O SISTEMA DE ORGANIZAÇÂO E DE GESTÃO DA ESCOLA

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O SISTEMA DE ORGANIZAÇÂO E DE GESTÃO DA ESCOLA: TEORIA E
PRÀTICA
Objetivos da instituição escolar: a aprendizagem escolar, a formação da
cidadania, de valores e de atitudes.
Características da gestão escolar:

Seus objetivos dirigem-se para a educação e formação de pessoas;

Seu processo de trabalho tem uma natureza interativa, com forte
presença das relações interpessoais;

O desempenho de práticas educativas implica em uma ação coletiva dos
profissionais, que apresentam níveis semelhantes de qualificação;
perdem relevância as relações hierárquicas;

Os resultados do processo educativo são de natureza mais qualitativa
que quantitativa;

Os alunos são usuários de um serviço e membros da organização
escolar.
Conceitos de organização, gestão, direção e cultura organizacional:
A organização escolar refere-se aos princípios e procedimentos relacionados a
cão de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais,
financeiros, intelectuais); coordenar e avaliar o trabalho das pessoas tendo em
vista a consecução dos objetivos.
Chiavenato (1989) distingue dois significados da organização: unidade social,
identificando um empreendimento humano destinado a atingir determinados
objetivos e função administrativa, referindo-se ao ato de organizar, estruturar
e integrar recursos e órgãos.
A organização escolar define-se como unidade social que reúne pessoas que
interagem entre si operando por meio de estruturas e de processos
organizativos próprios a fim de alcançar objetivos educacionais. Vitor Paro
(1996) chama esse sistema de administração escolar.
A efetivação desses dois princípios dá-se por meio de estruturas e de
processos organizacionais, que podem ser chamados, também, como funções
(planejamento, organização, direção, controle).
Na escola, essas funções aplicam-se tanto aos aspectos pedagógicos quanto
aos
técnico-administrativos,
ambos
impregnados
do
caráter
formativo
educacional, tendo como centro da organização a tomada de decisão. As
outras funções da organização (o planejamento, a estrutura organizacional, a
direção, a avaliação) estão
referidas aos processos institucionais e
sistemáticos da tomada de decisões (Griffiths, 1974). Esse processo de tomada
de decisão é quem caracteriza a gestão.
Gestão é a atividade pela qual são mobilizados os procedimentos para atingir
os objetivos da organização envolvendo os aspectos gerenciais e técnicoadministrativos.
Concepções de gestão: centralizada, colegiada, participativa, co-gestão.
A direção é princípio e atributo da gestão por meio da qual é canalizado o
trabalho conjunto de pessoas, orientando-as e integrando-as rumo aos seus
objetivos.
A organização informal: cultura organizacional
Diz respeito aos comportamentos, opiniões, ações e formas de relacionamento
que surgem espontaneamente entre os membros do grupo.
Cultura
organizacional corresponde a clima organizacional sendo que, o termo cultura
indica uma abordagem antropológica ao passo que clima organizacional tem
enfoque psicológico.
Ao destacar a cultura organizacional visa-se a relação das práticas culturais
dos indivíduos e sua subjetividade com sua influencia nas formas de
organização e de gestão escolar.
A bagagem cultural do individuo contribui para definir a cultura organizacional
da organização a qual faz parte. Essas organizações formam cultura própria de
modo que os valores, o modo de agir dos indivíduos e sua subjetividade são
elementos essenciais para compreender a dinâmica interna delas.
A cultura organizacional de uma escola explica o assentimento ou resistência
ante as inovações, a forma de tratar os alunos, as mudanças na rotina da
escola, etc. O sociólogo francês Forquin(1993,p.167) escreve a esse respeito: “
A escola é , também, um mundo social que tem suas características de vida
próprias, seus ritmos e seus ritos, sua linguagem, seu imaginário, seu modo
próprio de regulação e de transgressão seu regime próprio de produção e de
gestão de símbolos.”
Cultura organizacional: pode ser definida como o conjunto dos fatores
sociais, culturais e psicológicos que influenciam os modos de agir da
organização como um todo e o comportamento das pessoas em particular.
A Cultura organizacional aparece de duas formas: como cultura instituída que
são as normas legais, a estrutura organizacional definida pelos órgãos oficiais,
a rotina, grade curricular, horários, normas disciplinares, etc.; e cultura
instituinte, onde os membros da escola criam e recriam em suas relações e na
vivencia cotidiana. Essa cultura pode ser modificada, discutida, avaliada de
acordo com as necessidades e aspirações da equipe escolar.
Constituem desafios a competência de diretores, coordenadores pedagógicos e
professores
saber
gerir
e
conciliar
interesses
pessoais
e
coletivos,
peculiaridades culturais tendo objetivos pedagógicos e sociais a atingir,
buscando estabelecer formas participativas de gestão.
2. As concepções de organização e de gestão escolar
A organização e os processos de gestão que cada escola assume são
determinados pela concepção que a instituição tem sobre as finalidades sociais
e políticas da educação em relação à sociedade e a formação dos alunos. As
duas principais concepções são a técnico - cientifica e a sociocrítica. É,
importante salientar que raramente as concepções de gestão se apresentam
de forma pura em situações concretas, ou seja, características de determinada
concepção podem ser encontradas em outras, embora seja possível identificar
um estilo mais dominante.
Na concepção técnica- científica prevalece uma visão técnica e burocrática. A
direção escolar é centralizada em uma única pessoa, todas as decisões são
tomadas por ela, prevalecendo assim uma comunicação linear entre os
envolvidos no
processo
de
aprendizagem.
Desta forma, não
há
o
entrosamentos entre os trabalhadores, pois cada um é destinado a apenas a
cumprir a sua função na instituição, o que os tornam profissionais com pouca
autonomia. A organização escolar segue uma dinâmica que visa alcançar a
eficiência e eficácia dos serviços escolares (gestão da qualidade total), sem se
preocupar com as relações afetivas e a integração entre as pessoas.
Na concepção sociocrítica o processo de tomadas de decisões é coletivo,
possibilitando que todos discutiam e decidiam, em uma relação de
colaboração. A organização escolar prioriza a construção de relações sociais
mais humanas e justas e a valorização do trabalho coletivo e participativo. A
concepção sociocrítica desdobra-se em três diferentes formas de gestão: a
autogestionária, a interpretativa e a democrática- participativa.
A concepção autogestionária dá maior ênfase à responsabilidade coletiva e as
inter-relações do que as tarefas. O grupo envolvido no processo das tomadas
de decisões se auto-organiza, por meio de eleições e de alternância na
execução das funções. A sua cultura organizacional valoriza os elementos
instituintes (capacidade do grupo de criar, instituir, suas próprias normas e
procedimentos), contrapondo-se aos instituídos.
A concepção interpretativa privilegia mais a ação organizadora com valores e
práticas divididas do que o ato de organizar. A organização escolar prioriza as
interações sociais e as experiências subjetivas- o que cada participante pensa,
valoriza e pretende.
A concepção democrática- participativa enfatiza tanto a realização das tarefas
quanto as relações sociais. Essa concepção acredita que depois de tomada as
decisões coletivamente cada pessoa deverá responsavelmente assumir a sua
parte. O processo de organização escolar valoriza os elementos internos (o
planejamento, a organização, a direção, a avaliação).
3. A gestão participativa
A participação é uma maneira de assegurar a gestão democrática. O conceito
de participação fundamenta-se no princípio da autonomia, que significa a
capacidade das pessoas e dos grupos para a livre determinação de si próprio,
isto é, para a condução da própria vida. Exercer a gestão participativa denota
a intervenção dos profissionais da educação, alunos e pais de forma que todos
participem no processo de tomadas de decisões e no funcionamento da
organização escolar, possibilitando assim o melhor conhecimento dos objetivos
e da metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica. Além
de favorecer a integração entre professores, pais e alunos.
Há dois sentidos de participação articulados entre si:
a) A de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola,
dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento
pedagógico, curricular, organizacional;
b) A de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais
compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.
No primeiro sentido a escola é vista como uma comunidade democrática de
aprendizagem que tem por finalidade o aprendizado de conhecimentos, de
desenvolvimento de capacidades intelectuais, sociais, afetivas, éticas e
estéticas e também de formação de competências para que os sujeitos
participem na sociedade como cidadãos críticos-reflexivos. No segundo
sentido, a escola é vista como uma comunidade educativa que interage com a
sociedade. De acordo com Weffort (1995):
“[...] a escola que se abre à participação dos cidadãos não educa
apenas às crianças que estão na escola. A escola cria
comunidade e ajuda a educar o cidadão que participa da escola, a
escola passa a ser um agente institucional fundamental do
processo da organização da sociedade civil”. (1995, p. 99)
A direção como princípio e atributo da gestão democrática: a gestão
participativa
No contexto escolar, o termo direção vai além da mobilização das pessoas
para realizar atividades com eficácia, pois implica definição de um rumo
educativo, tomada de posição diante dos objetivos. A escola, ao cumprir seu
papel social de mediação, influi de forma significativa na formação da
personalidade humana. Por isso, são fundamentais os objetivos políticos e
pedagógicos.
Essa particularidade transcorre do caráter de intencionalidade presente nas
ações educativas. Este está projeta-se nos objetivos que orientam a atividade
humana, dando a direção da ação e leva a equipe escolar à integração e
unidade de objetivos e ações, além de consenso sobre normas e atitudes
comuns. O caráter pedagógico consiste na formulação de objetivos sóciopolíticos e educativos e na criação de formas de viabilização organizada e
metodologicamente a educação para dar uma direção consciente e planejada
ao processo educacional, incluindo, portanto, o conceito de direção.
A gestão democrática caracteriza-se por suas práticas indispensáveis:
participação, diálogo, discussão coletiva e autonomia. Porém, não significa
ausência de responsabilidades. Tomadas as decisões coletivamente, para pôlas em prática, a escola deve estar bem coordenada e administrada.
O sucesso da escola não se concentra na figura do diretor. Ele deve ser um
líder cooperativo, é alguém que consegue aglutinar as expectativas da
comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os
segmentos da escola na gestão em um projeto comum. O diretor deve ter uma
visão de conjunto e uma atuação que apreenda a escola em todos os seus
aspectos. Sua escolha requer muita responsabilidade do sistema de ensino e
da comunidade escolar e pode se dá por nomeação arbitrária do governo ou da
prefeitura; por concurso público ou por eleição (direta ou representativa).
Princípios e características da gestão escolar participativa
Autonomia da escola e da comunidade educativa – Uma escola autônoma
pode traçar o próprio caminho, envolvendo professores, alunos, funcionários,
pais e comunidade próxima que se tornam responsáveis pelo êxito da
instituição. A escola transforma-se em instância educadora. Essa autonomia,
porém, é relativa, pois escolas públicas não são organismos isolados, integram
um sistema e dependem das políticas e da gestão públicas, responsáveis pelos
recursos que asseguram salários, condições de trabalham e formação
continuada que não são originados na instituição. A direção orienta e controla
suas atividades internas, mas, por outro lado, adéqua e aplica as diretrizes
gerais que recebe dos níveis superiores da administração do ensino. O que
nem sempre se dá de forma tranqüila, sem problemas.
Devido a uma má administração pode ocorrer:

Perda de vista das diretrizes gerais do sistema e sua articulação com a
sociedade;

Aplicação mecânica das diretrizes;

Atribuição de autonomia à escola, de ensino, para desobrigar o poder de suas
responsabilidades.
A autonomia, portanto, deve ser gerida implicando co-responsabilidade
consciente, partilhada e solidária por parte de todos que a compõem a equipe
escolar para que se alcancem os resultados desejados: a formação cultural e
científica dos alunos e o desenvolvimento neles, de potencialidades cognitivas
e operativas.
Relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe
escolar – conjuga o exercício responsável e compartilhado da direção, a forma
participativa da gestão e a responsabilidade individual de cada membro da
equipe escolar. Supervisionada pelo diretor, a equipe formula o plano de ação,
toma decisões e, em seguida, entra em ação as funções, os procedimentos e
os instrumentos do processo organizacional sob a coordenação do diretor que
mobiliza, motiva , lidera e delega aos membros da equipe escolar, conforme
suas atribuições específicas.
Envolvimento da comunidade no processo escolar- A presença da
comunidade na escola e, principalmente dos pais contribui para o aumento da
capacidade de fiscalização da sociedade civil sobre a execução da política
educacional e dá respaldo aos governos para encaminhar ao Poder Legislativo
projetos de lei que atendam melhor às necessidades educacionais da
população.
Planejamento das atividades – Esse princípio justifica-se porque as escolas
buscam resultados mediante ações pedagógicas e administrativas. A ação
deve ser racional, estruturada e coordenada de proposição de objetivos, de
estratégias de ação, provimento e ordenação de recursos, cronogramas e
formas de controle e avaliação. O seu plano de ação torna-se instrumento
unificador das atividades desenvolvidas, representando, ao ser executado, o
interesse e o esforço coletivo dos membros da escola.
Formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos
integrantes
da
comunidade
escolar–
Esse
princípio
valoriza
o
desenvolvimento pessoal, a qualificação profissional e a competência técnica.
A escola é um espaço educativo, um lugar de aprendizagem, mas se constitui
também como local em que os profissionais desenvolvem seu profissionalismo.
A organização e a gestão do trabalho escolar requerem o constante
aperfeiçoamento profissional, político, científico e pedagógico de toda a equipe.
Utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus
múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações- Implica
procedimentos de gestão baseados na coleta de dados e de informações reais
e seguras, bem como na análise global dos problemas (causas e aspectos
fundamentais), verificando, assim, a qualidade das aulas, o cumprimento dos
programas, qualificação e experiência dos professores, características
socioeconômicas e culturais dos alunos, resultados do trabalho proposto pela
equipe para atingir a saúde dos alunos, a adequação entre métodos e
procedimentos didáticos.
Avaliação compartilhada- Todas as decisões e procedimentos organizativos
devem ser acompanhados e avaliados com base no princípio da relação
orgânica entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar. O
controle requer uma avaliação mútua entre direção, professores e comunidade.
Relações humanas produtivas e criativas, assentadas na busca de
objetivos comuns- Indica a importância do sistema de relações interpessoais
para a qualidade de cada educador, para a valorização da experiência
individual para o clima amistoso de trabalho que deve combinar exigência e
respeito, severidade e tato humano.
Referência:
LIBÂNEO, J. OLIVEIRA, J. & TOSCHI, M. Educação Escolar: políticas,
estrutura e organização in O sistema de organização e de gestão da
escola: teoria e prática. Cortez: p. 315-349.
WEFFORT, F. Escola, participação e representação formal. Petrópolis:
Vozes, 1995.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I
CURSO - PEDAGOGIA-ANOS INICIAIS
BIANCA COSTA
LEILAMARIS GONÇALVES
VALDELICE DANTAS
RESUMO DO TEXTO
O SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO E DE GESTÃO DA ESCOLA:
TEORIA E PRÁTICA
Salvador
Dezembro, 2010
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