ID: 62581526 08-01-2016 Tiragem: 13992 Pág: 26 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 14,23 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Polónia ignora avisos da UE e adopta lei que permite o controlo dos media Imprensa Juncker descarta a retirada do direito de voto ao país, mesmo depois da nova lei ter sido assinada pelo presidente. Catarina Madeira [email protected] De nada serviram os avisos da União Europeia. A Polónia adoptou mesmo a lei que permite ao governo controlar os meios de comunicação públicos. O presidente Andrzej Duda assinou ontem o diploma que vai dá ao executivo ultraconservador do Partido Direito e Justiça o poder de demitir os directores dos meios de media estatais e que poderá levar a UE a retirar o direito de voto ao país. A Comissão Europeia, liderada por Jean-Claude Juncker, vai debater o recurso ao mecanismo do Estado de direito relativamente à Polónia na próxima quarta-feira, um procedimento de supervisão que poderia resultar na retirada dos direitos de voto de Varsóvia A Europa “hesita mais uma vez na tomada de posições firmes”, face às preocupações com a coesão da UE, defende Paulo Sande, professor da Universidade Católica. na União. Mas, Juncker já veio dizer que a activação do artigo 7º do Tratado da União Europeia – um mecanismo de prevenção, nunca utilizado, para casos de risco claro de violação grave dos direitos fundamentais por um Estado Membro – é improvável. “Estamos agora em conversações com a Polónia e não quero especular sobre as consequências, que podem decorrer da aplicação do artigo 7º. Não estamos nesse ponto e acho que não vamos chegar lá”, disse numa conferência na Holanda, citado pela Reuters. Para Paulo Sande, professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, este é um sinal de que a Europa “hesita mais uma vez na tomada de posições firmes”, face ao receio que a situação actual possa ter “cambiantes preocupantes” no que toca à coesão da UE, numa altura em que se discute o Acordo de Schengen e o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União. Os directores de vários canais da televisão pública demitiram-se, após constatarem que o Presidente não iria dar ouvidos aos apelos das organizações de direitos humanos para reconsiderar uma lei que, dizem os críticos, enfraquece a Estado de direito na sexta maior economia da UE. Os directores da televisão e rádio públicas tal como da agência de notícias PAP passam, a LEI POLÉMICA A lei, aprovada no Parlamento a 31 de Dezembro, coloca os media públicos sob o controlo do Governo, concedendo ao ministro das Finanças o poder de demitir e nomear os directores dos media estatais. partir de agora, a ser nomeados pelo ministro das Finanças. “Queremos simplesmente curar o nosso país de algumas doenças”, afirmou o responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros, Witold Waszczykowski, numa entrevista ao jornal alemão Bild, em que acusa o anterior governo polaco, de centro-direita, de ter seguido “um certo conceito político de esquerda”. Depois de Victor Orbán, na Hungria, a Polónia parece apostada em seguir o mesmo caminho, uma “deriva preocupante de regimes que estão nos limites dos princípios da UE”, diz Paulo Sande, sublinhando que, quando a questão das pulsões nacionalistas no leste europeu coexiste com um clima de medo, torna-se muito difícil de gerir. ■