FACULDADE DE TECNOLOGIA IESVILLE - FATI CURSO DE LOGÍSTICA ANÁLISE DE VIABILIDADE DO CULTIVO DE GIRASSOL EM JOINVILLE PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL DARCI BISSONI GARCIA EDSON CAMPIGOTTO JOSIANE OHF RIBEIRO MICHELE SOARES DA ROCHA PROFESSOR: GILBERTO MAZZETI JUNIOR Joinville Dezembro/2007 DARCI BISSONI GARCIA EDSON CAMPIGOTTO JOSIANE OHF RIBEIRO MICHELE SOARES DA ROCHA ANÁLISE DE VIABILIDADE DO CULTIVO DE GIRASSOL EM JOINVILLE PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Trabalho de Conclusão de Disciplina apresentado ao Curso de Gestão de Logística Instituto de ensino Superior de Joinville – IESVILLE, como requisito parcial para obtenção do grau em Logística. Orientador: THOMAZ HENRIQUE THOMSEN Joinville Dezembro/2007 DARCI BISSONI GARCIA EDSON CAMPIGOTTO JOSIANE OHF RIBEIRO MICHELE SOARES DA ROCHA TCD ANÁLISE DE VIABILIDADE DO CULTIVO DE GIRASSOL EM JOINVILLE PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL TCD apresentado ao Curso de Gestão de Logística do Instituto de ensino Superior de Joinville – IESVILLE, aprovado pela banca examinadora Joinville, 03/12/2007. ______________________________ ______________________________ ______________________________ Joinville, Dezembro/2007 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, por ter nos dado a vida e proporcionado a conclusão desta etapa. Aos nossos familiares pelo apoio e ensinamentos. Ao nosso orientador Thomaz pela sabedoria e palavras de suma importância. Aos colegas de sala e demais professores por esses anos vividos. E às pessoas especiais que Deus colocou em nossas vidas unindo pelo amor, agradecemos pela paciência e incentivo à busca de nossos objetivos. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Processo de extração do Óleo ......................................................... 52 Figura 2: Processo de reação de Transesterificação ....................................... 54 Figura 3: Processo de produção do Biodiesel .................................................. 55 Figura 4: Selo de utilização da mistura de 2% de biodiesel em toda frota da empresa Transtusa ............................................................................ 58 Figura 5: Localização da Fundação Municipal 25 de Julho ............................. 66 Figura 6: Área onde será cultivado girassol na entre safra com o arroz ......... 68 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Levantamento de Safra .................................................................. 48 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Herbicidas registrados para a cultura do girassol. ......................... 37 Tabela 2: Herbicidas registrados para a cultura do girassol .......................... 41 Tabela 3: Tabela de espaçamento e densidade ............................................ 45 Tabela 4: Custo estimado atual da produção de girassol por hectare Tabela 5: (10.000m2), em Joinville. Dezembro de 2007 ................................. 69 Valores da saca comercializada pelo produtor em Joinville ........... 71 LISTA DE ANEXOS Anexo 1: QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA ELABORAÇÃO DO TCD .... 78 Anexo 2: CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE DADOS NA 83 PESQUISA ...................................................................................... SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................ 11 1 PESQUISA .................................................................................... 14 1. 2 ASSUNTO ..................................................................................... 14 1. 3 PROBLEMA .................................................................................. 14 1. 4 OBJETIVOS .................................................................................. 15 1. 4. 1 Objetivo Geral .............................................................................. 15 1. 4. 2 Objetivo Específico ..................................................................... 15 1. 4. 3 Justificativa .................................................................................... 15 BIODIESEL ................................................................................... 17 CULTIVO DO GIRASOL ................................................................ 26 CLIMA, SOLO E PREPARAÇÃO PARA PLANTIO ..................... 28 2 2. 1 3 3. 1 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS ......................................................... 28 3. 2 SOLO ........................................................................................... 30 3. 3 ESCOLHA DE ÁREA ................................................................... 31 3. 4 CORREÇÃO DA ACIDEZ ............................................................ 31 3. 5 PREPARO DO SOLO .................................................................. 32 3. 6 PLANTIO ....................................................................................... 35 3. 7 TRATOS CULTURAIS ................................................................... 35 3. 7. Controle de plantas daninhas ................................................... 35 3. 8 DOENÇAS E CONTROLE ............................................................ 38 3. 9 PRAGAS E CONTROLE .............................................................. 39 3. 10 RESÍDUO DE HERBICIDAS NA CULTURA DO GIRASSOL ....... 41 3. 11 ADUBAÇÃO ................................................................................. 41 3. 12 ÉPOCA DE SEMEADURA ........................................................... 43 3. 12. 1 Semeadura .................................................................................. 44 3. 12. 2 Espaçamento, profundidade e densidade ............................... 44 3. 13 COLHEITA .................................................................................... 45 COMERCIALIZAÇÃO ................................................................... 47 RENTABILIDADE DA CULTURA ................................................. 47 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL 49 4 4. 5 1 1 5. 1 5. 1. PROCESSO EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL ................... 1 49 ESTRUTURA COMPLETA E INVESTIMENTOS PARA TER UMA EMPRESA DE EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE SEMENTES DIVERSAS ................................................................................... 5. 2 6 6. 1 7 51 PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL – TRANSESTERIFICAÇÃO ............................................................. 53 VANTAGENS DO USO DO BIODIESEL ...................................... 56 BENEFÍCIOS E CUSTOS DOS BIOCOMBUSTÍVEIS ................. 56 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ............................................... 61 7. 1 PRINCIPAL ÓRGÃO MUNICIPAL APOIADOR DO PROJETO .... 64 7. 2 CULTIVO DO GIRASSOL NA REGIÃO DE JOINVILLE .............. 66 7. 3 CUSTOS DE PRODUÇÃO PARA O AGRICULTOR SEM PARCERIAS ................................................................................ 68 69 7. 4 AUXÍLIO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL 25 DE JULHO ............... 7. 5 RENDIMENTO, COLHEITA E ARMAZENAGEM DA PRODUÇÃO ................................................................................ 70 COMERCIALIZAÇÃO DA COLHEITA .......................................... 71 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 72 REFERENCIAS ................................................................................................... 74 ANEXOS .............................................................................................................. 77 ANEXO 1: QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA ELABORAÇÃO DO TCD ......... 78 7. 6 ANEXO 2: CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE DADOS NA PESQUISA ........................................................................................................... 83 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Devido a grande preocupação com problemas ambientais gerados em função da emissão de gases poluentes, o mundo tem se voltado para a possibilidade do uso de combustíveis alternativos ao petróleo e seus derivados. Entre eles, o biodiesel, um combustível obtido de fontes renováveis, tais como óleos e gorduras vegetais e animais, por ser biodegradável não tóxico e possuir baixa concentração de substâncias aromáticas e cancerígenas, recebe o título de “combustível ecológico”. Surge então como uma alternativa aparentemente muito positiva por diversos fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida. Utilizado como combustível, o biodiesel pode substituir o óleo diesel em motores de combustão sem a necessidade de ajustes, praticamente sem redução de desempenho e quase zero emissão de enxofre. Essas razões vêm despertando cada vez mais o interesse em muitos países na introdução do uso do biodiesel como fonte de energia alternativa. O fato de que atualmente o biodiesel vem ganhando cada vez mais espaço, não é motivo para ser tratado como uma descoberta inovadora. Como será demonstrado no decorrer deste trabalho, registros indicam o funcionamento de motores e veículos com utilização de óleos vegetais em diversas fases da história a partir do início do século dezenove, quando um motor fabricado para funcionar com óleo diesel operou com óleo vegetal extraído de amendoim, exposto na mais famosa feira da época (Feira de Paris – 1900), sem que ninguém imaginasse tal façanha. Com a retomada de força do biodiesel nos últimos anos, surge a necessidade de alternativas de matéria-prima para a produção do combustível, que no Brasil são muitas e nas mais variadas regiões devido à extensão territorial e às condições climáticas. O Brasil oferece exploração de biomassa com fins alimentícios, químicos e energéticos. Para o biodiesel, as oleaginosas (mamona, soja, dendê, babaçu e girassol) oferecem matéria-prima de qualidade para obtenção do produto, lembrando que em virtude das condições geográficas, cada região possui opções diferenciadas de produção. Neste trabalho, que é uma pesquisa qualitativa exploratória, veremos que na região Sul do país, o óleo que é extraído da semente de girassol demonstra ser 12 uma excelente alternativa para a geração de biodiesel, pois a plantação se adapta perfeitamente as condições do clima e do solo. O cultivo do girassol na região de Joinville pode ser extremamente benéfico tanto na questão ambiental quanto social para a população. A cadeia produtiva do cultivo do girassol funciona através do processo da fotossíntese, onde a plantação captura o gás carbônico existente na atmosfera para se desenvolver. Além de servir como base para a produção de um combustível menos prejudicial ao meio ambiente, o grão do girassol também é utilizado como fonte alimentar, sua flor beneficia a produção de mel, e o restante da planta serve como excelente adubo orgânico e ração animal. O girassol como oleaginosa tem se desenvolvido nas diversas regiões brasileiras, e devido às particularidades agronômicas, ou seja, sua resistência a fatores abióticos, adaptação, ciclo reprodutivo, época de semeadura e a crescente demanda do setor industrial e comercial, a cultura do girassol tem se constituído em uma importante alternativa econômica em sucessão a outras culturas produtoras de grãos, uma vez que os atuais sistemas agrícolas, que utiliza rotação restrita de cultura, são caracterizados pelos altos custos de produção e problemas fotossanitários. Segundo Embrapa 2002, o girassol permite um melhor aproveitamento da estrutura de produção de áreas ociosas e máquinas agrícolas, já que pode ser cultivado na entressafra, após a colheita da cultura de verão. Ao se aproveitar a adaptabilidade do cultivo de girassol nas diversas regiões brasileiras para a produção de biodiesel, ameniza-se o déficit energético do país e promove-se o avanço tecnológico, a inclusão social e o desenvolvimento sustentável, uma vez que nas diretrizes do governo federal dá-se ênfase ao pequeno produtor. O presente trabalho traz a perspectiva do desenvolvimento de biodiesel à base de óleo bruto de girassol. O propósito é estudar suas características gerais de plantio, acrescentado toda preparação do solo, adubação e colheita, também as doenças observadas afetando a cultura do girassol no Brasil, sua comercialização desde a venda das sementes até a produção para biodiesel e os custos aderidos em todo o processo. Outro fator que será levado em consideração, é que o cultivo de girassol poderá ser uma alternativa viável de geração de renda extra para os agricultores em Joinville. Devido ao fato de que o cultivo ocorrerá no período de entressafra do 13 cultivo do arroz, não haverá a necessidade de maiores investimentos e nenhum risco em afetar a qualidade do solo para plantações futuras de arroz, além da venda garantida da produção. O presente trabalho tem por finalidade analisar a viabilidade do plantio de girassol em Joinville para a produção de biodiesel, trazendo dados sobre o plantio e cuidados com a cultura do girassol. 14 1 PESQUISA Análise de viabilidade do cultivo de girassol em Joinville para produção de biodiesel. O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Fundação Municipal 25 de Julho de Joinville, que forneceu informações sobre os planos do Governo Federal e também incentiva a cultura do girassol na região. 1.2 ASSUNTO Analisar a viabilidade do cultivo de girassol em Joinville, verificando a necessidade de propagação das informações para conservação do meio ambiente utilizando o biodiesel. Trazer ao conhecimento de todos os benefícios gerados com o cultivo do girassol na região agrícola de Joinville. 1.3 PROBLEMA Atualmente, a região agrícola de Joinville necessita de desenvolvimento para que no futuro tenhamos o homem no campo para garantir nosso sustento. Com os atrativos que as cidades oferecem, os agricultores estão migrando cada vez mais, e por isso verificou-se a necessidade de expandir novas alternativas para a agricultura. Com a chegada de uma nova alternativa de cultivo na região, está havendo resistência por parte dos agricultores, pois há dúvidas se esta será ou não uma alternativa viável, com receio de tornarem-se adeptos ao novo cultivo, estão deixando de lado essa oportunidade de crescimento e desenvolvimento. 15 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo Geral A produção comercial do biodiesel no mercado nacional gerou uma alta demanda por questões sobre sua cadeia produtiva, tornando público as várias alternativas para que seja gerado o combustível biodegradável. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo geral realizar um estudo sobre a produção deste combustível renovável, os benefícios que proporcionam ao meio ambiente focando uma das alternativas para matéria-prima, o cultivo do girassol como fonte de produção para a geração do biodiesel. 1.4.2 Objetivo Específico Proporcionar conhecimento do cultivo do girassol como matéria-prima para a produção do biodiesel, os benefícios proporcionados ao meio ambiente, à região agrícola e o impacto no desenvolvimento sustentável onde está sendo realizado o cultivo para a produção desse combustível alternativo, na cidade de Joinville, região norte de Santa Catarina. 1.4.3 Justificativa Atualmente o mundo tem se voltado para as questões ambientais, e a preocupação com o aquecimento global tem gerado muitas alternativas para a utilização de combustíveis de fontes renováveis. Em agosto de 2007 o Jornal “A Notícia” de Joinville publicou uma reportagem onde divulgava o plantio do girassol na cidade como matéria-prima para a produção de um combustível renovável, o biodiesel. Esta reportagem fez com que a atenção se voltasse para esse tipo de 16 cultivo para o determinado fim, pois informava que o plantio do girassol estaria trazendo viabilidades econômicas para a região rural da cidade de Joinville e que a colaboração para o meio ambiente seria importante. Verificando a necessidade de divulgar essa informação, o presente trabalho traz dados que serão apresentados, como o apoio do governo para a sobrevivência do homem no campo que é de vital importância, pois as alternativas de combustíveis renováveis estão surgindo, e o país precisa de produtores rurais para realizar este trabalho, viabilizando a produção do biodiesel, promovendo a conservação do meio ambiente e alertando as pessoas para se voltarem a este assunto, que está tomando dimensões maiores a cada ano. 17 2 BIODIESEL Os principais poluentes nas emissões de automóveis são os movidos a monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio (NOx). O CO é formado pela combustão incompleta do combustível no motor, quando não há combustível suficiente. As emissões de hidrocarbonetos resultam da gasolina não queimada, ou seja, um carro polui o ambiente mesmo quando não está funcionando. Conforme explicado por Hinrichs e Kleinbach (2003, p.203), os controles iniciais de poluição por meio de modificações nos motores se concentravam em minimizar as emissões de CO e hidrocarbonetos pela melhoria da combustão. Isto foi feito utilizando combustíveis mais limpos e aumentando a temperatura da combustão, então, a medida que o biodiesel é usado as emissões de gases nocivos diminuem. Conforme Knothe (2006) biodiesel é um combustível produzido a partir de fontes renováveis, pois deriva de óleos vegetais e pode ser produzido de uma grande variedade de matérias-primas. Estas matérias-primas incluem a maioria dos óleos vegetais (p.ex., óleos de soja, amendoim, girassol, entre outros), e gorduras de origem animal e óleos de descarte como óleos de fritura (OUF). No dossiê técnico elaborado por Bill Jorge Costa e Sonia Maria Marques de Oliveira do Instituto de Tecnologia do estado do Paraná (2006) afirmam que biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc.) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. É de consenso comum utilizar-se de uma nomenclatura bastante apropriada para identificar a concentração do biodiesel na mistura. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100. Sendo assim, biodiesel BX é uma mistura biodiesel/diesel, na qual X é a percentagem em volume do primeiro. Assim, B20, por exemplo, é uma mistura de 20% em volume de biodiesel e 80% de diesel mineral; B100 é o biodiesel puro. Knothe (2006, p 5) citando Rudolf Diesel, afirma que não é de hoje que os óleos vegetais e gorduras animais são analisados como uma fonte de geração de combustível para motores do ciclo diesel. Ao decorrer dos anos de 1.900, óleos vegetais já vinham sendo utilizados em máquinas a diesel com sucesso. 18 Knothe conta que durante a Exposição de Paris (1.900), uma companhia francesa denominada “Otto” demonstrou o funcionamento de um pequeno motor a diesel com óleo e amendoim. Esta experiência foi tão bem sucedida que apenas alguns dos presentes perceberam as circunstâncias em que a situação havia sido conduzida. O motor que foi construído para consumir petróleo operou com óleos vegetais sem qualquer alteração. Foi observado também, que o consumo de óleo vegetal resultou em um aproveitamento do calor, literalmente idêntico ao do petróleo. O governo francês da época imaginou a possibilidade de utilizar amendoim (ou noz-da-terra) para a produção de energia, já que esta planta era produzida em grandes quantidades nas colônias africanas e poderia ser facilmente cultivada em território francês, possibilitando que as colônias e suas indústrias viriam a ser supridas de energia empregando seus próprios recursos, sem a exigência de qualquer importação de carvão ou qualquer combustível líquido. Infelizmente esta questão não evoluiu, devido às mudanças políticas no ministério francês, mas a idéia foi lançada, ficou provado que os motores a diesel poderiam então trabalhar com o óleo vegetal sem maiores dificuldades. Rudolf Diesel naquela época já tinha consciência da utilização e benefícios que os óleos derivados de vegetais gerariam para os dias atuais, sendo assim argumenta: [...] Experimentos similares foram igualmente realizados em São Petersburgo com óleo de mamona e óleos animais, que também apresentaram excelentes resultados como o óleo de locomotivas. O fato de que os óleos vegetais possam ser utilizados com facilidade parece ser relativamente insignificante para os dias de hoje, mas estes óleos podem talvez, se tornarem importantes no futuro. Em 1.938 foram divulgados trabalhos realizados na Bélgica e em sua antiga colônia, o Congo Belga (conhecido com Zaire por muito tempo depois da independência) que merece reconhecimento muito maior do que aquele que tem recebido na literatura internacional. Aparentemente a patente belga 422.877, concedida aos 31 de agosto de 1.937 ao pesquisador G. Chavanne (Universidade de Bruxelas, Bélgica), representa o primeiro relato do que hoje é conhecido como 19 biodiesel. Chavanne descreve o uso de óleo de palma como combustível análogo ao petrodiesel. Na década de 40, o óleo de palma foi comumente citado como fonte de combustível diesel, apesar da grande biodiversidade de matérias-primas disponíveis para este fim. Nesta época a maioria dos países europeus, tais como: Bélgica, Itália e Reino Unido já haviam demonstrado algum interesse no desenvolvimento de combustíveis derivados de óleos vegetais, refletindo esta ansiedade pela conquista de uma maior independência energética. Em 1942, um extenso relatório técnico publicado sobre a produção e utilização do óleo de palma descreve o que deve ter sido o primeiro teste de campo com um ônibus urbano movido a biodiesel. O ônibus serviu uma linha comercial de transporte de passageiros entre Bruxelas e Louvaina durante o verão de 1938. O desempenho do ônibus que operou com o biodiesel foi relatado como satisfatório. Foi observado que a diferença de viscosidade entre os ésteres e o diesel convencional foi consideravelmente menor do que aquela relativa ao óleo vegetal de origem. Os óleos vegetais também foram usados como combustíveis de emergência durante a Segunda Guerra Mundial. Por exemplo, o Brasil proibiu a exportação do óleo de algodão, porque este produto poderia ser utilizado para substituir as importações do óleo diesel, podendo suprir as necessidades internas e para auxiliar parceiros na Guerra. Por precaução, com o aumento descontrolado do uso de derivados do petróleo, durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos incentivaram o desenvolvimento de projetos sobre o uso de misturas binárias na Universidade Estadual de Ohaio. Nestes projetos, foi estudado o uso dos óleos de caroço de algodão, milho e misturas destes com o óleo diesel convencional. Investigadores na Índia, imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, expandiram as suas pesquisas a dez novos tipos de óleos vegetais para o desenvolvimento de combustíveis domésticos. Essas pesquisas surgiram um efeito na economia mundial, pois tão logo depois de divulgadas essas possibilidades, os preços internacionais do barril de petróleo atingiram níveis mais acessíveis no mercado. Hinrichs e Kleinbach (2003) dizem que atualmente o consumo mundial do petróleo tende a crescer. Em 1998, o consumo diário mundial total era de 74 milhões 20 de barris por dia, dos quais 25% foram consumidos somente nos Estados Unidos (aproximadamente 51% desse petróleo foi importado). Além de consumir mais do que qualquer outro país, os Estados Unidos São o segundo maior produtor, ficando abaixo somente da Arábia Saudita. Entretanto os Estados Unidos têm apenas 2% da reservas mundiais conhecidas, que são suficientes para somente mais sete anos, se for utilizada da forma atual. Embora estes números oscilem, e considerando que novas reservas possam ser descobertas nos Estados Unidos, esse tempo de vida do petróleo não deverá aumentar por isso o grande interesse dos Estados Unidos no biodiesel fabricado no Brasil. Além de ser totalmente compatível com o diesel de petróleo e praticamente todas as suas propriedades, o biodiesel ainda apresenta várias vantagens adicionais em comparação com o combustível fóssil: - É derivado de matérias-primas renováveis de ocorrência natural, reduzindo assim nossa atual dependência sobre os derivados do petróleo e preservando as suas últimas reservas. - É biodegradável. - Gera redução nas principais emissões presentes nos gases de exaustão (com exceção dos óxidos de nitrogênio, NOx). - Possui um alto ponto de fulgor, o que lhe confere manuseio e armazenamento mais seguros. - Apresenta excelente lubricidade. - Isento de enxofre Costa e Oliveira (2006) afirmam que o uso do biodiesel não causa nenhum dano aos componentes e, portanto, não requer qualquer modificação nos motores. Ao contrário, ajuda no processo de lubrificação, diminuindo custos com manutenção e reparos freqüentes. O biodiesel possui uma combustão de maior qualidade, aproveitando melhor seu conteúdo energético, de modo que seu consumo específico é equiparado ao do diesel. Além disso, testes de aplicabilidade demonstraram que não há redução significativa na potência do motor, e pode ser utilizado puro nos motores a diesel. O biodiesel já vem sendo utilizado nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Na Alemanha, inclusive existem bombas de 21 combustível nos postos exclusivamente para biodiesel puro, permitindo que usuário faça uso dele da forma que lhe convier: puro ou misturado com óleo diesel em diferentes proporções. Mas no Brasil isso não ocorrerá a não ser em casos especiais, como por exemplo, do uso de B100 em motores estacionários para a geração de energia elétrica. Uma questão central relacionada com a queima de combustíveis fósseis é a possibilidade de mudanças climáticas globais e em larga escala causadas pelos crescentes níveis de dióxido de carbono e outros gases estufa na atmosfera superior. Hinrichs e Kleinbach (2003) afirmam que mais de cinco bilhões de toneladas de carbono são anualmente adicionados à nossa atmosfera pela combustão de combustíveis fósseis. Porém, as perspectivas, segundo os especialistas, são ilimitadas. Hoje, os investimentos para a comercialização do biodiesel estão cada vez mais visíveis. Tudo isso, porque já que existe a possibilidade da escassez do petróleo e o grande impacto ambiental da queima de combustíveis fósseis se tornaram as maiores preocupações do mundo inteiro. Hinrichs e Kleinbach (2003, p. 218) descrevem também que as evidências indicam que à medida que continuamos a queimar combustíveis fósseis, liberamos gases nocivos em nosso planeta, que podem elevar a temperatura da Terra em pelo menos alguns graus e potencialmente modificar o clima do planeta inteiro. Áreas agrícolas férteis podem se transformar em deserto, ao mesmo tempo em que desertos podem florescer. Áreas costeiras podem ser afetadas pela elevação do nível do mar, obrigando a migração de milhares de pessoas, superlotando determinadas regiões. Um dos problemas relacionados com estes experimentos massivos é que talvez não sejamos capazes de reverter essa situação, mas podemos conscientizar a humanidade para desacelerar o aquecimento global. Em um livro de Expedito José de Sá Parente (2003), o Senador Alberto Tavares Silva argumenta: “A verdade está posta, o uso do biodiesel é uma certeza, cabendo a cada brasileiro, principalmente àqueles que têm o poder de decisão, unir suas forças numa sinergia do fazer para o bem do nosso Brasil”. 22 Segundo Gerpen (2006), para termos uma diretriz a seguir, em dezembro de 1997, 167 nações se reuniram no Japão, sob a coordenação das Nações Unidas, para construir o que ficaria conhecido como o “Protocolo de Kyoto”. Este documento foi a primeira tentativa internacional de legalmente estabelecer limites para as emissões de gases estufa pelos países desenvolvidos. O protocolo estabelece como meta a redução, até 2008-2012, da emissão combinada de gases estufa pelos países desenvolvidos em 5% (cinco por cento) como relação ao nível das emissões ocorridas em 1990. Entretanto, o protocolo de Kyoto não estabelece limites para as emissões feitas pelos países em desenvolvimento. Em 1990 aproximadamente 83% das emissões de gases foram liberados pela queima de combustíveis fósseis, as ações para reduzir estas emissões certamente terão um impacto significativo sobre os mercados energéticos, pois os preços terão que aumentar para que o controle dessas emissões sejam efetuadas. Segundo Hinrichs e Kleinbach (2003, p.24) espera-se que o custo da energia elétrica gerada pela queima de carvão e a proporção da quantidade gerada de combustíveis renováveis aumentem, afirmam também que o crescimento das sociedades industrializadas tem sido sustentado pela existência de recursos abundantes e baratos, e que o progresso foi atingido pelas inovações das pesquisas e tecnologia aplicada enquanto havia disponibilidade desses recursos energéticos para fazer o trabalho. Mas atualmente com a globalização da economia, de alguma forma o cenário está revertido, e a disponibilidade de recursos irá ditar o progresso e os nossos estilos de vida. O processo será acelerado – décadas ao invés de séculos. A era da energia barata foi deixada para trás e teremos que mudar nossas atitudes, independentemente do caminho escolhido. Gerpen (2006, p.19) fez um estudo e analisou que nos Estados Unidos, veículos de transporte rodoviário movidos a diesel consomem mais de 30 bilhões de galões de combustível por ano, gerando um significativo grau de poluição na camada de ozônio, e diz que praticamente todo esse consumo é devido à frota de caminhões. Mas esse cenário pode ser revertido se o combustível fóssil for substituído pelo combustível de fonte renovável, assim a contribuição para a preservação do meio ambiente terá gradativamente um aumento, e a conscientização da humanidade para este assunto, pois na formação das sementes, o gás carbônico do ar é absorvido pela planta, realizando a fotossíntese. 23 Em seu livro Hinrichs e Kleinbach (2003, p.190) alertam que a poluição é de preocupação mundial e afirmam: Para a maioria dos países em desenvolvimento, o crescimento industrial é uma prioridade. A poluição e seu efeito sobre o meio ambiente estão longe de ser uma preocupação prioritária. Entretanto, os problemas ambientais estão se tornando grandes demais para que sejam ignorados. A poluição ácida pode ser mais mortífera em países em desenvolvimento do que nos países industrializados. Baseados nestes fatos históricos, atualmente, questões de segurança nacional retornaram a exaurir uma importante influência sobre as decisões para o uso de combustíveis derivados de óleos vegetais, apesar dos aspectos ambientais, (principalmente a redução de emissões de gases poluentes) o biodiesel traz também uma nova alternativa para renda das famílias de agricultores, o que gera impulso para a tomada desta opção tecnológica e inovadora. Um outro assunto que preocupa é a crescente migração do homem do campo para as grandes cidades, pois o cultivo de alimentos estará comprometido se não houver estímulos para que o agricultor continue seu trabalho. Na Revista Brasileira de Bioenergia (2007, p. 17) foi publicada uma entrevista onde Alckmin mostra-se ciente desse assunto e ressalta que se isso acontecer, a emissão de gases será ainda maior, pois haverá superlotação nas áreas urbanas, gerando um déficit nas regiões rurais, em decorrência disso, o cultivo de plantas não será suficiente para que seja realizada a fotossíntese e a economia do país estará comprometida. Com a crescente urbanização e deslocamento dos empregos para o setor de serviços, o transporte tende a aumentar. Até 2030, o setor de transporte será, no mundo, o principal emissor de gases de efeito estufa, ultrapassando a geração térmica de eletricidade. Além disso, as reservas de petróleo mundiais estão concentradas em países geopoliticamente instáveis e estão se exaurindo rapidamente com a exploração desenfreada. Diante desse cenário, e inegável que o petróleo não pode mais ser responsável por atender a demanda crescente de combustíveis no mundo. É preciso desenvolver e investir em alternativas mais limpas e viáveis para a geração de 24 energia e combustível, que beneficiam tanto as nações desenvolvidas como as em desenvolvimento, pois é de interesse mundial que a atenção seja voltada a essa alternativa. Hinrichs e Kleinbach (2003, p.190) comentam que as emissões de CO2 na China têm causado grande preocupação no Japão, onde se acredita que as lavouras de arroz e a indústria de pesca estejam sofrendo prejuízos. Estudos indianos indicam que suas próprias emissões de gases nocivos irão reduzir a produção agrícola naquela nação. Prejuízos nas lavouras frutíferas e de grãos já têm sido observados nos Estados orientais da Índia. Hinrichs e Kleinbach (2003) ainda comentam que no Brasil não é nenhuma novidade que a agricultura é desenvolvida. A extração de recursos naturais, o cultivo de lavouras e o fornecimento de matérias-primas foram moldando a economia do país ao longo dos anos. O clima diversificado, as chuvas regulares, o solo fértil, a disponibilidade de água e a inigualável biodiversidade, mão-de-obra qualificada, além da possibilidade de se plantar em áreas temperadas e tropicais, foram condições favoráveis que contribuíram para que o Brasil tivesse uma capacidade enorme para a produção do biodiesel, realizando estudos no país, sabese que hoje é possível extrair biodiesel em pelo menos quatorze tipos de oleaginosas. Há muito vem se falando nessa possibilidade, mas só agora com o impacto ambiental que está sendo discutido internacionalmente é que os benefícios desse combustível renovável se tornaram de conhecimento para a maioria dos brasileiros, e até no exterior. Sabe-se que o biodiesel trará benefícios ambientais, mas também será fundamental para o desenvolvimento sustentável da região agrícola da cidade de Joinville e proximidades, que é o tipo de desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas. Ele implica a proteção dos sistemas naturais necessários para alimentação e combustível, simultaneamente à expansão da produção para satisfazer as necessidades de uma região. Produtos gerados dentro de uma região para proporcionar melhoria na comunidade e para o meio ambiente são denominados de Ecodesenvolvimento, que conforme Montibeller (2004, p.147) consiste em desenvolver uma região baseado em suas próprias potencialidades, portanto endógeno, sem gerar dependência externa, tendo por finalidade minimizar os problemas relacionados à harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento, com uma gestão 25 ecologicamente viável, preservando os recursos naturais disponíveis. Sendo assim, deixando bem claro que as preocupações com os aspectos sociais e ambientais estão no mesmo grau dos econômicos, possuindo uma posição ética fundamental, voltado para as necessidades sociais que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida da população e, com o cuidado de preservar o meio ambiente. Montibeller (2004) cita Sachs (1981) para melhor entender a necessidade de assegurar a qualidade de vida: “Trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e das gerações futuras a possibilidade de se desenvolver”. O biodiesel é geralmente considerado como uma alternativa ambientalmente correta. Pode ser pensado como um coletor de energia solar que opera sob o CO2 e água através do processo de fotossíntese. A fotossíntese captura a energia da luz solar e produz um hidrocarboneto, isto é, óleo vegetal. O CO2 é usado pela planta na produção de material orgânico, e, então liberado no processo de combustão quando o combustível é utilizado por um motor diesel. A fotossíntese é conduzida por vários organismos diferentes, variando de plantas até bactérias. A energia para o processo é fornecida pela luz, que é absorvida por pigmentos, como a clorofila e os carotenóides. Assim, através do processo da fotossíntese, energia da luz solar é convertida em um combustível líquido que, com algum processamento adicional, pode ser utilizada para alimentar um motor diesel. Este processo requer um elemento principal: a terra para o cultivo. A semente deve ser plantada sobre uma área ampla, portanto, para ser economicamente viável, deve competir vantajosamente com outros cultivos que o proprietário da terra possa decidir cultivar para o fim da produção do biodiesel. Os óleos vegetais têm o potencial necessário para ser utilizado como um substituto do combustível diesel do petróleo. Das mais de 350 plantas oleaginosas conhecidas, o girassol está entre os maiores tipos que apresentam um grande potencial para a produção de biodiesel. O desenvolvimento desses óleos como um combustível alternativo, poderá tornar possível o fornecimento de energia para a agricultura a partir de recursos renováveis localizados em áreas próximas ao local onde ela poderá ser utilizada. Levando em consideração o interesse pelo combustível de fonte renovável e os benefícios que trariam para a população, esta hipótese tem novamente assumido grande importância nos dias de hoje com estas diretrizes, mas também é de grande importância para a preservação do meio ambiente. 26 Verificando a necessidade de desenvolvimento da região agrícola de Joinville, percebeu-se que esta teria grande potencial para o cultivo do girassol para a produção do biodiesel, colaborando assim com os pequenos agricultores da região e com a conscientização para o uso do biodiesel que é menos nocivo ao meioambiente. No capítulo a seguir, mostraremos a área onde está sendo o cultivo do girassol, clima exigido, solo e preparação para plantio. 2.1 CULTIVO DO GIRASSOL Segundo a Embrapa1 , o girassol (Helianthus annus L.) pertence à família Compositae. Procede originalmente da América do Norte (Sul dos Estados Unidos e México). Cultivada em várias partes do mundo e apresenta atualmente aproximadamente 18 milhões de hectares plantados. O girassol é uma planta anual com ciclo vegetativo (semeadura-colheita) dependendo da precocidade do cultivo oscilando e das entre 90 condições e de 120 dias, ambiente, principalmente a temperatura, a cultura do girassol tem boa resistência à seca e ao frio, podendo ser usada com vantagem como segunda cultura. O rendimento de grãos na lavoura de girassol pode atingir e ultrapassar 2500 kg/ha, com a tecnologia nacional atualmente disponível. Em áreas experimentais há registro de rendimentos superiores a 3000 kg/ha. Sua produção mundial ultrapassa 20 milhões de toneladas anuais de grãos. Há registros que no Brasil o estado de Roraima é o que tem a melhor cultura de girassol, 3.500kg por hectare, 46% de teor de óleo e a colheita acontece em 80 dias corridos. O girassol é uma fonte importante de óleo comestível, pode ser utilizado como alimento humano ou na fabricação de margarina de alta qualidade e farinha semelhante à do trigo e de milho. Além disso, ainda pode ser utilizado na alimentação animal e na produção de mel durante o período de floração. O girassol constitui-se em uma boa alternativa de geração de renda pela comercialização dos 1 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 27 grãos, principalmente à extração do óleo, sendo, hoje, também utilizado em projetos de matéria-prima para a indústria de biodiesel. Verificando a No Brasil, a cultura vem crescendo em área e produção, sendo que a área não passava a 5 mil hectares, há poucos anos chegou a 90.000 hectares na safra 2000/2001. 28 3 CLIMA, SOLO E PREPARAÇÃO PARA PLANTIO 3.1 EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS Segundo a Embrapa, a cultura do girassol é pouco exigente em calor, desenvolvendo-se em ampla faixa de temperatura. Como outras culturas, são sensíveis à geada, que danifica sua folhagem e provoca chochamento de grãos quando ocorre na época do florescimento. Há, entretanto, materiais resistentes à geada, que não sofrem a queima de folhas nem o chochamento de grãos. Temperaturas elevadas na fase de formação e maturação das sementes podem acarretar redução no seu teor de óleo, mas o desenvolvimento e a produção de girassol requerem bom suprimento de água no solo no período que vai da germinação das sementes ao início do florescimento. Após a formação dos grãos a cultura é favorecida por período seco. O girassol é uma cultura que se adapta bem a diversos ambientes, podendo tolerar temperaturas baixas e períodos de estresse hídrico. A germinação é inibida com temperaturas do solo inferiores a 4ºC, mostrando-se satisfatória com valores superiores a 8 a 10ºC. Temperaturas baixas durante a germinação retardam a emergência e induzem a formação de plântulas2 pequenas. As plantas podem suportar temperaturas baixas por curto período, principalmente nos estágios iniciais. Porém, temperaturas extremamente baixas durante o desenvolvimento inicial podem causar deformação das folhas e danificar o ápice da planta, provocando algumas anomalias, como ramificação do caule. O maior efeito visual da temperatura dá-se sobre a taxa de desenvolvimento, originando plantas menores, com menor área foliar e, conseqüentemente, menor potencial produtiva. Temperaturas baixas aumentam o ciclo da cultura, atrasando a floração e a maturação. Quando ocorrem após o início da floração, podem afetar significativamente o rendimento. 2 Embrião contido na semente, que começa a desenvolver-se pela germinação 29 Temperaturas altas prejudicam o desenvolvimento da planta principalmente em condições de baixa disponibilidade hídrica. A faixa de temperatura de 8 a 34ºC é tolerada pelo girassol sem redução significativa da produção, indicando adaptação a regiões com dias quentes e noites frias. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento situa-se entre 27 a 28ºC. Temperaturas elevadas durante a formação dos grãos afetam mais seriamente a composição de ácidos graxos que o conteúdo de óleo. Verifica-se uma forte correlação negativa entre o teor do ácido linoléico e o aumento de temperatura. Temperaturas acima de 35ºC reduzem o teor de óleo. As necessidades hídricas do girassol ainda não estão perfeitamente definidas, existindo informações que indicam desde menos de 200 mm até mais de 900 mm por ciclo. Entretanto, na maioria dos casos, 500 a 700 mm de água, bem distribuídos ao longo do ciclo, resultam em rendimentos próximos ao máximo. O consumo de água pela cultura do girassol varia em função das condições climáticas, da duração do ciclo e do manejo do solo e da cultura. Solos bem preparados e/ou com alta capacidade de armazenamento de água permitem à planta tolerar maiores períodos sem chuva e/ou irrigação. O girassol tem baixa eficiência no uso da água. Cada litro de água consumido produz menos de dois gramas de matéria seca. Porém, em condições de déficit hídrico, esta eficiência aumenta em torno de 20% a 50%. Seu sistema radicular profundo e bem desenvolvido lateralmente e sua capacidade de manutenção da fotossíntese mesmo em condições adversas permitem tolerar curtos períodos de seca, assegurando algum rendimento em condições onde outras espécies nada produzem. A necessidade de água do girassol vai aumentando com o desenvolvimento da planta, partindo de valores ao redor de 0,5 a 1 mm/dia durante a fase de semeadura à emergência, atingindo um máximo de 6 a 7 mm/dia na floração e enchimento de grãos, decrescendo após este período. Uma adequada disponibilidade de água durante o período da germinação à emergência é necessária para a obtenção de uma boa uniformidade na população de plantas. As fases do desenvolvimento da planta mais sensíveis ao déficit hídrico são: a) Início da formação do capítulo ao começo da floração: afeta mais o rendimento de grãos. 30 b) Formação e enchimento de grãos: afeta mais a produção de óleo. É a fase de maior consumo de água pelo girassol. De uma forma bastante prática, a fase mais crítica ao déficit hídrico é o período compreendido entre cerca de 10 a 15 dias antes do início do florescimento e 10 a 15 dias após o final da floração. Com relação à reação da planta ao fotoperíodo, o girassol é classificado como espécie insensível. Entretanto, algumas variedades comportam-se como plantas de dia curto e outras como de dia longo. 3.2 SOLO Os solos mais indicados para a produção de girassol são os de textura média, profundos, com boa drenagem, razoável fertilidade e pH de moderadamente ácido a neutro; superior a 5,2 (determinação em CaCl2). Solos leves ou pesados podem também ser usados se não houver impedimento para o desenvolvimento do sistema radicular. Solos com acidez elevada ou acentuada pobreza química não devem ser usados para o cultivo do o girassol sem a correção dessas deficiências. Conforme a Embrapa, o cultivo do girassol apresenta características de adaptabilidade a diversas regiões, sendo uma opção aos sistemas agrícolas implantados de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos. Nesses sistemas, o estudo do arranjo de plantas é imprescindível para indicar o espaçamento e a população a ser utilizada em cada região que permitirão ao girassol obter o mais rápido desenvolvimento e cobertura do solo e também a máxima produtividade de grãos por área. Além das exigências da cultura, no entanto, também é necessário considerar as culturas já estabelecidas na região e o arranjo de plantas tradicionalmente utilizado, pois a adequação do girassol ao sistema de produção atual pode facilitar a expansão da cultura por dispensar a necessidade de regulagem de máquinas para a sua implantação. 31 3.3 ESCOLHA DE ÁREA Na escolha da área, a Embrapa indica que o girassol é tido como planta rústica e que se adapta bem a vários tipos de solo. Entretanto, o mais correto é dar preferência aos solos corrigidos, profundos, férteis, planos e bem drenados, para que as raízes desenvolvam-se normalmente. Essas características da área de cultivo possibilitam melhor desenvolvimento do seu sistema radicular, permitindo a exploração de grande volume de solo e, desta forma, conferindo maior resistência à seca e ao tombamento, proporcionando maior absorção de água e nutrientes e, conseqüentemente, maior rendimento. Escolha da área deve conter: - pH de 5,2 a 6,4 (CaCl2) - área plana - solo profundo - estruturado - fértil - bem drenado - unidades maiores que 15 ha 3.4 CORREÇÃO DA ACIDEZ O girassol é uma planta sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintomas de toxidez em pH menor que 5,2 (CaCl2). Nessas condições, o crescimento do girassol é drasticamente afetado pela restrição do desenvolvimento do sistema radicular, diminuindo, conseqüentemente, a resistência à seca e ao acamamento, comprometendo severamente o efeito da adubação e aumentando, assim, a incidência de doenças. Esses fatores levam, finalmente, à redução da produção de grãos. 32 Apesar do comportamento diferenciado dos genótipos em relação ao pH do solo, o girassol é bastante sensível ao alumínio tóxico. Em pH maior que 5,2 (CaCl2), normalmente, o alumínio não deve mais estar em níveis tóxicos, o que seria extremamente prejudicial ao desenvolvimento e à produção da cultura do girassol. 3.5 PREPARO DO SOLO O preparo da área, dependendo do tipo de semeadura que irá ser empregada, pode ser o convencional ou o direto. Um bom preparo é aquele que, de acordo com as características de cada solo, permite uma germinação uniforme e rápida e um enraizamento profundo, possibilitando melhor aproveitamento da água e dos nutrientes e conferindo, assim, maior sustentação e tolerância aos períodos de seca. I. Preparo convencional Basicamente, os princípios do preparo do solo são os mesmos praticados para a maioria das culturas, com ênfase para a profundidade de trabalho do solo, face às características morfológicas do girassol. Envolve os seguintes passos: - incorporação: a incorporação superficial dos restos vegetais deve ser feita imediatamente após a colheita do cultivo anterior ao girassol. Para tanto, na colheita mecânica, utilizar o picador de palha bem regulado para distribuição uniforme da palha sobre o solo, facilitando a operação; - aração: feita com arado de disco ou de aiveca, com o objetivo de romper a camada compactada, sendo o segundo mais eficiente. Este procedimento possibilita melhor incorporação dos restos vegetais, reduzindo a incidência de pragas e doenças e a emergência das plantas daninhas, além de aumentar a capacidade de captação e 33 retenção de água. Como opção ao preparo convencional, deve-se adotar a rotação de implementos de preparo, o que possibilita diferentes condições e profundidade de trabalho no solo, evitando-se a formação de camada compactada abaixo da linha de preparo, que ocorre quando o mesmo implemento é usado continuamente; - nivelação: os objetivos da nivelação são: corrigir a superfície de aração, incorporar herbicidas PPI (pré-plantio incorporado) e preparar a cama de semeadura. A nivelação deve ser feita com um mínimo possível de operações de gradagem leve. II. Semeadura direta A semeadura direta é um sistema de exploração agropecuária onde a mobilização do solo é realizada apenas na linha de semeadura, tendo como objetivo manter o solo coberto com resíduos vegetais, acarretando menores perdas de solo por erosão, além de ser uma operação mais rápida. Neste aspecto, assume grande importância nas semeaduras de safrinha, onde esse período é bastante curto. O principal problema que pode existir com a semeadura direta, particularmente nos solos argilosos, é o possível desenvolvimento de camada compactada, dificultando ou mesmo impedindo o crescimento normal do sistema radicular e a sustentação das plantas. Outro problema que pode existir é a possibilidade de infecção por fungos fitopatogênicos existentes na palhada do cultivo anterior. Assim sendo, recomenda-se que, ao optar pela semeadura direta, seja verificada a existência de camada compactada, bem como, sua profundidade e espessura, além da acidez do solo. No caso de solos compactados, o rompimento dessa camada pode ser efetuado, com eficiência, através do preparo convencional, com aração à maior profundidade, subsolagem, escarificação ou outro manejo mais adequado ao tipo de solo e a disponibilidade de implemento, e deve ser realizado até a profundidade imediatamente abaixo da camada de impedimento, no cultivo que antecede a semeadura do girassol. Nesse momento, também deve ser feito, caso necessário, a correção da acidez. 34 Finalmente, a semeadura direta não deve ser encarada como uma prática possível de ser aplicada em todos os tipos de solos, como aqueles degradados, compactados, ácidos e infestados de plantas daninhas, sem estar vinculada a um conjunto de ações planejadas, objetivando que o agricultor tenha tempo de se familiarizar com o novo sistema de semeadura e praticar as operações corretivas necessárias, anteriores à sua efetiva instalação. Na região agrícola de Joinville, a semente de girassol é plantada na entre safra do plantio de arroz, utilizando o mesmo espaço para o cultivo. Considerando a conservação do solo, o arroz e o girassol não utilizam as mesmas propriedades para se desenvolverem, têm o mesmo período de cultivo, que são em média de 90 a 120 dias, sendo assim, podem ser cultivado um após a colheita do outro. Para o plantio do girassol, o terreno é preparado com aração profunda (25 a 30 cm) e gradeações. Essas operações são efetuadas após a limpeza do terreno, pois é plantado após a colheita do arroz. A última gradeação realizada pouco antes do plantio contribui para o controle das ervas daninhas. Após a última gradeação o terreno deverá estar livre de ervas, de torrões e com a sua superfície uniforme. Nos solos ácidos, que requerem calagem, a quantidade de calcário recomendada com base na análise de terra deve ser usada. Essa quantidade é calculada para elevar o índice de saturação por bases para 70%. O calcário comum é aplicado sessenta dias, no mínimo, antes do plantio e o calcário semicalcinado com a antecedência de um mês. O calcário pode ser incorporado ao solo com grade comum antes da aração e posteriormente incorporado mais profundamente com a aração. Pode também ser aplicado em duas vezes; metade da dose antes da aração e a outra metade após a aração. A forma mais comum de fazer a calagem tem sido a aplicação do calcário de uma só vez após a aração e antes das gradeações. Nessa forma de aplicação, o calcário fica pouco distribuído no perfil do solo. Produção elevadas de girassol geralmente dependem da adubação química, que deve ser usada de acordo com a recomendação estabelecida mediante análise de terra. Na adubação química, são aplicados no plantio 10 kg de N por hectare e o total das doses de fósforo e de potássio. O restante do nitrogênio é aplicado em cobertura trinta dias após a emergência das plantas. Na falta da análise de terra, podem ser usados no plantio 200 kg por hectare da fórmula 5-25-25 ou a quantidade de qualquer outra fórmula que forneça 35 doses correspondentes de N, P2O5 e K2O. Em cobertura poderão ser aplicados 20 kg/ha de N. Quando a acidez do solo é corrigida pela calagem, é necessário misturar ao adubo aplicado em cobertura oito quilos de ácido bórico por hectare, e antecipar a adubação em cobertura de 30 dias para 20 dias após a emergência das plantas. 3.6 PLANTIO Segundo a Embrapa, em São Paulo, o plantio de girassol abrange o período de setembro a março, destacando-se duas épocas: a da primavera, a partir de meados de setembro, e a de verão, com início em fins de dezembro. A época mais favorável para o plantio situa-se entre fins de dezembro e meados de fevereiro. O espaçamento de plantio de girassol pode variar de 60 cm a 90 cm entre linhas e de 30 cm a 40 cm entre as sementes na linha. Para materiais de porte médio, o espaçamento de 70 cm entre linhas apresenta bons resultados. O espaçamento de 80 cm.tem sido empregado para a mecanização da colheita com colhedeiras de milho adaptadas. A profundidade de plantio recomendada é de 3 cm a 5 cm,.estabelecida a profundidade ela deve ser mantida constante em toda a operação de plantio para evitar falhas na linha. A semeadura é realizada quando o solo esta com bom teor de umidade. As sementes de girassol têm forma oblonga3, sendo por isso difícil sua distribuição uniforme com os dosadores de sementes das semeadoras usadas em outras culturas. É, portanto, necessário usar dispositivos distribuidores de sementes específicos para o girassol para manter sua semeadura uniforme obter uniformidade na semeadura é de particular importância porque há acentuada concorrência entre as plantas do girassol quando há excessos de plantas na linha. 3.7 TRATOS CULTURAIS 3 Mais comprido do que largo 36 3.7.1 Controle de plantas daninhas O controle de plantas daninhas visa manter a cultura limpa, principalmente, durante o período mais crítico de competição com as invasoras, que, para o girassol, são, aproximadamente, os primeiros 30 dias após a emergência, quando apresenta um crescimento lento. Após esse período, o crescimento do girassol é acelerado, com grande aumento do volume foliar, competindo de forma eficiente com as invasoras. Em função dos diferentes espaçamentos entrelinhas que podem ser adotados nas lavouras de girassol, aqueles maiores deverão receber especial atenção, devido à existência de maior área passível de infestação com plantas daninhas. Através da ação direta da competição por água, luz e nutrientes, de ações indiretas como hospedeiras de pragas e doenças e, muitas vezes, de ações alelopáticas, as plantas daninhas ocasionam reduções na produtividade. Esse fenômeno, que agrega os fatores diretos e indiretos, é caracterizado como interferência. As plantas daninhas também podem ocasionar sérios problemas no momento da colheita, principalmente se a mesma for mecanizada e a cultura destinar-se à produção de sementes. Em um sistema de produção sustentado, um dos fatores mais importantes é a manutenção da população de plantas daninhas em nível de baixa infestação. Para evitar a proliferação excessiva, o produtor deve manejar os restos culturais ao terminar a colheita da safra, evitando a produção de sementes das plantas daninhas. O último objetivo do manejo integrado está diretamente ligado ao método químico utilizado. Herbicidas, dependendo das propriedades físico-químicas e da forma como são utilizados, podem ser uma fonte de contaminação do meio ambiente. Produtos voláteis poderão contaminar o ar, produtos lixiviáveis4 poderão atingir o lençol freático e produtos fortemente adsorvidos aos sedimentos poderão atingir depósito de águas superficiais através da erosão superficial do solo. 4 Produtos concentrados com solução de sódio ou potássio 37 Sendo assim, para atingir os objetivos, o usuário deve conhecer os métodos de manejo a ser empregados e assegurar-se de assistência técnica adequada. I. Controle mecânico de plantas daninhas O controle mecânico através do uso de enxada e principalmente de cultivadores (tracionados por animal ou trator) ainda é um dos métodos mais comuns do controle de plantas daninhas. O uso de tratores depende da fase de desenvolvimento das plantas, podendo ser feito, de modo geral, até os 30 dias após a emergência. Nesse período, além do controle de invasoras, pode-se aproveitar a operação para fazer a adubação de cobertura. II. Herbicidas para o manejo de plantas daninhas na semeadura direta Para instalar o sistema de semeadura direta, sempre há a necessidade de manejar os restos culturais e as plantas daninhas, através de métodos e equipamentos mecânicos como o rolo faca, o picador de palha, ou a roçadeira ou, ainda, através da dessecação com herbicidas de manejo. Os principais herbicidas (princípios ativos e doses) recomendados para essa finalidade estão listados na tabela 1, a seguir: 1,2 5. Sulfosate Nome comum 1. Paraquat 1 0,48 a 0,96 Dose i.a. (kg/ha ou l/ha) 0,3 a 0,6 Para infestação mista de gramíneas e Observações folhas largas em estádio de desenvolvimento superior ao item 2, Para infestantes no início do podendo, em algumas espécies, ir até desenvolvimento. Gramíneas com o início de florescimento. menos de dois a três perfilhos. Deficiente no controle de capim Para infestação mista de gramíneas e colchão. folhas largas resistentes ao Para infestação dede gramíneas e Glyphosate, em mista estádio folhas largas em estádio desenvolvimento superiorde ao item 2, desenvolvimento superior a do item 1. podendo, em algumas espécies, ir até o início de florescimento. 6. Glyphosate + 2,4-D 3 0,48 + 0,64 a 0,84 + 1,12 2. Paraquat + Diuron 1 0,6 a 0,9 31 3. 7. Glufosinate 2,4-D éster 0,4 0,6 a a 0,6 0,8 Para gramíneas e Para infestação infestação mista poucode desenvolvida folhas largas em estádio de de folhas largas. desenvolvimento superior ao item 2, podendo, em algumas espécies, ir até o início de florescimento. 0,4 a 0,6 Para infestação mista de gramíneas e folhas largas em estádio de desenvolvimento superior ao item 2, podendo, em algumas espécies, ir até o início de florescimento. 4. Glyphosate 1,2 Tabela 1. Herbicidas registrados para a cultura do girassol. Fonte: EMBRAPA 38 3.8 DOENÇAS E CONTROLE A expansão da cultura do girassol, segundo a Embrapa, também pode ser prejudicada pela ocorrência de doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. O girassol é hospedeiro de mais de 35 microrganismos fitopatogênicos, sendo os fungos a maioria e os mais importantes, que podem levar à redução significativa do rendimento e da qualidade do produto. A importância dessas doenças depende, entre outros fatores, das condições climáticas, intimamente relacionadas com a época de semeadura, que favorecem a ocorrência, a infecção e a disseminação dos patógenos, além das características genéticas dos cultivares utilizados. No girassol, as doenças ocorrem com maior intensidade a partir do florescimento. Várias doenças já foram observadas afetando a cultura do girassol no Brasil. Entre elas, a mancha de Alternária, causada pelo fungo Alternaria helianthi, e a podridão branca, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, são as mais importantes. A mancha de Alternária, que afeta folhas, haste e capítulo, parece ser a doença predominante em todas as épocas de semeadura nas diferentes regiões de cultivo, tornando-se mais severa em condições de alta temperatura e umidade. S. sclerotiorum causa podridão do colo da planta e do capítulo e ocorre principalmente em condições de temperatura amena e alta umidade, o que praticamente inviabiliza o cultivo de girassol, como cultura comercial, no período de outono na região Sul do país. Em certos casos, algumas doenças como a ferrugem (Puccinia helianthi), a podridão da base (Sclerotium rolfsii), a mancha preta da haste (Phoma oleracea var. helianthi-tuberosi), a mancha cinzenta da haste (Phomopsis helianthi) e a podridão cinzenta do capítulo (Botrytis cinerea), entre outras, também podem provocar danos significativos. A principal doença da lavoura de girassol encontrada em São Paulo e Paraná é a Mancha de Alternária, doença fúngica que se caracteriza por pequenas pontuações necróticos de coloração castanha a negra, de forma arredondada ou angular, com cerca de 3 a 5mm de extensão, e talo de cor amarela em torno da lesão. A ferrugem, outra doença fúngica cujo agente causal é o fungo Puccinia helianthi já causou sérios prejuízos à produção paulista. Os materiais atualmente 39 utilizados têm apresentado tolerância à ferrugem, deixando essa doença de ser um risco para a produção. Nos plantios tardios (abril), realizados em regiões úmidas e frias, ocorre a podridão de Sclerotínia, que se caracteriza por uma camada de micélio branco sobre o caule das plantas, escleródios no seu interior e podridão nos capítulos. O agente causal dessa doença é o fungo Selerotína Sclerotiorum. Não há produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura para o controle de doenças do girassol. As medidas de controle são culturais, destacandose a rotação de culturas e o emprego de sementes sadias. 3.9 PRAGAS E CONTROLE A Embrapa alerta para as principais pragas que atacam o girassol, em diferentes épocas, são a vaquinha (Diabrotica speciosa), a lagarta preta (Chlosyne lacinia saundersii) e os percevejos (Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros). Outros insetos, embora possuam potencial de dano à cultura, geralmente ocorrem em populações baixas e apenas ocasionalmente chegam a causar danos maiores. Neste grupo, pode ser citados o besouro do capítulo (Cyclocephala melanocephala), formigas, principalmente as saúvas (Atta spp.), e a lagarta rosca (Agrostis ipsilon). O ataque de vaquinhas pode ocorrer em várias fases de desenvolvimento do girassol. Entretanto, quando ocorre um ataque severo nas primeiras semanas após a emergência, o controle deve ser efetuado, sendo que, via de regra, apenas uma aplicação de inseticida é suficiente. Nos estádios mais avançados, os danos são minimizados pelo grande volume de folhagem produzida pela cultura do girassol, não sendo necessário seu controle. A lagarta preta tem hábito gregário e ocorre inicialmente em reboleiras nas bordaduras, podendo causar desfolha intensa das plantas, em alta intensidade populacional. Sua abundância estacional é variável em função das diferentes épocas de plantio, característica para cada região. Se o ataque ocorrer na fase vegetativa de desenvolvimento das plantas, mesmo em nível elevado de desfolha, a produção será pouco afetada. Entretanto, face à possibilidade de aumento da 40 população e reinfestação da lavoura, principalmente em plantios efetuados em diferentes épocas, os danos poderão ser significativos, visto a dificuldade de aplicação de inseticidas a partir dessa fase. Se a desfolha ocorrer a partir da fase final de enchimento de grãos, com as folhas mais jovens iniciando a senescência5, a perda de área foliar provocada pela desfolha não afetará a produção. O rendimento de aquênios é mais afetado quando a desfolha ocorre no florescimento, nas fases em que 50% e 75% das flores do capítulo estão abertas, sendo também significativamente afetado com a desfolha ocorrendo na fase de formação do botão floral. Sendo assim, o primeiro passo para seu controle será o monitoramento da lavoura, observando os focos de ataque que realmente justifiquem o seu controle e, nesses pontos, efetuar a aplicação de inseticidas. Os percevejos podem causar danos às plantas de girassol e afetar seriamente a produção, quando ocorre um ataque severo, a partir da fase de floração inicial até a fase de final de florescimento. Os insetos afetam preferencialmente a região de inserção do capítulo, onde sugam a seiva, podendo ocasionar a murcha e a perda do capítulo em formação. Nesta fase, o controle é bastante dificultado, pela impossibilidade de entrada de máquinas convencionais, tendo em vista ao porte elevado das plantas. Vale apenas lembrar que, durante o florescimento, deve ser evitada a aplicação de inseticidas, por causa das abelhas, importantes para a polinização. Se a aplicação for necessária, fazer a operação nas primeiras horas da manhã, ou no final da tarde, utilizando produtos menos tóxicos às abelhas e aos inimigos naturais. O controle destas pragas no Brasil restringe-se aos métodos químicos. Sendo assim métodos alternativos de controle devem ser pesquisados, dentre os quais podem ser citado o que se utiliza de resistência de plantas, normalmente considerado o método ideal de controle. Como a maioria das aplicações de inseticidas na cultura do girassol são realizadas visando o controle da praga, a obtenção de cultivares resistentes a esse tipo de peste proporciona sensível redução no uso de defensivos nessa cultura. Na tabela 2 estão descritos os herbicidas mais utilizados no cultivo do girassol: 5 Velhice 41 Nome comum Época de aplicação Observações Trifluralin Pré-plantio incorporado Gramíneas e várias folhas largas anuais. Incorporar 5 a 7 cm de profundidade imediatamente ou no máximo até 8 horas após a aplicação. Alachlor Pré-emergência Gramíneas e algumas folhas largas anuais. Pouco eficaz em alta infestação de capim marmelada. Aplicar em solo úmido bem preparado. Sethoxydim Pós-emergência Gramíneas anuais e perenes. Aplicar com as gramíneas no estádio de dois a quatro perfilhos, conforme as espécies. Tabela 2. Herbicidas registrados para a cultura do girassol. Fonte: EMBRAPA 3.10 RESÍDUO DE HERBICIDAS NA CULTURA DO GIRASSOL Para a Embrapa, nas condições de safrinha, devido ao intervalo entre a aplicação de um herbicida em uma cultura e a semeadura da cultura em sucessão ser mais curto que nos casos normais de rotação de culturas, inúmeros casos de injúrias químicas podem ocorrer, devido ao efeito residual do princípio ativo do herbicida. O girassol é sensível a diferentes grupos de herbicidas, destacando-se as triazinas e as imidazolinonas, em função do grande uso nas culturas que antecedem o girassol (soja e milho). Sendo assim, evitar a semeadura do girassol em áreas onde as imidazolininas foram aplicadas no cultivo anterior e, naquelas onde houve a aplicação de triazinas, esperar 150 dias, no mínimo, para se proceder a semeadura do girassol. 3.11 ADUBAÇÃO A Embrapa indica que o principal período onde ocorre maior taxa de absorção de nutrientes e crescimento mais acelerado da planta de girassol é da fase imediatamente após a formação do botão floral até o final do florescimento. Neste período, também é grande o consumo de água pelas plantas, sendo, 42 portanto, importante o suprimento adequado de nutrientes para que o girassol possa expressar todo seu potencial produtivo. Entretanto, é necessário haver disponibilidade de nutrientes desde o início do crescimento, para o estabelecimento normal da cultura. Conforme a Embrapa, a principal ferramenta como ponto de partida para a decisão das doses mais indicadas de fertilizantes é a análise de solo. Com base na análise do solo e nas produções dos cultivos anteriores, que são bons indicativos da fertilidade do solo, aplicar de 40 a 60 kg/ha de nitrogênio, de 40 a 80 kg/ha de P2O5 e 40 a 80 kg/ha de K2O. É indicado o parcelamento da dose de nitrogênio, colocando-se 30% na semeadura e o restante até 30 dias após a emergência das plantas, principalmente em solos com textura arenosa. Vale apenas lembrar que, em condições normais, após esse período, as plantas desenvolvem-se rapidamente, dificultando ou mesmo impedindo a entrada de máquinas na lavoura. Outro problema que pode existir é a capacidade do parque de maquinário em executar a operação em tempo hábil, bem como a possibilidade de ocorrência de chuvas no período, atrasando ou mesmo impedindo a adubação de cobertura, com sérias conseqüências à produção. O girassol é sensível a níveis baixos de boro no solo, apresentando, com freqüência, nas principais regiões agrícolas do país, sintomas de deficiência desse elemento, principalmente nas fases de florescimento e maturação. Os sintomas mais comuns e de mais fácil percepção aparecem nas folhas jovens, capítulos e caules. As folhas jovens têm o crescimento reduzido, ficam deformadas e pálidas, evoluindo para a coloração amarronzada, tornando-se finalmente espessas e quebradiças. Nos capítulos, os sintomas podem aparecer desde o início da formação ou mais tardiamente. Geralmente são pequenos, podendo ser deformados ou com a região central com grãos chochos. Apesar de poder apresentar boa aparência e bom diâmetro, o capítulo pode, ainda, ser menor que o normal, com falhas no enchimento e, conseqüentemente, menor número de aquênios e/ou menor peso de aquênios. No caule, principalmente em situações de estresse hídrico, aparecem pequenos cortes transversais, logo abaixo da inserção dos capítulos, que pode quebrá-lo, podendo os capítulos ficar presos ao caule ou provocando sua queda total. Essa deficiência ocorre, com mais freqüência, em solos onde foram efetuadas aplicações de doses elevadas de calcário, em solos com baixos teores 43 de matéria orgânica e em solos arenosos, e também em períodos de seca. Para a prevenção da deficiência de boro, recomenda-se a aplicação de 1,0 a 2,0 kg/ha do elemento, juntamente com a adubação de base ou com a adubação de cobertura, principalmente nas áreas onde já foi detectada a sua deficiência. O girassol extrai grandes quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio do solo. Entretanto, grande parte destes nutrientes retorna ao solo, após a colheita, através da palhada (folhas, caule, capítulos), além das raízes. Essa grande extração, inclusive em camadas mais profundas do solo, e a posterior reposição dos nutrientes é, além de outras, uma das explicações para o melhor desenvolvimento e produção da maioria das culturas que sucedem o girassol, que se beneficiam dessa mobilização de nutrientes. 3.12 ÉPOCA DE SEMEADURA A época de semeadura é de fundamental importância para o sucesso da cultura do girassol, orienta a Embrapa. É bastante variável e depende, principalmente, das características climáticas de cada região. Sendo assim, a época ideal de semeadura é aquela que permite satisfazer as exigências das plantas nas diferentes fases de desenvolvimento, reduzir os riscos do aparecimento de doenças, especialmente após o florescimento, e assegurar uma boa colheita. Na condução do cultivo do girassol, é importante o conhecimento do comportamento das fases de desenvolvimento da planta. Da emergência até em torno de 30 dias (aparecimento do botão floral), o crescimento é lento, consumindo pouca água e nutrientes. A partir desse período até o final do florescimento, o crescimento é rápido, aumentando o consumo de água e de nutrientes. Outro fator a ser considerado é o enquadramento do girassol nos sistemas de rotação e sucessão de culturas, visto a boa capacidade do girassol de aproveitamento dos resíduos das adubações dos cultivos anteriores, aumentando a capacidade do aproveitamento do solo, do parque de maquinários e dos fatores de produção e a rentabilidade das propriedades agrícolas. Com informações da Embrapa e com base nas experiências acumuladas até o momento, as épocas mais indicadas para cultivo, são: 44 Goiás: Janeiro a 15 de Fevereiro Paraná: Agosto a meados de Outubro Rio Grande do Sul: 15 de Julho a Agosto São Paulo: Fevereiro e Março 3.12.1 Semeadura A preparação adequada do solo é condição básica para uma semeadura de boa qualidade. A operação de semeadura deve ser iniciada tão logo o solo esteja acomodado, bem estruturado, isento de torrões e de plantas daninhas e com um teor de umidade adequada. Outro pré-requisito básico é a utilização de genótipos de elevado potencial genético, indicados pela pesquisa para as diversas regiões, além de sementes calibradas e de boa qualidade e sanidade. Na semeadura do girassol, são utilizadas semeadoras de milho/soja. A melhor uniformidade de semeadura é normalmente conseguida com a utilização das semeadoras pneumáticas de precisão. As semeadoras com sistemas "dedo a dedo" ou de disco podem ser usadas com bons resultados. A semeadora "dedo-a-dedo" é mais eficiente do que a de disco, além desta última ser mais sensível ao tamanho e à uniformidade das sementes. Se houver opção para a utilização de diferentes cultivares, para melhor planejamento da colheita, semear primeiramente os cultivares de ciclo mais longo. Visando propiciar melhor arejamento da área e reduzir os riscos de ocorrência de doenças, se possível, fazer a semeadura no sentido dos ventos dominantes. 3.12.2 Espaçamento, Profundidade e Densidade Em cultivos comerciais, o espaçamento deve variar entre 70 e 90 cm, dependendo do conjunto de equipamentos disponíveis, tanto para a semeadura como para a colheita. Sugere-se o espaçamento de 80 a 90 cm quando forem empregadas, na operação de colheita, plataformas de milho adaptadas para a 45 colheita de girassol e 70 cm quando forem empregadas plataformas de soja adaptadas. A profundidade de semeadura, levando-se em conta as características do solo, varia de 4 a 5 cm. Na semeadura rasa, a secagem superficial do solo pode comprometer a germinação das sementes, enquanto que a semeadura profunda ocasiona demora na emergência, sobretudo quando há formação de crostas na superfície do solo, além de aumentar os riscos de ocorrência de pragas e doenças. Segunda a Embrapa, a densidade ótima de semeadura é decisiva no rendimento da cultura, devendo variar, em cultivos comerciais, entre 40.000 e 45.000 plantas/ha. Na determinação da quantidade de sementes a ser utilizada, além do poder germinativo, deve-se considerar os possíveis danos causados pelos pássaros e outros animais silvestres, insetos, efeito depressivo de herbicidas e qualidade do preparo do solo. Para obter a densidade escolhida, em função do cultivar e da época de semeadura, deve-se corrigir o poder germinativo para 100% e contar com uma reserva de 15% a 30%, dependendo das condições anteriormente mencionadas. A seguir tabela 3 demonstra espaçamento e densidade: Espaçamento (cm) Número/10m População Entrelinhas Entre plantas Sementes* Plantas (plantas/ha) 70 36 44-39 28 40.000 70 31 49-44 32 45.000 80 31 50-45 32 40.000 80 28 56-50 36 45.000 90 28 56-50 36 40.000 90 25 63-57 40 45.000 Tabela 3. Tabela de espaçamento e densidade Fonte:EMBRAPA * Número de sementes por 10 metros, para obtenção da população final, considerando: poder germinativo de 85% a 95%, respectivamente, com reserva de 25% para as perdas totais. 3.13 COLHEITA 46 A colheita pode ser totalmente mecanizada ou semi-mecanizada, conforme indicado pela Embrapa. Ela é realizada 100 a 130 dias após a emergência das plantas, quando o capitulo está com coloração castanha. O teor de umidade dos grãos para o armazenamento é de 11%, podendo o girassol ser colhido com 14% de umidade para posterior redução da umidade a 11%. A mecanização total da colheita é obtida com a adaptação de plataformas em colhedoras automotrizes de cereais. Em Joinville essa adaptação tem sido feita em colhedoras de arroz, que inclusive, são utilizadas na mesma área de plantio, havendo minimização de custos com maquinário para esse processo. A colheita semi-mecanizada também é semelhante a do arroz. Os capítulos são colhidos e amontoados junto à batedeira estacionária para a operação de trilha. Após a trilha, o girassol contém muita impureza e precisa passar por processo de limpeza (ventilação) para redução do seu teor de impureza a 4%, ou ao teor requerido pelo comprador. A limpeza dos grãos é operação indispensável para a obtenção de boa qualidade do óleo que será retirado para a produção do biodiesel. Realizada a colheita e a limpeza para a redução das impurezas, o girassol já está pronto para ser comercializado. No capítulos a seguir veremos como atualmente é a feita a comercialização do girassol cultivado na entre safra. 47 4 COMERCIALIZAÇÃO Segundo a CONAB6 (2007), o girassol é destinado à alimentação de pássaros, cosméticos ou as indústrias de óleo, dependendo do tipo de material usado no plantio, como o nosso propósito é o plantio para a fabricação de biodisel, todas as diretrizes acima seguem para o cultivo para este fim. Sendo assim, o girassol destinado às indústrias de óleo tem cotação em torno de 200 dólares por tonelada. 4.1 RENTABILIDADE DA CULTURA Conforme a CONAB (2007), a introdução de uma nova cultura em um sistema produtivo depende da disponibilidade de tecnologia que assegure sua produção, sua capacidade de inserir-se na cadeia agro-alimentar e sua rentabilidade econômica. Dados atuais demonstram que nesses dez últimos anos a produção de girassol vem se destacando, segundo o quinto levantamento de safra, feito pela CONAB, no mês de fevereiro deste ano, prevê um crescimento considerável para a produção de grãos girando em torno de 28,2% se comparado com a safra de 2006/07, que passou de 93,6 mil/t para 120,0 mil/t. O gráfico 1 demonstra essa elevação na produção de girassol nos últimos dez anos, somente para fins de combustível renovável. 6 Companhia Nacional de Abastecimento 48 Gráfico 1. Levantamento de Safra Fonte: CONAB Fev. 2007 Os resultados provenientes dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos no país demonstram a existência de um importante acervo de tecnologias que garante o desenvolvimento da produção do girassol, para diferentes regiões brasileiras, em condições muito favoráveis em termos de seu rendimento físico por hectare. Sendo assim, a pesquisa teórica sobre o cultivo do girassol para a produção do biodiesel define-se nos capítulos anteriores, bem como a história do Biodiesel no mundo. No próximo capítulo conheceremos sobre a extração do óleo de girassol para que o biodiesel seja produzido. 49 5 PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL 5.1 PROCESSO EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE GIRASSOL Segundo a Scott Tech, que é a empresa que faz a extração do óleo de girassol para a produção do biodiesel, para obter o óleo antes de iniciar o processo de extração é preciso descascar as sementes deixando aproximadamente 7% a 10% de cascas aderidas à poupa ao que permite ao óleo escorregar dentro da massa prensada. As cascas eliminadas são geralmente utilizadas como combustível para caldeiras, ração para animais e fertilizantes. As sementes precisam estar bem secas para extração do óleo, portanto o primeiro passo é a secagem, sendo assim: - Secadoras: Desenvolvida a partir de um novo conceito de operação e tratamento de matérias prima que necessitem de secagem, cozimento ou mistura. Com design único que possibilita operações de carregamento e descarregamento pela parte frontal da secadora, possibilitando assim controle total do equipamento mediante painel de comando. Como opções de fontes de energia térmica oferecem a queima de gases GLP, Natural e Biogás ou ainda eletricidade proveniente da rede elétrica ou geradores. Modelos conforme demanda: SMR – 450 – capacidade 30Kg/h SMR – 600 – capacidade 70Kg/h SMR – 920 – capacidade 150Kg/h SMR – 920-2 – capacidade 400 Kg/h SMR – 1200-3 – capacidade 1200 Kg/h SMR – 1500-3 – capacidade 1500 Kg/h – sementes de maior tamanho. Ex: Andiroba e a Palma. Caso seja uma quantidade em massa necessite de mais ar quente para superar a demanda, então é utilizado o gerador para ajudar no procedimento. 50 Gerador de ar quente: A linha de geradores de ar quente é disponível como um produto, extremamente versátil e altamente confiável e pode ser incorporado a diversos equipamentos que necessitam de insuflamento7 de ar aquecido como fornos, estufas, túneis de encolhimentos e secadoras. A semente tem que estar bem seca para iniciar o processo de extração do óleo, a semente é prensada e a liberação do óleo vai para a filtragem enquanto os bagaços se encaminham para outros aproveitamentos. Extratoras de óleo: Sistema radial tubular – ERT- consiste em um novo conceito de extração por prensagem continua, desenvolvido e patenteado pela Scott Tech, que aperfeiçoa o rendimento, minimiza tempos de parada e evita diversos problemas comuns no processo de extração. Após a prensagem o bagaço moído é riquíssimo e pode ser utilizado para adubo ou passar por um processo de aquecimento e moagem para ser feito ração animal. Modelos conforme demanda. ERT 60 – capacidade 60 Kg/h – pequeno produtor. ERT 100 – capacidade 150 á 200 Kg/h – média produção. ERT 125 – capacidade 200 á 400 Kg/h – Indústrias. ERT – 1200 – capacidade 1200 Kg/h – Grandes proporções. O óleo depois de extraído contém diversas impurezas e para ser encaminhado a se misturar com o diesel precisa estar limpo de qualquer sujeira, portanto passa pela filtragem, este é o último processo sendo logo após lançado para um reservatório ou tanques de armazenamento. Filtragem e Periféricos: A filtragem consiste em um conjunto constituído de filtro construído em aço, com elemento filtrante interno, garantindo a não contaminação do óleo durante o processo, com este sistema, o elemento filtrante tem baixo custo de substituição e garante o correto descarte, sem contaminação do meio ambiente, a base deste conjunto é construída em aço carbono e recebe pintura em epóxi de alta resistência. 7 Encher de ar 51 Os periféricos ou tanques de decantação suportam de 100 á 50.000 litros aquecidos ou não, que podem ser confeccionados de aço carbono, aço inoxidável, polietileno ou PVC, os reservatórios podem ser posicionados nas posições vertical ou horizontal, pintura epóxi de alta resistência para garantir o armazenamento de 05 (cinco) dias de produção assegurando a qualidade do óleo estocado e sem perigo de contaminação. 5.1.1 Estrutura Completa e Investimentos para ter uma Empresa de Extração do Óleo de Sementes Diversas Uma indústria para obter um processamento de até 2.500 Kg de grãos por hora, necessita de uma linha de extração PE1200-2, a instalação desta linha demandará em um galpão industrial de cerca de 1.000m² com aproximadamente 12m de pé direito, além de 02 áreas externas, uma com ao menos 1000m² para descarregamento de sementes e manobra de caminhões e outra de cerca de 100m² para a instalação de tanques de armazenamento de óleo, ambas contíguas ao galpão. Faz-se necessária a disponibilidade de energia elétrica nas voltagens 220v monofásico e trifásico e 440v trifásico, com um mínimo de 250kW/h. A localização deste galpão deverá permitir a instalação de indústrias com operação 24 horas e 7 dias por semana, sem restrições quanto a ruídos e com possibilidade de construção de barreira de contenção para vazamentos de óleo, é recomendamos que a área contemple espaço para a instalação de silos de armazenamento de grãos e área para o descarte da torta (bagaço) resultante do processo. O conceito utilizado pela Scott Tech na construção destes equipamentos tem como premissas a otimização do fluxo de materiais e a elevação do rendimento da matéria através de equipamentos robustos, mas de fácil operação e com economia de recursos (energia elétrica e gás). Investimento: 52 Máquina PE1200-2, processamento de até 2500 kg/h – estrutura completa: - R$1.315.000,00 (hum milhão e trezentos e quinze mil reais). Segundo a Scott Tech, industrialmente o óleo de girassol passa pelo processo de prensagem seguido de extração por solvente, normalmente o hexano, seguido por extratores adequados e seguros para a realização do processo. Artesanalmente pode-se obter o óleo a partir da prensagem contínua dos grãos, seguida de filtração ou de decantação para separação dos resíduos. O que diferencia o óleo de girassol dos outros óleos é a concentração de áxidos graxos insaturados, como o oléico (21,1%) e o linolênico (62,2%). Essa característica lhe garante propriedades altamente reguladoras. O processo de produção de biodiesel, partindo de uma matéria-prima graxa qualquer, envolve etapas operacionais, mostradas no fluxograma a seguir (fig. 1). Figura 1 – Processo de extração de óleo Fonte: Scott Tech 53 Deste modo, vimos que o investimento é alto, mas com a crescente divulgação e obrigatoriedade do uso do biodiesel, o consumo tende a aumentar. No capítulo a seguir veremos quais as vantagens do uso do biodiesel, e a aceitação das empresas na região de Joinville. 5.2 PROCESSO DE OBTENÇÃO DO BIODIESEL – TRANSESTERIFICAÇÃO Conforme a MigrosBio, empresa que comercializa máquinas para a produção do biodiesel, diz que este é um combustível alternativo, limpo, seguro e pronto para ser utilizado em qualquer motor diesel sem modificá-lo, bastando completar o tanque e dar partida. Uma molécula de óleo vegetal é formada por três ésteres ligados a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicerídio, o processo de transformação de um óleo vegetal em biodiesel chama-se transesterificação. A MigrosBio explica que a transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. Aproximadamente 20% de uma molécula de óleo vegetal é formada por glicerina. A glicerina torna o óleo vegetal mais denso e viscoso. Durante o processo de transesterificação a glicerina é removida do óleo vegetal, deixando o óleo mais fino e reduzindo a sua viscosidade. Para produzir o biodiesel os ésteres do óleo vegetal são separados da glicerina. Estes ésteres são a base do biodiesel. Durante o processo de transesterificação a glicerina é substituída pelo álcool. Para realizar a quebra da molécula de óleo vegetal precisamos de um catalizador, que pode ser o hidróxido de sódio ou o hidróxido de potássio. Com a quebra da molécula a glicerina se une ao hidróxido de sódio e decanta, por sua vez o éster se liga ao álcool formando o biodiesel. A reação de transesterificação é apresentada pela seguinte equação química: 54 Óleo vegetal ou gordura animal + Metanol = Ésteres metílicos + Glicerol Figura 2: Processo de reação de Transesterificação Fonte: MigroBios Os gases de exaustão dos motores alimentados com biodiesel são muito menos poluentes e seu uso resulta numa sensível redução dos odores, o que é um benefício real em espaços com pouca ou nenhuma ventilação. O biodiesel não requer armazenamento especial, podendo ser armazenado nas mesmas condições que o diesel fóssil. Como o ponto de fulgor do biodiesel é mais elevado que o do óleo diesel ele também apresenta menores riscos durante o seu transporte. O biodiesel é originado de uma matéria prima renovável e contribui para a redução das emissões de monóxido de carbono e pode ser utilizado puro (B100) ou misturado em qualquer proporção com diesel fóssil é biodegradável e atóxico e devido a suas características lubrificantes aumenta a vida útil dos motores. O processo de produção de biodiesel envolve etapas operacionais, mostradas no fluxograma a seguir (figura 2). 55 MATÉRIA PRIMA PREPARAÇÃO DA MATÉRIA PRIMA Óleo ou Gordura CATALISADOR: ((NaOH ou KOH) METANOL ou ETANOL REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO Álcool Etílico Ou Metílico SEPARAÇÃO DE FASES Fase Pesada Fase Leve DESITRATAÇÃO DO ALCOOL RECUPERAÇÃO DO ALCOOL DA GLICERINA Glicerina Bruta DESTILAÇÃO DA GLICERINA RESÍDUO GLICÉRICO GLICERINA DESTILADA Figura 3: Processo de produção do Biodiesel Fonte: MigrosBio RECUPERAÇÃO DO ALCOOL DOS ÉSTERES Excessos de Álcool Recuperado PURIFICAÇÃO DOS ÉSTERES BIODIESEL 56 6 VANTAGENS DO USO DO BIODIESEL Além da promessa de não gerar aumento nos custos do combustível, o biodiesel trará vantagens para o consumidor. Um dos principais benefícios é a qualidade do produto, porque o produto reduz o teor de enxofre e amplia a lubrificação dos motores. Outro fator positivo está relacionado ao meio ambiente: haverá uma redução de poluentes e emissões de gases que provocam o efeito estufa. O biodiesel polui menos que o diesel. Outra vantagem é que ele é uma fonte renovável de petróleo, diferente do petróleo, que é um combustível fóssil. O impacto ambiental do uso do biodiesel se tornará mais significativo ao longo dos anos, na medida em que o percentual da mistura for subindo, e ele já passa a 5% em 2013, o impacto se torna mais significativo, principalmente nos centros urbanos. 6.1 BENEFÍCIOS E CUSTOS DOS BIOCOMBUSTÍVEIS Em um artigo escrito por Lew Fulton, na revista Bio Energia, ele afirma que há vários tipos de custo e benefício decorrentes do uso de biodiesel. Estes podem variar consideravelmente, dependendo da situação, e são mais difíceis de mensurar. Esse é um dos motivos para o uso do biodiesel ser um tanto controverso e demorado tanto para ser tomado como uma alternativa de geração de energia – há incerteza quanto a alguns de seus impactos, particularmente os de natureza ambiental. Além disso, diferentes observadores costumam oferecer diferentes estimativas – e valores – a diferentes benefícios e custos, bastante complexos no processo. Os benefícios do biodiesel podem incluir: a) Redução da demanda por petróleo: o biodiesel pode substituir o petróleo combustível nos veículos atuais. A mistura de até 10% de biodiesel à gasolina é compatível com praticamente todos os veículos modernos convencionais a gasolina e em níveis bem mais altos para aceitá-los. Os veículos flex-fuel produzidos no Brasil podem operar com qualquer proporção de combustível limpo e gasolina. O biodiesel pode ser misturado ao diesel em qualquer 57 proporção na maioria dos motores convencionais a diesel, apesar de uma mistura de 20% biodiesel e 80% diesel ser mais comum e minimizar problemas de compatibilidade. Há projetos no Japão que estão sendo apresentados ao mundo, carros totalmente movidos a combustíveis ecologicamente corretos, pela preocupação. b) Reduções de emissões de gases de efeito estufa: o biodiesel proporciona reduções significativas de emissões de gases de efeito estufa se comparados à gasolina e ao diesel. No entanto, a variação é substancial, dependendo da matéria-prima e das diferentes formas de plantio, etc. e mesmo quanto a matérias primas/processos específicos, há tipicamente uma ampla gama de estimativas na literatura. c) Benefícios para a qualidade do ar e redução de resíduos: podem gerar para qualidade do ar quando utilizados como combustíveis puros, sem mistura ou, mais comumente, quando misturados a combustíveis derivados de petróleo. Os benefícios do biodiesel misturados a derivados do petróleo incluem emissões mais baixas de monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2) e material particulado (particularmente, quando os sistemas de controle de emissões são inadequados, como ocorre em alguns países em desenvolvimento). d) Benefícios para o desempenho veicular: o biodiesel pode baixar o conteúdo de enxofre nos combustíveis, melhorar a lubricidade do diesel e aumentar o índice de cetano, auxiliando o desempenho do combustível. As empresas Transportes e Turismo Santo Antônio S/A (Transtusa) e Gidion S/A Transporte e Turismo, após comprovarem esses benefícios para os seus veículos, sendo os primeiros cliente da Companhia de Petróleo Ipiranga do sul do país a utilizarem uma percentagem de biodiesel e pioneiras em Joinville a utilizar o B2, desde 11 de maio de 2007 passoram a utilizar 2% de biodiesel ao diesel metropolitano em toda a sua frota. Estando satisfeita com os resultados obtidos, estão buscando junto a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) autorização para o uso do B5 (utilização de 5% de biodiesel misturado ao diesel metropolitano). Esse 58 projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal de Joinville. A figura 2 mostra o selo de comprovação do uso de 2% de biodiesel no diesel utilizado pela empresa Transtusa. Figura 4 – Selo de utilização da mistura de 2% de biodiesel em toda frota da empresa Transtusa. e) Benefícios para a agricultura: a produção de biodiesel a partir de plantas cultivadas proporciona um mercado adicional de produto para agricultores, abrindo um leque de opções para os possíveis cultivos para fins de biocombustíveis. Porém a produção de biodiesel também pode desviar os plantios dedicados a outros usos (como a produção de alimentos) e assim elevar seus preços. Isto pode se traduzir em preços de alimentos mais altos para os consumidores e menor garantia de alimentos. Há também preocupações fortemente manifestadas em relação ao potencial papel do biodiesel para incentivar a tendência de plantação em larga escala industrial, com possíveis práticas agrícolas não adequadas e deslocamento 59 de pequenas propriedades rurais. Essas tendências são comentadas pelo engenheiro Isaías Macedo, na revista Bio Energia: Considerando as áreas de reserva para a produção de alimentos, para desenvolvimento urbano e com restrições ambientais, ainda assim o Brasil tem espaço suficiente para suportar o crescimento da produção de biocombustíveis – álcool ou biodiesel em níveis muito superiores aos atuais. Essas preocupações, válidas, constituem uma área importante a se abordar se é para a produção de biodiesel ser amplamente aceita e assumir um papel cada vez mais importante no fornecimento de energia líquida (e de outras formas). Em contrapartida a esses aspectos de difícil quantificação e que dependem de uma organização e diretrizes ditadas pelo governo, serão principalmente benéficos, sendo assim, baseados em dados de outros países e divulgação na mídia é mais fácil mensurar os principais custos da produção do biodiesel. Na maioria dos países, o custo de produção do biodiesel é significativamente mais alto do que o de combustíveis derivados de petróleo – até o dobro do custo, mesmo com o petróleo a US$ 60 por barril. No entanto, os custos de produção para a maioria dos biocombustíveis convencionais vêm caindo na última década e provavelmente continuarão a cair, ainda que lentamente, no futuro. Porém não parece provável que o biodiesel produzido a partir de matérias-primas oleaginosas, em alguns lugares no mundo, como EUA e Europa, algum dia sejam capazes de competir com a gasolina e o diesel, a menos que os preços mundiais do petróleo subam consideravelmente (a talvez US$ 90 por barril ou mais). As tecnologias estão relativamente evoluídas e redução de custos acabam ficando limitadas pelos preços bastante altos de matérias-primas. No entanto as matérias primas oleaginosas têm um custo mais baixo, pois as sementes são mais acessíveis, mão-de-obra para o plantio é de fácil manejo. Referindo-se as vantagens de responsabilidade social, ambiental e econômica, com a popularização do uso do biodiesel no Brasil, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que pretende 60 contemplar os setores: social, ambiental e econômico. “Com o programa, temos o objetivo de reduzir as emissões de poluentes e a importação do diesel mineral, e, ao mesmo tempo gerar emprego e renda no campo e diminuir as disparidades regionais”, explica Rodrigo Augusto Rodrigues, coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel 61 7 INSTRUMENTOS DE PESQUISA O presente trabalho utiliza uma metodologia de pesquisa qualitativa exploratória, Gil (1991, p. 46) afirma que, embora as pesquisas geralmente apontem para objetivos específicos, estas podem ser classificadas em três grupos: estudos exploratórios, descritivos e explicativos. Pesquisa Exploratória é um trabalho de natureza exploratória quando envolver levantamento bibliográfico entrevista com pessoas que tiveram (ou tem) experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Possui ainda a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 1999, p. 43). As pesquisas exploratórias, segundo Gil (1999, p. 43) visam proporcionar uma visão geral de um determinado fato, do tipo aproximativo. Para realizarmos a pesquisa marcamos uma entrevista com a Fundação Municipal 25 de Julho de Joinville, que é um dos órgãos municipais apoiadores do projeto e auxilia a agricultura na região. A visita à Fundação Municipal 25 de Julho de Joinville ocorreu no dia 31 de agosto de 2007, as 08h00min. Fomos recebidos com cortesia pelos colaboradores da Fundação 25 de Julho, que se animaram com nossa pesquisa e se disponibilizaram a informar tudo o que precisássemos para obter sucesso. Na visita, realizamos uma entrevista com o Sr. Ingo Weinfurter, que é responsável pela Fundação 25 de Julho e também agricultor agrônomo da região. Para tal, elaboramos um questionário, que está em seguida, para iniciar a discussão. De início, argumentou que é de vital importância a utilização do biodiesel, pois reduzirá as emissões de gases nocivos à natureza, diminuindo a poluição no planeta. O Sr. Ingo nos passou muita segurança e garantia nos dados e descrições que estava nos informando. É importante ressaltar que o Sr. Ingo é o principal apoiador do projeto na região, pois almeja que todos obtenham lucro com essa nova empreitada. 62 A visita teve a duração de, aproximadamente, três horas. Neste tempo, durante a entrevista o Sr. Ingo falou sobre a importância obrigatória de que o diesel tenha percentagens do óleo retirado de sementes cultivadas. Durante a entrevista, ele falou sobre as fases de transformação que o óleo de girassol sofre até tornar-se biodiesel, uma delas é a transesterificação. Sendo assim, para ficarmos mais interados sobre o assunto, o capítulo 5 desta pesquisa, traz informações sobre a transformação do óleo extraído de sementes para a produção do biodiesel. Sobre a região agrícola de Joinville, o Sr. Ingo diz que, pelo histórico de produtos cultivados em Joinville, a área rural tem um grande potencial para que esse tipo de cultura obtenha sucesso, mas para isso é necessário que haja investimentos na região, propagação dessa informação e mais estudos que comprovem a viabilidade do cultivo de girassol em Joinville. Questionário para a elaboração do TCD Análise de Viabilidade do cultivo do girassol em Joinville para fabricação do Biodiesel 1) Como surgiram os estudos para o cultivo de girassol para os fins de biodiesel? 2) Qual o prazo previsto para o início do cultivo em Joinville? 3) Em qual área será o cultivo do Girassol? 4) Quanto será investido no primeiro momento? Ex.: sementes, adubo, mão-deobra, vedação contra pragas/pestes, etc. 5) Qual o tempo entre o plantio e a colheita? 6) Quantas pessoas envolvidas no projeto piloto? 7) Qual o perfil profissional dos envolvidos no projeto? 8) Qual maquinário envolvido em todo o período? (Breve descrição apenas) 9) De onde serão compradas as sementes, adubos e outros? Como serão transportados? 10) Como será feito o controle de qualidade do girassol? 11) Como será provada a eficácia do produto para o consumo/venda? 12) Após a colheita do girassol, para onde vai e como será transportado? 63 13) Qual empresa fará o processo de transformação? 14) Qual o tempo da produção (fase de transformação) 15) De quer forma será o estoque? 16) Como é feito processo de produção do biodiesel através do girassol? 17) Como será feita a distribuição do produto acabado 18) Qual a previsão para comercialização? 19) Esse biodiesel fabricado será comercializado na região? 20) Para quais fins poderá ser usado o biodiesel feito de girassol? 21) Qual o órgão regulamentador? 22) Há alguma pesquisa que comprove a aceitação do biodiesel em Joinville 23) O que isso contribui para o desenvolvimento sustentável da região? 24) Como contribui para conservação do meio-ambiente? 25) Vai gerar créditos de carbono? 26) Quais as empresas envolvidas no projeto? 27) Há apoio do governo? 28) Há apoios financeiros de empresas da região? 29) Qual a expectativa do retorno financeiro? Será a curto, médio ou longo prazo? 30) Quanto custará em média o litro do biodiesel no mercado da região? 31) Qual a tecnologia utilizada para a produção? 32) Houve benchmarking? 33) Quais são as propriedades do biodiesel feito de girassol? 34) Qual a medição de desempenho do biodiesel de girassol? 35) Qual o potencial de produção na região? 36) Será feito algum tipo de divulgação desse produto cultivado na região? 37) Quais os índices de melhorias que esse tipo de cultivo vai gerar para Joinville? 38) Há parcerias comerciais? (Compra e venda) 39) Houve trade-off em algum momento do projeto? 40) Qual o grau de sinergia dos envolvidos? 41) Qual o valor de venda? (Pergunta elaborada durante a entrevista) Posteriormente à visita, pesquisamos sobre as informações de cultivo do girassol, clima adequado para a cultura, cuidados com a plantação e demais 64 informações que o Sr. Ingo nos repassou, então, observamos que antes de surgir o interesse de cultivo do girassol na região, ele estudou com cautela e levantou dados referentes a este, sendo assim, todas as informações que nos foram relatadas estavam de acordo com a fundamentação teórica descrita neste trabalho. Como descrito na fundamentação teórica, o Sr. Ingo argumentou que a idéia do biodiesel já existe desde o século XIX e nunca foi arquivada, sempre esteve em estudos e testes para verificar a veracidade da funcionalidade do biodiesel, mas em Joinville ainda é um estudo novo e precisa ser divulgado na região. Segundo a Fundação 25 de Julho, os crescentes comentários referentes ao biodiesel tiveram maior popularidade pela propagação das notícias sobre a necessidade de conservação do meio ambiente e também devido ao governo Lula, e criação do PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel - que vem investindo e divulgando para que a população tenha conhecimento deste projeto. Os integrantes do programa estão visitando os cultivos e implementações, pois já está prescrito em leis as fases da utilização do óleo no diesel, que terá início em fevereiro de 2008 a mistura obrigatória de 2% de biodiesel no combustível atualmente utilizado em todo o país, o órgão que irá regulamentar essa mistura será a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Apesar de serem repassadas informações sobre outras sementes que podem ser extraídas o óleo para produção de biodiesel, o foco principal foi nas sementes de girassol, sendo assim, a descrição do seu processo de plantio, colheita e extração do óleo e quais os maquinários utilizados para a produção. 7.1 PRINCIPAL ÓRGÃO MUNICIPAL APOIADOR DO PROJETO A Fundação Municipal 25 de Julho de Joinville, entidade instituída pela Lei nº854 de 22 de julho de 1966, está situada na Rodovia Dona Francisca, SC 301, em Joinville – SC. É o órgão que tem finalidade de prestar assistência técnica aos agricultores do município através da coordenação de atividades educacionais, de produção e de abastecimento agrossilvopastoril. Para cumprir esses objetivos a entidade dispõe de estrutura técnica e financeira capaz de proporcionar condições socioeconômicas à família rural na manutenção de suas atividades produtivas. Ao 65 assistir os agricultores nos aspectos técnicos, educacional e social, garantindo paralelamente a manutenção e o resguardo da área produtiva do município. O principal objetivo da Fundação 25 de Julho é coordenar e executar atividades de ensino e capacitação agrícola, assistência técnica e extensão, prestação de serviços, fomento e abastecimento, dentro de uma visão integrada, visando o desenvolvimento rural sustentável. Para que haja desenvolvimento da região, a Fundação 25 de Julho conseguiu do Governo Federal, através do projeto de incentivo à produção do biodiesel, as sementes para que seja efetuado o plantio e cultivo, sendo assim, o produtor não terá custo algum com a compra das sementes de girassol. A Fundação 25 de Julho está estrategicamente localizada na área rural onde ocorrerá o cultivo, para que ocorra todo apoio que o agricultor necessitar, dando informações sobre a cultura do girassol e fazendo a interface entre o agricultor e o comprador da matéria-prima, que no caso será o girassol. Na figura 2 podemos observar que a área onde está localizada a Fundação 25 de Julho foi estrategicamente definida, por ser de fácil acesso e ser facilmente encontrada, disponibilizando uma estrutura adequada para atendimento ao agricultor, comunidade da região e as demais pessoas que se interessarem em visitar a Fundação 25 de Julho e conhecer seus projetos. 66 Figura 5: Localização da Fundação Municipal 25 de Julho Fonte: Google Maps 7.2 CULTIVO DO GIRASSOL NA REGIÃO DE JOINVILLE Com informações da Fundação 25 de Julho, as instruções para a cultura do girassol foram conseguidas através de reuniões com integrantes do Ministério da Agricultura, Prefeitura Municipal de Joinville e pesquisas efetuadas no Estado do Paraná, que possui um clima aparentemente parecido com de Joinville, e atualmente, é um dos maiores produtores de girassol do país. A plantação inicial contará com o apoio de profissionais qualificados para verificação de desempenho, nas diversas fases que compreendem o cultivo e a colheita, para tal controle os envolvidos serão engenheiros agrônomos da Fundação 25 de Julho, agricultores experientes da região e integrantes da Migrosbio, que é a empresa que irá comprar o girassol cultivado na região. Como tivemos a oportunidade de observar no capítulo 4, as condições climáticas de Joinville contribuem para que o cultivo ocorra sem prejuízos à lavoura, 67 desconsiderando eventuais fenômenos da natureza, que poderiam prejudicar toda produção. Em Joinville o cultivo do girassol ocorrerá de 100 a 120 dias em média, optando por utilizar a semeadura direta, que é o modo mais rápido e por ter menor custo com o plantio, conforme descrito no capítulo 4.1.5. Por sua vez, a inserção do girassol no processo produtivo também está assegurada considerando que sua cadeia produtiva utiliza-se da mesma estrutura disponível para o arroz, atualmente a mais importante cultura produzida na região de Joinville. Ressalta-se o fato de que o girassol, em função da época de seu plantio, ocupará a parte ociosa dos fatores de produção existentes para o arroz, tanto na propriedade quanto nas plantas industriais. Para que seja cultivado o girassol devem-se mudar as formas de cuidados com a plantação, que devem ser utilizadas conforme descriminado do capítulo 4. As particularidades para a semeadura do girassol devem ser seguidas conforme descrito no capítulo 4.2 para que obtenham o resultado estimado. Ressalta-se que as propriedades nutritivas que o girassol utiliza para desenvolver-se não são as mesmas propriedades que o arroz utiliza para desenvolver-se, permitindo então, aproveitamento total do solo e sem degradação do mesmo. Como já citado, é possível que o girassol seja cultivado na entre safra do arroz. Mas não é indicado que seja uma cultura única, principalmente para o pequeno agricultor, considerando que este estaria pondo em risco a plantação e valores investidos. Em setembro deste ano, foi iniciado o plantio de sementes de girassol numa área próxima a Fundação 25 de Julho. Tal cultivo será para realizações de testes para a comprovação da eficácia do cultivo para a fabricação d biodiesel. Quem irá comprovar essa eficácia será a empresa Migrosbio, que fornece as máquinas necessárias para a extração do óleo e que irá realizar os testes de eficiência do óleo extraído do girassol que será cultivado em Joinville. A escolha da área onde se pretende cultivar inicialmente o girassol para a produção de biodiesel está localizada próxima à Fundação 25 de Julho, sendo assim, a figura 3 a seguir, nos traz a visualização parcial da área de cultivo do girassol, área esta atualmente utilizada para o cultivo do arroz. Mas é importante argumentar que depois de verificada a veracidade das informações sobre o cultivo 68 do girassol, este poderá ser cultivado em toda região rural de Joinville, desde que sejam feitos análises de terra, conforme a Fundação 25 de Julho disponibiliza-se a instruir e realizar essas análises. Figura 6: Área onde será cultivado girassol na entre safra com o arroz. Fonte: Google Maps 7.3 CUSTOS DE PRODUÇÃO PARA O AGRICULTOR SEM PARCERIAS A tabela 4 é a descrição de um levantamento de custos feito pela fundação 25 de Julho, considerando os gastos do agricultor sem nenhum incentivo governamental ou cooperativista. Os valores foram baseados em fornecedores da região joinvillense, por terem menores ou custos nulos com transporte e entrega facilitada. 69 Unidade Quantidade Valor Unt. (R$) Valor Total (R$) 1. IINSUMOS 1.1. Calcário t/ha 10 75,00 750,00 1.2. Sementes kg 4 8,00 32,00 1.3. Herbicidas l 4 15,00 60,00 1.4. Fertilizantes (N-P-K) kg 200 200,00 200,00 1.5. Fertilizante de cobertura kg 15 1,00 15,00 1.6. Inseticida ml 150 20,00 20,00 2.1. Preparo do solo h/t 8 30,00 240,00 2.1.1. Calagem d/h 1 25,00 25,00 h/t 2 30,00 60,00 2.3.1. Aplicação de herbicida/boro h/t 1 30,00 30,00 2.3.3. Adubação de cobertura d/h 1 25,00 25,00 2.3.4. Aplicação de inseticida h/t 1 30,00 30,00 h/t 2 100,00 100,00 2. SOLO 2.2 PLANTIO 2.2.1. Semeadora/adubadeira 2.3. Tratos culturais 2.4. Colheita 2.4.1. Colheita mecânica TOTAL 1.587,00 3. Assistência Técnica % 2 TOTAL COM ASSISTÊNCIA 31,74 1.618,74 2 Tabela 4. Custo estimado atual da produção de girassol por hectare (10.000m ), em Joinville. Novembro de 2007. Fonte: Fundação Municipal 25 de Julho 7.4 AUXÍLIO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL 25 DE JULHO Para tal cultivo, a Fundação 25 de Julho disponibiliza toda informação que o agricultor necessitar como: valores investidos inicialmente, formas de plantio, mão-de-obra, preparação do solo e inclusive realiza análises de solo, para conhecer a fertilidade do solo e providenciar sua correção como identificar os teores de acidez e ajusta-lo para os níveis recomendados, diante destes preceitos, haverá variação 70 de custos de uma lavoura para outra, pois a análise determina as quantidades destes insumos. Considerando que há interesse governamental no projeto, há grandes perspectivas de apoios financeiros obtidos pela Fundação 25 de Julho junto às empresas da região e mais fundos do governo. Mas para isso ocorrer, o Sr. Ingo ressalta que há necessidade de propagação dessa alternativa de cultivo. É importante ressaltar que o girassol é uma cultura ainda muito recente no Brasil e ainda é praticamente nula as recomendações de defensivos para a cultura com registro no Ministério da Agricultura. 7.5 RENDIMENTO, COLHEITA E ARMAZENAGEM DA PRODUÇÃO Conforme citado anteriormente, o histórico da região agrícola de Joinville contribui significativamente para que esse tipo de cultivo obtenha resultados positivos, então, a Fundação 25 de Julho já prevê todas as formas de manuseio da produção, definindo maquinários que serão utilizados e onde o girassol será armazenado após a colheita. A colheita será efetuada de forma mecânica, por tratores e máquinas colhedeiras, por serem mais eficazes e diminuir a perda da produção. Após a colheita, é efetuada uma análise para a separação adequada e limpeza da semente do girassol, posteriormente é enviado para a armazenagem. O girassol será armazenado no mesmo local em que o arroz, sendo assim, utiliza-se o mesmo local, permitindo que o agricultor não tenha custos de aluguel com a armazenagem da produção. Como estamos falando de um produto que pode perecer, não haverá estocagem do girassol após o cultivo. Sendo assim, após o processo de colheita, este será analisado para a comprovação de qualidade, ensacado e enviado à Migrosbio, inicialmente será comprador de toda produção. Estima-se que o rendimento da produção de girassol cultivado em Joinville, seja a média nacional, que é em torno de 1.500kg por hectare. 71 7.6 COMERCIALIZAÇÃO DA COLHEITA Por ser um produto já comercializado em outros estados brasileiros, o girassol já tem desempenho garantido para a produção do biodiesel, quem garante esse desempenho é a Petrobrás, que é a empresa responsável por toda distribuição de combustíveis no Brasil. A comercialização da colheita é feita diretamente com as empresas que efetuam a extração do óleo de girassol para a produção de biodiesel. Atualmente em Joinville, os valores negociados com a Fundação 25 de Julho ficam da seguinte forma: Quantidade Descrição Peso Valor (R$) 1 Saca de sementes de girassol 60 Kg 30,00 17 Sacas de sementes de girassol 1 tonelada 510,00 Tabela 5: Valores da saca comercializada pelo produtor em Joinville Fonte: Fundação 25 de Julho e MigrosBio Lembrando que esses valores podem variar, conforme o aumento do consumo do biodiesel no país. Os valores aqui descritos foram calculados conforme o consumo do biodiesel no Brasil nesse ano. Mas poderá haver adição de valores quando a lei da mistura de 2% de biodiesel no combustível fóssil entrar em vigor, pois as empresas distribuidoras de combustíveis terão que adaptar-se a este tipo de combustível limpo. Sendo assim, o consumo tende a crescer, e para o produtor rural há previsão de lucro no futuro. 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS É inquestionável que o biodiesel é uma realidade nos dias atuais, podendo tornar-se uma fonte de energia alternativa de fundamental importância para o futuro do planeta. Por se tratar de uma fonte energética que usa como matériaprima recursos naturais, tem como uma importante peça para seu desenvolvimento o homem do campo. Com a exploração desta pesquisa, onde focamos o girassol como uma alternativa de plantio na região joinvilense com o intuito de produção de biodiesel, podemos observar que esse projeto contribuirá para que a região obtenha participação positiva na redução de poluentes que causam o efeito estufa e conseqüentemente o aquecimento global tão discutido mundialmente. Ambientalmente falando, o cultivo do girassol utiliza o processo de fotossíntese para se desenvolver, absorvendo o gás carbônico da atmosfera, contribuindo assim para a redução dos poluentes. Outro fator fundamental será o benefício para a população joinvilense, na questão social, pois dando a oportunidade ao agricultor de desenvolver-se nas áreas rurais da região, então, evita-se o abandono das propriedades em busca de atividades na zona urbana que hoje já se encontra com dificuldades para suportar a demanda de desemprego, educação, transporte e saneamento. A oportunidade de o agricultor familiar joinvilense conseguir na atividade do cultivo de girassol uma fonte de renda extra existe, mesmo que ainda não comprovada, pois os primeiros testes já iniciaram em setembro deste ano, e a colheita acontecerá no próximo mês de janeiro. O fato de que o cultivo das sementes de girassol ocorra na entressafra, ou seja, período em que o solo permanece improdutivo para o cultivo do arroz, surge como outro fator positivo, pois não apresenta nenhum risco de afetar a produção tradicional da região, que é o arroz, além de que os maquinários utilizados em ambas as plantações são os mesmos. Optando pelo novo cultivo, o agricultor poderá contar com todo o apoio necessário vindo da Fundação 25 de Julho, principal entidade interessada o sucesso do projeto, que também tem o objetivo de minimizar o êxodo rural da região. Com a possibilidade de sucesso no plantio da nova cultura, o desenvolvimento sustentável da região de Joinville poderá tirar excelente índice de 73 benefícios. Mantendo as famílias nas zonas de atividade rural, o município não correrá o risco de perda em sua atividade agrícola, podendo oferecer a estas famílias um nível de qualidade de vida satisfatório sem a necessidade de migração para as áreas desenvolvidas industrialmente, e contribuir para uma alternativa de controle ambiental e desenvolvimento econômico da região. Sendo assim, o presente trabalho sobre a cultura do girassol para a produção de biodiesel proporcionou novas experiências de uma tecnologia que está em alta, mas ainda poucas pessoas conhecem e entendem o que ele proporciona. Sabendo que os agricultores estão receosos em investir nesse processo, mesmo tendo ajuda do governo e com o custo de produção considerado baixo. Sob este ponto de vista é viável se a produção do girassol acontecer em conjunto com organizações apoiadoras, como: a Fundação 25 de Julho, cooperativas e até o Governo Federal, que como podemos observar no decorrer do trabalho, disponibilizam-se a oferecer auxílio ao pequeno agricultor para o cultivo do girassol para este importante fim. Considerando que, um dos fatores importantes é que a Lei n° 11.097/05, aprovada pelo Congresso Nacional em 13 de janeiro de 2005, introduz o biodiesel na matriz energética. Complementa o marco regulatório do novo segmento um conjunto de decretos, normas e portarias, estabelecendo prazo para cumprimento da adição de percentuais mínimos de mistura de biodiesel ao diesel mineral. No ano de 2005 á 2007 já temos 2% autorizado, onde em 2008 á 2012 já serão obrigatório conter 2% de biodiesel no diesel, após 2013 serão 5% obrigatórios. Todo este preparo está correndo conforme a demanda de todo processo, incluindo plantação dos vegetais, extração do óleo até a produção do biodiesel que é chamada de transesterificação. Desta forma, recomenda-se que o presente trabalho seja continuado e utilizado como meios de pesquisa por conter questões ambientais cada vez mais abordadas, concluindo que, na região de Joinville a viabilidade da cultura do girassol será positiva. 74 REFERENCIAS A TRIBUNA, Rádio FM 105. Notícia: Os fumicultores do Sul já apostam no girassol – publicado em 17/03/2007 Disponível em: http://www.radio105fm.net/?q=/noticias/detalhes/6035 Acesso em 11/10/2007 ANAIS - XVII Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol – V Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol – 3 a 5 de outubro de 2007 – Uberaba, MG BOLSON, Eder Luiz – Tchau Patrão – Como construir uma empresa vencedora e ser feliz conduzindo o seu próprio negócio –2 edição – SENAC – Minas Gerais (p. 53) CORAZZA, Sonia Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros Por - Publicado 2002 Senac (p. 99) DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MICRORREGIONAL. 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(p 8, ROGER A. HINRICHS E MERLIN KLEINBACH Energia e Meio Ambiente –– 2003 - 3a edição (p. 23, 24, 146, 150, 190, 203, 204, 217, 218). ROSSI, R.O. O girassol. São Miguel do Oeste (SC) Rogobrás Sementes, 1991, 59p. 76 RIBEIRO, José Lopes. Artigo: A vez do Girassol, publicado em 05/09/2001. Disponível em http://www23.sede.embrapa.br:8080/aplic/rumos.nsf/f7c8b9aeabc42c858325680000 5cfec7/421087bf1d49dabd03256c2a0043edf1?OpenDocument Acesso em 10/10/2007 77 ANEXOS 78 ANEXO 1: QUESTIONÁRIO UTILIZADO PARA ELABORAÇÃO DO TCD 79 80 81 82 83 ANEXO2: CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE DADOS NA PESQUISA 84