Teoria Geral de Sistemas

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Administração
Abordagem Sistêmica
Professor Rafael Ravazolo
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Administração
Aula XX
ABORDAGEM SISTÊMICA
Sistemas
Sistema é um conjunto de elementos interdependentes, que interagem de forma organizada
para alcançar um objetivo.
Existem distintas definições, porém, a ideia de Sistema compreende:
•• Um conjunto de entidades chamadas partes, elementos ou componentes.
•• Alguma espécie de relação ou interação das partes.
•• A visão de uma entidade nova e distinta, criada por essa relação, em um nível sistêmico de
análise – o todo.
Tipos de Sistemas e de Ambientes
Há inúmeras definições, porém, os tipos mais comuns de sistemas são:
•• Quanto à constituição:
1. Físicos ou concretos: coisas reais – equipamentos, objetos, hardware, etc.
2. Abstratos: só existem no plano das ideias – conceitos, planos, filosofias, etc.
•• Sistemas vivos e organizações:
Sistemas Vivos
Organizações
Nascem, herdam seus traços estruturais.
São organizados, adquirem sua estrutura em
estágios.
Morrem, seu tempo de vida é limitado.
Podem ser reorganizados, tem uma vida
ilimitada e podem ser reconstituídos.
Tem um ciclo de vida predeterminado.
Não tem ciclo de vida definido.
São concretos – o sistema é descrito em termos
físicos e químicos.
São abstratos – o sistema é descrito em termos
psicológicos e sociológicos.
São completos. O parasitismo e simbiose são
excepcionais.
São incompletos: dependem de cooperação
com outras organizações. Suas partes são
intercambiáveis.
A doença é definida como um distúrbio no
processo vital.
O problema é definido como um desvio nas
normas sociais.
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•• Quanto à interação com o ambiente:
1. Fechados: são herméticos, não trocam energia com o ambiente que os circunda. A rigor
não existem sistemas fechados na acepção exata do termo. Essa denominação é dada aos
sistemas cujo comportamento é determinístico e programado, ou rígido, e que operam
com pequeno intercâmbio de matéria e energia com o ambiente.
2. Abertos: apresentam relações de intercâmbio com o ambiente, são adaptativos, trocam
matéria e energia regularmente, por inúmeras entradas e saídas. Tais ambientes conservamse no mesmo estado (autocontrole, autorregulação) apesar de a matéria e a energia que o
integram se renovarem constantemente (equilíbrio dinâmico ou homeostase). O sistema e
o ambiente são inter-relacionados e interdependentes. A viabilidade ou sobrevivência de
um sistema depende de sua capacidade de adaptação, mudança e resposta às demandas
do ambiente externo.
Tipos de ambientes:
••
••
••
••
Estáveis e difusos – pouca competitividade, baixa complexidade e poucas mudanças.
Estáveis e concentrados – poucas mudanças, mas há mais organizações disputando espaço.
Instáveis e reativos – muitas mudanças e menor grau de diferenciação das organizações.
Turbulentos – muitas mudanças e grande complexidade e competição.
Parâmetros dos Sistemas
Os parâmetros (ou componentes) dos sistemas são: Entrada ou Insumo (input); Processamento
ou Transformação (throughput); Saída ou Resultado ou Produto (output); Retroação ou
retroalimentação ou retroinformação (feedback); Ambiente (environment).
•• Entrada ou Insumo (input): compreendem os recursos físicos e abstratos de que o sistema
é feito, incluindo todas as influências que ele recebe do ambiente. Essa importação
de energia, informações ou materiais permite a renovação das instituições (nenhuma
estrutura social é autossuficiente).
•• Processamento ou Transformação (throughput): forma como a organização transforma a
energia disponível em resultados (como ela processa seus insumos em produtos e serviços)
•• Saída ou Resultado ou Produto (output): são os produtos do sistema (produtos e serviços
para os clientes, salários e impostos, lucro dos acionistas, poluição, etc.). As saídas
devem ser coerentes com os objetivos visados pelo sistema, e, justamente em função da
retroalimentação (parâmetro responsável pelo controle e o monitoramento), devem ser
quantificáveis, para se avaliar se os resultados estão sendo obtidos de acordo com os
critérios previamente fixados.
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•• Retroação ou retroalimentação ou retroinformação (feedback): é o retorno da informação,
que permite ao sistema corrigir desvios ou se reforçar. O feedback visa manter o
desempenho de acordo com o padrão ou critério escolhido. Há dois tipos de retroação:
Positiva – é a ação estimuladora da saída que atua sobre a entrada do sistema – a saída
amplifica e reforça o sinal de entrada; Negativa: é a ação inibidora da saída que atua sobre
a entrada do sistema. Na retroação negativa o sinal de saída diminui e inibe o sinal de
entrada.
•• Ambiente (environment): o meio ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro
de um limite específico, possam ter alguma influência sobre a operação do sistema. As
fronteiras de um sistema são as condições ambientais dentro das quais o sistema deve
operar.
Teoria Geral de Sistemas
O biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy é o grande expoente dessa teoria. Uma grande
contribuição do autor é o conceito de sistema aberto, entendido como um complexo de
elementos em interação e em intercâmbio com o ambiente, trocando matéria e energia.
Ele é contra a visão particionada do mundo, com distintas áreas que isoladas: Biologia, Física,
Psicologia etc. Afirma que é necessário tratar os problemas que cercam as pessoas como
"típicos de sistemas", isto é, considerando seus componentes, sua vizinhança e as relações
entre as partes.
Em outras palavras, a Teoria Geral de Sistemas afirma que se deve estudar os sistemas
globalmente, envolvendo todas as interdependências de suas partes, pois “a natureza não está
dividida em nenhuma dessas partes.”
Duas ideias básicas de teoria geral dos sistemas: interdependência das partes – para
compreender um sistema, é preciso analisar não apenas os elementos, mas também suas
inter-relações; e tratamento complexo da realidade complexa – necessidade de aplicar vários
enfoques para entender uma realidade que se torna cada vez mais complexa.
Essa teoria é interdisciplinar e buscou investigar isomorfismos de conceitos, de leis e de
modelos em campos diferentes, aproximando suas fronteiras e preenchendo os espaços vazios
entre eles, gerando princípios capazes de interligar as ciências, de modo que os progressos
alcançados em uma pudessem beneficiar as demais.
Segundo Bertalanffy: há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;
tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas; essa teoria pode ser um meio
importante de objetivar os campos não físicos do conhecimento científico, especialmente
nas ciências sociais; desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os
universos particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objetivo da unidade
da ciência; o que pode levar a uma integração muito necessária na educação científica.
Essa visão é claramente oposta à da Escola Clássica, principalmente se consideramos as
pressuposições críticas à teoria da máquina: negligência quanto à organização informal,
concepção da organização como um arranjo rígido e estático de órgãos, pouca importância do
intercâmbio do sistema com seu ambiente e pouca atenção aos subsistemas e sua dinâmica
dentro da organização.
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Abordagem Clássica
Abordagem Sistêmica
Reducionismo – decomposição de um fenômeno
em partes menores
Expansionismo - todo o fenômeno tem partes
menores, mas é parte de um fenômeno maior
Pensamento Analítico – as partes decompostas
explicam o todo
Pensamento Sintético –propriedades do todo
explicam as partes
Mecanicismo – determinismo - simples relação
causa-efeito
Teleologia – a causa é uma condição necessária,
mas nem sempre suficiente para que surja o
efeito. O comportamento é explicado por aquilo
que ele produz ou por aquilo que é seu propósito
ou objetivo de produzir.
Sistema fechado – não troca energia
Sistema aberto – troca energia com o ambiente
Com base em estudos de sistemas biológicos, Bertalanffy pontua que estes devem ser
entendidos como processos abertos. Nessa proposição, o autor destaca uma série de
concepções centrais:
1. Um sistema não vive isolado, sendo sempre parte de um todo.
2. Todas as partes estão inter-relacionadas, dando suporte a sua integridade.
3. Cada sistema tem seu espaço de existência e suas fronteiras.
4. Os sistemas são abertos, caracterizados por um processo de intercâmbio infinito com seu
ambiente (e outros sistemas).
5. Como sistemas são interdependentes, as funções de um sistema dependem de sua
estrutura.
Chiavenato aponta três premissas básicas da Teoria Geral de Sistemas possui (bastante
semelhantes aos conceitos de Bertalanffy):
Os sistemas existem dentro de sistemas – cada sistema é constituído de subsistemas
interdependentes e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema maior. Cada subsistema pode
ser detalhado em seus subsistemas, e o suprassistema também interage com outros. É o todo
dentro do todo.
Os sistemas são abertos – são permeáveis ao ambiente e cada sistema existe dentro de um
ambiente constituído por outros sistemas, com os quais interage.
As funções de um sistema dependem de sua estrutura – cada sistema tem um objetivo, que
constitui seu papel no intercâmbio com outros sistemas (funcionalismo dos sistemas); à medida
que suas funções se contraem ou expandem, sua estrutura acompanha.
Além de tais premissas, os sistemas abertos têm outras características:
•• Atributos: qualidades ou propriedades do sistema e de seus objetos.
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•• Holismo: uma visão do todo – é decorrente da interação entre elementos. O todo é mais do
que a simples soma das partes, pois o sistema só pode ser explicado como uma globalidade.
•• Globalismo – ou totalidade: uma natureza orgânica, pela qual uma ação que produza
mudança em uma das unidades do sistema deverá produzir mudanças em todas as suas
outras unidades.
•• Sinergia: trabalho conjunto. Ocorre quando duas ou mais causas produzem, atuando
conjuntamente, um efeito maior do que produziriam atuando individualmente. É o efeito
multiplicador quando as partes do sistema interagem entre si ajudando-se mutuamente.
A sinergia é um exemplo de emergente sistêmico: uma característica do sistema que não é
encontrada em nenhuma de suas partes tomadas isoladamente.
•• Dualidade: influencia e é influenciado pelo ambiente.
•• Adaptação: dinamismo, capacidade de crescimento, mudança, adaptação ao ambiente e
até autorreprodução sob certas condições ambientais.
Características das organizações como Sistemas Abertos
Comportamento Probabilístico e Não Determinístico: os sistemas sociais são probabilísticos
porque o comportamento não é totalmente previsível. Não há uma relação simples e direta
de causa e consequência, cada situação pode possuir inúmeras causas e produzir diferentes
efeitos. Como os sistemas sociais, as organizações são sistemas abertos, afetados por
mudanças em seus ambientes. O ambiente não tem fronteiras e inclui variáveis desconhecidas
e incontroladas.
As organizações são partes de uma sociedade maior e são constituídas de partes menores:
as organizações são vistas como sistemas dentro de sistemas. Os sistemas são complexos de
elementos colocados em interação.
Interdependência das Partes: organização é um sistema social com partes independentes e
inter-relacionadas, na qual a mudança de uma de uma parte provoca impacto sobre as outras.
Homeostase ou "estado firme": é um equilíbrio dinâmico que ocorre quando o sistema dispõe
de mecanismos de retroação capazes de restaurarem o equilíbrio perturbado por estímulos
externos. Em outras palavras, é a capacidade que o sistema tem de manter certas variáveis
dentro de limites, mesmo quando os estímulos do meio externo forçam essas variáveis a
assumirem valores que ultrapassam os limites da normalidade. Esse equilíbrio é obtido pela
autorregulação (autocontrole), por meio de dispositivos de retroação (feedback). A organização
atinge o estado de equilíbrio quando satisfaz dois requisitos: a unidirecionalidade – constância
de direção - e o progresso em relação aos objetivos. Esses dois requisitos exigem liderança e
comprometimento das pessoas. Além disso, a organização como um sistema aberto precisa
conciliar dois processos opostos, mas ambos imprescindíveis: Homeostasia – tendência do
sistema em permanecer estático ou em equilíbrio, mantendo inalterado o seu status quo
interno; Adaptabilidade – mudança do sistema no intuito de ajustar-se aos padrões requeridos
pelo ambiente externo, alterando o seu status quo interno para alcançar um novo equilíbrio.
Fronteiras ou Limites: é a linha que define o que está dentro e o que está fora do sistema ou
subsistema. Nem sempre existe fisicamente, ou é tangível. Muitas vezes depende do ponto
de vista subjetivo. Através da fronteira que existe a interface, que é a área ou canal entre os
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componentes de um sistema, onde a informação é transferida. A permeabilidade das fronteiras
define o grau de abertura do sistema em relação ao ambiente.
Morfogênese: capacidade do sistema de modificar a si próprio. A organização pode modificar
sua constituição e estrutura para corrigir e modificar uma situação.
Resiliência: capacidade de superar o distúrbio imposto por um fenômeno externo. O grau de
resiliência determina o grau de defesa ou de vulnerabilidade do sistema a pressões ambientais
externas.
Uma teoria distinta faz uma analogia aos seres vivos e diz que as organizações têm seis funções
principais inter-relacionadas:
a) Ingestão: adquirem ou compram materiais para processá-los de alguma maneira, como
os organismos vivos se alimentam para suprir outras funções e manter a energia.
b) Processamento: os materiais são processados havendo certa relação entre entradas e
saídas no qual o excesso é o equivalente a energia necessária para a sobrevivência da
organização (transformação em produtos).
c) Reação ao ambiente: as organizações reagem ao seu ambiente, mudando produtos,
processos ou estrutura.
d) Suprimento das partes: os participantes da organização são supridos de informações
para o trabalho e recebem recompensas - salários e benefícios.
e) Regeneração das partes: homens e máquinas devem ser mantidos ou recolocados –
manutenção e substituição.
f) Organização: administração e decisão sobre as funções.
Modelos de Organização
Schein
Propõe alguns aspectos que a teoria de sistemas considera na definição de organização:
1. É um sistema aberto, em constante interação com o meio para troca de energia.
2. É um sistema com objetivos ou funções múltiplas que envolvem interações múltiplas com o
meio ambiente.
3. É um conjunto de subsistemas em interação dinâmica uns com os outros.
4. Os subsistemas são mutuamente dependentes e as mudanças ocorridas em um deles
afetam o comportamento dos outros.
5. A organização existe em um ambiente dinâmico que compreende outros sistemas. O
funcionamento da organização não pode ser compreendido sem considerar as demandas
impostas pelo meio ambiente.
6. Os múltiplos elos entre a organização e seu meio ambiente tornam difícil a clara definição
das fronteiras organizacionais.
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Katz & Kahn
O modelo de organização como sistema aberto de Katz e Kahn apresenta quatro elementoschave:
1. Natureza dos Sistemas Sociais – são idealizados. Fatores psicológicos dão coesão aos
sistemas. As pessoas criam padrões estáveis de comportamento que são transmitidos e
mantidos.
2. Componentes – são três: o comportamento (papel) dos membros; as normas; os valores
que embasam os comportamentos.
3. Subsistemas – produtivos, de apoio, de manutenção, adaptativos e administrativos.
4. Relacionamento com o Ambiente – são estruturados de acordo com o ambiente e
dependentes de outros sistemas.
Para eles, as organizações como sistemas abertos caracterizam-se por:
1. Importação de energia – entrada ou recebimento de material e energia;
2. Transformação – processamento dos insumos;
3. Output – saída de certos produtos para o ambiente;
4. Ciclo de eventos – o padrão de atividades de troca de energia tem caráter cíclico;
5. Entropia negativa – (negentropia) – processo de obtenção de energia para combater o
processo entrópico, com a finalidade de manter-se indefinidamente. Entropia (positiva) é a
tendência que os sistemas têm para o desgaste, para desintegração, para o afrouxamento
dos padrões. A entropia caracteriza um sistema que não troca energias com o meio
ambiente e que, por isso, não sobrevive. Se a entropia tende a desorganização, é necessário
abrir o sistema e reabastecê-lo com energia e informações a fim de manter a sua existência.
A esse processo dá-se o nome de entropia negativa ou negentropia.
6. Feedback (input de informação) – retorno da informação, realimentação do sistema;
7. Estado firme e homeostase dinâmica – autorregulação para manter a estabilidade;
8. Diferenciação – a tendência de elaboração das estruturas e de substituir os padrões difusos
e globais por funções mais especializadas (diferenciadas);
9. Equifinalidade – capacidade de um sistema de alcançar, por vários caminhos diferentes, o
mesmo estado final.
10. Limites ou fronteiras - barreiras entre o sistema e o ambiente, que definem a esfera de ação
do sistema, bem como o seu grau de abertura (receptividade de insumos) em relação ao
ambiente.
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Katz & Kahn também propõem 4 tipos de organizações, cada uma com seu papel:
a) Organizações econômicas ou produtivas, relacionadas com o fornecimento de
mercadorias e serviços, entre as quais estão as empresas, inclusive as agrícolas.
b) Organizações de manutenção, relacionadas com a socialização e o treinamento das
pessoas que irão desempenhar papéis em outras organizações e na sociedade global.
Entre essas estão as escolas, qualquer que seja o seu nível, e as igrejas.
c) Organizações adaptativas, relacionadas com a criação de conhecimentos e com o
desenvolvimento de novas soluções para problemas. Organizações de pesquisa e
algumas universidades.
d) Organizações político-administrativas, relacionadas com a coordenação e o controle de
recursos humanos e materiais. O estado, os órgãos públicos em geral, os sindicatos e os
grupos de pressão estão nesse grupo.
Parsons
O procedimento adotado por Parson para analisar o sistema de ação social e seus subsistemas
é o chamado Paradigma AGIL: Adaptation – adaptação; Goal Attainment – alcançar objetivos;
Integration – integração; Latency - latência.
As duas primeiras funções (adaptação e atingimento de objetivos) dizem respeito à relação do
sistema com o respectivo ambiente; as outras duas (integração e latência) estão voltadas para
as relações internas sistema.
Em suma, para sobreviver ou manter um equilíbrio respeitoso com o seu ambiente, um sistema
deve se adaptar ao ambiente, atingir seus objetivos, integrar seus componentes e manter seu
modelo cultural latente.
•• Adaptation – adaptação: capacidade de se ajustar permanentemente às demandas o
ambiente; o sistema social deve se adaptar ao ambiente onde vive, recolher recursos,
armazená-los e, em contrapartida, contribuir para o ambiente com produtos próprios.
•• Goal-attainment – alcançar objetivos: capacidade de estabelecer metas / objetivos para o
futuro e de tomar decisões coerentes visando atingi-los.
•• Integration – integração: harmonia, coerência e coordenação entre os indivíduos e grupos
que compõem o sistema (fatores internos).
•• Latency - latent pattern maintenance – manutenção do padrão latente – é a manutenção
da cultura organizacional (dos modelos culturais), como forma de conservar o sistema e
superar eventuais conflitos. O sistema se sustenta e se reproduz, garantindo a continuidade
e transmissão de valores para novos participantes.
Trist
A perspectiva sociotécnica partiu da noção de sistema aberto na qual a organização é formada
por dois subsistemas: técnico – máquinas, equipamentos etc. –; social – indivíduos, grupos e
seus comportamentos capacidades, cultura etc.
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O comportamento das pessoas face ao trabalho depende da forma de organização desse
trabalho e do conteúdo das tarefas a serem executadas, e ambos os subsistemas devem ser
otimizados conjuntamente.
A base do trabalho sociotécnico está nos grupos semiautônomos (autorreguláveis e com certo
grau de autonomia), os quais se responsabilizam coletivamente frente às tarefas, definem o
arranjo do trabalho, fazem rotação de funções, têm autoridade para utilizar recursos e cooperam
mutuamente. Essas características trariam uma solução satisfatória para a sobrevivência das
organizações a ambientes turbulentos.
A tarefa primária da organização reside em sobreviver ao processo cíclico de:
1. Importação - aquisição de matérias-primas; 2. Conversão - transformação das importações
em exportações, ou seja, dos insumos em produtos ou serviços; 3. Exportação - colocação dos
resultados da importação e da conversão no mercado.
Características Básicas da Análise Sistêmica
As características da teoria administrativa baseada na análise sistêmica são:
•• Ponto de vista sistêmico: visualiza a organização como um sistema constituído de cinco
parâmetros básicos: entrada, processo, saída, retroação e ambiente.
•• Abordagem dinâmica: ênfase da teoria moderna sobre o dinâmico processo de interação
que ocorre dentro da estrutura de uma organização. Essa abordagem contrasta com a visão
clássica que enfatiza a estrutura estática.
•• Multidimensional e Multinivelada: considera a organização do ponto de vista micro e
macroscópico. A organização é micro quando considerada dentro de um ambiente maior
(nível da sociedade, comunidade ou país) e é macro quando se analisam as suas unidades
internas.
•• Multimotivacional: um ato pode ser motivado por muitos desejos ou motivos. As
organizações existem porque seus participantes esperam satisfazer vários objetivos através
delas.
•• Multidisciplinar: conceitos e técnicas de muitos campos de estudo, como a Sociologia,
Psicologia, Economia, Ecologia etc.
•• Descritiva: descreve as características das organizações e da Administração. Busca
compreender os fenômenos organizacionais enquanto as teorias mais antigas eram
normativas e prescritivas, preocupadas em sugerir o que fazer e como fazer.
•• Multivariável: assume que um evento pode ser causado por numerosos fatores que são
inter-relacionados e interdependentes.
•• Adaptativa: assume que a organização é um sistema adaptativo. Se uma organização
pretende permanecer viável e seu ambiente, ela deve continuamente adaptar-se aos
requisitos cambiantes do ambiente.
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Teoria Cibernética
Cibernética é a ciência da comunicação e do controle.
A comunicação cuida da circulação de informações entre o sistema e o ambiente e internamente
no sistema. É o que torna os sistemas integrados e coerentes.
O controle é que regula o seu comportamento.
A Cibernética busca a representação de sistemas originais por meio de outros sistemas
comparáveis, que são denominados modelos. Modelo é a representação simplificada de
alguma parte da realidade.
Os sistemas cibernéticos apresentam três propriedades principais:
•• são excessivamente complexos;
•• são probabilísticos;
•• são autorregulados;
Principais conceitos
•• Input: entrada.
•• Output: saída.
•• Caixa negra (black box): um sistema cujo interior não pode ser desvendado, cujos
elementos internos são desconhecidos e que só pode ser conhecido "por fora", através de
manipulações externas ou de observação externa.
•• Feedback: retorno, reavaliação.
•• Homeostasia: equilíbrio dinâmico obtido pela autorregulação.
•• Informação: conjunto de dados com um significado, ou seja, que reduz a incerteza ou que
aumenta o conhecimento a respeito de algo. Dado é um registro ou anotação a respeito de
um evento ou ocorrência.
•• Comunicação ocorre quando uma informação é transmitida a alguém, sendo então
compartilhada/compreendida também por essa pessoa.
•• Automação: é uma síntese de ultramecanização, super-racionalização (melhor combinação
dos meios), processamento contínuo e controle automático dos processos.
•• Tecnologia da Informação: o principal produto da Cibernética - representa a convergência
do computador com a televisão e as telecomunicações.
•• Sistemas de informação: sistemas específicos de busca, coleta, armazenamento, classificação
e tratamento de informações importantes e relevantes para o seu funcionamento.
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Crítica à Abordagem de Sistemas
A perspectiva sistêmica trouxe uma nova abordagem organizacional, uma nova maneira de ver
as coisas. Não somente em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque. O
enfoque do todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da integração
interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia.
Porém, a Teoria de Sistemas é demasiado abstrata e conceitual e, portanto, de difícil aplicação
a situações gerenciais práticas.
Outra dificuldade é em relação à homeostasia. O contínuo de ordem e desordem torna difícil
alcançar o equilíbrio organizacional.
A Teoria de Sistemas também utiliza o conceito do "homem funcional" em contraste com o
conceito do "homo economicus" da Teoria Clássica. O individuo comporta-se em um papel
dentro das organizações, executa uma função do sistema, ou seja, não é ele mesmo.
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