. Segundo Dias (2008): A comunicação gera motivação, quando os empregados são esclarecidos sobre o que deve ser feito para melhorar o desempenho no trabalho. Eles têm motivos para a tomada de ações eficazes, inclusive de empatia, colocando-se no lugar do outro, ao solicitar uma tarefa, por exemplo (DIAS,2008, pág.26). A motivação para o surgimento do conceito de Endomarketing se dá também através da evolução das teorias da administração, sobre este tema Dias (2008) ainda afirma que: O Endomarketing hoje pode ser entendido como um processo estruturado, alinhado ao planejamento estratégico empresarial, visando melhoria da comunicação, buscando a relação com os ganhos de produtividade nas organizações. Para que isso aconteça, são necessários conhecimentos de: indicadores de desempenho de recursos humanos; clima organizacional; indicadores de produtividade e apoio da alta gerência, principalmente (DIAS, 2008, pág.24). 18 Portanto, é possível afirmar que o Endomarketing surge da necessidade dos gestores buscarem para suas organizações técnicas novas que tratassem seus funcionários como aliados no processo de decisão e de gestão empresarial. Essa proximidade faria com que os funcionários pudessem tornar-se muito mais íntimos dos processos organizacionais levando a construção de uma auto-estima e motivação muito mais elevada. A mobilização do público interno faz com que o gestor insira em cada um de seus subordinados o sentimento de racionalidade, este sentimento fará com que o funcionário tenha uma razão ou motivo porque e por quem trabalhar. Apesar do nome Endomarketing ainda ser novo diante das demais técnicas e teorias administrativas pode-se perceber o seu esforço quanto à junção e adequação de técnicas anteriores para sua prática. Modificar ou melhorar a comunicação dos funcionários de uma empresa vem a ser um dos objetivos fundamentais do Endomarketing. A utilização destas ferramentas pelas empresas contribuirá para a conquista de novos clientes externos e para a conquista de relação intimista e duradoura com seus clientes internos. Praticar o Endomarketing nada mais é do que voltar às estratégias do marketing externo para dentro da empresa, os funcionários serão os clientes e seus cargos os produtos, caberá a empresa encantar os funcionários (clientes internos) da mesma maneira que encantam seu público externo e isso poderá ser conquistado através da oferta de cargos e salários (produtos) atrativos. Não há, portanto, novidade alguma quanto ao conceito, o desafio será somente unificar todas as estratégias para utilizá-las a fim de conquistar um objetivo comum. Há pelo menos uma década, o Endomarketing passou a integrar a agenda das principais empresas brasileiras. Ainda controverso e carente de consistência conceitual, ganhou espaço e tornou-se fator importante para o sucesso de nossas organizações, sendo um diferencial obrigatório às melhores empresas do país. Compravam os rankings das melhores empresas do Brasil, editados anualmente por revistas de expressão nacional. A verdade é que a 19 grande maioria das integrantes dessas listas constituiu e legitimou um programa de marketing interno. (COSTA, 2010; p. 13) O cenário empresarial se alterou e junto foi alterada a visão que a organização tem de si e de seus elementos. O principal acontecimento que marca o emprego consistente do Endomarketing nas empresas foi a introdução de programas de qualidade na indústria. O cenário era o Japão pós-guerra, onde este se recuperava economicamente; os programas aplicados visavam reduzir desperdícios, otimizar recursos materiais e humanos, consolidar maior racionalidade gerencial, ganhar agilidade e reduzir custos, ou seja, obter produtividade e eficiência. (COSTA, 2010; p. 44) Na aplicação ocidental dos princípios do Endomarketing foram adicionados fatores motivacionais diferentes na gestão de pessoas, como reconhecimento, participação e, principalmente, recompensa; enquanto os japoneses eram motivados pela questão da honra, déia oriunda da cultura dos samurais. (COSTA, 2010; p. 44) A noção de equipe surgiu meio a este cenário e trouxe grandes melhoras para o rendimento das tarefas ao ponto que a união e os laços formados pelas equipes aumentaram a produtividade. (ibidem) A noção de equipe e a promoção do espírito de equipe são idéias vitais para o Endomarketing ao passo que as relações entre os colaboradores favorecem fortemente um melhor clima para se realizarem as tarefas e promovem a motivação do público interno. Como disse o autor, não há como dissociar o Endomarketing da noção de motivação, “pois na prática está diretamente ligada ao engajamento do colaborador”. (COSTA, 2010; p. 17) 2.3 – Características do Endomarketing O Endomarketing possui as seguintes características: • Está voltado para o público interno da empresa; 20 Contribui bastante com os objetivos do marketing, • pois o melhor relacionamento da empresa com seu público interno tende a melhorar o seu relacionamento com o público externo; É uma filosofia de gerenciamento que cria, entre os • empregados, uma orientação para a satisfação do cliente; Compõem-se de várias atividades, muitas das quais • não são novas nem restritas a ele, mas que são geridas de forma integrada e estratégica (GRONROOS apud PONCE, 1995); Deve promover a integração, a cooperação, o • tratamento de conflitos, a motivação, a satisfação e o comprometimento no interior da organização, estando, assim, muito ligado ao conceito de clima organizacional; • Faz um elo entre as áreas de recursos humanos e de marketing, ao serem usados alguns de seus conceitos, políticas e técnicas. Vale dizer que o Endomarketing veio ganhando forças ao longo das últimas décadas, em que a era industrial foi dando lugar à economia de serviço (BEKIN, 1995). Além de ser o setor que mais cresceu na economia global, os serviços encontram-se cada vez mais presentes no relacionamento entre clientes e fornecedores. Muitos são agregados aos produtos para diferenciálos. Na prestação de um serviço, geralmente ocorre um contato entre o cliente e o empregado. Como a qualidade do serviço é avaliada nesse contato, percebe-se quanto o desempenho do empregado torna-se relevante. O Endomarketing deve cuidar para que esse desempenho seja de alto nível. 2.4 – Objetivos do Endomarketing Um programa de Endomarketing pode ter como objetivos (PONCE, 1995): • Estimular a participação de todos os elementos da organização; 21 • Melhorar as atitudes e os comportamentos dos empregados com relação ao emprego; • Identificar as necessidades e os desejos dos empregados e desenvolver produtos para satisfazê-los; • Atrair, desenvolver e reter talentos; • Estabelecer canais adequados de comunicação interpessoal; • Assegurar que todos os empregados tenham informação contínua e retroalimentação; • Criar e promover idéias, projetos e valores úteis à empresa; • Vencer resistências internas a mudança; • Resolver problemas de baixa moral no grupo; • Introduzir novos produtos, atividades e campanhas de marketing aos empregados; • Estimular em todos a aceitação da missão, objetivos, estratégias e táticas do negócio; • Treinar todos quanto à comunicação e habilidades de interação. Os objetivos deverão ser estabelecidos conforme as necessidades e os interesses da empresa, identificados por meio de uma avaliação de suas condições internas. 2.5 – Pré-requisitos para o sucesso do Endomarketing Para que o Endomarketing seja bem-sucedido, alguns pré-requisitos precisam ser satisfeitos (GRONROOS apud PONCE, 1995): • Deve ser tratado como parte integrante da estratégia global da empresa; • Não deve ser contrariado pela estrutura organizacional ou pela falta de apoio do gerenciamento; • Necessita do total apoio da alta administração; 22 • Precisa envolver todas as categorias de empregados- começando com a alta administração, seguindo com a média gerencia, alcançando o pessoal de contato com os clientes e terminando com o pessoal de apoio -, haja vista que todos influenciam, direta ou indiretamente, o serviço recebido pelo cliente. 2.6 – Atividades de Endomarketing Segundo Bekin (1995), o Endomarketing compreende as seguintes atividades: • Comunicação interna: trata-se da espinha dorsal do Endomarketing. A comunicação interna é o principal meio usado para fortalecer o relacionamento entre a organização e os empregados. Ela deve ocorrer nos dois sentidos (diálogo), pois enriquece a informação. Uma idéia é enriquecida quando discutida. A disposição em ouvir com atenção é o maior sinal de valorização do indivíduo. É pela comunicação que cada pessoa tem acesso às informações sobre os objetivos, estratégias, valores, novos produtos e campanhas de marketing lançados, ao conhecimento necessário para a adequada realização de suas atividades, ao feedback sobre seu desempenho, e é uma forma de expor suas necessidades, expectativas, idéias e críticas. Vários canais de comunicação podem ser usados: vídeos, manuais, palestras internas, reuniões, comunicações, murais, revistas e jornal internos, rádio interno, Intranet etc. • Recrutamento e Seleção: a importância desse processo está nos benefícios de escolher as pessoas certas para a empresa. Além de poder evitar a ineficiência e a alta rotatividade, esse processo aumenta as chances de comprometimento com os objetivos e valores organizacionais. Para que isso ocorra, a empresa precisa conhecer o perfil do pessoal adequado a cada posição, de modo que sejam selecionados os melhores candidatos. É importante que o processo seletivo avalie as pessoas quanto à capacidade de trabalhar em grupo, 23 de liderar, de ter iniciativa etc. E é na hora da seleção que os profissionais devem vender a empresa aos candidatos, sendo, assim, importante que eles conheçam o marketing da empresa e saibam agir como homens de marketing. • Treinamento sob a óptica de educação e desenvolvimento: o treinamento deve, além de passar conceitos e técnicas, transmitir valores necessários ao desempenho da função tanto atual como futura, acarretando um desenvolvimento profissional e humano do empregado. Após o treinamento, todos devem saber não só o que e como fazer seu trabalho, mas por que e para quem. O treinamento deve ser usado como meio de valorização do empregado, tornando-o comprometido com a empresa. E todos devem ser treinados quanto às comunicações orientadas para o serviço e habilidades de interação. • Planos de carreira: constituem a perspectiva de crescimento profissional, servindo de estímulo aos empregados. Por isso, precisam ser bem elaborados e divulgados. Os planos não devem ficar rígidos demais. As descrições dos cargos devem estar abertas a mudanças e atualizações. É recomendável que haja um espaço em branco que possa ser preenchido por aspectos contingenciais e pela criatividade. • Motivação, valorização, comprometimento e recompensa: o Endomarketing busca apoiar cada uma das etapas do processo motivacional, uma vez que este resulta no comprometimento do empregado com a empresa. Vale mencionar algumas medidas importantes: motivação e recompensa do grupo; envolvimento dos empregados no planejamento e na tomada de decisões; estímulo à iniciativa e à criatividade; delegação de poderes; remuneração adequada. • Pesquisa de mercado de clientes internos: pode ser utilizada tanto para a identificação de necessidades e desejos dos empregados quanto para a avaliação da qualidade da supervisão, das 24 condições de trabalho, da remuneração e benefícios, das políticas da empresa e de outras questões relacionadas à situação de trabalho. Ela vai identificar falhas organizacionais que necessitam de correção. • Segmentação do mercado de clientes internos: a técnica de segmentação homogêneos de empregados segundo suas necessidades, desejos, expectativas, atitudes e comportamentos. Busca-se, com isso, adequar os produtos aos segmentos, comunicar-se adequadamente com eles, para satisfazê-los de modo diferente. • Demissão: trata-se do momento mais delicado na gestão de recursos humanos. Podem ocorrer muitas conseqüências indesejáveis, como clima de crescente desconfiança, revolta, tensão, ansiedade, medo (as pessoas passam a não correr riscos), redução da produtividade e da qualidade, desmobilização e evasão para outras empresas mais confiáveis. Algumas medidas são recomendadas: adoção de programa de demissão voluntária, serviços de recolocação, comunicação interna dos reais rumos da organização, apresentação clara dos motivos da demissão do ex-colega etc. Na medida do possível, a demissão deve ser a última medida a ser tomada. É nesses momentos que se verifica se a empresa realmente valoriza seus empregados. 25 CAPÍTULO III ENDOMARKETING, RECURSOS HUMANOS E MARKETING Existe estreita proximidade entre Endomarketing, marketing e recursos humanos. Pode-se dizer que o Endomarketing é um modelo de gestão de pessoas que faz uso de conceitos e técnicas de marketing. Um dos principais objetivos do Endomarketing consiste em atrair e manter talentos para a empresa, o que coincide com o objetivo de RH. Outra coincidência está na orientação dada aos empregados para atingir os objetivos e metas organizacionais. Satisfazer às necessidades dos clientes é meta tanto do Endomarketing como do marketing. O Endomarketing, na sua função de atrair, desenvolver, motivar e comunicar-se com os empregados, faz uso dos processos de RH – recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho, remuneração e planejamento de carreira. E também se utiliza de técnicas oriundas do marketing, como comunicação, pesquisa e segmentação de mercado. O programa de Endomarketing pode ser coordenado pela área de RH, pela área de marketing, pela parceria entre essas duas áreas ou por um setor independente, diretamente subordinado à direção da empresa. 3.1 - A relação entre o Endomarketing e o Marketing Frente aos desafios de continuar a crescer, conquistar novos mercados, sobreviver aos altos e baixos da economia, as organizações contam com uma ferramenta indispensável: seu cliente interno. Mas o que fazer para que tal ferramenta seja um verdadeiro aliado? Como conquistá-lo e mantê-lo? Como este colaborador influencia direta ou indiretamente a organização? Vejamos: Manter o cliente interno atualizado, sistema de comunicação aberto, treinamento intensivo, marketing, tem sido 26 palavras de ordem nas organizações. Saúde, qualidade de vida, qualificação, reconhecimento, são objetivos dos funcionários? As organizações para venderem seus produtos e serviços investem no que fica conhecido como marketing, o qual poderíamos apegar-nos a algumas definições. “marketing é a execução de atividades de negócios ou empresariais que conduz ao fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor”. Angerami (2003, p.18, apud American Marketing Association). Ainda segundo Angerami (2003, p.19, apud Roberto Whitaker Penteado Filho – Diretor da ESPM/RJ – Brasil), marketing “é o conjunto de atividades desenvolvidas por uma instituição, no sentido de satisfazer as necessidades dos consumidores e, ao mesmo tempo, atender aos interesses da empresa”. Porém, para que tais desejos e objetivos sejam atingidos, é necessário a intervenção do cliente interno, pois ele será o elo entre consumidor e serviços/produtos, será o rótulo principal do que está à venda, sua atuação irá garantir o retorno do cliente externo. Atualmente o marketing busca interpretar o consumidor ponderando seus hábitos, atitudes e preferências, potencializando-os. Para obter os resultados desejados, as organizações direcionam seus produtos para a satisfação de sua clientela buscando qualidade, imagem, variedade, estilo e design. Maria Cidália Tojeiro (apostila Marketing de Serviço e Endomarketing p.26), define marketing como “um processo administrativo que, através da compra e venda – mercado torna possível a satisfação do cliente e a lucratividade da empresa”. Desde o surgimento no Brasil, em 1950, o marketing passou por grandes mudanças que vão além do conceito de venda; nos dias atuais o foco passou a ser satisfação de necessidades e desejos dos consumidores. Segundo Bekin (2004, p.24), “marketing é o processo que envolve concepção, produção, fixação de preço, promoção e distribuição de produtos ou serviços com a finalidade de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes”. Entretanto, é o vendedor do produto que será o grande diferencial, por isso é necessário que este vendedor conheça e entenda o processo que envolve o 27 produto, conheça a empresa, e que se sinta membro da equipe além de ver reconhecido seus esforços dentro da organização. Para Las Casas (2008, p.15), marketing “é uma ciência normativa que envolve criação e oferta de valores para estimular a transação desejada”. Para que isso seja possível, necessita de comunicação e coleta de informação para medir e acompanhar a satisfação do cliente, mantendo um atualizado banco de dados, não esquecendo a qualidade. Preocupação similar deve existir no interior da organização. Todas as ações de marketing são direcionadas ao cliente externo, a razão de ser de todo empreendimento que tem como objetivo a participação no mercado e a lucratividade. Kotler (2002, p.7), Conceitua marketing como “um processo social e gerencial por meio do quais os indivíduos e os grupos obtém aquilo de que precisam e também o que desejam, em razão da criação e da troca de produtos/serviços de valor com outras pessoas”. No entanto, enquanto o marketing representa um conjunto de ações voltadas para a satisfação do cliente externo, o Endomarketing ou marketing interno, busca satisfazer as necessidades do cliente interno que é o primeiro cliente da empresa. Endomarketing nada mais é o Marketing voltado para dentro da empresa, (Endo=dentro; Marketing= identificação das necessidades e desejos dos clientes), portanto eles se integram. Para Bekin o Endomarketing é um instrumento que completa o esforço de Marketing de uma organização, mobiliza seu público interno e aprimora a cultura interna para prestar bom serviço. Para mostrar a evolução do Marketing até o conceito atual, Philip Kotler criou um esquema com quatro estágios que mostra essa evolução dentro da empresa: Primeiro estágio: Ainda não existe o departamento de Marketing, em seu lugar temos o departamento de vendas ao lado da área de produção, finanças, contabilidade, etc.; Segundo estágio: As funções de Marketing já estão localizadas no departamento de vendas com uma função auxiliar; 28 Terceiro estágio: Começa a surgir o departamento de Marketing, a empresa continua crescendo o mercado começa ficar altamente competitivo e para se manter no mercado precisa de pesquisa de Marketing, desenvolvimento de novos produtos, publicidade, etc., os eventuais problemas que começam a surgir não podem mais serem resolvidos simplesmente com um mero esforço da área de vendas; Quarto estágio: A empresa já possui um departamento de Marketing complexo, que exerce atividades específicas como todos os demais departamentos. No último estágio compreendemos a nova concepção do Marketing e o papel decisivo do Endomarketing, que tem a função principal de criar um clima de integração e cooperação interna entre todos os departamentos. Bekin, fala que o objetivo final da empresa é criar um produto ou serviço cuja qualidade corresponda às necessidades, aos desejos e às expectativas do consumidor, e para que isso seja possível é indispensável que todos os departamentos tenham conhecimento desse objetivo final e estejam envolvidos com ele. O objetivo final da empresa está totalmente ligado com o objetivo final do Marketing que é atender e satisfazer o cliente. O Endomarketing amplia o conceito de Marketing e se integra a ele, incorporando o público interno, desde sua valorização e capacitação até o emprego positivo de suas habilidades, e criam um ambiente em que todos trabalham juntos visando à satisfação dos clientes e ao sucesso da organização, para atingir o objetivo final. Portanto a antiga noção de Marketing como mera atividade de propaganda está completamente obsoleta, hoje ele percorre a empresa de ponta a ponta, essa é uma exigência que o mercado orientado para o cliente impõe as empresa para se manterem competindo no mercado. 29 Alta administração E M P R E S A CLIENTES ENDOMARKETING MARKETING Empregados Figura. 1 Endomarketing e Marketing. Bekin acrescenta ainda que esse novo conceito de Marketing seja ao mesmo tempo uma filosofia, uma forma de organização empresarial e, de maneira mais específica, um conjunto de atividades e instrumentos que ligam a empresa ao cliente, esse novo conceito é enriquecido pelo Endomarketing. Ele diz também que o Endomarketing consiste em ações gerenciadas de marketing eticamente dirigidas ao público interno das organizações em empresas focadas no lucro, observando condutas de responsabilidade comunitária e ambiental. Não há porque desenvolver um plano de marketing com estratégias que visam o crescimento da empresa e a satisfação do cliente externo, se o seu cliente interno não tiver conhecimento para garantir a eficácia desse plano. A relação da empresa com o mercado bem como os serviços prestados, passa a ser um serviço realizado pelo seu público interno. Marketing atrai e retêm os clientes externos, Endomarketing atrai e retém funcionários, que por conseqüência retêm clientes, e assim um sempre trabalhará junto com o outro. 3.2 – Diferenças entre o Marketing e o Endomarketing O Endomarketing não é apenas a importação dos conceitos de marketing para aplicação destes dentro da empresa. Ao marketing compete a venda de produtos ao cliente no mercado consumidor, ao Endomarketing compete, como define Daniel Costa (2010, p.61), gerar demanda, fomentar a imagem e "comercializar" a empresa a seus colaboradores. 30 Mas a simples transferência dos conceitos do marketing para o Endomarketing não contempla o conceito e sentido do Endomarketing. O mercado consumidor, mesmo com a evolução e a "aproximação" das empresas com seus clientes, possui baixo grau de afetividade com o público. O mercado consumidor possui clientes, as empresas não. (COSTA, 2010; p.61) Entende-se por cliente, levando o termo à aplicação correta, aquele que possui poder de compra (ter poder aquisitivo para obter tal produto/serviço) e, simultaneamente, poder de escolha (ele escolhe entre as empresas e os produtos qual ele deseja). (COSTA, 2010; p. 64) O poder de compra, no Endomarketing, do seu "cliente" (que é seu colaborador, seu funcionário, não, necessariamente, um consumidor de seus produtos) é dado por seus conhecimentos, habilidades e atitudes; o poder de escolha do cliente interno, do seu colaborador, compete no máximo quanto à determinação do "quanto" ele irá se engajar no trabalho ou no "quão eficaz" ele será, diz respeito a sua dedicação, mas quanto a sua escolha do que fazer e onde trabalhar, estando num sistema onde não há o "pleno emprego" (onde o empregado escolhe onde trabalhar e o que deseja fazer), não é algo sempre possível. (ibidem) Enquanto o mercado consumidor recebe a "promessa" que a marca oferece, tendo todo esforço da comunicação e do marketing para a absorção desta promessa, o colaborador da empresa lida com a realidade da marca, ele vivencia as fragilidades da empresa, ele sabe se essa promessa é válida ou não. (ibidem) Como afirma Daniel (COSTA, 2010) "um dos principais desafios do marketing interno nesse contexto é, justamente, trabalhar com um público cujo nível de crítica é alto porque tem pleno conhecimento das fragilidades da empresa". (2010, p. 65). 3.3 – Endomarketing e Gestão de Pessoas As relações entre a empresa e seus empregados vêm sofrendo constantes evoluções, estando cada vez mais orientadas para o diálogo direto 31 e participativo, por meio do qual o funcionário é reconhecido como o agente principal no desempenho das organizações. Neste novo cenário de valorização do papel do recurso humano, o empregado não só tem a necessidade de um bom salário, o qual permanece como uma condição de base, mas também do reconhecimento de sua participação no sucesso da empresa na qual está inserido. Os empregados devem ajudar seus gerentes a transformarem-se em “treinadores” ao invés de “controladores”; a aprenderem com seus subordinados em vez de serem os “sabe-tudo”; a construírem equipes compostas de pessoal cada vez mais diversificado e a tornarem-se “líderes”, bem como “orientadores”. Hoje, o empregado pode escolher entre investir fora da empresa, dedicando seu tempo livre à família, associações, política e causas sociais, ou então aplicá-lo dentro da organização em associações esportivas, representação sindical, comissões de fábrica, programas de qualidade, dentre outros. Existe, portanto, um contexto de livre troca, no qual o funcionário tem escolhas a fazer. Há concorrência, e é necessário tornar a oferta da empresa atrativa para o trabalhador. É nesta conjunção de necessidades crescentes, tanto por parte dos trabalhadores como por parte das organizações, que se forma a base de um mercado onde se troca, com um certo custo material e psicológico, bom desempenho por produtos-idéias (tais como uma boa imagem organizacional, uma oferta de treinamento, um programa de qualidade total, um programa bem estruturado de benefícios, um novo programa voluntário, dentre outros). São estes produtos, aos quais os empregados necessitam aderir livremente, como em qualquer forma de compra que satisfarão suas novas necessidades. O novo discurso postula que aquelas organizações que desejam desenvolver-se no mercado concorrencial só atingirão eficiência e competitividade quando seus empregados se mobilizarem e se engajarem com os objetivos e valores da empresa. Este novo cenário implica na necessidade de um novo enfoque da gestão de pessoas, voltado para a oferta de treinamento, orientação em 32 relação à qualidade total e reforma do sistema de recompensas que premia a participação voluntária e a inovação. Aliás, estes são os produtos por meio dos quais espera-se o engajamento dos empregados na empresa. A importância do marketing interno surge ao passo que, ao fornecer serviços ou programa para os empregados, a gestão de recursos humanos precisa “vender” performance capaz de influenciar diretamente a produtividade do negócio – e, ao mesmo tempo, manter o tipo de pessoal que a organização deseja. Não importa se o foco do marketing é externo ou interno, sua finalidade central permanece, isto é, a atração e retenção dos clientes por meio de satisfação de suas necessidades e desejos. Outra abrangência do marketing que pode ser eficientemente aplicada ao ambiente interno da organização é a segmentação, que permite à função de recursos humanos reconhecer as diferenças individuais e dividir os funcionários de acordo com suas expectativas quanto à contratos, jornada de trabalho, participação, pacote de remuneração, dentre outras. No levantamento de tais expectativas, as pesquisas de mercado ganham extrema importância. A pesquisa de clima, por exemplo, objetiva identificar as percepções dos funcionários acerca dos pacotes e programas oferecidos. Tal instrumento provê informações sobre a necessidade de reformulação e melhoria das políticas chaves, além de produzir um efeito positivo nos empregados por serem consideradas as suas opiniões. Ademais, as pesquisas de mercado, sejam elas realizadas por meio de questionários, entrevistas pessoais, reuniões informais de gerentes ou discussões em grupo, fornecem uma base para monitorar o impacto dos programas de recursos humanos nos empregados e verificar se eles estão atingindo as metas propostas. Vê-se, assim, que o marketing proporciona uma estrutura de ação e um enfoque prático pelo qual a equipe de recursos humanos pode aportar soluções efetivas a problemas chaves e, desta forma, tornar-se a responsável pelo sucesso das ações mercadológicas. 33 3.4 – O uso do Endomarketing como ferramenta para melhoria da produtividade O investimento em educação do colaborador é muito importante no início do processo. A informação deve ser nivelada de uma forma que todos entendam. Existirão ruídos na comunicação, mas, os gerentes imediatos devem ter a percepção de identificar os desvios e corrigi-los antes que virem boatos. Qual é a estratégia? Como melhorar a competitividade das empresas através do investimento em Endomarketing? Se a empresa faz um planejamento de médio e longo prazo, ela consegue traçar planos semestrais, anuais, enfim, que darão condições de investir em capacitação e desenvolvimento dos colaboradores, com responsabilidade. Os planos devem ter a participação dos empregados. A carta de valores deve ser elaborada com a sugestão dos colaboradores. Eles devem se sentir partes do processo e perceberem as mudanças iniciais. Se a empresa conseguir a participação dos colaboradores no início do processo é sinal que o gerenciamento estratégico dos programas será mais fácil. Após a implantação dos programas, o gerenciamento deve ser constante, pois, ao melhorar o nível de satisfação dos colaboradores a empresa estará em constante atualização de sua política de Endomarketing. As pesquisas de clima organizacional devem ser feitas regularmente, identificando pontos fortes e oportunidades de melhoria. Os investimentos maiores serão nos pontos fracos identificados nas pesquisas de clima. A vantagem competitiva começa nesse ponto. Nos momentos de crise, os investimentos poderão ser reduzidos, mas os empregados apoiarão a empresa nas decisões sérias e transparentes. Após a crise, enquanto os concorrentes já demitiram empregados, criaram um clima de trabalho ruim, a sua empresa estará com os empregados motivados e todos imbuídos na redução de custos que será alcançada com os colaboradores mais comprometidos, desembolsando o necessário para dar continuidade ao plano. As propostas dos empregados devem ser incentivadas, gerando prêmios para aqueles que se destacarem e promoverem melhorias no 34 ambiente de trabalho, que se traduzirem em redução de custos ou melhoria das condições de segurança. A estratégia do Endomarketing consiste em conhecer as potencialidades dos colaboradores, investir em capacitação, dando condições de crescimento profissional e pessoal, e então gerenciar os processos de melhorias operacionais. A redução dos custos de produção e o aumento do nível de satisfação dos empregados são identificados nas primeiras pesquisas de clima organizacional, que devem ser feitas um ano após o início do processo. A análise do mercado, identificação dos pontos fracos, fortes, oportunidades e ameaças deverão ser constantes para reavaliar o processo. A partir do start up do processo, a empresa precisa entender que o monitoramento deve ser constante. A estratégia será reformulada de acordo com o mercado e com a evolução do nível de satisfação dos empregados. O resultado previsto será a diminuição dos custos, melhoria do nível de satisfação dos colaboradores, melhoria da comunicação organizacional e da qualidade de vida, tanto dos empregados, quanto de seus dependentes. Com uma estratégia dessas, a empresa fica em condições de realizar ajustes e manter-se competitiva, gerando resultados para os colaboradores, dependentes, comunidade, governo e, também, gerando dividendos para os acionistas. A necessidade da agilidade na tomada de decisões faz com que as empresas errem mais do que antigamente, em um tempo onde não pode haver erros. Uma medida corriqueira é cortar custos com treinamento e gestão de pessoal quando a empresa está em má fase, quando na verdade, deveria mais do que nunca estabelecer um laço, sobretudo de valores com seus colaboradores. Este é o desafio do Endomarketing, condicionar os colaboradores a serem mais transparentes, cooperativos e acima de tudo comprometidos com os valores da organização a fim de que todos juntos, em uma só equipe, aumentem a produtividade. Para exemplificar a idéia do Endomarketing, cabe 35 destacar a edição especial da revista Exame, publicada em 2005, intitulada "150 melhores empresas para você trabalhar", onde foram ressaltadas as principais razões citadas pelos colaboradores para ficar no emprego. No gráfico abaixo estão as principais razões citadas pelos colaboradores das "10 melhores empresas para você trabalhar". Cabe salientar, ainda, que os principais ingredientes para um bom ambiente de trabalho, na opinião dos colaboradores das 150 melhores empresas para você trabalhar", foram: comunicação, integridade, respeito, orgulho e comemorações, o que comprova a importância do investimento em Endomarketing, ou seja, quem faz Endomarketing ganha produtividade. Fonte: Revista Exame edição especial, “As 150 melhores empresas para se trabalhar, 2005. Com uma comunicação mais transparente, os colaboradores expõem suas idéias, inovam a empresa e a informação corre mais facilmente. Isso simplifica a relação entre empregados e gestores e permite um crescimento de ambas as partes. Quem ganha com isso é a empresa que reafirma então sua missão, sua visão e seus valores. A horizontalização chegou, e com isso, os empregados sentem-se mais seguros para tomar atitudes, pois conhecem muito mais a empresa que trabalham, a missão, visão, enfim, estão mais preparados para fazer a empresa crescer e a empresa também está preparada para permitir o 36 crescimento e desenvolvimento de seus empregados, agora chamados com orgulho, de colaboradores. O conhecimento do nível de escolaridade dos empregados e da cultura da empresa permite buscar e promover treinamentos que serão mais aproveitados pelos empregados, traduzindo em ganho de produtividade. Isso é um dos pilares do Endomarketing. Conhecer os valores dos empregados, respeitar a cultura da empresa, proporcionar um bem estar geral que condicione a um nível de satisfação e motivação e ainda, se transforme em ganhos reais de produtividade. Melhorar o nível de escolaridade, treinar, diminuir o turnover, promover melhorias na comunicação interna e externa, incentivar os empregados a produzir trabalhos que reduzam custos e ainda manter os empregados satisfeitos é uma tarefa muito difícil para as empresas, mas, se o trabalho for levado a sério, partir da diretoria e contaminar os empregados de menor escalão, os ganhos serão enormes a médio e longo prazo. O processo de implantação e consolidação do Endomarketing requer persistência, apoio do pessoal da área de Recursos Humanos, Marketing, Operacional, e, acima de tudo, da Diretoria. Os ganhos são imediatos, mas os resultados operacionais virão a partir do segundo ano de implantação. Conhecer quem está dentro da empresa é um dos pilares do Endomarketing. É fundamental para que se desenvolvam treinamentos apropriados, tendo assim um melhor rendimento. Tudo deve ser feito em etapas e de forma planejada para que nada saia mal feito. A cada etapa deve haver uma avaliação dos resultados para que nada interfira na etapa seguinte sendo assim possível implantar melhorias de acordo com a necessidade de cada área. Uma boa estratégia é formar um grupo de colaboradores das diversas áreas da empresa para que acompanhe todo o processo, assim tendo um conhecimento profundo das reais necessidades dessas áreas, o que ajudará a traçar o planejamento e gerenciamento do processo de Endomarketing. Além disso, quando os empregados estão engajados nos resultados da empresa e comprometidos com o desenvolvimento, qualquer programa de melhoria operacional fica mais 37 fácil de ser implantado. Desse modo, os custos são drasticamente reduzidos pelo fato de todos quererem promover melhorias que reduzirão os mesmos gerando O mais descumprimento lucros das etapas a de implantação empresa. de melhorias operacionais e a não utilização do Endomarketing neste processo pode fazer todo o processo fracassar, e a empresa perder a credibilidade junto aos seus colaboradores. De dentro para fora: um bom marketing interno proporciona muito mais abrangência no marketing externo. Se cada empregado for multiplicador da boa imagem da empresa, os produtos fabricados por ela também serão bem aceitos pelos seus clientes. 38 CAPÍTULO IV O ENDOMARKETING E A SATISFAÇÃO DO COLABORADOR Conforme Nadler, Hackman e Lawler (1983), o desempenho é influenciado pelo esforço feito pelo indivíduo em função de sua motivação, pela sua capacidade (conhecimento e habilidades) e por restrições ambientais (máquinas quebradas, comportamento de outras pessoas etc.). O desempenho leva a recompensas que resultam na satisfação. A relação desempenhorecompensas e a satisfação alimentam a motivação. Esse modelo mostra como a satisfação do empregado pode ser alcançada. A empresa, então, deve oferecer um produto dotado dos seguintes componentes: • Trabalho enriquecido, desafiante, que tenha afinidade com o seu executor; • Cultura de valorização do empregado; • Clima organizacional que favoreça o bem-estar e o desenvolvimento pessoal e profissional do funcionário, que facilite a cooperação e a integração, que não crie barreiras ao livre trânsito de informações, idéias e conhecimentos; • Remuneração, benefícios e recompensas adequados; • Oportunidades claras de desenvolvimento de carreira; • Boa situação financeira da empresa, capaz de fornecer todos os recursos necessários ao bom desempenho no trabalho; • Boas perspectivas futuras, analisando-se o setor de atuação, os concorrentes, a presença no mercado, as tendências sociais, econômicas, políticas, culturais e tecnológicas; • Boa imagem corporativa, fruto da satisfação dos clientes por meio de produtos de ótima qualidade e da atuação socialmente responsável, o que dá orgulho em se trabalhar na empresa. 39 4.1 – Endomarketing como ferramenta para estimular a comunicação interna Para que haja uma relação cordial, produtiva entre cliente interno/organização, faz-se necessário a comunicação, uma boa comunicação que envolva o ato de falar/ouvir e ouvir/falar, essa comunicação deve permear todos os setores da organização, por meio de diálogos, será possível discernir os anseios, desejos, pontos de vista e dificuldade dos envolvidos. A comunicação subentende-se, que todos terão acesso a informações que lhes darão meios necessários para cumprir com as tarefas solicitadas com qualidade. A comunicação, em outras palavras, sempre faz exigências. Requer que o receptor se torne alguém, faça alguma coisa, acredite em alguma coisa. Ela sempre apela para a motivação, em outras palavras, se a comunicação estiver de acordo com as aspirações, os valores e os propósitos do receptor, ela será poderosa, mas se for contrária a eles, é provável que não seja recebida, ou na melhor das hipóteses é provável que o receptor resista a elas. (DRUCKER, 2001, p. 136). Nessa perspectiva, afirma Dias (2008, p. 25), “a comunicação é uma atividade indispensável para o funcionamento de todos os processos organizacionais”. O desempenho no trabalho melhora diante de uma boa comunicação, pois a mesma atuará como objeto motivador do cliente interno. Bekin (2004, p.51), acrescenta que a comunicação, “ajuda a melhorar a satisfação no trabalho e na coordenação interfuncional”. É por meio dela que se transmite o entendimento. O alcance dos objetivos organizacionais depende da eficácia da comunicação que deve estar em sintonia com todos os níveis hierárquicos da empresa. Brum, diz que o principal objetivo do Endomarketing é fazer com que todos os funcionários tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da empresa, incluindo itens como gestão, metas, resultados, produtos, serviços e mercados nos quais atua. 40 Segundo Bekin, o objetivo do Endomarketing é facilitar e realizar trocas, construindo lealdade no relacionamento com o público interno, compartilhando os objetivos empresariais e sociais da organização, cativando e cultivando para harmonizar e fortalecer essas relações e melhorando, assim, sua imagem e seu valor de mercado. De acordo com Dias (2008), o uso das ferramentas de Endomarketing tem como principal objetivo a melhoria do nível de comunicação dentro da empresa. Para Bekin, a comunicação interna é a espinha dorsal do Endomarketing. A comunicação interna é o principal meio usado para fortalecer o relacionamento entre a organização e os colaboradores. É através da comunicação que cada pessoa tem acesso às informações sobre: Objetivos; estratégias; valores; novos produtos; campanhas de Marketing; feedback sobre seu desempenho; a forma de expor suas necessidades, ideias, expectativas e críticas. Todos esses conceitos nos levam a concluir que quanto mais se conhece as potencialidades e limitações do público interno, melhor será o desempenho da empresa perante o mercado externo, e o Endomarketing será o mecanismo de diagnóstico, pois é preciso saber onde a empresa está hoje e se dispõem de pessoal e recursos para chegar aonde ela almeja. Nesse cenário, em que a economia é orientada para entender, servir e reter o cliente, a prioridade esta em atender às demandas do consumidor. Não se trata mais de entregar um produto ao consumidor apenas dentro das conformidades técnicas, mas de adequá-lo as expectativas de qualidade. O Endomarketing é parte importante do novo cenário. Estamos falando de uma nova dinâmica de mercado, de competição, de avanço tecnológico rápido, de trabalho integrado, de eficiência e eficácia no marketing. E o requisito básico para enfrentar com sucesso a nova situação é o investimento no conhecimento, e quem detém esse conhecimento são as pessoas. Portanto o Endomarketing vai contribuir decisivamente para a formação de um ambiente empresarial favorável ao uso do conhecimento, valorizando as pessoas. (BEKIN, p. 7 e 8). 41 O Endomarketing preocupa-se com a valorização do indivíduo, pois um colaborador valorizado terá um maior envolvimento no processo de planejamento e de tomada de decisão, facilitando sua identificação com os objetivos da empresa e possibilitando-os a sentirem-se parte integrante da empresa. Apesar das ações serem feitas de forma coletiva, no Endomarketing, deve haver o esforços para que as pessoas se sintam únicas e importantes dentro desse processo. Gronroos, diz que toda empresa em qualquer organização tem um mercado interno de empregados que deve receber a primeira atenção. Nota-se que o Endomarketing começa quando os colaboradores são considerados como o primeiro mercado para as empresas. Os funcionários passam a serem vistos como aliados ao sucesso do negócio e não como mera força de trabalho remunerado. A relação entre empresas e colaboradores vem se estreitado cada vez mais, vendo-os como principal recurso para alcançar seus objetivos e metas com base em um relacionamento produtivo, saudável e duradouro. O ambiente agora é pautado na confiança, transparência e principalmente na comunicação. Para que a empresa consiga obter esse ambiente tão desejado, os objetivos da empresa devem ser transparentes, pois quanto mais transparentes forem esses objetivos perante seus colaboradores, maiores serão as chances dessas empresas no mercado, pois terão colaboradores envolvidos e comprometidos. A empresa deve fazer com que seus colaboradores compreendam que as suas atribuições servem para que ambos atinjam juntos, os objetivos da empresa. A empresa atinge o lucro, eles, um bom salário e reconhecimento, e o cliente um atendimento e/ou produto de qualidade. O Endomarketing vai tornar transparentes aos funcionários os objetivos da organização de forma a harmonizar o objetivo do funcionário com o objetivo global da empresa. Ele atua no processo de comunicação, identificando informações distorcidas e incompletas e trabalhando no sentido de criar espírito de equipe dentro da empresa, para que todos cumpram suas tarefas com eficiência. 42 Segundo Bekin o Endomarketing tinha como foco inicial apenas a motivação dos colaboradores, autores europeus e alguns profissionais da área passaram a reconhecer que o Endomarketing pode ajudar a empresa a tingir suas estratégias, ele é visto hoje como um meio de diminuir a distância entre departamentos, reduzindo atritos internos e superando resistências a mudanças. Assim os colaboradores "vestem a camisa da empresa." Quanto mais atenção e importância a empresa der à comunicação interna, maiores serão os benefícios na comunicação com o público externo. Segundo Dias, a comunicação é uma atividade indispensável para o bom funcionamento de todos os processos organizacionais. A partir desse pensamento é que podemos perceber a importância das ações de Endomarketing como fator decisivo para manter a harmonia, a transparência, o comprometimento o bem estar dos colaboradores, e quando bem gerenciados segundo Dias, permite uma evolução natural da cultura e, conseqüentemente, mudanças positivas na organização. Desenvolver a cultura de comunicação interna, a valorização do cliente e a política de manutenção, e aprimoramento dos recursos humanos, implantando programas que visam informar e valorizar o cliente interno, com ações contínuas e permanentes com base na cultura organizacional, delineia as premissas básicas que devem nortear a atuação do Endomarketing. 4.2 - Endomarketing, cultura e clima organizacional O Endomarketing causa mudanças na cultura organizacional, mesmo porque são estas que geram mudanças organizacionais efetivas. “O sucesso da empresa é resultado da satisfação dos clientes internos e externos” (LIMONGI FRANÇA, 2009). Para que essa satisfação ocorra, devese oferecer um produto que corresponda a sua expectativa de qualidade, o que exige a captação da própria percepção do cliente. Captar a percepção do cliente interno significa ter de conhecê-lo a fundo – seus interesses, valores, crenças, princípios -, o que só é possível se houver compreensão prévia da 43 cultura vigente na organização. Nota-se, com isso, a grande inter-relação entre Endomarketing e cultura organizacional. O Endomarketing propõe e dissemina uma série de valores, entre eles eficácia, eficiência, qualidade, competitividade, comprometimento, abertura, cooperação, democracia, respeito, reconhecimento, harmonia e criatividade. Pode ser usado para criar e difundir uma linguagem cultural própria e homogênea para a empresa como um todo, tendo como base um conjunto de valores escolhido pelos próprios funcionários, a fim de facilitar os relacionamentos internos (CERQUEIRA, 1999). O Endomarketing pode ajudar a consolidar a cultura, por meio da valorização e divulgação de seus aspectos mais positivos, e também a flexibilizá-la, de modo a torná-la mais apta às mudanças, cada vez mais freqüentes nos dias de hoje (BRUM apud INKOTE, 2000). 4.2.1 – Clima Organizacional Dentre as ferramentas de fundamental importância para o sucesso do Endomarketing destacamos o clima organizacional. Para atender as exigências de um mercado instável as empresas tem se esforçado para proporcionar aos seus colaboradores um ambiente de trabalho saudável, agradável onde às pessoas possam desenvolver a criatividade e se sentirem mais produtivas, valorizadas e motivadas, dessa forma contribuindo para o alcance dos objetivos da organização. Dias (2008, p. 31), afirma que o clima organizacional funciona como “um termômetro organizacional, as empresas utilizam essa ferramenta para checar a performance operacional e fazer as mudanças culturais necessárias”. Outras palavras de ordem para o sucesso do Endomarketing São: motivação e comprometimento. De acordo com Gil (2008, p. 201), “a motivação é a chave para o comprometimento. É mais fácil para as empresas conseguirem pessoas competentes do que comprometidas”. Nesse sentido, é possível afirmar que a motivação eleva a produtividade e proporciona melhores resultados para a organização; assim, o papel do gestor é identificar as reais necessidade de seus colaboradores e criar meios para satisfazê-las. 44 As pessoas se comportam de acordo com o seu grau de motivação, ou seja, pelo desejo ou necessidade de atingir seus objetivos tanto pessoais quanto profissionais. Robbins, (2003, p. 342), afirma que “motivação é a disposição de exercer um nível elevado e permanente de esforços em favor das metas da organização, sob a condição de que o esforço seja capaz de satisfazer alguma necessidade individual”. Nesse sentido, podemos afirmar que, uma vez satisfeitas as necessidades individuais, as pessoas se tornarão mais comprometidas comprometimento lucratividade com contribuirá os para objetivos o da organizacionais, crescimento, e esse competitividade e organização. Para Bekin, (2004, p.88): A motivação é um processo global que tem como objetivo final comprometer o funcionário com as causas e os objetivos da empresa para integrá-lo à cultura organizacional. Esse comprometimento implica o aprimoramento do desempenho do funcionário por meio de sua valorização e satisfação como individuo que pertence a uma organização. A maior contribuição do Endomarketing talvez esteja na ênfase dada à avaliação e ao aprimoramento do ambiente interno da organização (BEKIN, 1995). O clima organizacional deve estar voltado para a motivação e valorização do empregado. 4.2.1.1 – Pesquisa de clima Atualmente torna-se cada vez mais necessário à área de Recursos Humanos mensurar suas ações através de procedimentos que possam respaldar ao máximo sua atuação nas organizações. Contamos com algumas ferramentas que podem nos ajudar neste objetivo. . Segundo Morgan (1996: p.56), “clima é a percepção coletiva que as pessoas têm da empresa, através da experimentação de práticas, políticas, estrutura, processos e sistemas e a conseqüente reação a esta percepção”. Mas quando falamos em Pesquisa de Clima Organizacional, tem como conceito de Bekin (1995: p.68) “é um instrumento voltado para análise do ambiente interno a partir do levantamento de suas necessidades”. Objetiva mapear os aspectos críticos que configuram o 45 momento motivacional dos funcionários da empresa através da apuração de seus pontos fortes e deficiências. A pesquisa cria uma base de informações, identifica e compreende os aspectos positivos e negativos que impactam no clima e orienta a definição de planos de ação para melhoria do clima organizacional e, conseqüentemente, da produtividade da empresa. A pesquisa de clima é uma forma de mapear o ambiente interno da empresa para assim atacar efetivamente os principais focos de problemas melhorando o ambiente de trabalho. As principais mudanças causadas no clima são: a) A liderança torna-se aberta e democrática, passando-se a dividir responsabilidades e a delegar poderes, e buscando sempre o bom desempenho e o desenvolvimento da equipe; b) A comunicação interna melhora, permitindo a troca enriquecedora de experiências, conhecimentos e pontos de vista; c) A estrutura organizacional torna-se mais descentralizada, achatada e flexível; d) Cria-se um clima de respeito, confiança, cooperação e harmonia entre as pessoas. 4.2.2 – Cultura Organizacional Para que os funcionários sintam-se parte integrante da organização é necessária a existência de uma cultura organizacional em que todos entendam o seu real papel e possa ter liberdade para desempenhá-lo. Conquistar e manter clientes é objetivo das organizações. Igualmente se dá quanto ao cliente interno/funcionário; mantê-los qualificados é um desafio real das empresas, por isso é vital que haja uma integração empresa versus funcionários, e isto deve ocorrer logo no treinamento inicial, ressaltando o valor da cooperação, trabalho em equipe, tais valores devem permear a cultura organizacional da empresa, que pode ser assim definida: Cultura organizacional é um sistema de significados partilhados pelos 46 membros de uma organização distinguindo-a uma das outras (LIMONGI FRANÇA, 2009). Esse sistema de significados comuns é a um exame mais atento, um conjunto de características fundamentais valorizadas pela organização. Essas características são: inovação e ousadia, atenção ao detalhe, busca de resultados, concentração nas pessoas, orientação para a equipe, agressividade e estabilidade (ROBBINS, 2003, p.288). Quando falamos em cultura organizacional, estamos nos referindo ao conjunto de valores, normas, crenças e costumes que permeiam um grupo ou organização. A convivência faz com que as experiências pessoais, conceitos e valores se adaptem à maneira de pensar, perceber e sentir do grupo. É a cultura organizacional que difere uma organização da outra, a mesma atua como um mecanismo social. Entretanto, a cultura organizacional pode constituir uma barreira a mudanças, criando conflitos dentro da empresa, dando inicio a subcultura, que se inicia quando há resistências. Dias (2008, p.35), argumenta que “a cultura de uma organização é formada pelas crenças e valores das pessoas que nela trabalha”. Convém lembrar que tais pessoas pertencem a diferentes regiões, tendo arraigado em si, crenças, valores e comportamentos distintos, não devendo esquecer que tais particularidades influenciarão em como se ver a cultura organizacional. Sendo o homem dotado de habilidades, dentre elas a de adaptar-se, faz-se necessário que seja favorável (ao invés de resistente) a mudanças e esteja disposto a evoluir dentro da cultura da organização. 4.3 – Endomarketing e qualidade de vida Como todo ser humano sente necessidade de se auto-realizar, a partir do momento em que o cliente interno se sente realizado como pessoa e como profissional, estará motivado para conquistar e fidelizar os demais clientes da empresa. Nesse sentido o papel do líder é criar um ambiente favorável para que os colaboradores se sintam comprometidos com o trabalho. As empresas que não oferecem oportunidades de crescimento e reconhecimento aos seus funcionários, não terão condições de reter seus 47 talentos humanos, pois as pessoas bem qualificadas procuram empresas que ofereçam um ambiente organizacional propicio a um bom desenvolvimento profissional. É necessário que exista qualidade de vida, para que haja um bom desempenho das funções e a satisfação das necessidades dos colaboradores. A qualidade de vida no trabalho produz um ambiente mais humanizado. Seu objetivo é servir tanto às aspirações mais altas dos trabalhadores, quanto às suas necessidades mais básicas. Ela procura aproveitar as habilidades mais refinadas dos trabalhadores e proporcionar um ambiente que os encoraje a desenvolver suas capacidades. (KETH; NEWSTROM, 2001, P.148). Quando a empresa investe em seus talentos humanos valorizando-os pelo que fazem e oferecendo boas condições de trabalho, terão como retorno desse investimento alta produtividade, competitividade e maior rentabilidade. Assim, o Endomarketing surgiu para fortalecer as relações entre empresa e colaboradores, e reforçar dentro do ambiente organizacional a noção de cliente, afinal, tanto os clientes externos quanto os clientes internos, são a base para a sustentação das organizações. 48 CAPITULO V IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE ENDOMARKETING De acordo com Brum (2005), o planejamento em Endomarketing é composto de seis etapas: • Pesquisa e Diagnóstico; • Definição da Meta Global; • Criação dos Ícones de Comunicação Interna; • Divisão do Público Interno; • O Programa propriamente dito; • Escolha de um momento para o lançamento do Programa. Ainda, segundo Brum (2005, p. 79) “o trabalho de comunicação interna, se não estiver alicerçado em uma grande meta, acaba perdendo foco e tornando-se um festival de mensagens sem conceito”. Dessa forma, as metas podem ter relação com produtividade, qualidade, credibilidade interna ou lançamentos de novos produtos no mercado. De acordo com Brum (2005), o pessoal da linha de frente deve receber um nível maior de informação, visto sua interação direta com o cliente externo. Finalmente, deve ser definido o programa propriamente dito, caracterizado pela autora como um conjunto de ações e instrumentos que têm como objetivo informar, integrar e encantar o cliente interno. A etapa final é o lançamento do programa, que deve contar com a presença da alta administração da empresa para marcar o lançamento das idéias globais do plano. Pode-se concluir, dessa forma, que no programa do Endomarketing é preciso diagnosticar, definir e planejar o que fazer e, também, possuir uma atitude de realização, evitando a desconfiança do público interno em relação à empresa. 49 5.1 - Ferramentas de Endomarketing Segundo Violin (2004), existem diversas ferramentas utilizadas no Endomarketing. Para o autor, no entanto, é preciso destacar que nenhuma ação isolada ou uso isolado de instrumentos, por si só, é capaz de gerar grandes resultados em longo prazo. Ao contrário, podem gerar resultados em curto prazo, mas sem maiores efeitos no decorrer do tempo. Brum (2005) apresenta uma série de ferramentas para implantação do programa de Endomarketing, que seguem: a) Vídeos – objetivam colocar a equipe interna em contato direto com a realidade em que seu produto é utilizado b) Manuais – Técnicos, educativos, ou de integração. São utilizados para integração e contribuem para a divulgação em geral, ou para reforçar algum aspecto da cultura organizacional. c) Revistas – Revistas com histórias em quadrinhos dos produtos ou serviços. Utilizadas para simbolizar, de forma atraente e descontraída a informação. d) Jornal Interno – Utilizado para a valorização do funcionário que se destaca numa determinada função, além de informar datas festivas, colunas de informações, editoriais ou artigos técnicos. Possui vários encartes como: área de recursos humanos, projetos, produção e associação de funcionários. Pode ser utilizada, também, na versão jornal de parede. e) Cartazes motivacionais – Utilizados para atingir a parte emocional de todos os níveis de público interno, além de demonstrar que a organização se preocupa com eles. f) presidência. Canais diretos – Reuniões com a gerência, diretoria, 50 g) Grife interna – É composta pelas roupas (uniformes), bonés e acessórios. h) Intranet – Rede interna como meio de comunicação, permitindo ao funcionário o acesso rápido às informações da empresa. i) Convenções Internas – Utilizadas para divulgação de atividades. j) Brainstorming – O clima de envolvimento e motivação gerado pelo Brainstorming assegura melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, maior comprometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade compartilhado por todos. A seleção dessas ferramentas depende dos objetivos traçados pela empresa. Dessa maneira, é possível concluir que para a implantação do Endomarketing é necessário diagnosticar a empresa, para verificar os seus pontos de ruptura, para finalmente estabelecer os instrumentos que deverão ser implantados. 5.2 - Fatores determinantes da eficácia do Endomarketing Brum (2005) aponta sete fatores que determinam o sucesso ou fracasso de um programa de Endomarketing: • A valorização da cultura e da instituição. Segundo a autora, não existe uma “receita de bolo” em Endomarketing. Existem ferramentas que podem ser reproduzidas ou ações que podem ser ajustadas, porém cada caso é um caso. Uma empresa é uma organização de seres humanos e por isto cada uma tem a sua cultura, seus valores, crenças e comportamentos. 51 Brum (2005, p. 56) afirma que “a cultura é, portanto, um fator decisivo para o sucesso de um programa”. • O Endomarketing como um processo educativo. Ainda de acordo com Brum (2005), as organizações precisam aprimorar os seus processos de seleção, buscando melhores recursos humanos para o atendimento dos seus clientes. Existe o questionamento quanto ao fato de o treinamento ser ou não uma ferramenta de Endomarketing. Brum (2005) afirma que a informação é o instrumento principal da comunicação interna, e se o treinamento é uma forma de transmitir informações, logo o mesmo é uma das ferramentas mais importantes do Endomarketing. • Instrumentos que encantem o público interno. A autora destaca a criatividade como condição necessária para a aproximação da organização com o funcionário. Considera que o estímulo deve ser direcionado às pessoas que sabem lidar melhor com as idéias. De acordo com Brum (2005), o profissional de comunicação social ou de recursos humanos é responsável pela identificação de grandes idéias e de buscar os recursos necessários para que os instrumentos criados consigam encantar o cliente interno. • Informação como responsabilidade da empresa Quanto a esse item, a autora destaca a importância da informação no programa de Endomarketing e afirma que ela deve ser passada em tempo certo, através de canais adequados, para que seja bem recebida pelo colaborador, por pior que seja a notícia, confirmando, desta maneira, a premissa de que “ela sempre pode ser amenizada antes de chegar ao público interno” (BRUM, 2005, p. 62). 52 • A verdade e a mentira sempre aparecem Quanto a essa afirmativa, a autora destaca que um programa de comunicação interna pode estar seriamente comprometido pela mentira. Portanto, deve-se evitar mascarar os problemas existentes. Brum (2005, p. 65) ressalta que “a verdade, por pior que seja, tem o mérito de ser verdade e deve ser buscada na sua plenitude, embora, como todos os remédios, possa ter efeitos colaterais”. • As mensagens devem ser simples, curtas e claras. De acordo com a autora a comunicação deve ser sempre dirigida ao indivíduo e não à massa, enquanto o estudo da linguagem a ser utilizada deve embasar toda ação. Alguns profissionais suscitam dúvidas de como uma empresa deve chamar o indivíduo, se de colega, companheiro, colaborador ou funcionário. Brum (2005) justifica a sua preferência pela denominação funcionário, visto que o público interno não deve ser subestimado, sendo necessário evitar a falsidade dos tratamentos. • O impacto visual a partir dos instrumentos Os instrumentos de comunicação interna devem ser produzidos em cores quentes e vivas, pois o aprendizado se dá, principalmente, através da visão. Segundo Brum (2005, p. 68), o “primeiro impacto da cor é na parte emocional do cérebro e o segundo, na parte racional”. A autora destaca que a lembrança desse fato é garantia de sucesso durante o processo de produção dos instrumentos de comunicação interna. 53 5.3 - Resultados do programa de Endomarketing, segundo Bekin De acordo com Bekin (2004), a avaliação do programa de implantação do Endomarketing é uma espécie de verificação do novo processo organizacional. O instrumento utilizado para esta avaliação é o GRID (Grupo Interno de diagnóstico). O GRID faz essa avaliação a partir de reuniões entre departamentos ou entre funcionários de um mesmo setor, para resolver e esclarecer eventuais problemas que possam surgir na prática do Endomarketing. Outra ferramenta de avaliação apontada pelo autor é a técnica conhecida por espelho, que consiste em fazer um levantamento completo da empresa em um momento zero, ou exatamente no início da implantação do Endomarketing e, gradativamente, fazer avaliações em intervalos regulares: a cada mês, bimestre ou trimestre. Segundo o autor, esta técnica objetiva verificar como está o andamento do processo, bem como o grau de comprometimento e envolvimento dos funcionários, a relação interna entre os departamentos, os prováveis pontos de resistência e seus motivos. 5.4 - Resultados do programa de Endomarketing, segundo Brum Brum (2005) afirma a existência de inúmeros resultados que podem ser obtidos de um programa de Endomarketing. Os quatros principais são: • Postura interativa: significa sintonia entre a organização e seus colaboradores; • Transparência: utilizar uma linguagem clara e objetiva, preocupando-se com a compreensão correta das mensagens direcionadas ao indivíduo; 54 • Democracia: compartilhar o poder de decisão e informações, demonstrando interesse pela opinião/ idéia dos funcionários; • Foco: a empresa buscando resultados operacionais, definindo metas, priorizando assuntos relevantes. Brum (2005, p. 172) afirma que a empresa que atingir esses resultados “será menos máquina e mais sentimento, menos estrutura e mais ambiente, menos burocracia e mais processo”. Desta maneira, é possível perceber a importância de 5.5 – Outros resultados esperados • Bom ambiente de trabalho: quando a empresa valoriza o fator humano, visando à maior interação entre setores, obtém , conseqüentemente, um melhor ambiente de trabalho; • Política clara de cargos e salários: Aumenta o potencial de captação e retenção de talentos, através de implementação de políticas de valorização, estímulo ao crescimento e reconhecimento aos funcionários, além de elevar o índice de satisfação/motivação dos colaboradores, com reflexos na qualidade e produtividade dos produtos e/ou serviços prestados, interna e externamente. 5.6 - Resistência e Perspectivas do Endomarketing Bekin (1995), ao iniciar o capítulo, caracteriza o novo papel do gerente, definindo os pontos fundamentais. São eles: • O gerente precisa ser realfabetizado; 55 • Orientação para o cliente; • A empresa precisa apoiar o gerente, fornecendo os recursos necessários. O autor relaciona o novo perfil do gerente como um treinador, um comunicador e não mais como "chefão", tendo a capacidade de transmitir além da mensagem, confiança e credibilidade a seus funcionários. O autor afirma que esse processo sofre resistências, pois a maioria dos gerentes analisa de forma distorcida a nova função e, explica que “esse comportamento de resistência é a natureza humana” (BEKIN, 2004, p. 158). Ainda de acordo com Bekin (2004), a organização precisa conscientizar o gerente de que sua importância está relacionada com o controle e não com regras, a prioridade são os resultados e a satisfação do cliente. Bekin (1995) lança as atribuições do gerente nesta função de líder: • Orientar o funcionário para a excelência no serviço ao cliente; • Executar liderança cooperativa e participativa, ou seja, trocar informações e ouvir opiniões do subordinado; • Comunicação com feedback; • Recompensar o funcionário; • Satisfazer os clientes internos, proporcionando qualidade de vida no trabalho. Verifica-se, então, que o gerente assume mais responsabilidade na organização. Segundo o autor, os gerentes tendem a dedicar-se mais ao planejamento e gestão, deixando a parte operacional para os funcionários. De acordo com Bekin (2004), a nova estrutura horizontal delega responsabilidades compartilhadas organizacional em três níveis: a todos. O autor cita a estrutura 56 Nível 1 - Estratégia; Nível 2 - Planejamento; Nível 3 - Tomada de decisão. O autor destaca que essa estrutura horizontal permite maior flexibilidade para o atendimento ao cliente, pois os setores estão interligados e o fluxo de comunicação é constante, o que permite uma maior visibilidade do que acontece em cada departamento da organização. Dessa forma, Bekin (2004, p. 167) constata que todo processo de Endomarketing promove “mudanças de valores para adequar as empresas à nova configuração da economia e do mercado de serviços”. Ao finalizar o capítulo, Bekin (2004) aborda seis fatores de perspectivas do Endomarketing. São eles: • A importância decisiva da prioridade ao cliente como fator de vantagem competitiva; • Retrocesso da terceirização; • Globalização da economia; • Alianças estratégicas, para aumentar a qualidade e reduzir custos; • Aprofundamento na cultura de serviços e a emergência de estruturas organizacionais de caráter participativo; • Busca por tecnologia, garantindo maior produção. Dessa forma, Bekin (2004) define: A perspectiva do Endomarketing é justamente contribuir para que as pessoas, primeiro, se identifiquem, e, em um segundo momento, estejam de acordo, depois se engajem e, por último, como conseqüência, realizem-se profissionalmente, sentindose recompensadas, reconhecidas e progredindo na carreira, 57 independentemente do nível hierárquico ou do tipo de empresa na qual atuam (BEKIN, 2004, p. 154). Percebe-se, desta maneira, que o Endomarketing é tido como uma ferramenta que busca uma mudança não somente nas organizações, mas também nas pessoas nelas inseridas, visando o retorno do lado mais humano desses funcionários, através da motivação e da busca do comprometimento. 5.7 – As 25 leis do Endomarketing Segundo Vinicius Carvalho de Carvalho, Diretor Executivo da Vicom, como qualquer processo multidisciplinar complexo, o Endomarketing possui premissas constantes e imutáveis que o fundamentam, independente do tamanho, perfil ou área de atuação que uma organização possa ter. As 25 Leis do Endomarketing, de forma direta e clara, apresentam e consolidam conceitos, desmistificam visões e, acima de tudo, facilitam a compreensão sobre este tema cada vez mais presente em nossas empresas. 1. Lei do Diferencial Humano: As pessoas são a base de tudo. Não importa qual o valor que pretende agregar ao seu negócio, sempre serão as pessoas que o farão tornar-se realidade perante o seu cliente, quer seja de forma direta ou indireta. 2. Lei da Tomada de Decisão: As pessoas são contratadas para tomarem decisões em seu cotidiano de trabalho, que influenciam no negócio como um todo, da mais simples função operacional até o mais alto executivo. 3. Lei do Sentido: As pessoas precisam compreender o sentido daquilo que estão envolvidas para poderem dar mais de si. Sem perceberem a razão (o lado pragmático) e a emoção (o lado subjetivo) do que estão fazendo, jamais poderão dar tudo de si. 58 4. Lei do Reflexo: Simples assim: a qualidade da relação da empresa com o seu mercado é um reflexo direto do relacionamento que ela tem com os seus colaboradores. 5. Lei do Desempenho Esperado: Quanto menos a empresa oferece em troca do trabalho, maior será a diferença entre o desempenho que ela espera e o desempenho que efetivamente recebe do colaborador, pois a percepção deste, quanto aquilo que provém da empresa tende, na média (coletiva) e no longo prazo, a se configurar em injustiça quanto à sua recompensa. 6. Lei da Motivação: A motivação não pode ser espontaneamente gerada ou atribuída somente à realização no trabalho. Ela é um bem exclusivo do indivíduo e que não está de maneira alguma sob o controle da empresa, podendo apenas ser estimulada por uma série de fatores que irão aumentar a percepção do colaborador acerca do que o motiva no trabalho. 7. Lei do Composto de Endomarketing: Endomarketing não é o mesmo que Comunicação Interna. É um processo gerencial, cíclico e continuado, formado por um composto de 4 variáveis: a Empresa (o que entregamos aos colaboradores), o Ambiente (tangível e intangível), o Trabalho (a moeda de troca do colaborador), e, por fim, a Comunicação. 8. Lei da Escada Limpa: Em uma organização o Endomarketing sempre deve começar de cima para baixo: se o corpo diretivo não comprar a idéia, nada irá mudar. Tente limpar uma escada começando pelo degrau mais abaixo e perceberá que nunca sairá do mesmo lugar. 9. Lei do Fluxo de Benefícios: A percepção da empresa ante o seu colaborador é o fruto do conjunto dos fatores entregues em troca de seu trabalho, e que é dado por um fluxo de benefícios específico, que resultará num valor percebido da organização. 59 10. Lei do Ambiente: Todas as trocas entre colaborador e empresa ocorrem dentro de um ambiente, formado por uma parte tangível (o físico da empresa) e outra intangível (cultura e clima organizacional). 11. Lei do Trabalho: Quanto maior for o valor percebido pelo colaborador em relação ao Fluxo de Benefícios da empresa, maior será o seu desempenho em troca. O trabalho é o valor “pago” pelo indivíduo por aquilo que recebe da empresa, e cabe a esta saber claramente o que espera das pessoas a partir daquilo que oferece. 12. Lei da Constante da Comunicação: Mesmo que a empresa não possua formalmente um processo de comunicação interna, ela sempre irá existir e ser praticada pelos seus colaboradores por meio de canais informais. 13. Lei da Gestão do Endomarketing: O Endomarketing é um processo gerencial, cíclico, contínuo, e baseado em ferramentas multidisciplinares de ativação, com o intuito de promover a motivação das pessoas com o seu trabalho e garantir o seu compromisso com os objetivos estratégicos, contribuindo assim à obtenção de melhores resultados a partir de desempenhos superiores. 14. Lei do Discurso Contraditório: A variação de desempenho de um colaborador é o resultado direto da diferença entre o volume de comunicação que orienta a sua tomada de decisão, normalmente gerada pela empresa, e o volume de comunicação contraditória, que na maioria das vezes é ocasionada pela sua chefia direta. 15. Lei dos Pontos de Pressão: Numa organização sempre existem duas concentrações de público interno que funcionam como grandes pontos de pressão positiva e negativa, diametralmente opostos, e que agem sobre a massa de pessoas em geral. 16. Lei dos Cenários de Representação: As pessoas tendem a resumir a empresa e o seu universo de existência e relações com base apenas nos cenários onde atuam. 60 17. Lei das Fases de Implantação: Todo processo de Endomarketing deve respeitar quatro fases distintas de implantação: a assimilação dos conceitos (Despertar), a saída das zonas de conforto (Envolver), a partida para a ação (Construir),e a busca de metas elevadas (Superar). 18. Lei do Discurso Único: Toda empresa deve ter apenas um discurso a ser comunicado aos seus colaboradores, forte o bastante para se manter vivo ao longo do tempo e com volume de conteúdo capaz de permitir desdobramentos e co-relações. 19. Lei da Capacidade dos Canais Internos: O número de canais existentes e de diferentes formatos em uma empresa não está diretamente relacionado a qualidade da comunicação interna da organização. 20. Lei dos Tipos de Conteúdos Editoriais: O conteúdo presente em um canal interno de comunicação sempre deverá possuir pelo menos um dos quatro tipos de linha editorial interna (Estratégica, Informativa, de Serviço, Humana), ou ainda a combinação entre elas de forma a se complementarem. 21. Lei da Estética e do Discurso: A estética e o discurso devem estar alinhados para o público interno ao qual se destinam, e não para a instituição e a forma como esta e seus produtos se reportam externamente. A exceção a esta Lei está nas áreas comerciais que tendem a reproduzir os padrões e estilos dos clientes com os quais se relacionam. 22. Lei do Referencial Externo: As pessoas trazem de fora da empresa os seus referenciais de boa comunicação e se baseiam em suas experiências com as mídias externas para se relacionarem com os canais internos da organização. 23. Lei da Segmentação Interna: Uma única estratégia de Endomarketing e comunicação interna não é capaz de atingir plenamente a todas as pessoas de uma organização. Cada empresa possui um número 61 próprio de segmentos de público que devem receber a mensagem através de estratégias específicas de ativação, quer na sua forma, estética ou discurso. 24. Lei do Retorno: O aumento do desejo dos colaboradores em possuir meios de dar retorno a empresa é diretamente proporcional ao volume de comunicação interna praticada pela organização. 25. Lei da Oralidade: As pessoas preferem à comunicação oral e esperam isso de seus líderes diretos. A evolução eficiente de um programa de Endomarketing está na diminuição gradual de material impresso ou que utilize de outros meios de comunicação que não sejam a oralidade. 62 CONCLUSÃO Conclui-se que o Endomarketing é uma das ferramentas mais utilizadas para a melhoria do clima organizacional, facilitando as relações entre patrão e funcionário e assim, contribuindo para a melhoria da produtividade. Para se manter no mercado globalizado onde novos produtos e tendências surgem a todo o momento, as empresas devem começar a ter um olhar mais para dentro, pois a concorrência está cada vez mais acirrada e qualquer falha pode levar ao fracasso. As empresas devem ir em busca "do seu diferencial" e precisa perceber que esse diferencial é o seu fator humano que dentem todo o conhecimento, portanto é necessário valorizá-los e tornálos mais participativos mostrando transparência nas comunicações buscando harmonia no trabalho se tornando uma empresa em total sinergia. Um processo de comunicação eficiente, atuando de forma sistêmica e integrada, torna-se um instrumento poderoso para incentivar os funcionários a trabalharem em prol de um mesmo objetivo: o sucesso da empresa. Quanto maior cuidado a empresa tiver com a comunicação interna, maiores serão os benefícios na comunicação com o público externo, para isso as ações do Endomarketing vêm reforçar a importância de valorizar, preparar, informar e satisfazer o público interno para fazer com que todos os colaboradores tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da empresa com um todo. Esta análise teórica constatou a relevância da integração dos setores de marketing e de gestão de pessoas para o sucesso na implementação de um programa de Endomarketing em organizações de serviços. As abordagens teóricas discutidas neste trabalho evidenciaram a relação existente entre a área de marketing e a de gestão de pessoas, tratada especialmente ao que se refere à necessidade das organizações obterem o alinhamento entre o perfil profissional e de atitudes de seus colaboradores com as estratégias de negócio. 63 Deste modo, evidenciou-se que um programa de Endomarketing não produz efeitos sinérgicos se não ocorrer um trabalho associado com a área de gestão de pessoas, pois as ações voltadas ao público interno precisam primeiramente da adesão dos colaboradores e, também devem ser condizentes à realidade da empresa no qual estão inseridos. O processo de comunicação interna é essencial para que ocorra o Endomarketing, no entanto, somente ações de comunicação interna, embora sejam o primeiro passo para qualquer programa de Endomarketing, não correspondem às práticas do Endomarketing de forma isolada. Sendo assim, as organizações de serviços precisam disponibilizar programas de treinamento para a melhor capacitação de seus colaboradores, além da implantação de canais interativos e de integração entre os mesmos, para que alcancem melhores resultados em suas tarefas e, conseqüentemente, proporcionem maior satisfação ao cliente de empresas de serviços. Neste cenário, destacou-se a relevância do papel humano nas organizações atuais, uma vez que se trata de um diferencial competitivo pelo fato destas empresas serem dependentes desta mão de obra para a entrega da oferta ao mercado. Em consonância com esta constatação, identificou-se na ferramenta do Endomarketing, uma estratégia de atuação delineada para contribuir com o alinhamento de pessoal que as organizações atuais almejam. Contudo, também se concluiu que para a consolidação desta prática, faz-se necessário que a área de gestão de pessoas tenha uma atuação estratégica e sistêmica. Os colaboradores fazem parte do processo de conquista, encantamento e fidelização desses clientes externos. E tudo que é feito dentro da empresa, seja bom ou ruim, reflete no cliente externo. Por isso é importante o Endomarketing, afinal, se o cliente interno está satisfeito, assim ele poderá fazer bem o seu trabalho e encontrar o cliente externo, que é o que mantém a empresa de pé. 64 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANGERAMI, Gilbert. Super marketing. 1. ed. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 2003. BEKIN, S. F. Conversando Sobre ENDOMARKETING. São Paulo: Makron Books, 1995. ________. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004. BERGAMINI, Cecília W., CODA, Roberto. Psicodinâmica da vida organizacional: Motivação e liderança/ organização. 2ed. São Paulo: Atlas, 1997. BRUM, A. M. Endomarketing como Estratégia de Gestão / Encante seu Cliente Interno. Porto Alegre: L&PM, 2005. _______. Endomarketing como estratégia de gestão: encante seu cliente interno. 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