Abastecimento de água em Macapá e região

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Abastecimento de água em Macapá e região
João Paulo Nardin Tavaresi
Se toda a chuva que se precipita sobre a
região de Macapá em um ano caísse de
uma vez, seria suficiente para deixar a
cidade submersa em uma profundidade
de mais de 2,5 metros. Isso porque,
anualmente, em média, chove cerca de
2500 litros de água por metro quadrado
da superfície.
E o Rio Amazonas, na sua foz, bem na
frente da região, despeja 20% de toda a água
doce do mundo, drenando a imensa bacia
Amazônica, a maior do mundo. Isso pode
ser facilmente visualizado na imagem ao
lado, que mostra a água do Rio Amazonas,
invadindo o Oceano Atlântico, tingindo-o
num tom barrento.
Apesar disso, falta água em Macapá e Santana. O sistema de abastecimento público oferece um serviço deficiente, precário e coloca nas torneiras uma água de má
qualidade. Não existem estudos sobre o lençol freático da região, de onde a
água deveria ser captada para a população. Não obstante, o esgoto e toda a
poluição gerada pela cidade estão sendo
despejados no rio, sem o tratamento
adequado. Então, o que estamos fazendo
com a maior parte da água doce do
mundo?
Poluindo. E não é só o esgoto. Ele é o
pior dos contaminantes, mas também
contribuem para esta sujeira o lixo que
as pessoas jogam no rio e até mesmo o
óleo de cozinha, que é descartado direto na pia.
Um litro de óleo pode poluir até um milhão de litros d’água!
Nas chamadas “áreas de ressaca”, que são irregular e inadvertidamente
ocupadas, as pessoas jogam todos os seus resíduos – inclusive o dos
banheiros – na água que fica exatamente embaixo de sua própria casa.
Diversas doenças acometem
essas pessoas e o problema
não se restringe somente a
elas, mas todo o lençol
freático de Macapá pode ser
comprometido.
Mas não é só com educação
ambiental que se resolve o
problema. Porque fechar a
torneira para escovar os
dentes não vai fazer diferença alguma.
O que precisa ser feito é o poder público decidir que está na hora de parar
com a destruição de nossos recursos hídricos e começar uma grande obra
de saneamento básico, com coleta e tratamento da rede de esgoto,
adequação do descarte de efluentes hídricos de todas as casas e melhoria no
sistema de abastecimento de água,
através de captação do lençol
freático, e não do rio, o que gera
outro tipo de poluição: a visual,
como mostra a foto ao lado.
Ou seja, fazer a lei ser cumprida.
Porque todas as leis que tratam do
abastecimento de água são
previstas no Código Ambiental,
nas Regulamentações da Agência Nacional de Águas (ANA) e nas
resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA.
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João Paulo Nardin Tavares é Meteorologista, Mestre em Ciências Ambientais e Professor da área de
Meio Ambiente.
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