cu ida criandos ç as de Ribeirinhas Sumário Executivo Cuidados de Crianças Ribeirinhas surge de uma pesquisa em três municípios rurais do Estado do Amazonas -Santa Isabel do Rio Negro, Lábrea, e Atalaia do Norte -- e busca entender como famílias que moram nas beiras dos rios da região cuidam da saúde e educam os seus filhos pequenos. A pesquisa teve duas metas: 1 2 Entender pontos fortes e debilidades dos sistemas de cuidado de crianças com menos que cinco anos de idade (0 a 4 anos) na família, na comunidade, e na relação com o governo e o sistema formal de saúde. Criar uma linha de base para poder avaliar mudanças e melhorias na vida de crianças das comunidades e de políticas públicas para a primeira infância da região. Mais de 300 famílias com mais que 500 crianças de 0-4 anos de idade participaram do estudo, oferecendo assim um retrato das condições de saúde infantil no Amazonas. Além destas entrevistas in loco, foi pesquisado em documentos e estatísticas de arquivos oficiais, na literatura acadêmica sobre epidemiologia e antropologia da saúde na região, e conversado com médicos, enfermeiros, agentes de saúde, chamãs, rezadores, e profissionais de políticas públicas. Entre os resultados mais importantes deste estudo encontram-se os seguintes: o d a r e p s e n i o s s cSu e 1 s e r o d a z Re aúd2e S e 3 d e t n e g A Apesar de grandes problemas no sistema formal de saúde e novas doenças que chegam com a colonização recente do Amazonas, fomos surpreendidos com a criatividade e capacidade das famílias rurais. Conseguem misturar recursos tradicionais e religiosos com o atendimento do sistema médico formal para articular diversas meios para curas para seus filhos. A maioria das famílias preferem usar o sistema tradicional de medicina, com parteiras, rezadores, chamãs, conhecimento de ervas e chás. Buscam ajuda do sistema formal -- entendido como ruim e rude, mas de vez em quando necessário -- quando os recursos locais não funcionam. O agente de saúde é uma peça chave nos cuidados de saúde no interior do Amazonas, e quando um agente de saúde trabalha bem, faz um impacto grande e positivo na vida da comunidade onde está inserido. Porém, novas administrações municipais costumam demitir em massa os agentes e botar apoiadores políticos no seu lugar, o que efetivamente destrói a instituição e impede um trabalho sistemático. A capacitação oferecida aos agentes também é fraca ou ausente. Problemas de administração e política incapacitam este trabalho essencial. nE demadioas4s D e d a t e oC l 5 e s a nLi ha de eBPart6o 7 z e d i v Gra Esgoto 8 e a u g a Á o t a t n o 9 C e d oD enças o oC rrupçã10 Quando presente, o agente de doenças endêmicas transforma a capacidade de uma comunidade em lidar com a malária. Infelizmente, apesar do sucesso do modelo, é pouco difundido na região. O sistema de coleta de dados epidemiológicos da região falha de muitas maneiras: pressão política, distância, comunicação precária, queima de arquivo ou alteração e invenção dos dados por parte de administrações municipais. Estes dados, como vêm sendo captados, não funcionam como recurso para uma linha de base. Embora dados oficiais e até nossa própria pesquisa não podem oferecer estatísticas fiéis sobre mortalidade infantil, a pesquisa oferece quatro linhas de base para futuras avaliações: cuidados pré e pós natal (em conjunto com morte perinatais e abortos); o quadro de doenças; o itinerário terapêutico; e água e esgoto. Atenção pré- e pós parto é fraca em todos os municípios estudados, provavelmente uma das principais causas da alta taxa de mortes perinatais. Monitoramento de dados oficiais sobre morbidade perinatal, em conjunto com pesquisa de base sobre abortos e atendimento pré e pós natal, oferecerá uma boa avaliação de saúde materna e infantil nos primeiros dias de vida de um bebê. A situação de água e esgoto nos municípios de Amazonas pode ser descrito como calamidade pública. Quase ninguém tem acesso a água potável e sistemas de esgoto quase não existem. A doença mais comum entre crianças neste estudo é diarréia, causada em grande parte por este problema de água. A pesquisa e os dados do censo do IBGE oferecem uma boa linha de base para avaliar mudanças neste campo. Embora mães e pais de crianças de 0 a 4 anos sabem bem como lidar com muitas doenças historicamente presentes na região, ainda não sabem diagnosticar algumas doenças que só recentemente chegam até eles como malária e hepatite. Também, poucas pessoas apontam conexão entre água contaminada e diarréia: em muitos casos diarréia é considerada uma doença em si e ou conseqüência do olho gordo ou de outro tipo de feitiçaria. O problema fundamental para a realização de políticas públicas adequadas para a saúde infantil nos municípios pesquisados é a política local. Sem reforma no sistema de repasse de recursos, novas políticas sempre naufragarão nos impasses da política local. O estudo aponta 19 propostas de ação para começar um diálogo sobre mudanças de políticas públicas e ações de ONGs na região. A report to the Bernard van Leer Foundation by