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PERSPECTIVAS E DESAFIOS DA ATIVIDADE MINEIRA
NA AMÉRICA DO SUL
Autores: OLIVEIRA, Renan D. (UNICAMP); OLIVEIRA FILHO, Marco Aurélio M. B. (INCOOP – UFSCAR).
Orientador: Prof. Dr. Newton Müller Pereira (UNICAMP)
Objeto e Objetivos do Trabalho:
Estudar a atividade mineira na Bolívia: condições de trabalho, impactos ambientais, relação desta atividade com as culturas tradicionais do país, o trabalho cooperativo e a
emergência do Movimento da Economia Solidária.
Este trabalho buscou se centrar em dois eixos (impactos ambientais e condições de trabalho) da atividade mineradora hegemônica (grandes empresas), desenvolver um
estudo de caso em minas e cooperativas de trabalho bolivianas e apontar como a organização dos trabalhadores mineiros tem re-configurado padrões clássicos de produção, a
fim de tornar a atividade menos impactante ao ambiente natural e mais adequada à saúde e ao trabalho humano.
Metodologia:
A partir dos referenciais teórico-metodológicos da economia solidária buscou-se compreender como tem se formado e se estruturado novas cooperativas de trabalhadores
mineiros na América do Sul, principalmente na Bolívia. Primeiramente se revisou bibliografia do campo da Economia Solidária, principalmente as obras adequadas ao atual
contexto latino-americano. O trabalho contou com visitas e entrevistas a cooperativas e sindicatos mineiros, sistematização de dados e redação do trabalho.
A Economia Solidária é um movimento social que se estabelece, enquanto tal, em meados dos anos 1970, decorrente, fundamentalmente, da crise que se instaura no modo
de produção capitalista, da crítica ao padrão de desenvolvimento, baseado no crescimento econômico, e do fracasso das experiências socialistas de modelo soviético. As
cooperativas, cuja estruturação obedecia aos valores básicos do movimento operário clássico, de igualdade e democracia, sintetizados na ideologia socialista, eram tentativas por
parte dos trabalhadores de recuperar trabalho e autonomia econômica, aproveitando as novas forças produtivas resultantes da Primeira Revolução Industrial (SINGER, 2002;
2003). As cooperativas podem se configurar em formas de organização que vislumbrem a superação do trabalho alienado em sua totalidade. Outra característica fundamental das
cooperativas, com destaque no caso boliviano, é a sua relação com as comunidades locais, pois estas apresentam maior preocupação em desenvolvê-las de forma integral, de
modo a criar melhor qualidade de vida às pessoas que dela fazem parte (RENSHAW, 2010).
Resultados Obtidos:
Concluímos que o movimento de Economia Solidária (e de comércio justo) possui um campo bastante fecundo para se desenvolver em meio às culturas originárias da
Bolívia, pois estas, em sua grande parte (como a aimará e a quéchua, por exemplo), sendo a grande maioria pertencente ao meio rural, vivem em pequenas comunidades nas
quais pratica-se a solidariedade, a reciprocidade e a equidade, preocupando-se em viver em harmonia entre ela e com a natureza. Pode-se dizer que as práticas culturais de povos
tradicionais, com raízes indígenas, viabilizam os princípios fundamentais que constituem a Economia Solidária, nas quais podem ser descritas práticas concretas tais como: o
comércio comunitário, que se desenvolve em feiras rurais locais e suburbanas, onde pode-se inclusive presenciar o intercâmbio de produtos sem a intervenção da moeda; a autoajuda comunitária como a “mink’a”, o “ayni”, etc. (MALLCU, 2007).
Ayni e Mink’a: Somente por meio dos princípios da complementaridade e da reciprocidade é que se pode compreender as práticas ayni e mink’a. A forma mais conhecida de
reciprocidade laboral é o ayni, que em sua raiz significa a ajuda mútua recíproca (o ayni é trabalhar complementando-se constantemente). No momento da semeadura ou da
colheita, os demais membros do ayllu ajudam a um comunitário; mas também, como retribuição recíproca, este também lhes ajudará aos demais no momento oportuno. Mink’a é
a forma de trabalho comunitário para um bem comum, tal como uma estrada, canais de irrigação, construção de uma escola ou o manejo de uma tenda comunitária, que se baseia
também no princípio de reciprocidade: cada membro da comunidade dá algo de seu esforço, para que o bem comum realizado esteja ao alcance de cada membro (CÂMARA,
2011).
Referências Bibliográficas:
CÂMARA, Marcelo Argenta. Movimentos Sócio-Territoriais e a construção de territorialidades contrahegemônicas na Bolívia – uma contribuição desde a Geografia
para o estudo dos movimentos sociais. Disponível em: http://alter-latina.comAcesso em 20/01/2011.
MICHARD, Jocelyn. Cooperativas Mineras en Bolívia – formas de organización, producción y comercialización. Cochabamba (Bolívia): Centro de Documentación y
Información Bolivia – CEDIB, 2008.
RENSHAW, Richard. Minas que devoram montanhas. Agenda Latino-Amricana, São Paulo; Editora Ave-Maria, 2010.
MALLCU, Alicia Canaviri. Informe Preliminar sobre el avance del movimiento y la plataforma multisectorial de promoción y desarrollo de la economia solidaria y el
comercio justo em Bolívia. La Paz (Bolívia): Faces do Brasil Midiateca, 2007.
NOVAES, Henrique (Org). :O Retorno do Caracol à Sua Concha: alienação e desalienação em associações de trabalhadores. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2011.
SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
__________; SOUZA, André Ricardo (Orgs.). A Economia Solidária no Brasil – A autogestão como resposta ao desemprego. São Paulo: Contexto, 2003.
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