Democracia Participativa e Controle Social Democracias e Democracia Participativa O controle social dos gastos públicos e a democracia participativa é um primeiro passo importante que se ficar só nisto pode causar uma estagnação na administração pública tão deletéria quanto gastos sem controles públicos. Na maior parte das experiências de democracia participativa, fica-se restrita a ação desta participação a escolha de obras no varejo, ou seja, a administração, o planejamento a longo prazo e outras macro-ações não são discutidas. Da mesma forma na administração pública o controle social pode passar a ser um mero controle contábil, verifica-se a legalidade das contas sem em nenhum momento verificar a validade das mesmas. O planejamento a longo prazo, coisa a ser feita pelo primeiro escalão da administração, não pode ficar sujeito a mudança de governos. Em países com burocracia estatal mais eficiente tem-se na troca de governo a troca de no máximo 1% dos cargos da administração pública, no nosso país quando se troca de governo até 10% dos assessores são trocados. Vou contar uma pequena historinha familiar que ilustra o que estou falando, quando se comentava sobre um namorado de uma amiga da família, procurou-se achar suas qualidades e no início constatou-se que o rapaz era antes de mais nada bonzinho. Depois de mais duas horas de discussão familiar, chegou-se a uma nova conclusão, que ele era bonzinho. Noutro dia quando o assunto voltou concluiu-se de novo que o mesmo era bonzinho, ou seja, bonzinho! Da mesma forma o controle social dos gastos pode mostrar que eles estão sendo feitos de acordo com a lei, sem se entrar no mérito da qualidade do investimento. Um primeiro passo sim, mas nunca o último. Espaços Públicos, Cidadania e Controle Social O controle social se processa por vários meios no Município como se estudará adiante, mas por sua relevância cresce o interesse sobre o planejamento e a gestão das políticas públicas, materializados pelo plano plurianual, pelas diretrizes orçamentárias, pelo orçamento anual, além dos planos diretor e setoriais. Cada vez mais os gestores municipais vêm descobrindo as instâncias de participação e controle social como aliadas e como instrumentos para: ■ potencializar os resultados das políticas públicas, ■ mobilizar a confiança da população na gestão local e, ■ principalmente impulsionar a formação de capital social na direção de um projeto transformador para o desenvolvimento do Município. Para o avanço do controle social na perspectiva da melhoria da gestão pública municipal, dois aspectos são decisivos: ■ Acesso à informação. É importante que seja garantido o direito à informação para que se efetive o exercício do controle por parte dos cidadãos na gestão do Município. O direito à informação é preceito constitucional que deve valer para todas as esferas de governo. Não há como se falar em democracia participativa se aqueles que devem participar não têm as informações necessárias para fazê-lo. ■ Mobilização da sociedade A idéia de mobilização tem por base a convocação de pessoas que vivem num mesmo meio social e compartilham sentimentos, conhecimentos e responsabilidades para a transformação de uma dada realidade, movidas pelo interesse público. Assim, pensar em um projeto de mobilização participativa e democrática com a finalidade de diminuir a acomodação dos indivíduos é chamá-los a compartilhar de soluções para os problemas. Participação Social na Gestão Pública As origens do discurso sobre a participação social são múltiplas: encontram-se referências (e elogios) à necessidade do uso de ferramentas participativas nos manuais das agências internacionais de cooperação para o desenvolvimento, no âmbito dos programas de reforma do Estado e das políticas de descentralização, mas também na prática de alguns governos locais que afirmam promover, graças à participação dos cidadãos, estratégias de inovação e, em alguns casos, de radicalização da democracia local. A participação é reivindicação histórica de alguns movimentos sociais, por exemplo os relacionados à pauta dos trabalhadores rurais sem terra, à gestão de políticas urbanas ou à educação popular. A participação social é apresentada pelos intelectuais da nova direita como resposta necessária aos impactos nocivos do Estado-providência na construção de uma cidadania ativa; outros cientistas políticos e sociólogos vêm trabalhando com a hipótese do (re)surgimento da democracia participativa baseada em diferentes formas de delegação da representação política. Ao analisar o caso brasileiro, as políticas assistenciais e de combate à pobreza, por exemplo, conheceram, do ponto de vista de sua armação institucional, dois eixos importantes de mudanças: a descentralização do poder decisório e de recursos, bem como a ampliação e a institucionalização da participação.