A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO PARTICIPATIVA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS E DESENVOLVIMENTO URBANO: Um estudo de caso no município de Arapiraca/AL Autor: Shayanne Karla Rocha Neto Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Orientador: Fabiano Santana dos Santos RESUMO O presente trabalho teve como objetivo mostrar para a sociedade a importância da gestão participativa na vida do município. Para tal fim, os autores buscaram fundamentações teóricas em obras referentes aos problemas sociais e as principais repercussões da gestão participativa na resolução dos mesmos. Como instrumentos para coleta de dados foram realizadas pesquisas informais, uma entrevista e a aplicação de nove questionários. Com os dados coletados os autores puderam concluir que a participação da sociedade na resolução dos problemas é de extrema importância para o funcionamento da máquina pública, visto que com a participação dos mesmos os gestores conseguem visualizar de forma mais fácil os problemas existentes. Palavras-chave: Gestão participativa; Problemas sociais; Resolução de problemas. INTRODUÇÃO A autonomia destinada aos municípios prevista na Constituição Federal deu poder aos mesmos e a partir de então eles têm o direito de gerir desenvolvimento local e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Além do poder institucionalizado, os gestores do município foram premiados com uma soberania que possibilita a estes intervir nas relações econômicas, judiciais e sociais da cidade. Desde então, programas e políticas públicas voltadas para o melhor desenvolvimento e a resolução dos problemas que afligem a sociedade foram criados, tendo como principais autores a própria comunidade. Atualmente, a prefeitura de Arapiraca tem desenvolvido vários programas voltados para a participação da sociedade no que se refere aos problemas de infra-estrutura, saúde, educação, segurança, moradia, entre vários outros. Dentre tais programas, o Fala Arapiraca é um dos que tem tido maior êxito, pois através do mesmo a sociedade pode entrar em contato direto ou indireto (através de programas de rádio, em parceria com a prefeitura) e fazer suas reclamações, esclarecimento de dúvidas sobre quaisquer fatores sociais, críticas e até mesmo elogios. MATERIAL E METODOLOGIA O presente trabalho utilizou-se da pesquisa qualitativa para obtenção de dados no que referente a utilização participativa, principalmente na resolução dos conflitos sociais e desenvolvimento da cidade, pois assim como relata Creswell (2007, p. 22) tal método é indicado “se um conceito ou fenômeno precisa ser entendido por haver pouca pesquisa feita sobre o mesmo”. A pesquisa foi realizada com uma quantidade de dez profissionais, todos escolhidos aleatoriamente, na Prefeitura Municipal de Arapiraca/AL. As ferramentas utilizadas para elaboração do mesmo foram o questionário e a entrevista semi-estruturada. Segundo Marconi e Lakatos (2005, p. 244), uma entrevista “é uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica”. RESULTADOS E DISCUSSÕES Acima de qualquer objetivo, o desenvolvimento urbano é um dos pontos mais meritórios do processo de gestão participativa ou participação social, visto que a real necessidade de se obter tal prática da sociedade consiste exatamente no desenvolvimento urbano para melhoria da qualidade de vida do cidadão. A nova tendência de democracia tem exercido grande êxito nos espaços urbanos, pois demandam soluções maiores para problemas sociais e articulações políticas para sua resolução. Tal participação tem transformado a paisagem das cidades e agido na descentralização das obras de infra-estrutura (esgoto a céu aberto, pavimentação de ruas, iluminação), serviços (saúde, educação, esporte, lazer, segurança), equipamentos e distribuição da população no espaço urbano. Para Castello (apud ABRANCHES, 2013, p. 06): No próprio campo de projeto vem sendo ressaltada a importância da percepção da interação comportamental entre homem e ambiente, contextualmente, para definir as pautas de intervenção. No urbanismo, observa-se cada vez mais a importância de perceber com clareza as tendências das relações homem-ambiente, mais ainda do que as necessidades, para instruir a projetação. Quando se fala em democratizar a gestão, depara-se com tradições patrimonialistas, imensas desigualdades sociais e uma rica diversidade cultural e geográfica, e isso dificulta de certo modo a implantação e a eficácia do modelo. A forma democrática/participativa é o meio usado para que todos possam definir os rumos das políticas públicas, por meio dos critérios da justiça social, atendendo, especialmente, aqueles que mais necessitam. Com o propósito de identificar soluções aos problemas enfrentados pela gestão participativa e sua colaboração no desenvolvimento do município, buscou-se nas falas dos entrevistados salientar a forma com que a sociedade vê a implementação de uma gestão desse patamar. A seguir encontrar-se-ão alguns trechos das entrevistas e quadros explicativos que mostrarão as respostas obtidas a fim de elucidar as dúvidas lançadas. A fala a seguir apresenta a concepção que um dos entrevistados tem sobre a gestão participativa: A gestão participativa é a possibilidade mais democrática que se tem de gestão. É quando o chefe do executivo ouve a população, ouve os anseios da população e essa população se faz presente dentro da própria gestão, seja por meio de conselhos, seja por meio de reuniões comunitárias, ou até mesmo participando com ligações em programas de rádio local. Atualmente, a prefeitura do município de Arapiraca conta com uma série de políticas voltadas para a gestão participativa, as quais vem influenciando o trabalho dentro do município e que ajudam aos gestores a enxergar problemas de infraestrutura nos bairros da cidade, a fragilidade da saúde, da educação e da segurança, moradia, entre vários outros problemas que afligem a sociedade arapiraquense. O programa Fala Arapiraca é um programa de incentivo a participação do povo, onde, as pessoas interessadas podem expor as mais diversas opiniões a respeito dos problemas anteriormente citados. Através de programas de rádio, ligando para a ouvidoria da prefeitura, participando de reuniões que contam com representantes das mais diversas áreas no tocante aos problemas sociais, enfim, ajudando com sua opinião, a população tende a ajudar no desenvolvimento social e na resolução dos conflitos que estão presentes no dia a dia da cidade. Referente ao Programa Fala Arapiraca, um outro entrevistado explanou: O programa em si é uma política pública muito efetiva e que tem rendido bons frutos em nossa querida cidade. Sua eficiência tem dado a oportunidade a qualquer cidadão em qualquer localidade a contribuir com a vida social. Se formos fazer uma correlação com os conselhos, podemos perceber que eles acabam sendo um tanto quanto seletivos, enquanto que o programa Fala Arapiraca possibilita uma mais ampla democratização. Qualquer pessoa que se sentir interessada poderá participar, sendo assim, isso é muito importante e muito proveitoso para o município. Para o entrevistado, a sociedade é na verdade uma continuidade da gestão, onde a mesma tem que estar sempre atenta para o que se está acontecendo dentro de todas as esferas, sejam elas municipais, estaduais ou federais, pois assim poderão servir de elo entre os problemas sociais e suas respectivas soluções. Dentre as perguntas feitas, os colaboradores responderam de forma unânime que a relevância de se inserir no contexto político a gestão participativa é de grande valia. Porém, quando perguntado aos mesmos se a população de fato tem contribuído de maneira eficiente e eficaz, foi apontado que a participação está se dando de forma limitada, ou seja, pouco tem-se verificado de participação da camada ativa da população. CONCLUSÃO O Município de Arapiraca conta com uma grande quantidade de políticas públicas voltadas para a gestão participativa, todas elas objetivando transformar a vida da sociedade, gerando desenvolvimento urbano e resolução dos conflitos sociais mais freqüentes. Porém, na prática, apesar da significante quantidade de ferramentas ofertadas, a sociedade e o município encontram-se um tanto quanto fragilizados para passar e contribuir por transformações decorrentes de participação democrática, algumas vezes até mesmo porque a população ouve falar muito pouco de tudo aquilo que podem usar para modificar o roteiro municipal. Participar ativamente dos problemas sociais, mudar o quadro político, resolver os problemas locais e gerir desenvolvimento no município de Arapiraca tem sido uma tarefa árdua. Entretanto, na tentativa de se obter um lugar melhor para se viver, a sociedade aos poucos vai se acostumando com as ferramentas ofertadas e contribuindo, ainda que de forma limitada, para a tão sonhada Gestão Participativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRANCHES, Mônica. Controle social e planejamento urbano participativo: o mapeamento dos problemas da cidade pelos seus diversos atores. In: Anais do III Simpósio Mineiro de Assistentes Sociais. Belo Horizonte, 2013. CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa: Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto. 2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2007. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.